— Seu avô sempre foi uma pessoa ambiciosa e egoísta, existem muitas coisas em nosso passado que escondemos pelo seu próprio bem – Owen disse. Mas acredito que já seja na hora de você saber, querido – Helena adicionou. Harry não se sentia preparado para o que ouviria a seguir, sentia que sua mente já estava girando desde o momento em que Esther contou tudo o que estava acontecendo, mas pelo tom de voz de seu pai, aquilo era sério.— Quando sua avó Marie faleceu, meu pai se tornou uma pessoa diferente. Antes, ele era mais gentil, mas a perda da mulher que ele sempre amou o fez se tornar uma pessoa fria, e passou a se importar mais com o dinheiro. Então, ele achou que era hora de mudar as coisas, arrumou uma noiva para mim, mesmo que na época eu não quisesse me casar. Eu era jovem, sentia que tinha a vida toda pela frente e que não era hora de pensar nisso. Mesmo assim, ele iria até o fim com aquilo, mas tudo mudou quando conheci Helena, a jovem garçonete que mexeu com o meu coração.
A conversa estava fluindo a ponto de esquecerem o porquê de estarem ali. Assim que Esther se levantou, avisando que prepararia o almoço, Harry a convenceu a pedir algo pelo aplicativo.— Pai, o que acha que devemos fazer? – Harry perguntou a Owen, voltando ao assunto inicial.— Se eu fosse vocês, eu recomeçaria a vida em outro lugar, esquecendo tudo isso. E quanto ao contrato, Esther, você chegou a assinar algo que te deram?— Não, tenho certeza de que lembraria caso tivesse assinado algum documento – Esther afirmou.— E as ameaças? Acredita que eles irão cumpri-las? – Helena perguntou, preocupada.— Duvido muito que meu pai vá desistir tão facilmente. No passado, ele me deserdou e cumpriu com a palavra em me fazer não conseguir mais nenhum emprego nesse ramo. Mas isso não me impediu de tentar outra área – Owen contou.— Eu não estou preocupado com a minha carreira, nem com a herança. Apenas quero ter uma vida nova com Esther e ter certeza de que ela estará segura – Harry afirmou, pe
Era como se nenhum deles soubesse o que fazer naquele momento. Harry tentou confortar Esther, mas, enquanto olhava para a foto em questão, sentiu-se apavorado com a grande semelhança entre Esther e aquela mulher. Se ele já estava se sentindo assim, imagina o que passava pela mente de Esther. Owen e Helena saíram em busca de um ar fresco. Harry sabia que eles iam conversar, mas não queriam que Esther escutasse, para não deixá-la mais nervosa. Esther desabou chorando sobre o peito de Harry enquanto ele a abraçava. Ele queria poder tirar a dor que ela estava sentindo. Por mais que tentasse convencê-la a não se preocupar até saber a verdade, ele mesmo já estava convencido de que Esther havia sido tirada de sua mãe verdadeira. Bastava saber o motivo disso.— Preciso saber a verdade, Harry. Não conseguirei ter paz enquanto não descobrir. Se Brenda realmente for minha mãe verdadeira, por que Lorenza e Benjamin me enganaram esse tempo todo? – disse Esther, com a voz trêmula.— O que você p
— Você não precisa se esforçar para me animar, Harry – Esther disse. Harry estava tentando puxar assunto para que Esther mudasse o rumo de seus pensamentos e parasse de se preocupar tanto.— Odeio vê-la tão triste – Harry falou, pegando a mão dela. — Sei o quanto é difícil, mas ficar perdida nesses pensamentos não vai ajudar em nada.— Está tudo bem, não precisa se preocupar comigo – Esther disse, abaixando a cabeça.— Eu me preocupo mais com você do que comigo mesmo. Me pedir isso não mudará nada.— Sei que estou sendo uma companhia horrível no momento, mas eu simplesmente não consigo acalmar a mente. São tantas perguntas que me rondam. Estou ansiosa por respostas, mas, ao mesmo tempo, tenho medo do que ouvirei. Harry suspirou, compreendendo o que ela estava dizendo, e então estacionou o carro.— O que você está fazendo? — Esther perguntou, observando Harry sair do carro e abrir a porta do seu lado.— Quero te mostrar uma coisa — Harry falou, pegando a mão dela e a guiando para for
Harry soltou um resmungo antes de responder:— Só você mesmo para me fazer pensar em algo tão torturante. Mas, respondendo a essa pergunta, nesse universo horrível onde eu teria que escolher entre comer somente carne pelo resto da vida ou comer tudo, menos carne, eu prefiro a segunda opção – ele respirou fundo como se fosse a coisa mais dolorosa a se dizer.— Então você, que dizia amar tanto carne, abriria mão disso? – Esther riu ao ver sua expressão de dor.— Seria uma terrível tortura, tenho certeza de que passaria dias sonhando com um x-burguer bem caprichado, o cheiro delicioso de bacon e de carne assada. Mas é melhor do que comer somente carne para o resto da vida. Não acredito que seja uma dieta saudável e sofreria mais sem poder comer todas as outras coisas – Harry explicou.— Está tudo bem, volte a comer o seu lanche delicioso – Esther brincou, acariciando o seu braço. Harry sorriu, dando uma grande mordida no lanche e suspirando de prazer.— Ainda bem que nunca precisarei e
— Não me importo com o seu dinheiro e acredite em mim, Esther não é a minha ruína, ela é a minha salvação – Harry afirmou. Carson se afastou, ainda sorrindo.— Espere e verá – ele sussurrou antes de partir. Daniel o encarou enquanto caminhava para fora. Quando Harry fez menção de levantar o punho, o primo se afastou rapidamente, seguindo o avô.— Veja o que vocês fizeram, eles eram nossa única esperança de nos salvar da pobreza – Lorena gritou enquanto puxava os cabelos.— Eu não me importo com os seus problemas, vocês cavaram suas próprias covas, e não serei obrigada a entregar minha vida para salvá-los da ruína. Mesmo com o dinheiro prometido, Benjamin perderia tudo outra vez – Esther respondeu, fazendo de tudo para controlar as lágrimas que começaram a embaçar sua visão. Não era hora de chorar; não queria que aquelas pessoas a vissem como fraca.— Você quer a verdade? Sua mãe não passava de uma alcoólatra que nem mesmo podia sustentar a própria filha. Fiz um favor, te criando e
Esther havia mergulhado na tristeza. Durante uma semana, Harry foi paciente, tentando de tudo para convencê-la a sair daquele quarto. Ele levava os alimentos e, com muita insistência, Esther comia um pouco. Mas sua paciência já havia se esgotado. Não suportava mais a ver naquele estado. Ele não aceitaria deixar que Esther sufocasse com aqueles sentimentos; precisava fazer algo. Após pensar muito no assunto, andou até a porta de seu quarto, ainda perdido em seus pensamentos. Não sabia ao certo o que faria, mas estava disposto a tudo para vê-la se recuperar. Por mais que entendesse o sofrimento de Esther, ela ainda era jovem e precisava lutar para viver. Agora, teria a chance de viver conforme queria, não como foi imposto a ela. Quando colocou a mão na maçaneta fria da porta, sentiu um arrepio percorrer seu corpo, uma sensação estranha, quase como um aviso sobrenatural ao entrar naquele quarto escuro, que já não via a claridade há um bom tempo. Harry observou Esther deitada na mes
Quando o avião pousou, Harry percebeu que as mãos de Esther estavam trêmulas enquanto ela observava pela janela a vista. Ele segurou firme sua mão e esperou até que ela estivesse pronta para sair.— Eu sempre quis vir a New Haven, só não esperava que seria nessas circunstâncias – Esther falou enquanto andavam em busca de suas malas. Esther sempre foi apaixonada por livros e várias vezes mencionou New Haven em suas conversas. A cidade era conhecida como um refúgio para amantes de literatura, onde todas as ruas eram nomeadas com nomes de escritores famosos. O lar da maior biblioteca do mundo e do museu mais famoso.— Quem sabe conseguimos aproveitar um pouco nos dias que estivermos aqui – Harry comentou. Ele queria isso. Podia até imaginar a surpresa de Esther ao entrar na livraria e seus olhos brilhando. Estava certo de que fariam isso.****************** Eles estavam observando o restaurante do lado de fora, tentando procurar por Brenda.— Já sabe o que fazer se a ver? – Harry