Capítulo 4

Gael Stone

Sabendo onde Camille mora e tendo o número do seu celular fica mais fácil. Hoje vou buscá-la em sua casa, a mesma está sem carro e não deixarei que fique utilizando carro de aplicativo sendo que posso ir até ela. Considerei não a convidar para sair hoje, mas pensei que Camille poderia querer distrair um pouco com o que aconteceu ontem. A mulher sofreu um acidente de carro e ainda se comprometeu em aparecer mesmo se eu não estivesse lá. Gosto da sua força de vontade. Meu celular apita avisando que havia uma nova mensagem.

“Aonde iremos?” — Camille.

Não sou de fazer surpresas, não gosto de surpresas, mas Ronaldo falou que mulher gosta dessas coisas.

“Vista algo confortável.” — Gael.

Tem um parque na cidade vizinha não muito longe daqui. Reconheço que estamos no meio da semana e não quero atrapalhar seus planos, mas terei uma viagem e não sei se volto antes do fim de semana. Camille é uma mulher interessante, fiquei tentado a beijá-la ontem, mas deixei a preocupação falar mais alto. Ela havia passado por uma grande dor de cabeça mais cedo, poderia facilmente deixar minhas vontades para outra hora.

O dia segue com muito trabalho, passo a maior parte do tempo com Zoe, um novo programa está para estrear e novo apresentador resolveu convocar uma nova reunião com mudanças faltando um mês para o lançamento.

— Talvez a proposta seja boa. Soe tenta minimizar as coisas.

— Ou perda de tempo.

Gregorio Jackson é a nova aposta da SMTHO, mas é intenso de mais. Zoe está confiante sobre ele, os números são bons quando o assunto é sobre o seu nome. Só espero que ele esteja ciente que não é um dos meus preferidos, é melhor não abusar.

— Terá um jantar com os acionistas hoje, contam com a sua presença…

— Tenho um compromisso. — Olho minha agenda. — A reunião com Gregório será na próxima semana, ele terá apenas essa chance.

— Ok, mas sobre o jantar… 

— Terá que lidar com eles novamente sozinha, mas é algo que você faz com facilidade.

Me levanto e visto meu sobretudo, o clima em Los Angeles esfriou, espero que não estrague meus planos.

— Preciso ir, Zoe. — Caminhamos para fora da minha sala. — Não fique até tarde.

— Olha, desse jeito vou pensar que se importa comigo.

Rimos.

— Sabe que me preocupo.

Zoe me acompanha até o elevador.

— Se preocupa que eu fique doente e não dê para ir aos eventos presenciais e ser o rosto da sua empresa.

Entro no elevador.

— Você me conhece tão bem.

Zoe faz uma careta e me mostra a língua discretamente. As portas se fecham, pego meu celular no bolso, tudo saindo conforme o horário. O trânsito ao meu favor chego logo em casa. Como alguma coisa e tomo um banho, me arrumo e saio de casa para buscar Camille. O tempo começa a melhorar e me animo, estou estranhamente animado.

Quando meu motorista para o carro em frente ao prédio de Camille, ele sai para abrir a porta do carro para ela, nesse exato momento meu celular toca. Uma nova mensagem e o que está escrito não me agrada.

— Mais que droga. — Xingo.

— Oh, está tudo bem? — Camille pergunta, ocupando o lugar ao meu lado.

Bloqueio o celular. Uma tempestade chegou onde está acontecendo o parque e acharam melhor fechar até o tempo melhorar.

— Não sou muito fã quando os meus planos não saem como o planejado. — Massageio as têmporas e a olho. Ergue uma sobrancelha. — Falei para vestir algo confortável e estava falando sobre o calçado também.

Camille olha para o salto que usava. A calça jeans é justa e modela perfeitamente seu corpo, a blusa de alta costura na cor de creme quebra um pouco a formalidade e ela carregava seu sobretudo em mãos.

— Você não me falou para onde iremos. — Diz em tom de acusação.

— E essa é sua forma de se vestir confortável?

— Salto é vida.

— E se fossemos acampar?

Ela me olha com deboche e eu passo a língua preguiçosamente pelos lábios ansioso pela sua ousadia. Camille está mais tão contida como ontem.

— Estiloso desse jeito você irá dormir no meio da mata ou um chalé cercado pela natureza, mas muitos seguranças e comida a sua disposição?

Não estou tão formal assim. Por baixo do sobretudo, visto uma camisa social branca e uma calça comum, pode ser que o sobretudo passe um ar de elegância.

— Um chalé com toda certeza, mas me parece que falar do seu salto é uma ofensa para você.

— Sim.

Nos olhamos e rimos.

— Olha, meus planos eram te levar em um parque, mas o clima não está dos melhores. 

Ela fez uma careta.

— Salto alto não seria uma boa opção…

— É por isso que…

Seu olhar severo me faz me calar.

— É melhor pensarmos em outro lugar para ir.

Concordo e olho para frente. Essa mulher é medonha.

— Onde gostaria de ir?

— Levando em consideração que hoje é uma quarta-feira e amanhã temos trabalho, lembrando que ficarei sem o meu carro até semana que vem e considerando a nossa atual situação…

 — Qual seria a nossa atual situação? — Pergunto, confuso.

Do jeito que Camille me olha, pareço um pobre coitado.

— Os pais do nosso afilhado estão precisando ser nossos cupidos, isso significa que nossa situação não está nada boa em relação ao amor.

— Você está sendo um tanto dramática…

— Quando foi a última vez que você namorou? Um relacionamento sério. — Camille não me dá a chance de responder e continuar a falar. — Ah, sei lá, sabe? Gostaria de fazer algo irresponsável e me preocupar com as consequências no outro dia. Uma loucura que me faz sentir viva e meu coração pulsando em adrenalina.

É nítido quanto Camille se sente sobrecarregada, não sei se é apenas pela pressão de sua família em casar e ter filhos. Ela está cansada e quer sair da rotina. De alguma forma parece que me quer como cumprisse. O que será que essa mulher quer fazer? Quais as consequências dispostas causar? Não serei preso por causa dela, a conheço há dois dias. Bem, ainda não fez 24 h do nosso primeiro encontro.

A conheço só algumas horas!

Relutante, pergunto:

 — O que você quer fazer?

Seus olhos brilham ao me olhar.

— Vamos para uma boate e beber todas!

Sinto um alívio tão grande sair de minhas costas, meu corpo todo relaxa de imediato. Uma coisa é ficar com ressaca no outro dia e outra totalmente diferente é ser procurado pela polícia no dia seguinte.

— Sei que é algo irresponsável e…

— Não é irresponsável.

É, sim, sabendo da intensidade do trabalho de amanhã, mas não vou ser o cara chato aqui. Digito um endereço e mando para meu motorista, o carro ganha movimento. Camille me olha curiosa, sorri.

— Cuidado para não perder seu salto nessa noite.

Ela ri.

— Estou disposta a tudo!

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