DIANA
Assim que chegamos ao shopping, Thaís conseguiu estacionar na única vaga disponível no primeiro andar, tirei Helena da cadeirinha enquanto minha amiga lutava para conseguir armar o carrinho. Pedi que segurasse minha menininha e armei o carrinho.
— Como você consegue fazer isso tão rápido?
— Já tenho a prática.
Passeamos e entramos em tantas lojas que acabamos exaustas e sentadas na área de alimentação. Helena estava adorando aquele passeio e dava gritinhos de alegria.
Assim que fizemos nossos pedidos, dei a mamadeira para Helena e meu celular apitou dentro da bolsa. Pegando o aparelho, dei uma olhada, era uma mensagem do meu pai. Fiquei surpresa porque ele nunca mandava mensagem e rapidamente cliquei para abrir.
“Sua mãe já deve ter lhe falado sobre a homenagem e saiba que conto com você ao meu lado. Já confirmei sua presença.”
— Você está bem, Diana? — Minha amiga perguntou parecendo preocupada.
— Sim! Acho que sim!
— O que tem aí para você ficar tão pálida de repente?
— Era uma mensagem do meu pai.
— E o que ele queria?
— Ele confirmou minha presença no evento — respondi ainda sem acreditar no que ele tinha feito.
Eu amava meu pai, queria que ele conhecesse Helena, mas ele não podia confirmar minha presença no tal evento. Eu já tinha dito para minha mãe que não iria.
— Será que ele sabe que sua mãe fez aquela exigência ridícula?
— Parece que não!
— E agora, o que você vai fazer?
— Vou ligar e dizer que não poderei ir.
— Mas você não quer tanto ver o seu pai?
— Sim!
— Eu tenho uma ideia que pode te ajudar a matar dois coelhos com uma cajadada só.
— Então me conte porque nesse momento, eu preciso de uma solução que salve a minha vida.
— Por que não conversa com o meu irmão? Ele é capaz de aceitar te ajudar, afinal, ele é doidinho por Helena.
— Não acho que seja uma boa ideia!
— Você já viu como Eric e Helena se parecem? Ele poderia se passar perfeitamente por pai dela — falou e apontou para Helena no carrinho.
— Não quero envolver seu irmão nisso, ele já deve ter os problemas dele.
— Problemas? O único problema que Eric deve ter é decidir qual é a próximo prato que vai acrescentar no cardápio do restaurante.
— Você acha que ele aceitaria?
— Claro! Quando é essa m*****a festa?
— No próximo final de semana.
Thaís tirou o celular do bolso e ligou para o irmão, pedindo que nos encontrasse na praça de alimentação do shopping e disse que era urgente.
Nossos pedidos chegaram e comemos conversando sobre Gustavo e outras amenidades. Poucos minutos depois Eric nos encontrou, mas não pude ficar, pois tinha que trocar a fralda de Helena. Antes que eu me afastasse totalmente, ainda consegui ouvir os dois conversando.
— Eu estava saindo da casa de nossos pais quando você ligou. O que quer?
Apressei o passo até chegar ao banheiro. Algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto. Era, no mínimo, constrangedor e humilhante toda a situação.
Depois de trocar as fraldas de Helena, exitei em voltar para a mesa, pois estava envergonhada demais.
Assim que me aproximei, Eric ficou de pé e pegou Helena do meu colo e minha menininha abriu um largo sorriso. Ele a jogou para o alto e fingiu morder sua barriga.
— Por que estão nos olhando? — Ele perguntou quando parou com a brincadeira e olhou em nossa direção.
— Só estávamos comparando você e Helena juntos.
Quando Eric começou a falar, voltou a se sentar na cadeira entre Thaís e eu.
— Diana, minha irmã já me resumiu toda a história e também disse que você estava com vergonha de me perguntar se eu poderia ajudá-la...
Ai meu Deus! Ela tinha mesmo contado tudo para ele — senti minhas bochechas corarem.
— E eu ficaria muito feliz de me passar por pai dessa princesinha e ainda te ajudar. — Ele concluiu.
— Você tem certeza, Eric? Eu não quero te atrapalhar.
— De jeito nenhum que me atrapalha.
— Mas e o restaurante? Teríamos que ficar por lá durante todo o final de semana e...
— A Thaís pode, perfeitamente, cuidar da cozinha e da parte administrativa, não é irmãzinha?
— Claro!
— Ah, eu não sei!
— Pelo amor de Deus, Diana! Aceita logo! — Thaís já estava impaciente.
— Você quer que eu seja o seu pai de mentirinha? — Eric perguntou para Helena e ela retribuiu com resmungos incompreensíveis e depois sorriu.
— Tudo bem! Eu aceito!
Como se estivesse entendendo tudo aquilo, Helena começou a bater palmas, despertando a atenção de todos.
Pagamos a conta e depois fomos ao parque para que Helena pudesse brincar, mas logo Thaís teve que sair porque encontraria com o Gustavo.
Permaneci sentada em um dos bancos enquanto Eric estava com Helena no parquinho. Fiquei observando os dois, primeiro foram no balanço e quando ela se cansou, passaram para o escorregador.
Quando se cansaram, Eric sentou-se ao meu lado, tirou o celular do bolso e bateu uma foto de nós três juntos.
— Por que fez isso? — perguntei.
— Se vou fingir ser pai de Helena e seu marido, é normal que eu tenha uma foto da família como fundo de tela no celular.
— Tem razão! — sorri tentando disfarçar minha vergonha.
— Foi só uma foto. Não precisa se preocupar! — Ele passou o braço pelas minhas costas.
— Vamos ter um problema se toda vez que eu me aproximar, te tocar ou te elogiar e você ficar com as bochechas coradas.
— Vou tentar me lembrar disso e não ficar corada.
— Podemos ir treinando, se quiser!
Fiquei muda. Não sabia o que falar, as palavras tinham, simplesmente, desaparecido. O que ele queria dizer com treinar? Ele frequentaria meu apartamento, ficaria me elogiando e me tocando?
— Seja lá o que está pensando, já pode voltar a sua cor normal — Ele comentou e me fez ficar ainda mais corada.
ERICDepois de brincar quase a tarde toda, levei Helena de volta para Diana, a garotinha estava tão chorosa que, sua mãe só lhe ofereceu um pouco de água e depois a chupeta.— Acho que ela está cansada e com fome — Diana comentou.— Então é melhor levar vocês para casa.— Sim!Fechei o carrinho e começamos a ir em direção ao meu carro. Diana prendeu Helena na cadeirinha e logo que saímos do estacionamento e entramos na rua principal, a danadinha caiu no sono.Ao chegamos em nosso prédio, descarreguei as coisas do porta-malas enquanto Diana soltava a cadeirinha.Assim que as portas metálicas se abriram, ela percebeu que não teria como pegar as chaves dentro da bolsa e quando ia me oferecer para que segurasse Helena por um instante, como se tivesse lido meu pensamento, ela já estava me entregando a pequena adormecida.A chave parecia ter entrado num buraco dentro da bolsa e, com isso acabou demorando um pouco para abrir a porta.— Vou colocá-la no berço. — Diana falou enquanto a pegava
DIANA Assim que fiquei sozinha, me joguei no sofá, me sentindo exausta. Peguei o celular e vi que tinha uma mensagem de Thaís, mas decidi que ligaria depois e fui para o meu quarto, separei uma roupa e em seguida entrei debaixo do chuveiro. Milhões de pensamentos passaram pela minha cabeça no pouco tempo que fiquei parada, deixando que a água lavasse a minha alma. Tinha que admitir que a ideia de Thaís não era ruim, Eric já tinha aceitado, eu só tinha que fazer aquilo tudo dar certo. Me vesti e fui ao quarto de Helena. Ao verificar dentro do berço, fui recebida por aqueles belos par de olhos azuis, então fui ao banheiro e preparei um banho bem quentinho para relaxá-la. Minha filha adorava banhos quentinhos junto ao seu fiel amigo, o pato amarelo de borracha. Era risada na certa. Depois que a vesti com o macacãozinho de ursinho, deixei ela brincar no tapete da sala e fui preparar sua sopinha de legumes e carnes. Para mim, eu decidi pedir uma pizza de calabresa. Eram nove e meia da
ERICFui ao banheiro e deixei a água cair sobre a minha cabeça, Fiquei pensando que mesmo eu sendo padrinho de Helena, eu nunca fiquei sabendo da história de vida da Diana, afinal, a amiga dela era Thaís, eu só aparecia de vez em quando e ela nunca teve abertura suficiente para se abrir comigo.Quando já estava deitado, acabei enviando uma mensagem para Diana. Eu sei que ela disse que precisava se sentir preparada para me contar, mas eu precisava que Diana me confirmasse a história que minha irmã tinha me contado, caso contrário continuaria achando que podia ser uma invenção de Thaís.Antes que eu conseguisse pegar no sono, meu celular vibrou ao meu lado, olhei a barra notificações e era Renata. O que ela ainda queria comigo? Depois de tudo o que falei para ela no restaurante.“Você pode ter desistido de mim, mas eu não vou desistir de você porque sei que em algum momento você vai acabar parando na minha cama.”Renata estava pior que cachorro que caiu da mudança. Se bem que eu não pod
DIANA Quando o dia amanheceu, eu me sentia bem melhor e descansada, olhei o celular e havia uma mensagem de Eric. Meu coração quase parou. Pisquei e esfreguei os olhos para ver se era aquilo mesmo que eu estava vendo. Abri rapidamente e comecei a ler: “Bom dia, Di! Espero que me responda assim que vir essa mensagem. Não precisa ficar preocupada, pois não é nada muito importante. OBS: Adorei nossa tarde ontem.” Antes que eu pudesse responder a mensagem, Helena começou a resmungar, desliguei a babá eletrônica e me levantei. Assim que entrei, apaguei o abajur e abri as cortinas, Helena ficou de pé e segurava na grade do berço. — Bom dia, minha bonequinha! — Peguei-a e beijei sua bochecha. — Mã mã mã! — Bateu as mãozinhas. Com Helena no colo, voltei ao meu quarto e peguei meu celular em cima da cama, depois fui para a cozinha, coloquei-a no cadeirão e fui esquentar o leite. Estávamos deitadas no sofá, Helena estava com a cabeça em uma almofada e assitindo um desenho infantil. Pegue
ERIC Deixei Helena junto aos brinquedos e comecei a ajudar. Diana pôs dois lugares à mesa enquanto fui à cozinha pegar as travessas com o arroz cremoso e a quiche já desenformada. Diana colocou Helena sentada no cadeirão e em seguida nos sentamos. Servi um pouco de vinho em duas taças e lhe entreguei uma. Ela serviu um pouco de cada coisa em nossos pratos e antes de comer, dei uma olhada em sua direção. — Tudo parece estar delicioso! — São receitas da avó... As minhas duas comidas prediletas... Levei um pedaço da quiche à boca e fechei os olhos. Uma explosão de sabores e crocância numa única garfada. — E então, gostou? — Ela perguntou, mas dava para perceber a ansiedade em seus olhos. — Isso está divino, Diana! Suas bochechas coraram, afinal, eu nunca tinha provado um prato feito por ela. Talvez ela tivesse um pouco de medo por não me agradar devido ao fato de ser dono de restaurante. — É o tipo de comida que nos leva de volta ao passado, nas férias de verão passadas na casa
DIANA Eu fui pega de surpresa quando Eric me beijou. Realmente não imaginei que ele fosse fazer aquilo. Por um lado eu gostei, ele beija tão bem, mas eu também sabia que não devia ter qualquer tipo de envolvimento amoroso com Eric. Sempre achei Eric um homem muito bonito e atraente, mas Thaís sempre deixou claro que ele era um galinha e por isso não valia a pena tentar ter nada com ele. Por muito tempo tentei fingir indiferença quanto a presença dele. A verdade era que, por um tempo, até consegui fingir, mas ultimamente estava ficando bem difícil. Eu não queria ser só mais uma conquista na interminável lista de mulheres de Eric. — Desculpa, Diana! Eu não devia ter feito isso. — Ele falou enquanto se afastava. — Sei que é errado e... — Eric! — Sim? — Não precisa pedir desculpa... Eu gostei. Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa e antes que eu me arrependesse, foi a minha vez de unir nossos lábios. Helena resmungou no meu colo e então me afastei e falei que ia colocá-la
ERIC Quando entrei em casa com um baita sorriso estampado no rosto, percebi que Thaís estava sentada no sofá da sala e distraída mexendo no celular. Achei que ela me ignoraria depois da cena que fiz com o namoradinho dela, mas para minha surpresa, ela virou em minha direção e perguntou: — Onde você estava e por que esse sorriso grande no seu rosto? — Estava almoçando na casa da Diana. Por quê? Minha querida irmã se levantou do sofá num pulo e agarrando meu braço, praticamente me arrastou para o sofá. — Para que isso tudo, Thaís? — Você e a Diana almoçando juntos? Pode ir me contando tudo. — Não tenho nada a contar. — E por que nem pensaram em me chamar? — Foi só um almoço de negócios. — Negócios? Eu sei o tipo de negócios que um homem e uma mulher fazem. — Não aconteceu nada do que essa sua mente suja está pensando. — Você não me engana, irmãozinho. — Então por que não vai lá e pergunta para sua amiga? — É exatamente o que eu vou fazer — disse ela se levantando do sofá.
DIANA Como era de se esperar, não consegui ninguém que pudesse ficar com Helena de última hora e quando enviei a mensagem para Eric, sentia como se etivesse jogando um balde de água gelada nos planos dele, seja lá quais forem. A minha filha está sempre em primeiro lugar e se ele quer uma, vai ter que levar as duas. Poucos segundos depois, meu celular vibrou e rapidamente olhei a tela: “Melhor ainda! Quero o pacote completo!” Não pude deixar de sorrir ao ler a mensagem. Ele estava mesmo disposto a me conquistar. “Que horas será o jantar?” “Às 20h.” “Ótimo! Estaremos aí!” Olhei o relógio e vi que ainda eram cinco horas, mas aproveitei que Helena estava dormindo e decidi tomar um banho e lavar o cabelo, pois ele teria tempo suficiente para secar natural e não ficar igual uma juba de leão. Decidi usar um vestido tubinho preto básico, que chegavam na altura do meu joelho, e um par de scarpins vermelhos, os cabelos soltos e de lado. Passei uma maquiagem bem leve, mas com um pouco d