Camille Cooper
A calmaria desse lugar é perfeita. O vento passando pelas árvores traz uma sensação de tranquilidade, longe da cidade agitada. As energias renovam completamente, é bom estar em meio à natureza. Uma vida corrida e estresse constante, meu conselho sempre será se refugiar na natureza. O ar puro preenche meus pulmões e consigo me acalmar quase que instantaneamente. A casa de campo é usada mais para juntar toda a família, sendo um lugar grande ficar sozinha seria maravilhoso, mas medonho. Um barulho que ouvisse estaria ligando para a polícia. Ok, posso ser boa no que trabalho e causar medo em muitos, mas sozinha nessa casa não fico. — Tia, tia, tia! — Minha sobrinha corre na minha direção. — Para você. A caçula das crianças me entrega uma flor. Sorri para ela, beijando seu rosto. — Muito obrigada, meu amor. Ela sorri e volta a correr com as outras crianças. No total de dez crianças, minha família é bem grande. Esse lugar sempre será o preferido para as crianças, na minha infância fazemos tantas brincadeiras que nem com o passar dos anos as telas conseguiriam afastar as crianças desse lugar. Minha irmã, a Lara, tem dois filhos. Um menino de sete anos e uma menina de cinco anos. Ela abriu a fábrica com seus vinte anos, casou cedo e tem uma linda família. Porém, o meu tormento começou aí. Amo muito a minha irmã e quero que seja muito feliz, e o fato dela construir sua família antes de mim não deveria ser um tormento para mim se não fosse a pressão da minha família. Lara é dois anos mais nova que eu e por ser mais velha vivem me questionando quando vou casar e ter os meus filhos. É como se a vida dela fosse completa e a minha vazia. Não é que não queria ter, mas com as desilusões amorosa e tendo mais sucesso no meu trabalho decidi focar minha energia no que estava dando certo. Hoje sou uma das maiores consultoras financeiras, trabalhando com empresas de grande porte e as finanças pessoais de pessoas que deixam minha conta bancária bem gorda. Sou boa nisso, infelizmente o fato de não ter filhos parece não ser nada. Dinheiro não é tudo, reconheço. Mas é bom tê-lo, principalmente ao ter filhos. E hoje sei que nada faltaria para ele, minha família nunca foi pobre, temos uma situação boa, mas foi com os anos que tudo melhorou. Meu pai sempre nos incentivou para estudar e Lara se tornou uma ótima advogada cível, me formei em contabilidade e algumas aulas de direto porque o Sr. Cooper queria ter filhas advogadas. Acredito que não ter uma família e netos para ele baba, foi sua decepção comigo. — Camille? — Olho para trás vendo Lara, me levanto indo até ela. — Tudo bem? — Sim, mamãe está reunindo a família na sala. — Sorri. — Tenho um comunicado. Seguro suas mãos. — É o que estou pensando? Lara comentou que estava querendo se mudar de Los Angeles. Nossos pais ficariam arrasados, amam mais os netos. São vovôs coruja e não escondem isso, acho linda a relação deles com os meus sobrinhos. — Vem, saberá com todos. Caminhamos juntas para a sala, tias e tios, primos e primas, e nossos avós estão presentes. Lara e eu nos parecemos fisicamente, ambas com cabelo preto e longo, ela conseguindo ser mais branca que eu. Sou uns dez centímetros mais alta que minha irmã. A expectativa da minha mãe, Íris, pode ser vista de longe. Meu coração aperta. Não quero vê-la triste quando Lara anunciar que estaria indo embora de Los Angeles, elas moram uns trinta minutos uma da outra e meus pais já acham um absurdo. Confesso que preferi ficar um pouco mais longe, já que recebo as ligações das reclamações de minha mãe. Imagina morar perto. Íris e Bruno estão sentados lado a lado, fico em pé atrás deles. É bom está por perto e preparar o melhor argumento para ajudar minha irmã na sua decisão. Pelo que sei eles não têm desavenças na criação das crianças, mas Lara é bem paparicada pelos nossos pais e talvez queira mais independência com seus filhos. Na frente de todos, Lara segura a mão de Benício, o seu marido. Em uma troca de olhares, ela sorri e diz: — Seremos papais de novo! — Gritam juntos. Minha alma parece sair do meu corpo. Todos gritam de alegria e começam a falar ao mesmo tempo, seguro no encosto do sofá que meus pais estavam sentados em busca de equilíbrio. Uma das minhas primas esbarra em mim no seu momento de euforia, tendo sido preciso segurar com mais força no sofá. Fico sem reação, outra gravidez não era o que esperava já que Lara fazia questão de me dizer sempre que estava tentando engravidar. Mais um bebê. Minha irmã terá mais um filho. Lara coloca a mão na barriga, sorridente por ter todos ao seu redor. — Estamos com três meses, eu iria esperar, sabe? Mas a família está toda junta… Precisei contar! — Pisco algumas vezes. Lara me olha. — Irmã? Está feliz? Sorri, acredito que tenha saído uma careta. — É claro! Meus parabéns. — Quem sabe agora Camille não se inspira para fazer um. — Alguém fala. Braço meu próprio corpo. — Nem namorar ela namora. — Deve ser lésbica e não quer contar para a família. — Mesmo que seja! Dar para adotar uma criança, gente. Em meio aos comentários desagradáveis, subi para meu quarto. Lara sempre lidou muito bem ao receber a atenção dos outros, não sentiram a minha falta. Fecho a porta do quarto com mais força do que pretendia. Toda minha calmaria não existe mais e tenho vontade de ir embora, porque sei como serão minhas próximas horas nesta casa. Pego meu celular e ligo para minha melhor amiga e mesmo não sendo formada em psicologia, ela é minha psicóloga. Conto as últimas notícias. — Pelo amor de Deus! Sua irmã não tem televisão em casa não? — Lorena resmunga irritada no outro lado da linha. — Sinceramente acho que faz de propósito… — Lorena… — É sério! Ela só não faz um filho por ano, porque deve ter conversado com médico sobre seu corpo. Ai, eu não aguento com um. Brendon! Sai daí agora ou vou chamar seu pai. — Afasto o celular do ouvido quando ela grita. — Jesus! Vou mandar vocês dois para casa da minha sogra, isso sim. A sogra dela mora no Brasil. Sorri, Brendon é uma criança incrível. Tem seus seis anos e é meu afilhado. Infelizmente Lorena mora com sua família na Flórida e eu em Los Angeles. A maioria dos meus compromissos passa bem longe de lá. Minha irmã sempre foi muito focada em manter o corpo e tem uma facilidade imensa ao voltar com o corpo normal depois de ter o bebê. Causando inveja em muitos na família, estamos todos juntos, mas não significa que não tenha fofoca um do outros. Eu sendo o ponto alvo diversas vezes, não que me importe. — Ela gosta de fazer um evento e você sabe disso! Lara não podia falar só entre você e seus pais? Não! Tinha que ser com a família toda, porque sabe bem a pressão que você recebe. Encosto na parede perto da janela, vendo a família reunida no quintal. — Ela não faz isso de propósito. — Falo em defesa da minha irmã. — Camille, você só é ingênua demais quando o assunto é sua irmã. Com os outros é toda desconfiada. — suspira. — E agora? Sabe que durante a gravidez a dor de cabeça com sua família é maior. Hum, já sei! Você bem que podia sair com o padrinho do Brendon. Ele voltou a morar em Los Angeles, e sabe que ele costuma ver mais o afilhado do que você. Quem sabe os dois juntos, você não passa a vim mais vezes. — Ui, que indireta. — Bem direta! — E recebida. — Rimos. Lembro do vagamente do padrinho do Brendon, ele foi escolhido para ser o padrinho dois anos depois do nascimento do nosso pequeno. É melhor amigo do Ronaldo, pai do Brendon. Não lembro do rosto dele, o que me faz querer ir agora mesmo ver meu afilhado. Nossa, sou uma péssima madrinha! — Olha, não pense muito. Cuidarei de tudo, dê essa chance. — Lorena insiste. Vocês não são muito diferentes um do outro, acredite. Ele também está a fim de conhecer alguém, talvez esse seja o momento certo e a hora certa. É, talvez ela tenha razão. Quais são as chances de dá errado? Se dê, temos opções como um contrato.Gael StoneO sentimento de volta não é de alegria. A sede principal da minha emissora SMTHO fica em Los Angeles, anos atrás escolhi trabalhar na outra sede e está menos presente possível no local da empresa. É Zoe Fisher sendo a vice-presidente da emissora, ficando à frente das câmeras e entrevistas, e fugindo de todas as perguntas que envolve a mim.No início da emissora quase fui descoberto, ser filho de uma grande atriz de Hollywood não é nada fácil, pelo mesmo não quando você não gosta da atenção da mídia. É algo sufocante, Marisa Stone lida muito bem e tentou diversas vezes me incluir nesse seu mundo. Não é à toa que acabei construindo uma das emissoras mais famosas dos Estados Unidos.Ficando totalmente atrás das câmeras.Mas ainda sou filho de Marisa e ocasionalmente aparecem fotos minhas por aí.Faz uns dois meses que decidi voltar para Los Angeles, motivo? O dono da empresa não pode ficar muito tempo longe, mesmo sendo muito bem administrada de longe. Fico um tempo longe e de
Camille CooperAperto o volante com força em meus dedos, sem conseguir me mexer e procurando entender o que acabou de acontecer. Tenho medo de me mexer e algo pior acontecer, mas logo me desperto quando o homem sai do carro que bateu contra o meu furioso e gritando.— Olha, o que você fez?! — Bate com as mãos no capô do meu carro, onde seu carro não havia batido. — Não sabe dirigir, puta?!Sinto o meu olho esquerdo tremer. Abro a porta do carro, saindo com cuidado. Esse filho de uma boa mãe vem em alta velocidade e bate contra o meu carro, agora sou eu que não sei dirigir? Ah, ele tem muito amor a vida para vir gritar comigo.— Acredito que quem deva voltar para a autoescola aqui, não sou eu. — Ele ameaça a abrir a boca para falar mais merda, ponto dedo indicador na direção dele. — Cala a boca! — E ele se cala. — Você sabe muito bem quem está errado nessa história, meu dia foi longo e estressante. Quando estou perto de finalizar a minha noite com um momento bom, surge você com essa me
Gael StoneSabendo onde Camille mora e tendo o número do seu celular fica mais fácil. Hoje vou buscá-la em sua casa, a mesma está sem carro e não deixarei que fique utilizando carro de aplicativo sendo que posso ir até ela. Considerei não a convidar para sair hoje, mas pensei que Camille poderia querer distrair um pouco com o que aconteceu ontem. A mulher sofreu um acidente de carro e ainda se comprometeu em aparecer mesmo se eu não estivesse lá. Gosto da sua força de vontade. Meu celular apita avisando que havia uma nova mensagem.“Aonde iremos?” — Camille.Não sou de fazer surpresas, não gosto de surpresas, mas Ronaldo falou que mulher gosta dessas coisas.“Vista algo confortável.” — Gael.Tem um parque na cidade vizinha não muito longe daqui. Reconheço que estamos no meio da semana e não quero atrapalhar seus planos, mas terei uma viagem e não sei se volto antes do fim de semana. Camille é uma mulher interessante, fiquei tentado a beijá-la ontem, mas deixei a preocupação falar mais
Gael StonePorra! O que deu em mim quando concordei em vim para uma boate com Camille?! A cadeia talvez fosse a nossa melhor escolha, ou não. Mas saberia onde está neste exato momento. Olho ao redor à procura da mulher, onde está? Sabia que não deveria ter ido ao banheiro, mas não dá para levar comigo. Como também não imaginava que Camille fosse tão fraca para bebida. Muito fraca!Droga! Droga! Droga!Na área vip, olho as pessoas dançando na pista de dança, Camille parece ter evaporado. Será que foi embora? Pouco provável. Pergunto pela Camille para algumas pessoas que dividem a área vip, eles dizem que não sabem e uns me sugerem para ir até o banheiro das mulheres e considero a ideia. De repente algumas pessoas começam a gritar ao mesmo tempo. A música era alta e abafa um pouco a animação do pequeno grupo, mas foi o suficiente para chamar minha atenção. Olho para a pista de dança novamente e arregalo meus olhos. Puta merda!Desço correndo as escadas, desesperado para tirar Camille d
Camille Cooper Me sento rapidamente, sentindo meu peito doer a cada vez que respiro. Meus olhos arregalados e suada, é o estado que me encontro depois de ter o pior sonho da minha vida, olho ao redor tendo certeza que estou no meu quarto. Olho para o outro lado da cama e vejo que está vazio, é claro que está vazio. Sempre acordo assim e não haveria outro motivo para ser ao contrário, até porque eu não fiquei bêbada em uma boate, beijei Gael e ele teve que me trazer para casa. Ah, além de ter uma leve sensação de que dividimos essa cama. Mas acordar sozinha nessa cama é a prova de que tudo não passou de um sonho. — Gael? — Chamo, apenas para ter certeza. Sorri. Um dia, como qualquer outro, afasto a coberta e me levanto, no mesmo segundo preciso sentar novamente. Coloco a mão na cabeça sentindo tudo girar. Que dor de cabeça horrível! Por que estou assim? O que aconteceu? Abrindo os meus olhos, novamente percebo que estou com a mesma roupa que usei para me encontrar com Gael. Não. N
Camille Cooper Ele não percebe a minha presença de imediato, arrumando o terno em seu corpo, o rosto sério é algo que ainda não havia presenciado. Mesmo que Gael não fosse um pulso de sorrisos. Fico intrigada em vê-lo, ele falou sobre ser dono de uma empresa, mas não entrou nos detalhes.— Camille Cooper? — sou obrigada a tirar meus olhos de Gael e cumprimentar a Zoe.— Sim, é um prazer conhecê-la, Zoe Fisher. — Aperto sua mão.Logo atrás de mim, os acionistas, Gael foi o último a falar comigo e parecia tão surpreso quanto eu.— Camille, esse é o Gael Stone, dono da SMTHO. — Gregório me chama pelo primeiro nome e dessa vez estou afetada demais para corrigi-lo. — Sr. Stone, essa é a melhor… — É um prazer conhecê-la, Srta. Cooper. — Gael estende a mão para mim.Assim como ele, preciso lembrar onde estou, e focar no meu trabalho.— Digo o mesmo, Sr. Stone. — Aperto sua mão.Gael estava pronto para dizer algo, mas Zoe intervém sem perceber pedindo para que começassem logo a reunião. Sou
Camille Cooper A surpresa fica escancarada em meu rosto, acredito no que Gael diz, não querendo acreditar. — Mentira.Gael dá um sorriso como se estivesse se desculpando.— Sou filho da Marisa, ao contrário de minha mãe, não gosto de estar em frente às câmeras. — ele ergue os braços, dando de ombros. — Esse foi o meu jeito de me esconder atrás delas. Dificilmente acaba escapando uma foto minha, mas não dura por muito tempo e logo consigo desaparecer de novo.Preciso aprender como respirar de novo. Dou alguns passos aleatórios pelo seu escritório, absorvendo a notícia. Gael não apenas é dono de uma emissora de sucesso antes mesmo dos seus 40 anos, como é filho de uma das artistas mais famosa da atualidade. Marisa Stone tem mais de trinta e cindo anos de carreira, quando ficou gravida todos pensaram que fosse cair no esquecimento, ela calou a boca de cada um que duvidou dela.Minha mãe ama essa mulher.— Como você está, Camille? — Pergunta novamente. — Não respondeu à mensagem que man
— Oi, mãe.Ouço seu suspiro.— Olá, querida. Acredita que seu pai inventou de aumentar a casa? — fico aliviada, ela me ligou para reclamar mais uma vez de meu pai. — Não sei mais o que esse homem quer fazer? Por que uma casa tão grande?Ri.— Ah, mãe, sabe que papai adora fazer uma obra.Além de gostar de fazer as bugigangas para as crianças brincarem, Lara e eu tínhamos brinquedos novos todas as semanas. Era um bom tempo.— Mas me diz a necessidade de ter uma casa tão grande, cabem todos aqui. Espaço para meus filhos e netos é o que não falta, você não pretende nos dar neto.E ela tinha que tocar nesse assunto tão rápido? Um “oi, como você está?” seria bom de ouvir antes.— Mãe…— Bruno precisa entender que desse jeito vai ter bastante espaço para poucas pessoas. — Suspira mais uma vez. — E liguei para avisar que o filho da Fátima está em Los Angeles, você bem que poderia receber ele na sua casa.Faço uma careta.— Não vou colocar um estranho na minha casa…— Não é um estranho, Camil