Não consegui dormir bem. Estava ansiosa em começar aquele trabalho e dar início a uma nova vida. Tomei café logo cedo e como não sabia como pegar ônibus ali naquela cidade me afastei do pensionato para que ninguém pudesse me ver e peguei um táxi. Não teria como explicar por que precisava trabalhar como doméstica se eu tinha dinheiro para pagar um taxi.
Cheguei pontualmente às sete e me identifiquei na portaria do condomínio. A casa era uma das últimas do bloco C. Na garagem lateral da casa pude ver um jipe amarelo enorme todo sujo de lama e duas motos tipo aquelas usadas para competições de Motocross.
Aproximei da porta e toquei a campainha uma vez e esperei. Nada. Toquei de novo e ninguém abriu a porta. E agora? Será que o cara tinha saído mais cedo? Estava me preparando para voltar na portaria quando a porta se abriu com um solavanco e eu quase dei um grito de susto. O homem estava vestido com um macacão de corrida preto de pés descalços e sua aparência demostrava que não tivera a melhor das noites. Parecia com sono ou bêbado, sei lá e mal se mantinha de pé.
- Entre logo, você deve ser a tal empregada que minha mãe arrumou.
Eu hesitei em entrar naquela casa com aquele homem naquela situação. Vai saber se ele estava só bêbado ou se tinha ingerido mais alguma droga.
- Eu... não vou entrar aí com você desse jeito, não.
- Ótimo, eu nem queria você aqui mesmo!
E bateu a porta na minha cara.
Lembrei então que a mãe dele tinha dito que ele não estava em um período legal e que não seria educado comigo. Talvez o coitado estivesse com algum problema sério. A mulher não iria me colocar em risco se soubesse que seu filho é um homem violento. Toquei novamente a campainha. Ele voltou e abriu a porta.
- Ou entra ou vai embora, porque eu quero dormir.
Passei lentamente por ele e entrei. Ele bateu a porta com força e caiu no sofá de novo de olhos fechados. Ele tinha tirado a parte de cima do macacão e agora deixava à mostra o peito musculoso e uma barriga achatada. Ele era moreno, mas a cabeça era bem clarinha e sem um fio de cabelo. Era magro, mas cheio de músculos. Muito lindo, mas parecia muito distante dali, jogado de qualquer jeito sobre o sofá. Meu olhar desviou-se para o peito dele novamente. Ele tinha um argola de prata presa no bico do peito!
Deus de misericórdia! Aquela maravilha de homem será meu patrão?
Aproximei-me devagar e toquei o braço dele com a ponta do dedo:
- Ei... moço? Não é melhor você deitar na cama?
Ele empurrou minha mão e tentou sentar, focando o olhar em minha direção.
- Minha mãe te mandou aqui para cuidar da porra da casa, então me deixe em paz!
Ia ser difícil!
- Tudo bem. Vou cuidar do meu serviço.
Quando virei na porta que dava para a cozinha, ouvi o som de algo se quebrando contra a parede.
Bem, Jade, já tem mais alguma coisa para você limpar.
Inferno!Minha cabeça doía e meu estômago revirava. Levantei lentamente do sofá e olhei em volta. Que horas seriam? Tentei focar no relógio da parede. Marcava 13:00h. Apoiei a cabeça nas mãos e tentei me lembrar dos últimos acontecimentos. Eu tinha atendido a porta pela manhã para a moça que viera fazer a limpeza, mas onde ela estava? Já teria ido embora? Olhei ao redor e vi que tudo estava bagunçado do mesmo jeito de sempre. Talvez a mulher tivesse desistido e ido embora. Era o que eu esperava. Não queria ninguém ali bisbilhotando minha vida.Levantei e subi as escadas em direção ao meu quarto. O que era aquele cheiro horrível? Espirrei duas vezes e quando abrir a porta do quarto parei sem acreditar no que via na minha frente. O chão brilhava e cheirava a perfume. Olhei lentamente todos os detalhes. Não tinha roupas espalhadas
Como eu podia avaliar aquele dia?Deitada na minha cama pequena e dura no pensionato eu repassei todos os momentos desde a hora que aquele homem tinha aberto a porta até o final da tarde.Assim que ele caiu de novo no sofá, eu comei a difícil tarefa de limpar a sujeira daquela casa. Nunca vi tanta poeira e tanto lixo acumulado dentro de uma casa. Resolvi não mexer na sala, pois o homem continuava estirado no sofá. Fui até lá algumas vezes e vi que ele dormia um sono agitado, se debatendo e respirando pesadamente. Pensei em ligar para a mãe dele, mas resolvi esperar mais um pouco. Coitado! Se continuasse daquele jeito ia acabar doente ou morto. Um homem tão bonito! Ele ficava bem sexy com aquela cabeça raspada. Mas ele parecia meio desajustado, pois não era comum alguém estar bêbado as sete da manhã.Decidi que limparia logo o quarto dele, pois parecia ser o côm
- Mãe, onde você estava com a cabeça para contratar uma menina de 20 anos para trabalhar na minha casa?- Ora, Alex, o que importa a idade? A moça queria trabalhar.Eu estava sentado na cozinha do apartamento da minha mãe e mais uma vez eu queria alertá-la sobre o comportamento de Felipe na empresa. Mesmo afastado eu tinha acesso às contas da empresa e elas nãos estavam fechando.- Tudo bem, esquece esse assunto. Quero te falar de outra coisa.Marina percebeu o tom diferente na voz do filho e sentou na cadeira em frente a ele.- Algum problema?- Claro que há um problema, mãe e por favor me ouça, senão será tarde demais.- O que há?- Nós estamos vendendo cada vez mais e a nossa conta bancária só diminui, você não acha isso estranho?Ela suspirou- Eu sei, tenho observado que Felipe es
Entrei no táxi, tremendo e o coração aos pulos. Tinha certeza que Alexander não tinha acreditado em uma única palavra do que eu tinha falado. E agora? Ele não ia confiar em me deixar trabalhando lá sabendo que eu estava mentindo. Por que aquele homem me olhava daquele jeito, como se tivesse desnudando minha alma? Eu estava em apuros.Aquele dia tinha sido longo e cansativo, tanto que eu pretendia apenas descansar um pouco e acabei dormindo e acordando com a aquele homem enigmático me olhando.Meu Deus, em que loucura estou me metendo?Meu corpo tremia até agora ao lembrar como sentir uma corrente elétrica percorrendo meu corpo quando nossos olhos se encontraram por alguns instantes.Eu estava carente, era isso. Estava sozinha e numa cidade estranha, nada mais natural que buscar proteção nas pessoas que estavam próximas. E Alexander era o primeiro home
O Sol entrava pela fresta da cortina e avisava que o dia estava amanhecendo. Demorei alguns minutos colocando em ordem os acontecimentos do dia anterior e a última coisa que me lembrava foi de ter tomado banho e caído na cama. Meu estômago reclamava e a garganta estava seca. Levantei da cama e então parei alguns segundos perdido na visão à minha frente. Jade estava dormindo na poltrona ao lado da cama. Ela tinha ficado ali naquela posição durante toda a noite? Provavelmente preocupada comigo.Eu era um miserável que não sabia nem cuidar de mim mesmo, e ainda tinha trazido aquela garota para meu mundo sombrio.Droga!Fui até ela e a peguei no colo colocando-a na cama e cobrindo seu corpo com uma manta quente.Ela se mexeu tentando levantar- Dorme mais um pouco, ainda é cedo. Vou preparar um café.Olhei para a foto de Érica no porta retra
Assim que todos saíram da sala eu dei vazão ao meu ódio, quebrando todas as canetas que estavam sobre a mesa e rasgando alguns papéis.Inferno! O que aquele idiota do Alexander queria ali de volta?Ele ia atrapalhar todos os meus planos. Ia começar a fuçar de novo as contas da empresa, querer comparar números e fechar balancetes. Logo agora que as coisas iam muito bem e eu estava ganhando muito dinheiro. Ganhando e devendo também e não podia correr o risco de não ter de onde tirar dinheiro para pagar. Naquele negócio não se admitia dívidas e eu vinha honrando com as minhas, mesmo que tivesse que comprometer um pouco o dinheiro da empresa. Ela funcionava muito bem para lavar o dinheiro que eu não podia declarar.Agora aquele moleque mimado resolve esquecer a bebida e atrapalhar meus planos? Claro que não. Precisaria agir de novo, como fizera a cinco a
Desde que meu amado Ramon se fora, que eu não me sentia tão sozinha como naqueles últimos tempos. Meus filhos estavam cada vez mais longe de mim, cada um por motivos diferentes. Felipe não era mais o mesmo e a gente se via cada vez menos e ele se mostrava muito distante e frio. Parecia evasivo, não respondia com coerência meus questionamentos e mentia claramente quando se tratava de dinheiro.Alexander estava se afundando em um mundo triste e sombrio. Se afastava de todos e só pensava em correr e beber. Ele era quem mais me preocupava pois eu sabia o quanto ele era uma pessoa boa e amorosa. Apenas o destino lançou uma carga um pouco pesada para ele carregar, mas eu o ajudaria a sair daquela tristeza.Por isso insistir para que ele voltasse a trabalhar na empresa. Para o bem dele e para a saúde financeira da Galvão Veículos. Naquele momento alguém sensato precisava tomar a frente do
Me olhei no espelho grande do banheiro do quarto de hospedes e me achei diferente. Na verdade estava tudo igual. Pernas, barriga, braços, cabelos... mas minha boca tremia e parecia queimar no lugar onde os lábios de Alexander tinham tocado os meus. Por que aquele calor subindo pelo meu corpo? Aquele frio na barriga. Não era a primeira vez que alguém me beijava, mas era a primeira vez que eu estremecia ao sentir o toque da boca de um homem. Foi apenas um leve encostar de lábios, mas parecia uma corrente elétrica me puxando para ele. E aquele olhar forte, intenso, cheio de promessas. E agora? O que fazer? Como se comportar quando ele voltasse? Na verdade o que eu queria mesmo era que ele me beijasse de verdade, que me deixasse sentir a língua dele tocando a minha, queria me perder naqueles braços musculosos. Mas ele tinha se afastado e não parecia querer se aproximar de novo. Então eu teria que suf