Barulhos externos são os primeiros sons que chegam aos meus ouvidos, quando começo a acordar. Meus olhos por alguma razão, não se abrem completamente, o que me deixa assustada, pois só consigo ver borrões por de baixo dos cílios.
Onde estou?, a pergunta surge na minha mente, enquanto mexo minha cabeça dolorida de um lado para o outro. Sem fazer ideia de onde estava.
Minhas mãos tateiam o que pareceu ser um colchão e lençóis. Havia uma agulha no meu braço direto e alguns fios no meu tórax.
Apesar de forçar minhas pálpebras a se abrirem. Não conseguia.
O ar se torna pesado e difícil de respirar, mesmo com o cateter nasal, entre meu nariz e meu lábio inferior.
Agoniada, tento me sentar e tirar o cateter, para tentar respirar melhor. Ouvindo passos rápidos e em seguida uma mão em meu pulso.
- Se acalme – diz uma voz feminina autoritária – Irá se machucar! – adverte.
- ... não consigo respirar – digo franzindo o cenho com força, sentindo lágrimas se acumular em meus olhos.
- Também como conseguiria? Arrancou o cateter – diz aborrecida, recolocando o cateter em meu nariz, aumentando o fluxo de oxigênio.
- Onde eu estou? – Minha voz soa rouca, ainda preciso respira e pela boca para não perder o fôlego.
O vulto da mulher se movimenta na minha frente.
- Num hospital.
Já estava deduzindo isto, com base dos barulhos externos e aparelhos. A próxima pergunta, era a mais óbvia...
- Como eu cheguei aqui? – O vulto para hesitante, permanecendo alguns segundos parado, antes da voz feminina soar novamente.
- Você não se lembra?
Se soubesse, não estava perguntando...
Respiro por entre os lábios abertos, tentando me manter focada no vulto à frente.
- Não.
Ela pondera minha resposta, limpando a garganta em seguida.
- Vou chamar o Dr. Schultz – diz por fim, o vulto saindo do meu campo de visão em seguida.
Meus olhos vagam pelo o quê se deve ser os objetos e as paredes do quarto.
Há uma claridade vindo de algum lugar, talvez da janela. Era difícil saber, quando metade da sua visão estava comprometida por um borrão preto.
Dois vultos param na minha frente dessa vez, um alto e outro mais baixos. Pelo perfume, acredito que seja o Dr. Schultz e uma interna talvez. Só não era a mesma mulher de antes.
- Sou o Dr. Schultz – A voz do médico soa baixa, porém clara – Como está se sentindo?
Engulo em seco.
- Minha cabeça... está doendo muito – Não era uma dor de cabeça simples que às pessoas estavam acostumadas. Era pior. Muito. Praticamente a sensação que tinha, era de estar carregando concreto de tão pesada.
- Você sofreu muitas lesões no rosto – Ele esclarece. Isto explicava não estar conseguindo enxergar direito – Seu rosto está bastante inchado – Ele faz uma breve pausa – A enfermeira mencionou que não sabe como chegou aqui.
- Não lembro.
- Nada?
Por quê era tão difícil de acreditar? Era com o se não existisse nada além do que estava vivenciando, naquele dia.
- Qual seu nome? – Ele faz outra pergunta.
Meu nome. Às pessoas tinham um nome e eu deveria ter um.
Minha respiração fica pesada, juntamente com o aparelho ao lado que intensiva o bip.
- Respire fundo – A mulher ao lado dele orienta com uma voz mansa – Isto. Muito bem – Elogia, quando sigo suas instruções.
- Não lembro do meu nome – digo com a voz trêmula.
Schultz fica em silêncio, analisando o quê havia dito.
- O que tem de errado comigo?
- Havia uma hipótese de que não se lembrasse de suas memórias mais recente ou até mesmo as mais antigas. Terei que pedir que refaçam todos os exames, para entender melhor o quê está acontecendo.
Meu lábio inferior treme, a medida que entendo o quê quer dizer.
- Perdi minha memória, é isto?
- Ainda é cedo para afirmarmos alguma coisa.
Estava em um hospital. Sem memória. Sem nem ter uma ideia de como havia ido parar ali.
Não tinha como se tornar mais desesperador.
- A Dra. Sully vai levar você para fazer os exames. Não se preocupe. Está em boas mãos – Mesmo com sua voz me passando uma possível segurança que precisava, era difícil se manter calma no estado em que me encontrava.
Ao contrário da enfermeira, Dra. Sully era bastante atenciosa. Tentando a todo instante, me manter calma com assuntos aleatórios, que não faziam sentido algum para mim.
Para o exame de tomografia, precisei ser sedada. Acabando por ser puxada para meu subconsciente, no qual não havia absolutamente nada. Nem um sonho. Apenas o vazio.
Claro, que a sensação de vazio, perdurou a medida que o efeito da anestesia começou a passar algum tempo depois, enquanto dava conta que estava de volta ao quarto.
Mesmo me esforçando, ditando diversos nomes mentalmente, não conseguia lembrar do meu próprio. Muito menos do que me levou até aquele hospital.
E se eu fosse uma serial killer com perda de memórias, cuja memória só aparecia de vez em quando? O pior de tudo: e se eu fosse procurada pela polícia por algum delito grave e tivesse me machucado para não ser presa?
Poderia ser qualquer pessoa, com um passado sombrio ou não. E se a minha memória não voltasse, como iria viver sem saber quem eu sou?
Para algumas pessoas, no meu lugar, poderia ser uma ótima oportunidade de recomeçar. Mas para mim, que não fazia ideia de absolutamente nada, era assustador.
Eu não tinha um rosto. Muito menos um nome.
Já acordou com a sensação de ter alguém te olhando? Ainda meio que sonolenta, tive essa “sensação”, demorando para perceber um vulto parado perto da janela. Meus olhos não estavam tão inchados como no dia anterior, mas minha visão continuava limitada.- Quem é você? – pergunto na dúvida de ser algo da minha mente. O vulto solta o ar dos pulmões.- Lucius Cesarini – A voz máscula grossa, chegou aos meus ouvidos firme. Aquele nome estava longe de me parecer familiar.- É médico? Ele ri pelo nariz.- N&ati
Dois dias se passaram. Consegui perceber isto por causa da luminosidade no quarto e pela troca de plantões. Toda vez que entrava um enfermeiro diferente e lia meu prontuário, perguntava se já havia decido fazer a cirurgia plástica e a resposta era o silêncio. Não fazia ideia de quem eu era e sentia que ficaria sem saber se fizesse aquela cirurgia. Impressão ou não, sentia que meu rosto estava desinchando, isto por quê não sentia mais meus olhos tão inchados e o restante ao redor dolorido. Isto para mim, foi um grande avanço e que poderia signi
– Enquanto não descobrimos seu nome, este pode ser o seu – Ele sugere – Ivy – Precisava de um nome afinal de contas e aquele soou perfeito – O quê acha?– Ivy parece bom – Lucius fica em silêncio novamente – Quando será que devo fazer a cirurgia?– Acredito que o mais rápido possível – Movo meus lábios de um lado para o outro, tentando não demonstrar que estava nervosa – Vai ficar tudo bem – Meus olhos vagam pelo vulto à frente, tentando ficar em algum ponto – Quando acabar, já vai ter acabado – Assinto, esperando que fosse simples dessa maneira – Vou avisar o Dr. Schultz que já escolheu um rosto.– Lucius... – digo de repente, quando ele já está perto
Meio por fim, acabei sedada. Devido a dor que estava sentindo por causa da cirurgia plástica e porquêestavam me achando muito agitada.Flashes aparecem de repente em minha mente, como lampejos.Primeiro uma discussão acalorada. Eu andava de um lado para o outro, nervosa, dizendo alguma coisa, enquanto gesticulava; A poucos passos de mim, estava um homem, a expressão incrédula e os olhos vazios, absorvendo tudo que era dito por mim.A cena muda de repente. Dessa vez, ele lê algo em um papel, sorrindo por fim, erguendo os olhos na minha direção.Eu também sorrio, levando ás duas m&atild
Não consigo desviar os olhos do rosto do médico, olhando cada traço com atenção, enquanto minha mente assimilava suas palavras.- Eu saberia se estivesse grávida - digo. Ou não, como saberia, se havia acordado recentemente sem memória?- Mas está - Ele me entrega um amontoado de folhas, indicando com o dedo a palavra reagente - Para ser exato de três meses.Olho para Lucius no mesmo instante, entendo sua reação quando o médico o chamou para conversar.- É do Zack?! - pergunto num tom acima.- Só iremos ter certeza com um exame de DNA - diz Lucius, engolindo em seco - E para isso preciso da sua...- Autorização - Completo, sentindo minha boca seca, sustentando seu olhar - Tudo bem.Ele assenti, baixando a cabeça.- Em br
Lucius senta na poltrona perto da janela, fixando o olhar no vazio.- Diz alguma coisa, Lucius - digo impaciente, após alguns segundos.Seus olhos sustentam os meus.- O bebê é de Zack - diz baixo.Franzo o cenho, inclinando a cabeça para o lado.Então estava mesmo grávida e ainda por cima grávida de Zack, um herdeiro bilionário do petróleo. Abro e fecho a boca, procurando as palavras para rebater aquela afirmação. Desistindo quando não consigo pensar em nada coerente. Lucius pega seu celular de repente.- O que foi? - Consigo perguntar. Ele não
Algum tempo depois, deixamos a cidade para trás, literalmente. Acabando por sermos envolvidos por floresta nos dois lados da estrada.Uma floresta densa e num verde vivido.Suspiro, conseguindo sentir a paz que estava transmitindo.Por alguma razão, me senti bem e quase que em paz, se não fosse o fato de ter alguém querendo me matar e minha mente não colaborar para acabar com aquele inferno logo.Virando á direita, entramos em uma estrada de areia, continuando rodeados por todo aquele verde. Mais alguns metros e vejo quando um grande portão de ferro, se abre lentamente e dois seguranças param diante dele. Olhando com atenção quem
- Tenha uma boa noite, Ivy - Lucius murmura, quando passo por ele no corredor do segundo andar, após o delicioso e constragedor jantar.Lhe dou um leve sorriso por cima do ombro, ao deixá-lo na primeira porta do corredor do lado direito.Em meu quarto, parada perto da cama, encaro o silêncio, decidindo ligar a TV.Tirando meu short, me coloco em baixo da coberta, fixando meus olhos na tela do aparelho, até ser vencida pelo sono.Como ás outras vezes, não sonho, tenho um sono profundo, porém sem nenhum sono para enfeitar.No dia seguinte, o sol serve como despertador, já que esqueci de fechar ás cortinas pesadas.<