— Você não precisa se esforçar para me animar, Harry – Esther disse. Harry estava tentando puxar assunto para que Esther mudasse o rumo de seus pensamentos e parasse de se preocupar tanto.— Odeio vê-la tão triste – Harry falou, pegando a mão dela. — Sei o quanto é difícil, mas ficar perdida nesses pensamentos não vai ajudar em nada.— Está tudo bem, não precisa se preocupar comigo – Esther disse, abaixando a cabeça.— Eu me preocupo mais com você do que comigo mesmo. Me pedir isso não mudará nada.— Sei que estou sendo uma companhia horrível no momento, mas eu simplesmente não consigo acalmar a mente. São tantas perguntas que me rondam. Estou ansiosa por respostas, mas, ao mesmo tempo, tenho medo do que ouvirei. Harry suspirou, compreendendo o que ela estava dizendo, e então estacionou o carro.— O que você está fazendo? — Esther perguntou, observando Harry sair do carro e abrir a porta do seu lado.— Quero te mostrar uma coisa — Harry falou, pegando a mão dela e a guiando para for
Harry soltou um resmungo antes de responder:— Só você mesmo para me fazer pensar em algo tão torturante. Mas, respondendo a essa pergunta, nesse universo horrível onde eu teria que escolher entre comer somente carne pelo resto da vida ou comer tudo, menos carne, eu prefiro a segunda opção – ele respirou fundo como se fosse a coisa mais dolorosa a se dizer.— Então você, que dizia amar tanto carne, abriria mão disso? – Esther riu ao ver sua expressão de dor.— Seria uma terrível tortura, tenho certeza de que passaria dias sonhando com um x-burguer bem caprichado, o cheiro delicioso de bacon e de carne assada. Mas é melhor do que comer somente carne para o resto da vida. Não acredito que seja uma dieta saudável e sofreria mais sem poder comer todas as outras coisas – Harry explicou.— Está tudo bem, volte a comer o seu lanche delicioso – Esther brincou, acariciando o seu braço. Harry sorriu, dando uma grande mordida no lanche e suspirando de prazer.— Ainda bem que nunca precisarei e
— Não me importo com o seu dinheiro e acredite em mim, Esther não é a minha ruína, ela é a minha salvação – Harry afirmou. Carson se afastou, ainda sorrindo.— Espere e verá – ele sussurrou antes de partir. Daniel o encarou enquanto caminhava para fora. Quando Harry fez menção de levantar o punho, o primo se afastou rapidamente, seguindo o avô.— Veja o que vocês fizeram, eles eram nossa única esperança de nos salvar da pobreza – Lorena gritou enquanto puxava os cabelos.— Eu não me importo com os seus problemas, vocês cavaram suas próprias covas, e não serei obrigada a entregar minha vida para salvá-los da ruína. Mesmo com o dinheiro prometido, Benjamin perderia tudo outra vez – Esther respondeu, fazendo de tudo para controlar as lágrimas que começaram a embaçar sua visão. Não era hora de chorar; não queria que aquelas pessoas a vissem como fraca.— Você quer a verdade? Sua mãe não passava de uma alcoólatra que nem mesmo podia sustentar a própria filha. Fiz um favor, te criando e
Esther havia mergulhado na tristeza. Durante uma semana, Harry foi paciente, tentando de tudo para convencê-la a sair daquele quarto. Ele levava os alimentos e, com muita insistência, Esther comia um pouco. Mas sua paciência já havia se esgotado. Não suportava mais a ver naquele estado. Ele não aceitaria deixar que Esther sufocasse com aqueles sentimentos; precisava fazer algo. Após pensar muito no assunto, andou até a porta de seu quarto, ainda perdido em seus pensamentos. Não sabia ao certo o que faria, mas estava disposto a tudo para vê-la se recuperar. Por mais que entendesse o sofrimento de Esther, ela ainda era jovem e precisava lutar para viver. Agora, teria a chance de viver conforme queria, não como foi imposto a ela. Quando colocou a mão na maçaneta fria da porta, sentiu um arrepio percorrer seu corpo, uma sensação estranha, quase como um aviso sobrenatural ao entrar naquele quarto escuro, que já não via a claridade há um bom tempo. Harry observou Esther deitada na mes
Quando o avião pousou, Harry percebeu que as mãos de Esther estavam trêmulas enquanto ela observava pela janela a vista. Ele segurou firme sua mão e esperou até que ela estivesse pronta para sair.— Eu sempre quis vir a New Haven, só não esperava que seria nessas circunstâncias – Esther falou enquanto andavam em busca de suas malas. Esther sempre foi apaixonada por livros e várias vezes mencionou New Haven em suas conversas. A cidade era conhecida como um refúgio para amantes de literatura, onde todas as ruas eram nomeadas com nomes de escritores famosos. O lar da maior biblioteca do mundo e do museu mais famoso.— Quem sabe conseguimos aproveitar um pouco nos dias que estivermos aqui – Harry comentou. Ele queria isso. Podia até imaginar a surpresa de Esther ao entrar na livraria e seus olhos brilhando. Estava certo de que fariam isso.****************** Eles estavam observando o restaurante do lado de fora, tentando procurar por Brenda.— Já sabe o que fazer se a ver? – Harry
— Ela chegou a cursar a faculdade de Direito por um ano depois que se formou no ensino médio, porém abandonou. Três anos depois, se casou, e sabemos o resto – Esther disse, tentando não pensar novamente na morte de seu pai. Ela queria conversar com Brenda, saber tudo sobre a sua vida, o que gostava, o que fez durante todos esses anos, se ao menos sentiu falta da filha e, o mais importante: por que desistiu de se aproximar de Esther. Mas, ao mesmo tempo, sentia medo, inseguranças. Não estava sendo fácil convencer a si mesma de que as pessoas que a criaram não eram seus pais. Por mais cruel que Lorena tivesse sido com suas palavras, Esther a amava. Era tudo culpa do seu coração idiota que teimava em ser mole e continuar com esses sentimentos por pessoas que a desprezavam. Uma parte de si sentiu alívio ao descobrir isso, mas outra parte estava confusa, magoada e se sentia ferida. Esther nunca foi de ter muitas expectativas em relação à Lorena e Benjamin, mas jamais imaginou que eles e
— Não ficarei surpreso se todos usarem roupas no estilo dos romances de época que você tanto ama assistir – Harry sussurrou antes de abrir a porta. Esther deu um pequeno sorriso e torcia para que fosse verdade. Assim que chegaram à recepção, se depararam com uma mulher jovem, que deveria ter a mesma idade que ela, com longos cabelos escuros e olhos castanhos claros, quase parecidos com a cor do mel. Como Harry deduziu, ela usava um vestido com o estilo mais antigo, acompanhado de um espartilho que contornava perfeitamente suas curvas. Esther se pegou pensando que gostaria de usar algo assim. Ela estava tão linda, parecia ter saído de um quadro.— Boa tarde, sejam bem-vindos – a mulher cumprimentou. — Vocês devem ser o senhor e senhora Miller – ela sorriu gentilmente. Esther arqueou a sobrancelha e olhou para Harry com certa curiosidade. Ele parecia fazer um grande esforço para não rir ao observar seu semblante. Antes que ela pudesse negar aquele mal-entendido, Harry começou a fal
Harry arqueou a sobrancelha surpreso com sua iniciativa, depois se aproximou colocando a mão em seu queixo para fazê-la olhar para ele.— Você sabe que eu sempre fui seu, somos eu e você. Nunca existiu outra mulher para mim, meu coração sempre foi seu e de mais ninguém. Achei que já havia deixado isso bem claro na casa da praia. Quero passar o resto da minha vida com você, quero realizar todos os nossos sonhos. Desejo tanto tê-la só para mim. Por enquanto irei me contentar em chamá-la de minha namorada, mas sei que o destino reserva muito mais do que isso para nós dois – Harry deu um sorriso enquanto se aproximou e beijou Esther a puxando para o seu colo. Esther suspirou com os olhos marejados, fazia dias que ele não a tocava daquela maneira, mas pareciam ter sido uma eternidade. O corpo de Esther estava quente, sua pele era tão macia que o fazia desejar contorná-la inteiramente com as mãos. Quando Esther suspirou no meio dos beijos, ele sentiu algo abaixo dele acordando, ele a d