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Capítulo 06 - Alexander

 Inferno!

Minha cabeça doía e meu estômago revirava.  Levantei lentamente do sofá e olhei em volta. Que horas seriam? Tentei focar no relógio da parede. Marcava 13:00h. Apoiei a cabeça nas mãos e tentei me lembrar dos últimos acontecimentos. Eu tinha atendido a porta pela manhã para a moça que viera fazer a limpeza, mas onde ela estava? Já teria ido embora? Olhei ao redor e vi que tudo estava bagunçado do mesmo jeito de sempre. Talvez a mulher tivesse desistido e ido embora. Era o que eu esperava. Não queria ninguém ali bisbilhotando minha vida.

Levantei e subi as escadas em direção ao meu quarto. O que era aquele cheiro horrível? Espirrei duas vezes e quando abrir a porta do quarto parei sem acreditar no que via na minha frente. O chão brilhava e cheirava a perfume. Olhei lentamente todos os detalhes. Não tinha roupas espalhadas pelo chão e nem restos de comida sobre a mesa. A cama estava forrada com uma colcha azul e as cortinas foram retiradas das janelas. Fui até o banheiro e tudo estava devidamente arrumado e limpo.

Tinha que admitir que estava bem melhor que antes. Melhor? Não. Estava assustadoramente melhor. Tomei um longo banho e vesti um moletom que encontrei na bagunça do meu armário. Ainda bem que a maluca não tinha mexido nas minhas coisas. Odiava que tirassem minhas coisas do lugar. Desci novamente as escadas em direção à cozinha em busca de algo para comer. Precisava restabelecer minhas forças depois da bebedeira da noite anterior.

Parei na porta da cozinha surpreso com a cena em minha frente. A mesa estava posta com um prato, copo e algumas tigelas cobertas com um pano de prato. Me aproximei devagar e descobri as travessas. Salada, arroz, feijão e um tipo de carne assada meio queimada. Ouvi um barulho vindo da área de serviço e alguém praguejar

- Merda!

Fui até lá e ela estava ajoelhada tentando juntar os pegadores de roupa espalhados pelo chão.

- Ei, moça?

Ela não ouviu.

Estava com fones de ouvido e continuou na tarefa de juntar os pegadores.

Fiquei ali esperando ela notar minha presença.

Ela virou e ao me ver deu um grito de susto e derrubou tudo de novo.

Que loucura era aquela? Minha mãe tinha contratado uma menina menor de idade para trabalhar ali. Ela estava louca?

- Oi, acordou?

- Eu... desculpe pela recepção.

Ela começou a juntar os pegadores de novo de joelhos no chão.

- Tudo bem... a casa é sua.

Observei bem a garota. Tinha cabelos escuros presos em um coque desarrumado e um corpo bem feito a mostra pela calça legging e uma camiseta regata. O rosto era bonito e parecia não ter mais que dezessete anos. O que aquela menina queria trabalhando como faxineira? Lógico que ele não ia aceitá-la ali.

- Termine e venha cá, precisamos conversar.

Esperei ela aparecer na cozinha e cruzei os braços observando-a.

- Como veio parar aqui?

Vi que ela estava meio sem jeito olhando para meu peito a mostra sem camisa.

- Desculpe por estar sem camisa, achei que não tinha ninguém aqui.

- Tudo bem ... eu ... fiz alguma coisa para o senhor almoçar. Sua mãe falou que tenho de cozinhar também.

- Minha mãe falou uma coisa, mas eu vou dizer outra. Não quero meninas menores de idade trabalhando na minha casa, portanto, termine e pode ir embora. Vou pagar seu dia e tudo certo.

Ela pareceu muito assustada e se aproximou agitada.

Ela fez uma cara meio assustada.

- Não! Não sou menor de idade não, tenho 20 anos. Por favor eu preciso desse emprego. Espera! vou te mostrar meu documento.

Ela já revirava a bolsa nervosa e puxou uma carteira de identidade colocando-a em minhas mãos.

Eu olhei devagar os dados e a foto dela.

Jade Maele Sobral, natural de Salvador, nascida em 09 de janeiro de 1999, ou seja, ela ia fazer 20 e um anos. A foto, no entanto era bastante diferente da garota a sua frente, exceto pelos olhos que não tinha como se confundir. Ela tinha olhos grandes e bem clarinhos meio acinzentados e os cílios eram enormes dando um ar meio selvagem e a boca grande de lábios cheios eram um ponto de destaque no rosto dela.

- O que aconteceu com seus cabelos?

Ela desviou os olhos.

- Nada. Precisei mudar a cor.

- Precisou ou quis mudar?

- Não importa, tive que mudar.

- Onde estão seus pais?

Ela demorou alguns minutos para responder

- Em casa.

Eu tive que dar uma risadinha meio irônica.

- Garota, perguntei onde estão seus pais que deixaram você arrumar um serviço de faxineira quando devia estar na faculdade estudando.

- Não temos dinheiro para isso agora, portanto preciso trabalhar.

Respirei cansado. Aquela menina parecia disposta a travar uma queda de braços comigo ali, para permanecer naquele serviço. Talvez ela realmente precisasse.

Levantei as mãos em sinal de desistência.

- Depois eu vejo isso, agora posso comer alguma coisa, senão vou desmaiar aqui.

Ela abriu um largo sorriso.

- Vou poder continuar trabalhando então?

- Veremos, agora me deixe comer. Depois eu decido isso.

Ela correu e descobriu os pratos e pegou uma jarra de suco na geladeira.

- Pronto, tudo aqui. Chame se precisar.

- Não vai comer?

Ela riu meio sem jeito.

- Claro que eu já almocei, morreria de fome se esperasse o senhor sair daquele sofá. Desculpe, mas seu estado era muito ruim. Quase liguei para pedir ajuda.

- Não se preocupe, estou acostumado.

- Mas eu não.

Ele parecia inquieto

-Pode sair? Não gosto de comer com ninguém me observando.

- Tudo bem.

Ela correu para a área de serviço e eu fiquei ali meio pensativo.

 Eu hein, garota doida!

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