Mesmo com aquela terrível dor nas costas, Harry subiu as escadas cantarolando. Afinal, havia dormido com Esther Brooks, e quando a beijou minutos atrás, ela não parecia nem um pouco arrependida. Nada mais poderia estragar aquele dia, pelo menos era o que ele pensava. Harry tomou um banho rápido enquanto sentia o seu estômago roncar de fome. Assim que terminou, vestiu uma camisa e bermuda para ficar mais à vontade. Quando desceu as escadas, escutou Esther gritando com alguém. Ele estava preocupado, por isso andou mais rápido até a encontrar falando ao telefone. Esther nem mesmo reparou quando ele chegou.— Por que você se importa? Nós dois sabemos que esse casamento não passa de um contrato que irá beneficiar ambas as famílias. Você sabe que não estou feliz com isso. Por que eu não disse antes? Está falando sério? Você por acaso não reparou em nada nesses últimos meses? Quer saber? Eu fui uma covarde por muito tempo, agora quero ser livre. Vá a merda com esse contrato, está tudo ac
Ficaram bastante tempo abraçados enquanto Harry tentava confortar Esther, até sua barriga começar a roncar de fome. Havia se esquecido completamente disso depois daquela conversa. Esther sorriu ao ouvir mais uma vez o barulho, enxugou as lágrimas e se levantou.— Venha, eu fiz pão caseiro, que já deve estar frio.— Como você conseguiu fazer pão caseiro em tão pouco tempo? – Harry perguntou, tentando descontrair o clima pesado.— Acordei cedo – ela deu de ombros. — Já você, dormiu feito uma pedra – ela sorriu enquanto partia o pão.— O cheiro está maravilhoso – Harry elogiou.— Também fiz ovos mexidos, panqueca e suco de laranja – Esther disse, direcionando-o até a mesa, que estava farta.— Estou me sentindo mimado agora – Harry brincou enquanto se sentava. Harry tentou esquecer os problemas enquanto apreciava aquela deliciosa refeição, fazendo algumas piadas de vez em quando. Não queria estragar aquele dia que havia começado tão bem, ainda mais após ver todo o trabalho que Esther te
Quando Harry acordou, Esther não estava mais ali. Ele se virou, forçando a vista para enxergar o horário no relógio que havia ao lado da cama. Eram cinco da manhã. Assim que se levantou, pensou “por que Esther teria se levantado tão cedo?”. De repente, foi tomado pelo medo de ela ter ido embora e cedido às chantagens de seus pais. Desceu as escadas e a procurou por toda a casa, seu coração estava batendo mais rápido. Quando saiu para fora de casa, assim que pisou na areia da praia, sentiu um alívio imediato ao vê-la ali, olhando para o mar. Esther estava tão perdida em seus pensamentos que não percebeu a sua chegada. Harry a abraçou por trás e sorriu quando ela se assustou. Não pretendia assustá-la, mas desejava tanto tocar em sua pele para ter certeza de que não estava sonhando, e que ela estava realmente ali. Quando Esther se virou, Harry a puxou para um beijo. Por mais que aquele gesto a tivesse surpreendido, Esther o beijou intensamente, como somente ela sabia. Ambos estava
— Seu avô sempre foi uma pessoa ambiciosa e egoísta, existem muitas coisas em nosso passado que escondemos pelo seu próprio bem – Owen disse. Mas acredito que já seja na hora de você saber, querido – Helena adicionou. Harry não se sentia preparado para o que ouviria a seguir, sentia que sua mente já estava girando desde o momento em que Esther contou tudo o que estava acontecendo, mas pelo tom de voz de seu pai, aquilo era sério.— Quando sua avó Marie faleceu, meu pai se tornou uma pessoa diferente. Antes, ele era mais gentil, mas a perda da mulher que ele sempre amou o fez se tornar uma pessoa fria, e passou a se importar mais com o dinheiro. Então, ele achou que era hora de mudar as coisas, arrumou uma noiva para mim, mesmo que na época eu não quisesse me casar. Eu era jovem, sentia que tinha a vida toda pela frente e que não era hora de pensar nisso. Mesmo assim, ele iria até o fim com aquilo, mas tudo mudou quando conheci Helena, a jovem garçonete que mexeu com o meu coração.
A conversa estava fluindo a ponto de esquecerem o porquê de estarem ali. Assim que Esther se levantou, avisando que prepararia o almoço, Harry a convenceu a pedir algo pelo aplicativo.— Pai, o que acha que devemos fazer? – Harry perguntou a Owen, voltando ao assunto inicial.— Se eu fosse vocês, eu recomeçaria a vida em outro lugar, esquecendo tudo isso. E quanto ao contrato, Esther, você chegou a assinar algo que te deram?— Não, tenho certeza de que lembraria caso tivesse assinado algum documento – Esther afirmou.— E as ameaças? Acredita que eles irão cumpri-las? – Helena perguntou, preocupada.— Duvido muito que meu pai vá desistir tão facilmente. No passado, ele me deserdou e cumpriu com a palavra em me fazer não conseguir mais nenhum emprego nesse ramo. Mas isso não me impediu de tentar outra área – Owen contou.— Eu não estou preocupado com a minha carreira, nem com a herança. Apenas quero ter uma vida nova com Esther e ter certeza de que ela estará segura – Harry afirmou, pe
Era como se nenhum deles soubesse o que fazer naquele momento. Harry tentou confortar Esther, mas, enquanto olhava para a foto em questão, sentiu-se apavorado com a grande semelhança entre Esther e aquela mulher. Se ele já estava se sentindo assim, imagina o que passava pela mente de Esther. Owen e Helena saíram em busca de um ar fresco. Harry sabia que eles iam conversar, mas não queriam que Esther escutasse, para não deixá-la mais nervosa. Esther desabou chorando sobre o peito de Harry enquanto ele a abraçava. Ele queria poder tirar a dor que ela estava sentindo. Por mais que tentasse convencê-la a não se preocupar até saber a verdade, ele mesmo já estava convencido de que Esther havia sido tirada de sua mãe verdadeira. Bastava saber o motivo disso.— Preciso saber a verdade, Harry. Não conseguirei ter paz enquanto não descobrir. Se Brenda realmente for minha mãe verdadeira, por que Lorenza e Benjamin me enganaram esse tempo todo? – disse Esther, com a voz trêmula.— O que você p
— Você não precisa se esforçar para me animar, Harry – Esther disse. Harry estava tentando puxar assunto para que Esther mudasse o rumo de seus pensamentos e parasse de se preocupar tanto.— Odeio vê-la tão triste – Harry falou, pegando a mão dela. — Sei o quanto é difícil, mas ficar perdida nesses pensamentos não vai ajudar em nada.— Está tudo bem, não precisa se preocupar comigo – Esther disse, abaixando a cabeça.— Eu me preocupo mais com você do que comigo mesmo. Me pedir isso não mudará nada.— Sei que estou sendo uma companhia horrível no momento, mas eu simplesmente não consigo acalmar a mente. São tantas perguntas que me rondam. Estou ansiosa por respostas, mas, ao mesmo tempo, tenho medo do que ouvirei. Harry suspirou, compreendendo o que ela estava dizendo, e então estacionou o carro.— O que você está fazendo? — Esther perguntou, observando Harry sair do carro e abrir a porta do seu lado.— Quero te mostrar uma coisa — Harry falou, pegando a mão dela e a guiando para for
Harry soltou um resmungo antes de responder:— Só você mesmo para me fazer pensar em algo tão torturante. Mas, respondendo a essa pergunta, nesse universo horrível onde eu teria que escolher entre comer somente carne pelo resto da vida ou comer tudo, menos carne, eu prefiro a segunda opção – ele respirou fundo como se fosse a coisa mais dolorosa a se dizer.— Então você, que dizia amar tanto carne, abriria mão disso? – Esther riu ao ver sua expressão de dor.— Seria uma terrível tortura, tenho certeza de que passaria dias sonhando com um x-burguer bem caprichado, o cheiro delicioso de bacon e de carne assada. Mas é melhor do que comer somente carne para o resto da vida. Não acredito que seja uma dieta saudável e sofreria mais sem poder comer todas as outras coisas – Harry explicou.— Está tudo bem, volte a comer o seu lanche delicioso – Esther brincou, acariciando o seu braço. Harry sorriu, dando uma grande mordida no lanche e suspirando de prazer.— Ainda bem que nunca precisarei e