MarryMinha mãe havia desaparecido desde a invasão dos lobos cinzentos ao castelo. Yan exigiu que eu dormisse em seus aposentos com nosso filho para a nossa segurança, e ele me garantiu que enviaria alguns lobos em busca da minha mãe no dia seguinte.Pela manhã a luz do sol entrou pelas janelas amplas do quarto, me despertando. Olho para o lado e vejo Yan adormecido. O rosto do rei estava sereno pelo sono, mas ao levar a mão até seu rosto, notei que a pele estava quente.— Yan — chamo, mas ele não me responde. — Yan — insisto, ficando desesperada.“A maldição”A primeira coisa que passa por minha cabeça é a maldição lançada pela rainha Vik. Preciso encontrar um quebrador com urgência.Saio da cama e vou até o bercinho do meu filho e vejo que ele ainda dorme tranquilamente. Pela primeira vez terei que pedir algo às servas, pois o rei não está em condições de dar ordens. Tento colocar a minha melhor postura e vou em busca de algumas servas.Ao chegar na cozinha, a conversa que desenrola
MarryAdentrei os corredores que levavam ao local onde o Fosso ficava escondido. Como aquela mulher sabia sobre o Fosso? Essa e outras perguntas rondam a minha mente, enquanto percorro o caminho que da última vez fiz ao lado da minha mãe.Vim até aqui em busca de alguma informação sobre um bruxo quebrador, mas aqueles que antes choravam ao meu lado, agora olham para mim com desconfiança. Minha esperança é encontrar a minha mãe, ela pode me ajudar.Encaro a porta estreita entreaberta, um brilho estranho brilha do lado de dentro e, antes que eu entre, aquele bruxo que vi da última vez impede a minha passagem, colocando-se na minha frente.— O que faz aqui? Como chegou aqui sozinha? — o homem pergunta com uma voz rouca, como se não a usasse há muito tempo.— Eu vim em busca da minha mãe. Ela está aqui, não está? — O homem me analisa dos pés a cabeça e abre a boca para me responder, mas antes que sua voz saia, escuta a voz da minha mãe escapar de dentro da pequena sala.— Handall? É Marry?
MarryLevei minha mãe para o castelo. As pessoas que a viram naquele estado ficaram espantadas e perguntando o que havia acontecido. Para evitar qualquer coisa desagradável, preferi dizer que não sabia.Ela foi cuidada e alimentada por outras servas. Agradeci as mulheres que cuidaram de meu filho e que chamaram uma curandeira para atender Yan.Com minha mãe adormecida em seu quarto, se recuperando da perda de poder excessiva, volto para os aposentos do rei, onde encontro uma mulher com longos cabelos brancos, fazendo alguma reza para o alfa.Yan ainda estava adormecido, o quarto cheirava a ervas e a mulher balançava ramos na direção do rei enquanto entoava um cântico.Ela me olha pelo canto do olho e faz um gesto para que eu entrasse no cômodo. Enry está em meus braços, desde o momento que cheguei que não consigo largar meu filho.— O que ele tem? — sussurro uma pergunta, mas ela não me responde.A mulher idosa continua o circundando e batendo as folhas sobre seu corpo e entoando um câ
YanPodia sentir a dor rasgando dentro de mim, mas não podia me mover, gritar, pedir socorro... Não sabia o que estava acontecendo. Aquele martírio dura um tempo que não faço a menor o ideia, poderia ser uma hora ou um dia, mas ela começou a ceder.Com dificuldade, volto a minha consciência, mas ainda estou com os movimentos limitados. Escuto a voz da velha loba curandeira, e ela parece falar com alguém. Tento entender o que diz, mas minha mente está confusa demais e não consigo entender o que dizem.Logo, sinto que alguém se senta perto de mim e pelo cheiro sei que é Marry. Ouvir que ela não irá desistir, mesmo quando eu já havia desistido, fez algo dento de mim se aquecer e não é algo dolorido ou desconfortável.Observar meu filho, bonito e saudável em seus braços me motiva a sair deste estado, mas como farei isso se não sei o caminho? Como farei o que a rainha Vik designou? E ao pensar nela, outra preocupação me invade. A rainha alfa está aqui, qual será a reação de seu povo? Eles
LiamA minha face sangra e eu quero matar o meu irmão, pena que não consegui quando tive a oportunidade. Incrível como mesmo com a ação da maldição em seu corpo, ele ainda consiga lutar com tanta força.Enquanto corro para o clã dos lobos cinzentos, fico pensando no que farei para tomar o seu trono. É questão de tempo para que Yan se torne apenas um fardo para o seu reino, e seu povo deseje que alguém forte e em condições de proteger seu povo tome o seu lugar.Uma ideia começa a se formar em minha cabeça. Assim que me recuperar do ferimento que ele me causou, vou começar a criar intrigas entre o seu povo. Vou fazer com que cada um deles deseje que eu me sente em seu trono, contra o clamor de seus súditos, o que o rei alfa poderá fazer além de admitir sua derrota?Fico feliz com a ideia e prossigo meu caminho até os lobos cinzentos. Precisamos tecer planos para libertar a rainha alfa, mas eles não precisam saber que aquele trono será meu e não dela.Ao atravessar o túnel, um lobo cinzen
MarryMinha mãe continua me encarando com seus olhos espantados. Não me importo quanto a rainha Vik, o que eu quero é saber sobre os bruxos que carregam o poder de quebrar maldições. Ajeito meu bebê adormecido em meus braços.— Mãe... sabe ou não sabe algo sobre os bruxos quebradores?Ela vira a cabeça para o lado, encarando a cômoda, depois a janela e eu já estava pronta pra fazer a pergunta novamente, mas ela responde.— É uma história longa, Marry — sussurra.— E eu quero saber. — Me aproximo mais dela na cama, chamando sua atenção para mim.— Isso tudo começou no reinando do pai do seu rei — a forma como ela diz “seu rei” soa como deboche, mas nada mais me importa, quero informações. — O rei Killian, conhecido como um rei cruel, se viu diante de uma ameaça. E tudo o que era uma ameaça para ele, ele simplesmente tirava do caminho.Já havia escutado histórias sobre o pai de Yan, que ele era cruel, invencível, assustador... Mas diante do que descobri quando vim para o castelo comecei
MarryA ansiedade me toma, não sei o que pensar. Pode ser mais fácil ou mais difícil, dependendo de como o rei vai aceitar o que vou dizer.Seguro meu filho com carinho e dou beijinhos em sua cabeça de cabelos escuros e torço para que seu pai entenda o que tenho a dizer.Chego em seu quarto e me surpreendo em vê-lo andando pelo quarto, sangue escorria por seu pescoço, seu peito nu, e o cômodo estava destruído.— O que aconteceu, Yan? — questiono alarmada, olhando tudo ao meu redor.— Meu filho — fala com urgência na voz e se aproxima de mim, pegando o bebê em seu colo.Não faço ideia do que aconteceu.Ele se afasta com Enry em seus braços que não se alarmou ao ser retirado de meu colo por seu pai. Observo seu corpo nu que agora está de costas para mim, se não estivesse visto este mesmo homem de cama hoje, diria que ele está perfeitamente bem, seu corpo parece forte e musculoso.— Você está ferido, Yan, temos que chamar a curandeira. — Já estava quase saindo do quarto, quando ele fala
YanDepois da sensação de prazer, a exaustão toma o meu corpo e eu caio de joelhos no chão. Meu corpo dói, cada milímetro, cada gota de sangue, cada fio de cabelo... tudo parece doer.— Yan! — Marry vem na minha direção, a expressão de preocupação em seu rosto faz algo dentro de mim se quebrar.Ela é minha escrava pessoal, a fiz ter medo de mim no começo, e ela se preocupa comigo. O que fiz para merecer sua preocupação e o amor que ela diz sentir por mim?— Você não deveria ter feito esse esforço todo, Yan. — Vejo lágrimas correr por seu rosto. — Eu não deveria ter permitido que fizesse isso, a culpa é minha.— Não diga bobagens — ralho com ela, pois me sinto ainda mais culpado quando ela diz esse tipo de coisa.Concentro toda a minha força em minhas pernas e me forço a ficar de pé novamente.— Me ajude a chegar na cama — peço, me esforçando a cada passo e as lágrimas continuam a rolar pela face de minha escrava. Aquilo me incomoda profundamente.Me sento na cama com a sua ajuda. Ela