Capítulo 4

DIANA

Na manhã seguinte, fui acordada por resmungos baixinhos, estiquei o pescoço para olhar dentro do cercadinho, torcendo para que Helena estivesse apenas sonhando e me desse mais alguns minutos de sono, mas aquele par de olhos azuis estavam me encarando. Os olhos que eu mais amava no mundo.

— Bom dia, meu amorzinho!

Em resposta ela balbuciou algo incompreensível. Peguei-a no colo e dei um beijo estalado em sua bochecha. Helena segurou meu rosto com as duas mãozinhas e aproximou sua boquinha, me deixando babada.

Quando abri a porta do quarto, a luz do sol que entrava pela sala de estar e estava sendo refletida, atingiu meus olhos e me fez recuar alguns passos.

Depois de me acostumar a intensidade da luz solar, fomos até a cozinha e a coloquei sentada no cadeirão de alimentação, fiz um mingau rápido e deixei a sua frente.

Enquanto Helena batia a colher no pratinho, espalhando mingau para todos os lados, me ocupei em preparar um pouco de café. Ser mãe solteira era gratificante na mesma proporção que era cansativo.

Enquanto me deliciava com uma xícara de café, agradeci a Deus por ser sábado e não ter que deixar minha pequena e sair correndo para trabalhar.

Helena já estava brincando na sala enquanto eu terminava de limpar toda a sujeira de mingau, quando a campainha tocou, esqueci que estava de pijama e corri para atender.

Assim que abri a porta, me deparei com um homem enorme, porte atlético, quase da altura da porta. Era Eric. Seus cabelos escuros estavam desalinhados e um largo sorriso estampado no rosto. A maneira como me olhou, me fez lembrar que estava vestindo apenas um baby doll rosa claro com um short relativamente curto.

— Bom dia, vizinha!

— Bom dia, Eric!

— Te acordei?

— Não! Helena já fez esse trabalho.

— Será que eu poderia usar sua máquina de lavar? A nossa deu defeito e Thaís esqueceu de chamar o técnico.

— Ah, claro! Pode usar sim.

Abri um pouco mais a porta e permiti que entrasse no apartamento. Ele carregava um cesto enorme debaixo do braço, que até então nem tinha notado.

— Obrigado! — Ele falou enquanto seguia pelo corredor em direção a cozinha.

É lógico que ele sabia onde ficava a lavanderia, todos os apartamentos tinham o mesmo layout. Segui-o até a cozinha e terminei de limpar a sujeira de mingau. Enquanto ele colocava as roupas na máquina, não pude deixar de olhar discretamente em sua direção.

Que bela visão para uma manhã de sábado.

Se alguém entrasse ali, naquele momento e visse Eric tão a vontade na minha lavanderia, certamente pensaria que ele também mora aqui.

Tratei de deviar tais pensamentos, afinal, Eric era irmão de Thaís e padrinho de Helena, não poderia acontecer nada entre a gente.

Deixei-o sozinho na lavanderia e fui até a sala ver o que minha pequena diabinha estava aprontando e deparei-me com ela de pé, segurando com as duas mãozinhas a borda da mesinha de centro e "dançando" de um jeito tão fofo, que comecei a filmá-la.

— Ela está crescendo muito rápido... Já está até treinando para ir a balada dos bebês. — Ouvi uma voz atrás de mim.

— Isso existe?

— Certamente não! Mas é uma ótima ideia de um novo negócio.

— Parece muito promissor — falei com sarcasmo.

— Parece que foi ontem que eu e Thaís fomos buscar vocês duas no hospital.

— Será que posso te pedir um favor?

— Claro, Di!

— Tem como você ficar de olho em Helena só por alguns minutos? Só para eu conseguir tomar um banho.

— Lógico! Pode tomar seu banho tranquila... Até porque tenho que esperar minhas roupas terminarem de lavar.

— Obrigada!

Vou em direção ao quarto, mas resolvo voltar à sala e vejo Eric sentado no tapete e brincando com Helena. Minha filha dá gargalhadas enquanto o padrinho a faz de aviãozinho.

Desisto do celular, pois não quero atrapalhar a diversão deles. Volto ao quarto, arrumo a cama e depois vou para o banheiro.

Me sentindo regenerada, retorno à sala, Eric e Helena estão assistindo Galinha Pintadinha no celular, ele tenta cantar junto, mas é uma verdadeira negação. Thaís está junto, mas assim que ela me vê, rapidamente se levanta e se aproxima.

— Você é doida de deixar o seu bem mais precioso com o doido do meu irmão?

— Eu estou aqui e ouvindo sua ofensa, irmãzinha. — Eric rebateu.

Thaís praticamente me arrastou para a cozinha. Enquanto se servia de um pouco de café, eu fiquei sentada na banqueta junto à bancada de mármore preto.

— O que meu irmão está fazendo sentado na sua sala e ainda sem camisa?

— Brincando com Helena!

— Ok. Vou reformular minha pergunta... O que meu irmão veio fazer aqui no seu apartamento?

— Ele veio pedir para usar a máquina de lavar, já que a de vocês está quebrada. O que você pensou que fosse?

— Ah sei lá. Você solteira, ele também, poderia ter rolado alguma coisa.

— Não! De jeito nenhum!

— Pode confessar que você sente uma atraçãozinha por ele.

— Não!

— Qual é, Diana? Vai negar na minha cara? Até eu acho ele um gato e se não fosse meu irmão, eu pegava.

— Thaís!

— Que foi? — perguntou bancando a desentendida. — Só estou dizendo a verdade.

Tivemos que interromper a conversa porque Eric entrou na cozinha carregando Helena nos ombros e assim que minha filha me viu, esticou os bracinhos para que eu a pegasse.

— Sobre o que as fofoqueiras estavam conversando? — Ele perguntou enquanto dava uma cotovelada na irmã.

— Nada que seja da sua conta!

— O que você vai fazer hoje? — Thaís perguntou mudando o rumo da conversa.

— Não tenho programado, então acho que vou ficar em casa vendo desenho com Helena.

— Ah não! Isso é definitivamente o fundo do poço!

— Não quando se tem uma criança!

— O que acha de irmos dar uma volta no shopping?

— Pode ser!

— Depois podemos levar minha afilhada linda ao parque — falou enquanto beijava a bochecha de Helena e recebia em troca um beijo babado.

— Tem espaço para mais um nesse programação? — Eric perguntou da lavanderia.

— Não! — Minha amiga respondeu curta e grossa.

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