Capítulo 5

Gael Stone

Porra! O que deu em mim quando concordei em vim para uma boate com Camille?! A cadeia talvez fosse a nossa melhor escolha, ou não. Mas saberia onde está neste exato momento. Olho ao redor à procura da mulher, onde está? Sabia que não deveria ter ido ao banheiro, mas não dá para levar comigo. Como também não imaginava que Camille fosse tão fraca para bebida. Muito fraca!

Droga! Droga! Droga!

Na área vip, olho as pessoas dançando na pista de dança, Camille parece ter evaporado. Será que foi embora? Pouco provável. Pergunto pela Camille para algumas pessoas que dividem a área vip, eles dizem que não sabem e uns me sugerem para ir até o banheiro das mulheres e considero a ideia. De repente algumas pessoas começam a gritar ao mesmo tempo. A música era alta e abafa um pouco a animação do pequeno grupo, mas foi o suficiente para chamar minha atenção. Olho para a pista de dança novamente e arregalo meus olhos. 

Puta merda!

Desço correndo as escadas, desesperado para tirar Camille de cima do balcão que divide com outras quatro mulheres. A raiva que sinto é por deixar ela chegar a esse ponto, e por Camille beber como se sua vida dependesse disso. Camille sorria timidamente para as pessoas que incentivava ela a dançar, rindo começa a fazer alguns movimentos. Preciso ser rápido! Empurro algumas pessoas para chegar logo na Camille, antes que a boate toda olhasse para ela.

— Camille! — Grito.

Ela para de dançar e procura quem a chamou. Grito novamente seu nome e quando me ver ela dá uns pulinhos.

— Gael! — aponta para pequena multidão que se formava. — Olha, eles gostam de mim!

— Desce daí agora. — Rosno.

Camille me olha confusa e se afasta quando tento tirá-la de cima daquele balcão.

— Por que você está bravo?

Engoli em seco, vendo o seu olhar triste. Estou tentando salvar a dignidade dessa mulher e ela me olha assim? Para de me olhar desse jeito, imploro praticamente sem dizer as palavras.

— Camille, por favor. — Estendi minha mão para ela. Mantenho a voz alta por conta da música, mas dessa vez sou gentil. — Desce daí.

Seus olhos castanhos me olham atentamente, sorri para ela, incentivando para que viesse comigo. Estava a um passo de segurar a sua mão…

— Tira a roupa! — Uns babacas começam a gritar. — Tira a roupa!

Camille se anima de novo e volta a ficar em pé no balcão. Ela não vai tirar a roupa, não é?! Esse tipo de coisa não é comum nessa boate e foi justamente o motivo para escolher, mas é claro que hoje teria que acontecer algo fora do comum. Justo hoje! Me dá vontade de gritar para que todos calem a boca e sei que nada adiantaria.

Camille começa a desabotoar a calça. Mato o Ronaldo!

Seguro na perna da Camille que reluta, ouço alguns idiotas gritando para que a soltasse. Contra vontade dela, jogo Camille por cima do meu ombro.

— Ei, deixa a mulher se divertir…

Empurro o imbecil que entra na minha frente.

— Ela é minha namorada, cretino!

O cara pede desculpas e se afasta. Camille ri e me abraça.

— Tenho um namorado! Eu tenho um namorado… — Ela morde minhas costas por cima da minha camisa. 

— Ai! Filha da… — Desisto de xingá-la e vou em direção à porta. Temos que ir embora daqui.

Chega de boate hoje, amanhã e sempre!

Na entrada falo com o segurança para pegar nossas coisas, ele me olha desconfiado por ter uma mulher em cima do meu ombro. Por sorte Camille não está fazendo escândalo para que soltasse, acredito que ela até conseguiria dormir de cabeça para baixo.

— É minha namorada. — Forço um sorriso. — Não é amor?

Camille ergue o rosto e faz um joinha.

— Tenho namorado. — Cantarola.

O segurança parece acreditar e pede para que alguém busque nossas coisas. No lado de fora, coloco Camille no chão e pego o celular no bolso. O clima não está chuvoso, deixando que esperasse meu carro do lado de fora, mas o vento frio passa pela gente. Camille me abraça pela cintura, deitando a cabeça em meu peito.

— Frio. — Resmunga.

Passo meu braço pelo seu ombro, abraçando-a. Não demoraria muito para estarmos seguros e longe do frio em meu carro. Com a mão livre pego meu celular no bolso.

— Calma, o carro está chegando… 

— Não podemos esperar lá dentro…

— Não!

Camille se aconchega mais em mim.

— Por que está gritando comigo?

Suspiro e guardo o celular no bolso, depois que mando mensagem para meu motorista. Se depender de mim, essa mulher nunca mais bebe, não importa que esteja sobrecarregada e querendo distrair um pouco. Uma gota sequer não entra na boca dessa mulher.

— Você dá muito trabalho. — Sussurro.

Camille ergue o rosto e sorri para mim. Gosto do que vejo, seu sorriso parece mais leve e diferente de quando busquei Camille parece está bem. Sem preocupação. Usando salto, Camille b**e na altura do meu queixo. Nas pontas dos pés, seus lábios macios tocaram minha bochecha, mas dessa vez mais próxima da minha boca.

— Por que não me beijou ontem? — Tenho dificuldade em ouvi-la.

— O quê?

— Beijo, você não me beijou. — Morde o lábio inferior. — No primeiro encontro não se beijam? Ou não gostou de mim…

— Não fale besteira. — Respondo de imediato.

Engoli em seco.

— Hum, quer me beijar?

O jeito que me olhava parece que poderia ver minha alma. Desvio o olhar.

— Camille é melhor…

Ela segura em meu queixo, virando meu rosto para ela e me beija. Não fico surpreso com sua atitude e tão pouco me afasto dela, a beijo brincando com sua língua em minha boca e gostando do saber mesmo com gosto da bebida alcoólica. Levo minha mão para sua nuca e a outra a abraço pela cintura, mas ainda, sim, é Camille quem intensifica o beijo.

Ela suspira contra minha boca e o frio não nos incomoda mais. Preciso me lembrar onde estamos e mesmo assim não a afasto. Não quero me afastar.

É claro que queria beijá-la e teria feito antes se Camille não tivesse engolindo as bebidas como se estivesse morrendo de sede. Não quero fazer isso com ela bêbada. Alguém finge uma tosse atrás de mim, o beijo acaba e Camille e eu olhamos ao mesmo tempo, uma mulher que trabalha na boate estende nossos sobretudo e a bolsa da Camile. Sussurro um obrigado e segundos depois meu carro aparece.

Camille entra no carro rapidamente. Fecho a porta do carro e deito a cabeça no encosto do banco, respirando fundo. Meu motorista está ciente de nos levar para casa de Camille.

— Gael…

— Camille, por favor, me dê um tempo.

Quero beijá-la, mas dessa vez não vou parar.

E NÃO FAREI COM ELA BÊBADA. Mato o Ronaldo!

Camille boceja, a olho. Sério que ela está com sono? Não sentiu nada quando nos beijamos, nadinha? Não é possível que eu seja o único que precisa se recuperar aqui. Não gosto dessa Camille bêbada, sem consideração alguma. Camille deita a cabeça em meu ombro e fecha os olhos, é melhor assim.

Como uma criança atentada, amamos quando está dormindo.

Tempo depois preciso acordá-la. Amanhã tenho que estar cedo na SMTHO, Camille se desperta lentamente.

— Hum…

— Chegamos. — Coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. — Vou deixá-la no seu apartamento.

Ela não tem condição nenhuma de chegar sozinha lá. Abraçada a mim, entramos no prédio, o porteiro me cumprimenta e parece disposto a me ajudar. Nego, garantindo que não faria nada de errado com ela já que ele parecia preocupado. Em seu apartamento, Camille pega a chave na bolsa e preciso ajudar no processo. Bebida está no topo da lista do que não é permitido no próximo encontro.

— Camille…

Ela boceja novamente e vai em uma direção. Tranco a porta e vou atrás dela, entramos em um quarto bastante espaço e ela se deita na cama. Olho ao redor, estamos no seu quarto. Fui até sua penteadeira e pego um dos, porta retrato, o casal mais velho acredito que seja seus pais, havia outra mulher que parecia bastante com Camille. É a irmã, Camille falou que ela está esperando outro filho. Deduzo que as duas crianças que aparecem na foto e o outro homem sejam seus filhos e marido. Camille tinha um sorriso contido em seu rosto, não estava feliz, mas precisava fingir.

Olho para mulher que dormia tranquilamente na cama. O que deveria dizer de Camille? Sinto desejo de conhecê-la mais, sofremos a mesma pressão de nossa família. Caso não der certo, um acordo poderia acontecer. Mas seria legal se pudesse dar certo. Coloco a foto no lugar e vou até ela.

— Camille estou indo embora. — Acaricio seu ombro. — Preciso que acorde e feche… — Ela segura minha mão e se vira me puxando junto.

Sou obrigado a me deitar ao seu lado rapidamente ou caio em cima dela.

— Camille.

Não se mexe. Suspiro e me aconchego ao seu lado, estando mais perto um leve cheiro de morango tomando minhas narinas. Me aproximo mais do seu pescoço, o cheiro fica mais forte. Morangos, ela deve gosta de morangos.

— Gael?

Me afasto assustado, pensei que já tinha dormido.

— Oi?

— Obrigada por hoje. — E cai em um sono profundo.

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