Jack
Acho que vou morrer aqui dentro desse elevador de tão abafado que está. Nunca entendi por que os elevadores estão sempre cheios, é raro quando utilizo esse troço e ele está vazio. Odeio elevadores! Sempre tem gente que fica falando merda. Tenho uma amiga que sempre diz: “Jack, para de ser besta. Só você que tem problema com elevadores”. Não tenho paciência com pessoas idiotas como ela, que adoram falar essa merda. Eu tenho pavor.
E para melhorar ainda mais, o filho da mãe do meu amigo tem uma empresa com vários andares aqui em Nova York. Fico pensando... se a empresa dele não podia ter no máximo dois... Ele não podia ter uma empresa no térreo, ou mesmo com um ou dois andares, mas é claro que não, ele gosta de me ver sofrer, só pode.
Olho para minha roupa para ver como estou. Nada mal, em minha humilde opinião: um jeans básico, com uma camiseta de rock, casaco e tênis. Estou bem assim, passo a mão pelas minhas costas de leve para que ninguém perceba que estou portando uma arma. Já é um constrangimento da porra passar pelo saguão e os alarmes apitarem por causa do detector de metais. É nessa hora, que tenho vontade de matar meu amigo. Ainda tive que ouvir a risada dele tirando uma com a minha cara. Dou um suspiro de alívio quando saio do maldito elevador.
Vou caminhando em direção à sua sala, mas antes paro na mesa de sua da secretária, que só de olhar percebo que é uma vadia, não sei como ele pôde contratá-la. Em minha opinião, ele só pode ter algum problema para contratar uma mulher que está escrito na cara: vadiaaaa. Dou um sorrisinho falso e pergunto para loira oxigenada à minha frente:
— Vim ver o senhor Monteiro. — A Barbie falsa do cão me olha de cima a baixo, como se eu fosse uma espécie não identificada. E diz:
— Senhor Monteiro, no momento, se encontra ocupado e não vai poder atendê-la.
A vaca me diz isso em tom bem irônico, que logo imagino que ele deve estar fodendo com ela, que, por sua vez, imagina que sou mais uma que saí com ele. Quem ela pensa que é? Olhando para ela, o burro a deve estar comendo, só pode. E essa daí deve achar que sou um casinho dele.
— Hummm, sério. Avisa que Jackeline Baptista está aqui e, para seu conhecimento, não preciso agendar horário, minha filha — digo isso com a minha paciência já se esgotando.
— Então, senhora Baptista, ele realmente está muito ocupado e não vai poder atendê-la. Eu vou marcar um horário com ele para semana que vem. Dia 3 de novembro, às 09hs.. Tudo bem? A Barbie acha mesmo que eu vou esperar ser atendida na semana que vem?
Ela enlouqueceu? Mesmo? Pego meu celular, ligo para o número do babaca do meu amigo e ouço uma voz dizendo:
— Rafael Monteiro. — Nossa como o filho da mãe sabe ser sério quando quer.
— Por gentileza, senhor Monteiro? — pergunto sabendo, que era o idiota.
— Sim?— ele respondeu.
— Seu idiota! Você poderia por gentileza vir aqui fora e dizer para a “PUTA” da sua secretária que eu não preciso marcar hora para falar com você — falo tudo isso de maneira bem doce e debochada. Ouço uma bela gargalhada e ele diz:
— Só você mesmo, Jack. — E a besta humana continua rindo da minha cara. Otário.
— Acabou? — pergunto. — Obrigada — respondo seca.
— Já estou indo aí, meu amor. — ele diz em tom apaixonado.
— Nem adianta falar desse jeito, usar esse tom comigo, Rafa. Comigo não cola!
Eu desligo o celular. Não demora muito, uns dois minutos, ouço abrir a porta e vejo Rafael apontar na porta da sua sala. Como sempre, um gato. O bom de sermos amigos é que nunca tivemos interesse em ficarmos juntos. Sempre fomos companheiros, confesso que às vezes, ele era um pé no saco, mas o amo do jeito que ele é.
— Meu Deus, como você está linda! — ele diz isso num tom divertido. E eu apenas o olho atravessado, fazendo com que ele ria novamente.
— Rafa, você é tão idiota — resmungo.
— Você me ama — provoca.
— Ah, coitado! Você se acha mesmo — debocho.
Ele vem até a mim e me abraça. Dou o braço a torcer e digo que amo esses momentos. Eu sei e ele sabe disso, porque não sou de demonstrar e ficar dizendo facilmente aos quatro ventos o que eu sinto. Quando ele me solta, vira para a loira burra e aguada da secretária e diz:
— Cristina, sempre que a senhorita Baptista vier aqui no escritório, pode deixar entrar, não preciso ser notificado.
— Mas, senhor Monteiro, nunca a vi por aqui. Achei que ela era mais uma das meninas que vêm aqui para te ver. O senhor me entende? — ela fala me olhando com desdém.
— Não entendi e nem quero entender. Por favor, Cristina, ponha-se no seu lugar. Por favor! — ele diz em tom sério.
— Sim, senhor! — a tal Cristina respondeu em tom triste.
— Agora, por favor, estarei ocupado conversando com a senhorita Baptista e não quero ser interrompido. Entendeu?
— Sim, pode deixar, senhor Monteiro!— Cristina responde com um olhar que me fuzila.
— Ótimo — ele diz e me olha.— E você, senhorita encrenqueira, entre agora na minha sala.
— Sim, senhor. Bato continência e entro na sala dele caindo na risada.
— Jack, pelo amor de Deus, você consegue ser mais simpática com os outros?
— Eu sou simpática, Rafa.— ironizo.
— Nossa, com certeza você é.— debocha e caminha para perto do sofá onde tem um frigobar.
— Rafa, você me conhece. Agora, já que você está perto da geladeira, pega uma Coca-Cola bem gelada? Para mim? — peço para ele já sentindo água na boca do gosto maravilhoso da Coca-Cola.
— Por conhecer você do jeito que te conheço, já sabia que iria querer a bendita Coca-Cola. Meu, você é muito viciada.
— Eu não acho — respondo, sentando-me no sofá, sinto-me como se estivesse em casa.
— Está confortável? — ele pergunta em tom de deboche, ao me ver praticamente deitada no sofá.
— Muito, você tem bom gosto — provoco, recebendo uma lata de Coca-Cola e continuo a dizer:
— Obrigada pela coca — falo tomando um bom gole da bebida, sentindo-a descer pela minha garganta e fico mais tranquila.
— Nossa, não sabia que uma bebida faz milagres, você parece outra pessoa — ele fala com um tom beirando a ironia.
— Como você é infantil. — Eu reviro os olhos.
— Eu sou um bom amigo — ele declara piscando o olho pra mim e eu reviro os meus novamente pra ele.
Eu o observo sentando-se no outro sofá.
— Sei, me tira uma dúvida?
— Qual, Jack? — ele pergunta curioso.
— Qual é da Barbie siliconada lá fora? — pergunto já imaginando a resposta.
— Hahaha. Jack, ela é uma boa secretária — ele responde em tom inocente.
— Rafa, ela deve ser boa de cama mesmo, Aff, você não poderia contratar uma boa secretária, não?
— Mas ela é boa! — ele diz, rindo e piscando o olho. — Sabia que você tem a mesma opinião que o Alex — comenta, revirando os olhos.
Jack — Quem é Alex? Não muda de assunto, Rafael. Aposto que deve ser muito boa mesmo, pois é sinal de que você a come ou já deve ter comido. E se não comeu, come logo. Porque a Barbie ali acha que eu sou sua nova amante.— Que linguajar é esse, Dona Jackeline? — ele diz em tom sério.— Até parece que voc
Jack Permaneço em silêncio ao saber que as duas crianças ficaram órfãs. Aquilo era muito triste. Com um nó na garganta, comento:— Nossa, que dó. Sinto pena daquele homem, que ficou viúvo novo e tem dois filhos pequenos para cuidar.Rafa continua a falar:— Sim. Mas no ramo em que ele trabalha acontece muita concorrência, a empresa dele é a umas das melhores e isso causa muita inveja.— E esse é o motivo das ameaças? Nossa, que bom para ele e por que ele anda sofrendo tanta ameaça?— Então, ele tem uma agência, nem sempre os concorrentes veem com bons olhos. Sim, é aquela velha história, quando uma empresa faz muito mais sucesso, as outras se sentem ameaçadas. E então ele começou a receber e-mails de ameaças,
Jack— A louca estava querendo transar com ele, e Alex não quis. — Rafa dá de ombros.— E o que ela queria com isso? — pergunto, tentando entender o que ela pretendia.— Ela só queria ganhar dinheiro à custa dele. Jack, não vou dizer que o Alex é santo, mas ela jogou sujo.— Verdade, Rafa. — comento e em seguida ouço o toque do meu celular. Olho e é notificação do grupo “SERVIÇO” no “WhatsApp”, avisando que hoje tem reunião. Eu mereço essa. — Rafa, meu amigo, tenho que ir.— Algum problema? — ele pergunta preocupado.— Sim, reunião ainda hoje. Acho que deve ser sobre treinamento.— digo em tom de lamento.— Caramba, Jack.— Rafa comenta.— Rafa, conversa com seu amigo e lhe diz que eu vou p
Alex O que eu mais gosto de fazer é ficar olhando pelas janelas da minha agência que possuem vista para o Central Park. Ali, fico imaginando como seria se a Sarah ainda estivesse viva, tenho certeza de que as coisas seriam muito diferentes do que são agora. Sarah morreu e agora tenho uma louca atrás de mim, acusando-me de assédio sexual. Meus filhos precisam de mim. Estou ficando louco. Não sei mais o que é ter um momento de paz. Eu só queria uma coisa: ter um pouco de sossego com meus filhos, pois eles precisam muito de mim. Isso é pedir muito? Acho que não. Bom, agora tenho que cuidar deles, porque não têm culpa pelo que estou passando. E tudo por causa daquela vagabunda de primeira. Tudo que ela quer é dinheiro. Nego-me a pagar, não fiz nada. Se tivesse feito, até pa
Alex Sempre fui uma pessoa que levanta cedo. Mas naquela manhã mal tive tempo de sentar na minha cama. Meus pequenos entraram correndo no meu quarto, como se a casa estivesse pegando fogo. Ainda bem que eu já estava vestido, pois tenho o costume de dormir nu às vezes.— Calma aí, meus filhos. Que pressa é essa? — falo isso agarrando Caio que veio pulando em cima da minha cama. Ainda bem que eu já estava vestido, porque às vezes eu acabo dormindo nu.— Papai. Queremos sucrilhos — diz Caio.— Calma. Que fome é essa? Vocês já escovaram os dentes? — brinco com eles.— Sim — eles gritam, me fazendo tampar os ouvidos.— Então, vamos para a cozinha. — Eu chamo.&
Jack Não sabia quantas horas eu tinha dormido, mas pelo meu cansaço, foram poucas. Tive uma reunião lá no quartel, onde eles queriam me pôr num no caso de uma patricinha sem sal. Todos os meus colegas já tinham passado por ela e viviam reclamando que a tapada dava muito trabalho. Antes de sair de casa, para ir ao serviço, dou uma olhada sempre no celular do ogro gostoso, que ainda está comigo. Aproveito e olho o meu também, que já tinha uma mensagem do Rafa, marcando um encontro comigo lá na empresa do amigo dele amanhã sem falta, às 8 horas. Esse povo não dorme, não? Gemo quando termino de ler a mensagem e envio um “Ok”em resposta para Rafa. Agora eu estou aqui ouvindo os áudios do meu chefe, dizendo que
Alex— Acho que não entendi direito, Rafa, mas você está me dizendo que é uma mulher? — digo, chocado. Claro que eu não tenho preconceito. Na minha própria agência havia várias seguranças mulheres, mas era para proteção de minhas modelos. Agora saber que eu seria seguido por uma mulher, isso não me deixou nem um pouco confortável.— Alex, meu amigo, sim, é uma mulher. Ela muito boa no que faz, e saiu daqui faz poucos minutos, talvez vocês até se tenham encontrado.— Bom, eu não sei? Será? — Fico na dúvida. Mas eu estava preocupado mesmo com as coisas que ainda tinha para resolver.— Sem problemas. Eu marquei para amanhã mesmo um encontro com ela e quando eu digo que ela é umas das melhores profissionais na área, é porque ela é mesmo.— Raf
Alex— Boa noite. Estou ligando nesse celular direto e ninguém o atende! — Sou grosso e bem sério. Tentando entender o que estava acontecido comigo!— Senhor, me desculpe! Só pude atender agora. — ela se desculpa. Que voz é essa?! A voz dela é muito sexy. Quando ela me responde, finjo acreditar no que me diz, mas achava impossível uma pessoa não conseguir atender o telefone em nenhum momento.— Eu perdi meu esse celular hoje. Podemos marcar para que ele seja devolvido? — sugiro o encontro também com outras intenções. Quero muito conhecer essa mulher!— Olha, senhor hoje com certeza não dá! — Ela se desculpa e percebo que está sonolenta. Além disso, quem sairia de casa de madrugada para entregar um celular?— Senhora, acho que te aco