Jade
Eu tentava me manter calma.
Fazia mais ou menos meia hora que eu tinha sentido uma pontada no pé da barriga e agora outra. Virei a cabeça devagar e olhei as horas no mostrador do relógio de cabeceira; 00:20h. Alex dormia profundamente com o travesseiro sobre a cabeça como fazia sempre quando estava muito cansado. Naquela tarde, ele tinha treinado por várias horas para uma competição importante no mês seguinte e quando chegara em casa tinha tomado banho, comido um sanduiche e caído na cama. Pelo menos ele tinha descansado um pouco porque eu teria que acordá-lo.
Levantei lentamente da cama e fui até a poltrona do outro lado do quarto conferir se tudo estava devidamente arrumado. Já fazia mais de uma semana que todos os dias eu olhava uma por uma as peças de roupas e utensílios que seriam necessários naquela hora. Ap
Jade Era final de tarde de sexta feira e eu tinha acabado de atender meu último paciente. Respirei cansada e encostei a cabeça no espaldar alto da cadeira. Mas o dia ainda não tinha terminado. Precisava ir ao hospital e verificar como estava um paciente que eu acompanho há seis meses. Ele tinha infartado e fora submetido a uma cirurgia emergencial de ponte de safena e mesmo eu confiando no médico que tinha feito à cirurgia, eu queria acompanhar de perto. A porta da minha sala foi aberta e Betânia se aproximou com um copo de agua na mão. - Olá, Dra. Jade, até que enfim terminamos. Peguei o copo das mãos da minha fiel secretária. Betânia era uma moça sorridente e alegre que eu tinha contratado assim que abri minha clínica de cardiologia. Ela era super eficiente e comandava tudo com olhos de águia. - Você terminou, Beta, eu ainda vou passar no hospital. - Não sei como você aguenta trabalhar tanto! Eu também me pergu
AlexanderSe alguém perguntasse quem era a única pessoa que me importava hoje, eu responderia que era apenas a minha mãe. E era por isso que eu tinha paciência com as loucuras que ela inventava para a minha vida.- Mãe, eu não preciso de uma empregada!Ela andava pela casa recolhendo uma coisa aqui e outra ali. Entrava em todos os cômodos e olhava como se tivesse vendo a cena de um crime. Eu me limitava a segui-la e tentar impedir que ela entrasse em mais um cômodo da casa. Ela subiu as escadas e eu imaginei a cara dela ao entrar no meu quarto. Aí sim, ela teria uma sincope.Ela empurrou a porta e parou passeando o olhar lentamente pelo cômodo. Realmente, eu precisava admitir que aquilo ali estava um caos. Roupas espalhadas pelo chão e pela cama, botas, luvas, capacetes e toda indumentária que eu usava nas competições de moto. O pior e
Faltavam vinte minutos para o avião decolar. Eu apertava a alça da mochila com tanta força que meus dedos doíam. Olhei para todos os lados tentando não demonstrar o quanto eu estava com medo. Eu não podia correr o risco de ser descoberta bem na hora que eu estava prestes a me libertar.Eu olhava o relógio a cada dois minutos e meu coração deu um salto quando a atendente chamou meu nome.- Srta. Anita Veiga.Me aproximei tremendo e apresentei o documento de identidade falso que meu amigo Rian tinha conseguido às pressas. Pareceu uma eternidade até que aquela mulher conferiu os dados e me devolveu o documento.- Boa viagem, senhorita- Obrigada.Entrei quase correndo no avião e sentei encolhida na poltrona rezando para que levantasse voo logo. Precisava sair dali para me sentir mais segura.Não sabia
Chovia muito e chegamos molhadas dos pés à cabeça no portão de entrada do condomínio.O porteiro nos forneceu uma toalha e nos mandou seguir pela Rua C até a casa 50. Eu estava nervosa e com medo de não dar certo aquele emprego. Deus estava me ajudando. Terceiro dia naquela cidade estranha e eu já estava quase conseguindo um trabalho. Cruzei os dedos rezei uma oração.Uma senhora alta, bonita e muito elegante abriu a porta e nos convidou para entrar. Era uma sala grande, com móveis caros e luxuosos mas completamente desarrumada e sem vida. As cortinas estavam sujas e empoeiradas e os vidros das janelas completamente embaçados. Morava alguém naquela casa?- Bom dia, dona Marta, vejo que trouxe alguém, É sua filha?- Bom dia, dona Marina, na verdade não. É uma amiga que está precisando mais do trabalho do que eu, então trouxe-
Coloquei o capacete e acelerei a moto testando o motor. Aquele era o último treino antes da grande corrida na semana seguinte no Rio de Janeiro e eu precisa de toda concentração. Ali tinham alguns pilotos que também participariam da competição mas os principais adversários vinham de outros estados. Pilotos experientes e vencedores de grandes competições, mas aquilo não me intimidava. Estava acostumado a competir com os melhores e vencer e eu estava disposto a dar o melhor de mim para fechar aquela temporada com mais uma vitória.A pista de corrida era como uma válvula de escape para mim. Quando eu acelerava a moto e rasgava do lugar em alta velocidade era como deixar para trás tudo de ruim que acontecera na minha vida. Ali eu sentia meu coração acelerado e toda minha atenção se voltava para a pista em minha frente e a cada volta eu impunha mais força e
Não consegui dormir bem. Estava ansiosa em começar aquele trabalho e dar início a uma nova vida. Tomei café logo cedo e como não sabia como pegar ônibus ali naquela cidade me afastei do pensionato para que ninguém pudesse me ver e peguei um táxi. Não teria como explicar por que precisava trabalhar como doméstica se eu tinha dinheiro para pagar um taxi.Cheguei pontualmente às sete e me identifiquei na portaria do condomínio. A casa era uma das últimas do bloco C. Na garagem lateral da casa pude ver um jipe amarelo enorme todo sujo de lama e duas motos tipo aquelas usadas para competições de Motocross.Aproximei da porta e toquei a campainha uma vez e esperei. Nada. Toquei de novo e ninguém abriu a porta. E agora? Será que o cara tinha saído mais cedo? Estava me preparando para voltar na portaria quando a porta se abriu com um solavanco e eu
Inferno!Minha cabeça doía e meu estômago revirava. Levantei lentamente do sofá e olhei em volta. Que horas seriam? Tentei focar no relógio da parede. Marcava 13:00h. Apoiei a cabeça nas mãos e tentei me lembrar dos últimos acontecimentos. Eu tinha atendido a porta pela manhã para a moça que viera fazer a limpeza, mas onde ela estava? Já teria ido embora? Olhei ao redor e vi que tudo estava bagunçado do mesmo jeito de sempre. Talvez a mulher tivesse desistido e ido embora. Era o que eu esperava. Não queria ninguém ali bisbilhotando minha vida.Levantei e subi as escadas em direção ao meu quarto. O que era aquele cheiro horrível? Espirrei duas vezes e quando abrir a porta do quarto parei sem acreditar no que via na minha frente. O chão brilhava e cheirava a perfume. Olhei lentamente todos os detalhes. Não tinha roupas espalhadas
Como eu podia avaliar aquele dia?Deitada na minha cama pequena e dura no pensionato eu repassei todos os momentos desde a hora que aquele homem tinha aberto a porta até o final da tarde.Assim que ele caiu de novo no sofá, eu comei a difícil tarefa de limpar a sujeira daquela casa. Nunca vi tanta poeira e tanto lixo acumulado dentro de uma casa. Resolvi não mexer na sala, pois o homem continuava estirado no sofá. Fui até lá algumas vezes e vi que ele dormia um sono agitado, se debatendo e respirando pesadamente. Pensei em ligar para a mãe dele, mas resolvi esperar mais um pouco. Coitado! Se continuasse daquele jeito ia acabar doente ou morto. Um homem tão bonito! Ele ficava bem sexy com aquela cabeça raspada. Mas ele parecia meio desajustado, pois não era comum alguém estar bêbado as sete da manhã.Decidi que limparia logo o quarto dele, pois parecia ser o côm