Capitulo 8

Alex

— Acho que não entendi direito, Rafa, mas você está me dizendo que é uma mulher? — digo, chocado. Claro que eu não tenho preconceito. Na minha própria agência havia várias seguranças mulheres, mas era para proteção de minhas modelos. Agora saber que eu seria seguido por uma mulher, isso não me deixou nem um pouco confortável.

— Alex, meu amigo, sim, é uma mulher. Ela muito boa no que faz, e saiu daqui faz poucos minutos, talvez vocês até se tenham encontrado.

— Bom, eu não sei? Será? — Fico na dúvida. Mas eu estava preocupado mesmo com as coisas que ainda tinha para resolver.

— Sem problemas. Eu marquei para amanhã mesmo um encontro com ela e quando eu digo que ela é umas das melhores profissionais na área, é porque ela é mesmo.— Rafa diz muito seguro.

— Rafa, eu sei que a sua amiga é profissional, o problema é: Será que ela tem experiência com crianças?

— Eu tenho certeza que sim. — ele diz com fervor. —Tenho certeza de que você não vai nem vai notar quando ela estiver perto de você.

— Hahaha. Com certeza eu vou reparar.— respondo rindo.

— Bom, amanhã você vai conhecer a Jack. Espero que tudo se resolva e logo vocês fique livre disso tudo e consiga colocar a puta da Verônica na cadeia.

— Estou contando com isso. — respondo. Ficamos ali conversando sobre os gêmeos e acabo contando para ele sobre o ocorrido com a Renata.

— Alex já te falei que essa sua empregada está te querendo não é de hoje.

            — Realmente, você me disse... — fala suspirando profundamente.        

         Não era só o Rafa que tinha essa opinião. Outros amigos já haviam comentado que Renata me comia com olhos, eu simplesmente ria e ignorava.

— Só que eu não quero nada com ela, aliás, com mais ninguém!  — respondo firme.

— Alex, tenha uma conversa séria com ela. Senão, ela vai se tornar um estorvo igual à Verônica — Rafa me alerta.

          Eu estremeço só de pensar nisso. Não quero mais nenhuma mulher, meu coração está fechado, ou melhor, morreu no dia que a Sarah me deixou.

— Eu já pedi para ela me encontrar no escritório e vamos conversar sobre essas atitudes — falo.

Conversamos mais um pouco, e percebo que está quase na hora do almoço, então saio para a agência.

Ao chegar, resolvo alguns problemas e assino algumas papeladas. Em pouco tempo, percebo que o horário de levar as crianças à escola está chegando, mas como não poderia levá-los, eles vão de ônibus escolar. Coloco a mão no bolso e percebo que meu celular não está mais lá. Fico preocupado, onde poderia estar? Procuro por toda sala e nada. Ligo para casa, peço a Renata para falar com as crianças, desejo boa sorte e eles vão para o colégio. Lembro-me do encontro com Rafa e ligo para ele:

— Alô, Rafa. É o Alex. — falo assim que ele me atende.

— Já está com saudades de mim? — Rafa debocha. — Rafa, fala sério, você se acha demais, né? Não estou ligando para te falar que estou com saudades de você. — debocho e continuo a falar — Liguei porque acho que esqueci meu celular na sua sala. Verifica para mim?

— Só um momento. — ele me responde. Ouço-o colocando o telefone na mesa e andando. Ele pega o telefone de volta. — Alex, aqui não está, até pedi para minha secretaria dar uma olhada na antessala e nada. Tem certeza de que você esqueceu aqui?

— Não sei, Rafa! Começo a achar que o perdi realmente, o problema é que nele há algumas recordações de Sarah.

— Eu sei, meu amigo, então seria melhor  você ligar para seu celular. — Rafa me fala e concordo com ele.

— Você tem razão. Eu vou ligar. Pode ser que quem achou me devolva — comento.

— Então liga logo, depois você me fala o que aconteceu — ele completa.

— Pode deixar, Rafa. Obrigado mais uma vez. — Despeço-me dele.

         Terminamos de nos falar e começo a ligar para meu celular.  Chama, chama e ninguém atende até cair na caixa de mensagem. Ligo diversas vezes durante o meu dia.  Eu já estava desesperado porque ninguém atendia às minhas chamadas. Será que já tinham vendido o meu celular? Já não sabia o que pensar.

         As horas vão passando e, quando olho para o relógio, já está na hora de ir para casa. Desligo tudo, pego  as minhas coisas, e vou direto para fora da minha sala. Aviso à minha secretária que ela já pode ir embora e peço para que ela feche tudo antes de sair. Pego meu carro e sigo direto para meu apartamento. Ao chegar, dou de cara com os gêmeos já trocados e de pijamas.

— Meus amores, como estão? — pergunto, quando vejo os dois vindo correndo para se jogarem em meus braços. Com o abraço deles sinto que todas as preocupações se vão.

— Estou bem, Papai — Caio responde.  Reparo que Valentina está em silêncio e não responde à minha pergunta.

— E você, minha princesa, como está? — pergunto para minha menina.

— Eu também, estou bem, papai! — ela diz e fico mais aliviado. Às vezes, Valentina é muito quieta, só que em algumas ocasiões, como toda criança, é muito levada também. Ela gostava de brincar e de fazer travessuras, artes principalmente quando se juntava a Caio. Tinha dia que esses dois só aprontavam, como qualquer criança.

— Então ok, que bom, meus amores, agora eu vou tomar um banho e encontro vocês daqui a pouco. — Mal acabo de falar e os gêmeos saem correndo de volta para sala, para continuarem assistindo seu um desenho.

         Subo direto para meu quarto, entro e coloco as minhas coisas em cima da cadeira de balanço que era de Sarah. Eu comprei essa cadeira quando ela descobriu que estava grávida dos gêmeos. Encosto a porta do meu quarto, e sigo para banheiro, onde tiro a roupa, vou direto para o chuveiro, e tomo um banho bem longo. Estava mesmo precisando tirar o cheiro de suor que estava em meu corpo. Quando termino de tomar meu banho, seco-me e enrolo a toalha em minha cintura.  Volto para meu quarto e, quando eu chego lá, encontro a porta do meu quarto aberta. Fico  imaginando quem teria entrado em  meu quarto . 

         Será que foram os gêmeos querendo alguma coisa? Bom, se foram, vejo depois. Coloco uma camiseta e uma calça de moletom.  Eu gosto de dormir mais confortável, mas como eu ainda iria jantar com meus filhos, prefiro optar por esse tipo de roupa.

Saio de meu quarto, desço as escadas, chamo os gêmeos que estão na sala e seguimos para a cozinha, onde a mesa do jantar já está posta. Coloco cada gêmeo no seu lugar, sirvo-os e me sento.

— Boa noite, senhor Mendonça. — Ouço a voz da Renata atrás de mim. Ao me virar, eu a vejo toda arrumada, como se fosse para sair e  acabo perguntando:

— Boa noite, Renata. Você pretende sair? — pergunto curioso, pois não tinha sido informado.

— Não, senhor. — ela responde e já ia se retirando da cozinha quando a chamo. — Pois não, senhor Mendonça? — ela pergunta com voz sedutora.

— Estarei esperando a senhora às 21hs, no meu escritório. Ok? — eu a aviso.  Ela me olha com os olhos brilhantes, acho que a conversa que ela espera é outra. Coitada!

— Sim, senhor Mendonça. Estarei lá, tenha um bom jantar — ela diz e logo sai rebolando. Balanço a cabeça em desacordo. É só o que me falta, mais uma louca na minha vida! Rafa ainda vai me m****r mais uma. Eu espero que ela seja lésbica, assim não dará em cima de mim.

          Os gêmeos terminam de comer, e eu em seguida, tiro os pratos da mesa, coloco-os na lavadora de louça e guardo a comida que sobrou na geladeira. As crianças pedem licença e voltam novamente para sala, termino de organizar as coisas e sigo para a sala, onde fico um pouco com eles.  Aviso que vou conversar com a Renata na sala e que volto depois para ficarmos mais um tempo juntos.

         Vou até o escritório, e enquanto a Renata não aparece, tento ligar novamente no meu celular, mas chama, chama e ninguém atende. Será que a pessoa que está com ele não ouve tocar? 

Que droga! Vou ligar de novo, mas ninguém pode me atender? O que a pessoa deve estar fazendo que não atende um simples celular? Estava indo tentar novamente a ligação quando ouço alguém bater à porta e peço para entrar.  Reparo que é a Renata, que ao invés de entrar, fica ali parada na porta, ainda toda arrumada, com um forte cheiro de perfume enjoativo, credo!

— Senhor, pediu para que eu viesse aqui? Algum problema? — ela me pergunta, fazendo uma com voz sedutora. Olho indignado e penso... Que droga é essa? Desde quando dei liberdade para essa mulher agir assim?

— Sim, pedi! Gostaria que você não voltasse a andar com trajes inadequados pela casa como estava usando hoje de manhã. — Ela me olha sem entender nada e continuo a dizer. — Eu a vi essa manhã. Os trajes que eu digo é desfilando de robe pelo apartamento!

— Sem problemas, senhor Mendonça. — ela responde surpresa e com a voz meio chateada.  Será que ela achou realmente que o assunto seria outro? Mantenho-me firme.   Acho que ela deveria estar pensando que era outra coisa.

— Ok! Estamos conversados? Eu não quero mais isso. Meus pais sempre estão por aqui e não fica bem esse seu comportamento!

— O senhor tem razão — ela só me responde. Eu a dispenso e vejo que seu rosto está vermelho.  No mínimo, estava sem graça por ter sido chamada a atenção. Assim espero!

         Fico mais um pouco no escritório e tento novamente ligar no meu celular... E nada. Desisto naquele momento, volto para sala, onde fico assistindo TV com meus filhos.  Assim que eles pegam no sono, eu os levo para o quarto, cubro e dou-lhes um beijo de boa noite.  Vou direto para meu quarto e percebo que é já é meia-noite. Penso em ligar na operadora e pedir o bloqueio de minha linha, mas tento ligar novamente. O celular chama, chama, chama...e... escuto.

— Alô? — chocado. Uma mulher atende

“PUTA MERDA!” Que voz é essa? Eu estava ali chocado ao perceber que tinha tido uma ereção só de ouvir um simples alô rouco.

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