Camila narrando: Acordei com um beijo suave, lento, daqueles que a gente sente primeiro no sonho antes de abrir os olhos.Demorei um segundinho pra entender onde eu tava. Ainda envolta no cheiro bom dos lençóis limpos, da pele do Guilherme, do perfume dele misturado com o nosso. Abri os olhos devagar e dei de cara com ele ali, sorrindo de canto, com aquele olhar que já me desmontava logo cedo.— Bom dia, minha rainha… — ele murmurou, com a voz rouca de sono e desejo.Sorri, sentindo o coração aquecer na hora.— Bom dia, meu amor…Era a nossa cama. A nossa casa. Nossa primeira manhã ali, juntos, sem pressa, sem correria, sem o peso do mundo nas costas. Só eu e ele.O sol entrava pelas cortinas, deixando o quarto com aquela luz dourada suave, que fazia tudo parecer ainda mais bonito. O edredom meio bagunçado, o travesseiro dele colado no meu, o corpo dele ainda quente, colado no meu…— Hoje é domingo… — falei baixinho, fechando os olhos de novo e me aninhando no peito dele.— E a gente
Guilherme narrando :Porra… a Camila embaixo de mim, rebolando daquele jeito, gemendo baixinho no meu ouvido, dizendo que queria me sentir por inteiro… tava difícil manter o controle. Ela sabia exatamente o que fazia comigo. Só com o olhar já me desmontava, imagina daquele jeito, toda nua na minha cama, com a respiração quente e a boca colada na minha.Eu tava pronto pra esquecer do mundo e me perder nela quando o maldito celular começou a tocar. Uma, duas, três vezes. E não parava.Bufei, frustrado, e peguei o aparelho com a mão pesada. Quando vi o nome na tela, senti o peso do compromisso cair nos meus ombros.— É minha mãe — falei, ainda ofegante, tentando sair daquele transe que a Camila me colocava com tanta facilidade.— Então atende — ela disse, com a voz baixa, tentando disfarçar a decepção. E eu vi, nos olhos dela, que ela também queria continuar. Que tava entregue, assim como eu.Ajeitei o volume dentro da cueca, respirei fundo e fui pra sacada do quarto atender. O vento da
Guilherme narrando :Continuação :O portão do condomínio abriu devagar e, assim que a gente entrou, vi os olhos da minha mãe se arregalarem. Ela observava cada detalhe pelas janelas do carro, as ruas arborizadas, as casas modernas, o silêncio, a segurança, tudo aquilo tão diferente do que ela tava acostumada a ver comigo.— Meu Deus, Guilherme… isso aqui parece cenário de novela — ela disse, com o tom de surpresa misturado com admiração. — Nunca imaginei a gente morando num lugar desses.Sorri de canto, sentindo o peito aquecer de orgulho.— A vida virou, mãe. E era isso que eu queria te mostrar.Estacionei na frente da casa e desliguei o carro. Saí pra pegar a mala dela no porta-malas, e ela ficou ali parada por um instante, olhando a fachada da casa. Moderna, com aquele jardim que a Camila e Dona Maria já tinham dado um toque especial logo no primeiro dia.— A casa é linda, meu filho… de verdade.— E é só o começo — respondi, colocando a mala dela no chão por um instante e abrindo
Camila narrando :A cena na minha frente me desarmou por completo.Gabi, com aquele jeitinho doce e puro, abraçada com força na dona Lúcia a mãe do Guilherme, que chorava como se tivesse reencontrado um pedaço perdido da vida dela… Aquilo foi demais pro meu coração aguentar.Eu tava ali, em pé na entrada da cozinha, com a mão ainda entrelaçada na de Gabi quando ela deu os passinhos e foi pro colo da vó que ela nem sabia que tinha.— Entao eu tenho duas vó… — ela disse com aquela voz baixinha e sincera que sempre me desmonta.E quando Dona Lucia apertou ela no peito, como se quisesse proteger do mundo, eu senti minhas pernas fraquejarem.Aquela mulher tava ali de verdade. E o jeito como olhava pra Gabi… era amor. Amor daqueles que a gente não ensina, que só nasce, sangue reconhecendo sangue.Senti Guilherme se aproximar e me puxar pela cintura, me colando no corpo dele. A mão dele pousou no meu quadril, firme, quente, como quem diz “tô aqui”, sem precisar falar nada.— Obrigada por iss
Camila narrando :Aquele domingo foi diferente de todos os que eu já vivi. Desde o momento que Dona Lúcia entrou na nossa casa e se ajoelhou na frente da Gabi, parecia que alguma coisa dentro dela tinha se desbloqueado. E dali em diante… ela não desgrudou mais da minha filha.Foi bonito de ver. Emocionante, de verdade.Ela e Gabi pareciam duas amigas que se reencontraram depois de anos. Dona Lúcia sentou no chão da sala, mesmo com idade e joelho reclamando, só pra colorir com a Gabi. Pegou os lápis de cor, ajudou a pintar um castelo torto e elogiou como se fosse uma obra de arte premiada.— Olha esse sol que você fez, menina… tá mais bonito que o da televisão!Gabi dava risada, jogava o corpinho pra trás, e a gargalhada ecoava pela casa, leve, livre.Depois foram pra cozinha. As duas de avental, com Dona Maria de olho só pra garantir que não virassem o fogão. Fizeram bolo de cenoura com cobertura de chocolate e Gabi, claro, enfiou o dedo na tigela de massa quando achou que ninguém tav
Camila narrando :Acordei com o som suave da água caindo, aquele barulhinho constante que vinha do banheiro. Ainda sonolenta, virei pro lado e senti o espaço vazio na cama. Abri os olhos devagar, deixando a luz entrar, e sorri ao perceber que o Guilherme já tava de pé.Me espreguicei, com o corpo ainda relaxado da noite anterior ou melhor, da madrugada intensa que a gente teve. Sorri de canto só de lembrar da gente ali no chuveiro, da entrega, do amor, da conexão.Levantei, prendi o cabelo num coque bagunçado e fui direto pro banheiro. O espelho tava todo embaçado e o vapor tomava conta do ambiente, de novo. Abri a porta do box devagar, e lá estava ele, de costas pra mim, a água escorrendo pelo corpo forte, os ombros largos relaxados sob o jato morno.— Bom dia, amor… — sussurrei, entrando no box sem fazer muito alarde.Ele se virou na mesma hora, com um sorriso preguiçoso no rosto e os olhos brilhando.— Olha quem acordou… minha mulher.— Minha cama ficou vazia sem você — murmurei, e
Guilherme narrando:Terminamos o café com aquele clima gostoso de manhã em família. Camila ainda ria das histórias que Gabi contava toda empolgada, enquanto Dona Lúcia ouvia como se fosse a maior fã da neta. Dona Maria, sentada mais quieta, observava tudo com aquele olhar de quem carrega sabedoria no silêncio.Levantei primeiro e comecei a recolher as xícaras da mesa. Camila logo se levantou também, pegou a mochila da Gabi e chamou ela com um carinho na voz que só ela tinha.— Vamos, princesa, senão a gente se atrasa.Gabi se despediu da Dona Maria com um abraço apertado e depois correu até a minha mãe.— Tchau, vó Maria! Tchau, vó Lúcia!— Vai com Deus, minha filha — Dona Maria respondeu, sorrindo com os olhos.— Se comporta, hein? E depois quero saber como foi a aula! — Dona Lúcia disse, ajeitando a gola do uniforme da Gabi como se ainda não estivesse perfeita.Camila deu um beijo na bochecha das duas. Eu também me aproximei, abracei minha mãe de leve e dei um beijo rápido na testa
Camila narrando :Eu sabia que, em algum momento, esse encontro ia acontecer. Mas nem nos meus piores pensamentos eu imaginei que seria assim… na frente da empresa, com a Jamile parada ali feito uma tempestade prestes a desabar, e eu no meio do fogo cruzado.Quando ouvi a voz dela chamando o Guilherme, meu corpo enrijeceu. E quando ela me olhou daquele jeito, como se eu fosse um erro, uma ameaça, foi como levar um soco seco no peito.Mas eu fiquei. Firme. Calada.Não era por medo, nem por submissão. Era por escolha. Porque eu sabia que qualquer palavra minha seria usada contra mim. E porque eu confiava no Guilherme. Confiava que ele ia me proteger.E ele fez.— Essa aí é minha mulher. Então você respeita ela.Quando ele falou aquilo, com o olhar firme, a postura reta, senti algo dentro de mim se acalmar. Não era só defesa. Era posicionamento. Era amor sendo posto pra fora.Fiquei quieta enquanto ela debochava, provocava, jogava farpas. Quando ela disse que era a mãe do filho dele, por