Alexander
Tentei não pensar no que aquele dia significava para mim. Era o dia da audiência de conciliação com Jade. Fazia quase dois meses que eu não a via e estava ansioso e com o coração acelerado. Era minha última cartada. Ela não sabia que aquela audiência não foi exatamente convocada pelo juiz, eu tinha instruído meu advogado a provocar aquele encontro. Precisava ouvir da boca dela que ela realmente queria aquela separação porque eu não via sentido nenhum naquilo. Por mim estaríamos juntos e felizes. Eu a amava demais e tudo que eu queria era trazê-la de volta para minha casa. Suportei aqueles dias sem ela na esperança que ela me procurasse e que pudéssemos conversar, mas não. Ela estava em silêncio desde o dia que tinha comunicado a ela sobre a audiência. Aquilo estava me deixando apreensivo. Ped
JadeAlexander estacionou o jipe na garagem de casa e desceu.Ele estava estranho.Veio até mim e me ajudou a descer do carro e segurou meu braço enquanto me conduzia para dentro de casa. Estar ali de volta mexia muito comigo. Tínhamos vividos momentos tão felizes naquela casa. Ali tinha sido meu lar em São Paulo e por mais que eu soubesse que não era minha casa, a sensação de estar voltando para meu lar era muito forte.- Eu... preciso ir ao banheiro...Eu já estava subindo as escadas quando ele se colocou em minha frente- Não!Eu olhei para ele confusa. Realmente ele não estava bem!- Como assim? Eu quero ir ao banheiro, Alex!- Quero dizer... vai devagar. Você pode ficar tonta de novo!- Você está bem?- Eu... acho que sim- Acha?! Espera aqui, eu v
AlexanderO mundo parecia sorrir de novo para mim.Depois de tudo de ruim que eu tinha vivido nos últimos cinco anos, agora eu podia dizer que era um homem feliz.As coisas estavam se ajeitando pouco a pouco e eu me permiti tirar uns dias de folga com a Jade antes que ficasse muito perto do parto e ela não pudesse viajar. E não tinha lugar melhor para curtir o fim de semana do que a casa de praia que ela tinha herdado do pai em Porto Seguro. Eu tinha encarregado meu advogado de regularizar toda a papelada e procurar uma empresa de reforma para deixar a casa pelo menos em condições habitáveis. Futuramente pretendíamos reformar e manter aquela casa como o refúgio da família para férias e lazer.Aquele fim de semana era nosso para descansar e namorar. Sim, namorar. Porque estar grávida não significava que não podíamos no
JadeEu tentava me manter calma.Fazia mais ou menos meia hora que eu tinha sentido uma pontada no pé da barriga e agora outra. Virei a cabeça devagar e olhei as horas no mostrador do relógio de cabeceira; 00:20h. Alex dormia profundamente com o travesseiro sobre a cabeça como fazia sempre quando estava muito cansado. Naquela tarde, ele tinha treinado por várias horas para uma competição importante no mês seguinte e quando chegara em casa tinha tomado banho, comido um sanduiche e caído na cama. Pelo menos ele tinha descansado um pouco porque eu teria que acordá-lo.Levantei lentamente da cama e fui até a poltrona do outro lado do quarto conferir se tudo estava devidamente arrumado. Já fazia mais de uma semana que todos os dias eu olhava uma por uma as peças de roupas e utensílios que seriam necessários naquela hora. Ap
Jade Era final de tarde de sexta feira e eu tinha acabado de atender meu último paciente. Respirei cansada e encostei a cabeça no espaldar alto da cadeira. Mas o dia ainda não tinha terminado. Precisava ir ao hospital e verificar como estava um paciente que eu acompanho há seis meses. Ele tinha infartado e fora submetido a uma cirurgia emergencial de ponte de safena e mesmo eu confiando no médico que tinha feito à cirurgia, eu queria acompanhar de perto. A porta da minha sala foi aberta e Betânia se aproximou com um copo de agua na mão. - Olá, Dra. Jade, até que enfim terminamos. Peguei o copo das mãos da minha fiel secretária. Betânia era uma moça sorridente e alegre que eu tinha contratado assim que abri minha clínica de cardiologia. Ela era super eficiente e comandava tudo com olhos de águia. - Você terminou, Beta, eu ainda vou passar no hospital. - Não sei como você aguenta trabalhar tanto! Eu também me pergu
AlexanderSe alguém perguntasse quem era a única pessoa que me importava hoje, eu responderia que era apenas a minha mãe. E era por isso que eu tinha paciência com as loucuras que ela inventava para a minha vida.- Mãe, eu não preciso de uma empregada!Ela andava pela casa recolhendo uma coisa aqui e outra ali. Entrava em todos os cômodos e olhava como se tivesse vendo a cena de um crime. Eu me limitava a segui-la e tentar impedir que ela entrasse em mais um cômodo da casa. Ela subiu as escadas e eu imaginei a cara dela ao entrar no meu quarto. Aí sim, ela teria uma sincope.Ela empurrou a porta e parou passeando o olhar lentamente pelo cômodo. Realmente, eu precisava admitir que aquilo ali estava um caos. Roupas espalhadas pelo chão e pela cama, botas, luvas, capacetes e toda indumentária que eu usava nas competições de moto. O pior e
Faltavam vinte minutos para o avião decolar. Eu apertava a alça da mochila com tanta força que meus dedos doíam. Olhei para todos os lados tentando não demonstrar o quanto eu estava com medo. Eu não podia correr o risco de ser descoberta bem na hora que eu estava prestes a me libertar.Eu olhava o relógio a cada dois minutos e meu coração deu um salto quando a atendente chamou meu nome.- Srta. Anita Veiga.Me aproximei tremendo e apresentei o documento de identidade falso que meu amigo Rian tinha conseguido às pressas. Pareceu uma eternidade até que aquela mulher conferiu os dados e me devolveu o documento.- Boa viagem, senhorita- Obrigada.Entrei quase correndo no avião e sentei encolhida na poltrona rezando para que levantasse voo logo. Precisava sair dali para me sentir mais segura.Não sabia
Chovia muito e chegamos molhadas dos pés à cabeça no portão de entrada do condomínio.O porteiro nos forneceu uma toalha e nos mandou seguir pela Rua C até a casa 50. Eu estava nervosa e com medo de não dar certo aquele emprego. Deus estava me ajudando. Terceiro dia naquela cidade estranha e eu já estava quase conseguindo um trabalho. Cruzei os dedos rezei uma oração.Uma senhora alta, bonita e muito elegante abriu a porta e nos convidou para entrar. Era uma sala grande, com móveis caros e luxuosos mas completamente desarrumada e sem vida. As cortinas estavam sujas e empoeiradas e os vidros das janelas completamente embaçados. Morava alguém naquela casa?- Bom dia, dona Marta, vejo que trouxe alguém, É sua filha?- Bom dia, dona Marina, na verdade não. É uma amiga que está precisando mais do trabalho do que eu, então trouxe-
Coloquei o capacete e acelerei a moto testando o motor. Aquele era o último treino antes da grande corrida na semana seguinte no Rio de Janeiro e eu precisa de toda concentração. Ali tinham alguns pilotos que também participariam da competição mas os principais adversários vinham de outros estados. Pilotos experientes e vencedores de grandes competições, mas aquilo não me intimidava. Estava acostumado a competir com os melhores e vencer e eu estava disposto a dar o melhor de mim para fechar aquela temporada com mais uma vitória.A pista de corrida era como uma válvula de escape para mim. Quando eu acelerava a moto e rasgava do lugar em alta velocidade era como deixar para trás tudo de ruim que acontecera na minha vida. Ali eu sentia meu coração acelerado e toda minha atenção se voltava para a pista em minha frente e a cada volta eu impunha mais força e