Capítulo 3

Camille Cooper

Aperto o volante com força em meus dedos, sem conseguir me mexer e procurando entender o que acabou de acontecer. Tenho medo de me mexer e algo pior acontecer, mas logo me desperto quando o homem sai do carro que bateu contra o meu furioso e gritando.

— Olha, o que você fez?! — B**e com as mãos no capô do meu carro, onde seu carro não havia batido. — Não sabe dirigir, puta?!

Sinto o meu olho esquerdo tremer. Abro a porta do carro, saindo com cuidado. Esse filho de uma boa mãe vem em alta velocidade e b**e contra o meu carro, agora sou eu que não sei dirigir? Ah, ele tem muito amor a vida para vir gritar comigo.

— Acredito que quem deva voltar para a autoescola aqui, não sou eu. — Ele ameaça a abrir a boca para falar mais merda, ponto dedo indicador na direção dele. — Cala a boca! — E ele se cala. — Você sabe muito bem quem está errado nessa história, meu dia foi longo e estressante. Quando estou perto de finalizar a minha noite com um momento bom, surge você com essa merda de carro para bater no meu.

Hoje foi uma sequência de reunião atrás de outra reunião, o tempo não estava ao meu favor já que precisei atravessar a cidade para poder ir até o meu cliente.

Prometi para Lorena que não iria me atrasar para o meu encontro com o Gael, me atrasei. Prometi que o meu humor seria o melhor dos melhores para esse encontro, não existe mais, bom humor.

— Olha só, você me respeita…

Bati com minhas mãos em seu carro como ele fez no capô do meu. Ele se assusta a essa altura pessoas já acompanhava o show.

— Quer respeito justo a pessoa que xingou a outra e não assume seus próprios erros? Pouco me importa quem você seja, mas irá consertar meu carro.

Volto no carro para pega minha bolsa e liga para a oficina de minha confiança que faria o reboque.

— Moça, eu… — O jeito que o olho faz com ele se cale.

Desistindo de argumentar, ficamos esperando o reboque vim. Depois de tudo acertado, pego um Uber para o restaurante onde teria meu encontro, se é que ainda terei um. Não consigo afastar o sentimento de frustração, confesso que me empenhei para que tudo desse certo hoje e no final tudo saiu do meu controle.

Durante o caminho tendo me arrumar e não está em um estado deplorável. No restaurante a recepcionista me levou até o Gael, o homem é lindo e sem dizer nada tem uma presença notada de longe. 

— Você sofreu um acidente de carro?! — Me pergunta incrédulo. As sobrancelhas perfeitamente desenhadas se juntam franzino a testa.

Deixo o cardápio em cima da mesa e bebo a minha água que o garçom havia acabado de trazer.

— Sim. — Suspiro. — O motorista estava em alta velocidade e bateu no meu.

— Você está bem? — Me olha em busca de machucados.

— Estou bem, graças a Deus.

A dor de cabeça maior foi que depois que o reboque veio, aquele homem ainda insistiu que não estava errado. Quase bati nele, mas Gael não precisa saber dessa parte.

Gael balança a cabeça ainda sem acreditar.

— Se soubesse poderia ter ido até você e ajudado de alguma forma. Poderíamos ter remarcado…

— Não. — Engoli em seco e sorri. — Não há necessidade. Em casa ficaria remoendo e querendo voar no pescoço daquele homem.

Gael abaixa a cabeça minimamente e sorri. Acabo sorrindo também, olhando melhor para Gael, vejo um belo de homem. Seu cabelo preto é curto, penteado para trás me parece ser bem macio, seus olhos são castanho-claros, os ombros são largos, podendo perceber que há um belo corpo por debaixo suéter.

— Mesmo que ele mereça, é melhor mudarmos de assunto para que esse sentimento não te persiga.

— Sim.

Fizemos nossos pedidos e não demoram para trazer, Gael contou um pouco sobre ele. Administra uma empresa, mas não quis se aprofundar para não acabar falando sobre trabalho e concordo na hora. Falo sobre meus gostos em relação à comida e o que gosto de fazer, ele me conta também comenta seus desejos e chegamos a falar de Brendon.

— Sei que não sou a melhor madrinha do mundo. — Coloco a mão contra o peito. — E tão pouco a mais presente e pode ter certeza que não preciso que ninguém me lembre disso. Eu mesmo sei como me sentir pior. 

Gael ergue uma das mãos. 

— Eu não diria nada.

Estreito meus olhos em sua direção.

— Sei. 

Sorri e volta a comer.

— Podermos marcar um dia para irmos juntos, se quiser.

Sorri para ele.

— Quero, sim, acredito que Brendon vai gostar.

Conversamos mais um pouco e a tempos não tinha um encontro legal como esse.

— E como é a sua relação com a família?

Paro com o garfo no ar. Lembro  da mensagem de texto nada legal da Íris, dizendo que está na hora de ficar na vida pessoal e não profissional. Sem deixar de enaltecer Lara.

— Pela sua reação não parece ser muito boa. — Olho para ele e depois para o garfo no ar, abaixo da minha mão. — Tudo se não quiser falar sobre.

— Não, tudo bem. — Coloco minhas mãos em meu colo, apertando meus dedos um no outro. — É que minha irmã acabou de anunciar para a família que está grávida do terceiro filho.

— Meus parabéns.

Sorri.

— Fico feliz por ela.

— Mas? — Me incentiva a continuar a falar.

— Mas a pressão sobre mim aumenta. — Não penso e falo, deixando as palavras saírem como uma torneira aberta. — Sou a filha mais velha, tenho 29 anos, mas não tenho filhos e muito menos namoro. Pareço ser a tia velha e encalhada que nunca irá se casar, minha família acha que sou infeliz por não ter filhos. Amo minha irmã e muito, quero que seja muito feliz, mas toda vez que alguém vai falar da minha vida pessoal como se tivesse direto de algo me sinto mal e sem força bem para gritar com a pessoa. — Abaixo a cabeça. — Des…

— Você sempre fica pedindo desculpa para tudo? — O olho. — Entendo perfeitamente a pressão que recebe. Sou eu e minha mãe desde meus dez anos, amo muito aquela mulher, mas essa vontade de ser avó está me deixando louco.

ri.

— Está falando sério?

Gael passa a mão pelo cabelo e suspira.

— Sim.

Pego minha taça com água, é dia de semana e evito beber.

— Um brinde?

Ele pega o copo de whisky quase vazio e b**e seu copo no meu.

— Não está sozinha, Camille. — Finaliza o líquido do seu copo. — Pode acreditar.

Me senti mais leve em sua presença. No fim do jantar, Gael prontamente pagou tudo e saímos do restaurante.

— Meu motorista está vindo nos buscar, acabei esquecendo de avisá-lo que estávamos saindo. — Gael avisa, guardando o celular no bolso.

— Ah, tudo bem.

Um casal passar por nós ao sai do restaurante e acaba esbarrando em mim, Gael passa seu braço pela minha cintura e coloca minha mão em seu peito. O casal pede desculpa e segue seu caminho. Ergo meu olhar e sorri.

— Obrigada.

— De nada. — Gael é o primeiro a se afastar.

Fico incomodada. O seu carro aparece e ele abre a porta para mim, Gael aperta o botão para subir a divisória.

— Qual o seu endereço? — Pergunta pegando o celular novamente. Digo a ele. — O trânsito aparentemente está bom, não vamos demorar para chegar.

Forço um sorriso. Será que fui tão mal assim? Poxa, eu estava contando tanto com esse encontro. Talvez não era para ser, simplesmente assim.

— Me passa seu número para podermos marcar o próximo encontro?

O olho quase que imediato.

— A gente… terá o segundo encontro?

Gael me olha confuso.

— Você não quer?

— Sim, quero.

Gael me passa o celular dele para que pudesse anotar meu número.

— Aqui. — Devolvo.

Pouco tempo depois seu carro para em frente ao meu prédio.

— Está entregue. — Gael fica sério. — Depois do que aconteceu, procure descansar o máximo que puder.

— Pode deixar, irei descansar. — Me aproximo e beijo seu rosto. — Boa noite, Gael.

— Boa noite, Camille.

Sim, volto para o apartamento sem um único beijo. Só falta Lorena ter me empurrado para um gay não assumido.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo