Jack
Permaneço em silêncio ao saber que as duas crianças ficaram órfãs. Aquilo era muito triste. Com um nó na garganta, comento:
— Nossa, que dó. Sinto pena daquele homem, que ficou viúvo novo e tem dois filhos pequenos para cuidar.
Rafa continua a falar:
— Sim. Mas no ramo em que ele trabalha acontece muita concorrência, a empresa dele é a umas das melhores e isso causa muita inveja.
— E esse é o motivo das ameaças? Nossa, que bom para ele e por que ele anda sofrendo tanta ameaça?
— Então, ele tem uma agência, nem sempre os concorrentes veem com bons olhos. Sim, é aquela velha história, quando uma empresa faz muito mais sucesso, as outras se sentem ameaçadas. E então ele começou a receber e-mails de ameaças, avisando que iriam destruir seu negócio se ele não se retratasse.
— Não se retratasse? Por quê? — pergunto, curiosa.
— Jack, você deve conhecer a agência dele da TV. Sarah Model’s — ele diz e eu fico sem entender nada, o que uma TV tem a ver com o caso que ele está querendo me passar.
— Você sabe que mal tenho tempo para respirar— resmungo pra ele.
— Vou começar tudo de novo, ok? — Rafa diz e fico ali esperando que ele comece a me esclarecer as coisas.
— Beleza, estou ouvindo — respondo curiosa.
— Vamos lá, Alex tem uma agência de modelos chamada de Sarah.— Ele começa.
— Sim, conheço essa agência, ela tem o mesmo nome da esposa falecida?
— Sim, Sarah era uma modelo belíssima e adorada por todos. O próprio Alex a venerava.
— Nossa, essa Sarah deveria ser bem especial! — digo essa frase sentindo até um pouco de inveja da mulher morta. E que Deus me perdoe.
— Sim, era. Até que ela descobriu que tinha uma doença incurável, no começo, foi um choque, afinal, Sarah era a alegria de todos.
— E o Alex, como reagiu? — pergunto curiosa com a história.
— Muito mal, quando descobriu, quebrou todo o escritório e foi amparado por ela.
— Que horror, Rafa.— Senti-me compadecida pela história da moça que viveu pouco, nem pôde ter a chance de viver com seu marido, o tal do Alex, que deveria amá-la muito. Coitado! — Rafael continua a me contar a história:
— Sim, Sarah tinha problemas cardíacos muito graves. Ela não poderia nunca ter engravidado, se quisesse permanecer viva.
— Deixa ver se eu entendi, Sarah era cardíaca, mas morreu depois de muitos anos que tinha concebido as crianças.
— Sim, vou lhe contar a história de Sarah. Ela nasceu com sopro no coração, mas não sabia que tinha a doença. Seus pais sempre esconderam a verdade dela, deixando-a viver conforme ela queria. Sarah diversas vezes passava mal, e uma vez, em uma conversa comigo, ela disse que foi ao no médico e através de exames, descobriu que era cardíaca. Ela deve ter ficado arrasada com os pais — fala isso com muita empatia.
— Como reagiram quando ela descobriu a verdade? — pergunto curiosa.— Bem, eles concordaram com tudo o que o médico disse. Ela ficou muito chateada com eles por terem lhe escondido a verdade, mas, depois tudo, ficou bem entre eles.
— E o marido dela? — pergunto curiosa.
— Então, como já lhe disse, ele reagiu mal quando ela lhe contou. Quando a doença veio à tona, ela já estava grávida dos gêmeos. Foi uma gravidez complicada e por pouco Sarah não morreu no parto. Foi feita uma cesariana e as crianças ficaram bem. Sarah entrou em choque e ficou alguns dias na UTI. Foi um milagre ela ter saído de lá. Ela foi melhorando, só o que não sabia era que sua condição de saúde tinha piorado muito. Depois da gravidez, ela começava a ficar cansada por qualquer coisa boba, até que um dia foi encontrada caída no quarto.
— Tive tanto dó do Alex, a esposa enferma e ele cuidando dos bebês! —Após esse acontecimento, Sarah foi mandada direto para o hospital. Seu coração estava falhando e, depois de uma semana internada, não aguentou e faleceu... Alex resolveu se refugiar no trabalho. Mudou o nome da agência de “Belíssima” para “Sarah Model’s” em homenagem à esposa. E hoje se dedica exclusivamente aos seus filhos nas horas vagas.
Rafael, com muito pesar, termina a história. Eu fico comovida com tudo que escuto.
— Meu Deus, quanto sofrimento — respondo penalizada com a situação.
— Sim, é verdade! Sarah não durou muito e acabou falecendo uma semana depois de ter sido internada. Seu coração não aguentou — diz com pesar.
— Nossa... — É a única coisa que consigo falar ainda chocada pelo que ouvi. — Que triste que ela tenha morrido — respondo sentindo pena de um homem que perdeu seu grande amor e pelos seus filhos que perderam uma mãe.
— Verdade! — concorda e continua: — O Alex quase não sai de casa por causa das crianças e eu entendo isso.
— Bom, e as ameaças vêm de onde? E por que ele tem que se retratar?
— Estou chegando lá. Em uma noite de eventos para levantar donativos para o hospital do coração, tinha um agente de talentos e, como era normal a gente tratar desse assunto, a tal Verônica foi apresentada pelo seu agente a Alex, dizendo que ela era o tipo certo de modelo para a agência.
— Qual a reação do seu amigo e o que aconteceu depois? — pergunto curiosa.
— Bom, Alex pediu para que a moça passasse na agência e levasse seu book, para que o pessoal da agência pudesse avaliar. E foi o que ela fez e eu admito que as fotos eram realmente muito boas.
— Pelo amor de Deus, Rafa, você não perde uma... — Ele prossegue:
— Verônica começou a trabalhar, rendendo muito dinheiro para a agência. Até que em uma noite, ela ficou esperando Alex, que estava saindo para pegar o carro no estacionamento. Verônica estava esperando por ele no estacionamento e disse que lhe precisava falar em particular e assim foi a conversa, ela falou um monte de besteira e, chegando mais perto, o beijou.
— Puta merda! Que louca. Cara, isso foi foda!— respondo chocada.
— Foi mesmo. Alex a empurrou e pediu-lhe que nunca mais fizesse isso. Porque senão teria que demiti-la da agência.
— Aposto que a vadia não entendeu e voltou a fazer novamente.
— Isso. Voltou, sei lá, era como se fosse uma espécie de desafio ela fazer isso com o Alex. Numa noite, ela entrou no escritório dele, tirou a roupa e ficou nua. Você acredita?
— Puta, merda! É surreal. E o que Alex fez nessa situação? ─ pergunto incrédula, chocada e também com nojo dessa mulher.
— Sim, aí ele pediu que ela se vestisse e avisou que estava demitida, porque aquilo havia passado dos limites. Verônica ficou louca e disse que ia denunciá-lo por assédio.
— Sinceramente, não sei o que dizer sobre essa história. — respondo.
— Nem eu mesmo sabia o que dizer quando Alex me contou, tive a mesma reação. O pior aconteceu. Logo que ela foi embora, ele me ligou. No dia seguinte, ela procurou a mídia, fez a acusação e a notícia se espalhou. Declarando que ela era um anjo, uma santa, e ele, o próprio demônio. É claro que a mídia caiu em cima dele, atacando por tudo que é lado. E a situação acabou colocando em risco os gêmeos.
— Você está de brincadeira — comento.
Jack— A louca estava querendo transar com ele, e Alex não quis. — Rafa dá de ombros.— E o que ela queria com isso? — pergunto, tentando entender o que ela pretendia.— Ela só queria ganhar dinheiro à custa dele. Jack, não vou dizer que o Alex é santo, mas ela jogou sujo.— Verdade, Rafa. — comento e em seguida ouço o toque do meu celular. Olho e é notificação do grupo “SERVIÇO” no “WhatsApp”, avisando que hoje tem reunião. Eu mereço essa. — Rafa, meu amigo, tenho que ir.— Algum problema? — ele pergunta preocupado.— Sim, reunião ainda hoje. Acho que deve ser sobre treinamento.— digo em tom de lamento.— Caramba, Jack.— Rafa comenta.— Rafa, conversa com seu amigo e lhe diz que eu vou p
Alex O que eu mais gosto de fazer é ficar olhando pelas janelas da minha agência que possuem vista para o Central Park. Ali, fico imaginando como seria se a Sarah ainda estivesse viva, tenho certeza de que as coisas seriam muito diferentes do que são agora. Sarah morreu e agora tenho uma louca atrás de mim, acusando-me de assédio sexual. Meus filhos precisam de mim. Estou ficando louco. Não sei mais o que é ter um momento de paz. Eu só queria uma coisa: ter um pouco de sossego com meus filhos, pois eles precisam muito de mim. Isso é pedir muito? Acho que não. Bom, agora tenho que cuidar deles, porque não têm culpa pelo que estou passando. E tudo por causa daquela vagabunda de primeira. Tudo que ela quer é dinheiro. Nego-me a pagar, não fiz nada. Se tivesse feito, até pa
Alex Sempre fui uma pessoa que levanta cedo. Mas naquela manhã mal tive tempo de sentar na minha cama. Meus pequenos entraram correndo no meu quarto, como se a casa estivesse pegando fogo. Ainda bem que eu já estava vestido, pois tenho o costume de dormir nu às vezes.— Calma aí, meus filhos. Que pressa é essa? — falo isso agarrando Caio que veio pulando em cima da minha cama. Ainda bem que eu já estava vestido, porque às vezes eu acabo dormindo nu.— Papai. Queremos sucrilhos — diz Caio.— Calma. Que fome é essa? Vocês já escovaram os dentes? — brinco com eles.— Sim — eles gritam, me fazendo tampar os ouvidos.— Então, vamos para a cozinha. — Eu chamo.&
Jack Não sabia quantas horas eu tinha dormido, mas pelo meu cansaço, foram poucas. Tive uma reunião lá no quartel, onde eles queriam me pôr num no caso de uma patricinha sem sal. Todos os meus colegas já tinham passado por ela e viviam reclamando que a tapada dava muito trabalho. Antes de sair de casa, para ir ao serviço, dou uma olhada sempre no celular do ogro gostoso, que ainda está comigo. Aproveito e olho o meu também, que já tinha uma mensagem do Rafa, marcando um encontro comigo lá na empresa do amigo dele amanhã sem falta, às 8 horas. Esse povo não dorme, não? Gemo quando termino de ler a mensagem e envio um “Ok”em resposta para Rafa. Agora eu estou aqui ouvindo os áudios do meu chefe, dizendo que
Alex— Acho que não entendi direito, Rafa, mas você está me dizendo que é uma mulher? — digo, chocado. Claro que eu não tenho preconceito. Na minha própria agência havia várias seguranças mulheres, mas era para proteção de minhas modelos. Agora saber que eu seria seguido por uma mulher, isso não me deixou nem um pouco confortável.— Alex, meu amigo, sim, é uma mulher. Ela muito boa no que faz, e saiu daqui faz poucos minutos, talvez vocês até se tenham encontrado.— Bom, eu não sei? Será? — Fico na dúvida. Mas eu estava preocupado mesmo com as coisas que ainda tinha para resolver.— Sem problemas. Eu marquei para amanhã mesmo um encontro com ela e quando eu digo que ela é umas das melhores profissionais na área, é porque ela é mesmo.— Raf
Alex— Boa noite. Estou ligando nesse celular direto e ninguém o atende! — Sou grosso e bem sério. Tentando entender o que estava acontecido comigo!— Senhor, me desculpe! Só pude atender agora. — ela se desculpa. Que voz é essa?! A voz dela é muito sexy. Quando ela me responde, finjo acreditar no que me diz, mas achava impossível uma pessoa não conseguir atender o telefone em nenhum momento.— Eu perdi meu esse celular hoje. Podemos marcar para que ele seja devolvido? — sugiro o encontro também com outras intenções. Quero muito conhecer essa mulher!— Olha, senhor hoje com certeza não dá! — Ela se desculpa e percebo que está sonolenta. Além disso, quem sairia de casa de madrugada para entregar um celular?— Senhora, acho que te aco
JackPuta merda é ele ali! Tá bom, Jack! Limpa a baba que está escorrendo pelo canto da boca. Saber que ele é meu cliente me deixou chocada! Eu estava surtando, só podia, ou melhor, delirando. Como eu iria imaginar que o amigo do Rafa e o Gelo eram a mesma pessoa? Pelo amor de Deus, esse homem é definitivamente um gato! Agora vendo ele assim, perto de mim, é uma tortura deliciosa, não posso tocar nele. Senhor do céu, ajude-me, pois essa não será uma missão fácil! Tudo bem, respira, seja uma menina comportada, não toque nele e não aja como uma adolescente com os hormônios à flor da pele. Eu ainda estava em choque, o destino só podia estar de brincadeira. Se alguém me falasse que ogro delicioso do elevador seria meu futuro protegido, eu diria que aquilo era uma piada de
Alex Agora estou parado no meio do hall do prédio e não fiz nada ao vê-la sair correndo. Estava muito abalado pelo ocorrido, nem mesmo acredito que acabei de beijar uma desconhecida e não estou com nenhum pingo de remorso. É errado se sentir tão bem com um beijo? Será que ela ainda vai querer trabalha