Sofia
Acordo com a luz do sol entrando pela janela, viro minha cabeça para o lado e vejo meu pequeno anjo dormindo agarrado com seu ursinho de cachorro que foi presente do meu pai assim que descobrimos que seria menino, essa noite ele dormiu comigo após ter tido um pesadelo que ele não quis me contar. Me levanto da cama e sigo para o banheiro, tomo um rápido banho e escovo meus dentes e penteio meu cabelo e deixo secando naturalmente, quando saio do banheiro vejo Petrus olhando pela janela e segurando seu cachorrinho.
— O que tanto olha filho? — pergunto me aproximando com curiosidade, já que o nosso vizinho eu vi pouquíssimas vezes nesses últimos anos.
— Cachorro. — responde sem me olhar.
Chego mais perto e vejo um grande cachorro marrom apoiado na janela e me parece feliz pela interação de Petrus.
— Dá tchau para ele e venha tomar um banho. — olho no relógio que está na parede. — Já estamos atrasados para a escola.
— A mamãe eu não quero ir. — toda manhã é isso. — Eu quero ir trabalhar com a senhora.
Me sento na cama e ele se senta no meu colo com seu ursinho grudado.
— Meu amor, você precisa ir. — digo tirando o cabelo que cai em seus olhos. — É para o seu bem.
— Eles são maus. — um bico de choro começa a se formar.
— Eles te machucam? — perguntam com cautela e o coração a mil
Ele balança a cabeça negando sem me olhar.
— Petrus. — o chamo.
— Eles tiram sarro de mim. — sua voz saiu tão baixa que por pouco não consigo ouvir. — Ficam falando coisas ruins, eu sou um menino bom. — funga.
Solto um suspiro, quando soube que ele tinha Síndrome De Down já sabia que ele iria sofrer preconceito, tentei de todas as maneiras em colocar ele numa escola que pudesse ajudar seu desenvolvimento, mas só tinha em Atenas e eu não tenho condições de levar diariamente pela balsa, por isso tive que colocar ele na única escola da ilha.
— Meu amor não ligue para eles, você é especial. — digo e ele me olha com interesse.
— Sou? — pergunta com receio.
— Claro, não acredito que eu mentiria para você?
— Não, mamãe. — responde rápido. — A senhora nunca mente. — sorrio.
— Então já para o banho seu porquinho. — falo e ele me olha sério, coloca o cachorrinho ao lado.
— Mamãe não sou um porquinho e sim um homem. — e sai do meu colo e segue para o banheiro todo emburrado e solto uma risada baixa.
— Ok homem da mamãe. — grito e ele resmunga algo que não entendo.
Eu tento ao máximo deixar ele fazer as coisas sozinhas, para que não se sinta dependente, mas sempre fico por perto olhando e ajudando quando precisa. Sempre que posso, compro brinquedos educativos para ajudar no seu desenvolvimento e também pesquiso sobre brinquedos feitos em casa.
— Lave atrás das orelhas. — digo da porta a ele responde que já lavou.
Depois de uns minutos ele está seco e vestido.
— Pegue sua mochila, que vou fazer seu café. — digo e ele concorda.
Faço seu achocolatado e um sanduíche.
— Mamãe, vamos ver a lua hoje? — pergunta entrando na pequena cozinha.
— Sim. — Petrus se senta no seu lugar e começa a comer.
Quando descobri estar grávida dele, sempre ia para a praia e ficava olhando para a lua, e quando ele nasceu o levava comigo, até que sua primeira palavra foi lua e não mamãe, é, eu sei trágico nós carregamos por nove meses e no final ele fala lua.
— Terminei.
— Escovar os dentes. — digo tirando seu copo e levando para a pia. — E nada de careta mocinho.
Pego minha bolsa e não demora para ele aparecer. Ajudo a colocar a mochila e então saímos de casa.
— Mamãe.
— Sim.— digo olhando para ele.
— Te amo.
Paro de andar e o pego no colo.
— Também te amo. — beijo sua bochecha.
Quando chegamos na escola vejo algumas mães distribuírem olhares feios para meu pequeno, minha vontade é pegar cada uma e passar de leve na rua e depois jogar sal. Chegamos no portão e me abaixo e fico do seu tamanho.
— Não de bola para o que eles falarem. — digo arrumando sua blusa. — Você é único e por isso eles fazem isso. — ele concorda. — Eu te amo muito meu pequeno anjo. — falo deixando um beijo na sua bochecha.
Fico olhando ele entrar na escola, logo sua professora aparece e leva ele para a sala, solto um suspiro e faço meu caminho para a loja onde trabalho, durante o caminho olho alguns turistas e como as mulheres da ilha mesmo se jogam em cima deles, reviro os olhos e continuo meu caminho.
O dia foi agitado, mal consegui parar para almoçar, quando vejo já está na hora de buscar meu pequeno.
— Até amanhã, Mel. — digo para minha patroa.
— Que isso menina. — diz colocando a mão na cintura. — Esqueceu que amanhã é domingo e que domingo é seu dia de folga?
Arregalo os olhos com o meu esquecimento e ela dá risada.
— Esqueci. — sinto meu rosto ficar quente.
— Só não esquece a cabeça por estar grudada no pescoço. — gargalha.
Acompanho ela na gargalhada.
— Então até segunda. — falo.
— Até. — sorri. — E mande um beijo para Petrus.
Aceno concordando e saio da pequena loja, meus passos são rápidos até a escola de Petrus, quando chega o sinal b**e e fico esperando não demora para que ele apareça correndo.
— Mamãe, casa rápido. — diz parando ao meu lado todo agitado.
— O que aconteceu? — pergunto preocupada.
— Quero ir ao banheiro. — diz se contorcendo.
Aceno concordando e começamos a caminhar para a casa, não demoramos muito, abro a porta e ele corre para o banheiro, fiquei na sala esperando ele voltar para saber o que aconteceu. Ele não demora e volta.
— O que aconteceu? — pergunto.
— Lucian, não deixou eu entrar no banheiro. — conta e vem para o meu colo.
Engulo a vontade de falar alguns palavrões.
— Vamos comer algo e depois vamos à praia. — falo e ele concorda todo alegre.
Quando chegamos a praia, nos sentamos perto das pedras, Petrus começa a brincar com a areia.
— Olha mamãe à lua.
O puxei para meu colo e ficamos ali olhando a lua, até que minha atenção foi chamada por um homem sentado um pouco a nossa frente, dava para notar ser um homem solitário, beijo a cabeça do meu pequeno e volto atenção para a lua.
BrianO final de semana passou rápido e todas as tardes Dark sumia e quando ia procurar lá estava ele na janela olhando para aquele mesmo menino. Eles criaram uma amizade silenciosa. Hoje é meu dia de folga já que ontem tive que ficar até às quatro da manhã devido aos turistas americanos que resolveram virar a noite e de quebra danificaram duas mesas do restaurante.Estou tomando meu café até que escuto um barulho de algo caindo do quarto, deixo minha xícara sobre o balcão e vou ver o que é, quando entro tem um Dark em cima da mesinha que fica próximo à janela tentando fugir.— Nada disso Dark. — falo tirando ele da mesa. — Ficar apoiado na janela até pode mais isso não. — e ele late. Olho pela janela e vejo uma moça loira de costas e pelo jeito está conversando com alguém, pode ser seu marido ou com o menino. Volto minha atenção para meu cachorro que está sentado me olhando e abanando o rabo, seus olhos demonstram que vai voltar a aprontar e que está com muita energia acumulada e so
SofiaApós me despedir do Brian e Petrus do seu mais novo amigo, entramos e meu menino corre para o banheiro, já que o mesmo disse que vai começar o filme preferido e não quer perder.— Mamãe podemos ter um cachorro? — escuto a pergunta de Petrus enquanto estou preparando o jantar.— Não. — digo cortando um tomate.— Coelho? — sua voz tem um toque de esperança.— Quando você for mais velho, vai poder ter um animal. — olho para ele.— Já sou mamãe. — paro de cortar o tomate e olho para ele. — Hoje sou mais velho que ontem. Não aguento e riu alto.— Onde você aprende isso ? — pergunto.— Na vida, mamãe. — dá de ombro. — Sou um lindão bem vivido. — não tem como não rir com o que fala.— Então lindão vivido, vá assistir televisão, enquanto termino o jantar. — falo e ele concorda e corre para a sala.Quanto estou terminando de colocar a travessa de salada na mesa alguém bate na porta, olho para o relógio e vejo que já se passa das oito da noite, limpo minhas mãos no meu vestido e sigo
BrianDepois do jantar, voltei para casa com um sorriso no rosto e sozinho já que o Dark ficou lá com os dois. Não sei o que estou sentindo, pode ser uma gripe chegando e alguma coisa no meu coração, já que ele bate tão rápido, controlo minha respiração e me vêem algo em mente e paro no lugar.Será? Tão rápido assim? Acho que é a solidão me deixando maluco, ela é bonita e jovem nunca vai me olhar com algum interesse.— Chega de pensar. — falo alto e sinto uma leve dor de cabeça chegando.Tomo um banho e antes de deitar olho pela janela e vejo que a sua janela está fechada para o meu desprazer, vou até a cozinha e tomo um comprimido para dor e volto para o quarto e me jogou na cama, mas quem disse que consegui dormir? Fiquei rolando de um lado para o outro, sinto falta de Dark deitado sobre mim, pela primeira vez em anos sinto falta de algo.Resolvo me levantar e fazer algo, quando chego na sala vejo que está uma bagunça, o chão precisa urgentemente ser aspirado por causa dos pelos de
SofiaBrian foi embora e olhei para Petrus que comia distraído e sorri, me levantei e comecei a guardar o que ele sujou e o que eu sujei, enquanto lavava Petrus começou a cantar alguma música infantil e quando percebi estava dançando no meio da cozinha e só conseguia sorrir pela sua alegria, ele me entregou seu copo e sua vasilha que toda manhã come seu cereal e lavei, termino a louça enxugo minhas mãos e olho para o relógio.— Vai pegar sua mochila. — peço e ele concorda. Pego a lancheira que fica no balcão da cozinha e monto seu lanche rapidamente e não demora para que ele volte com sua mochila, entrego sua lancheira e corro para o meu quarto para pegar minha bolsa e então saímos de casa.Dois dias se passam e não vejo Brian, mas consigo escutar o latido alto de Dark, comprei um caderno e lápis de cor para Petrus e esses dois dias ele focou sua atenção nos dois objetos e não me deixa ver seus desenhos, segundo ele é surpresa.Mel me informou que amanhã será nossa viagem, então
Brian Dormir foi difícil, nossa conversa se repetia na minha mente, ela não tinha ninguém romanticamente, ainda eu não entendi isso,mesmo tendo um filho lindão, sei que tem homens que não ligam para isso eu por exemplo não me importo, todos nós temos um passado e dele pode haver frutos, me levanto e caminho pelo quarto estou inquieto e isso me deixa confuso, resolvo tomar leite quente, saio da cozinha com o copo e sigo para o quarto e me sento no lado esquerdo e fico olhando para televisão que tem na parede da frente e resolvo assistir algo,escolho um filme bem água com açúcar e tomo meu leite, me ajeito e espero que ele venha e ele veio. Acordo com Dark deitado, ou melhor, jogado sobre mim. — Eu ainda vou comprar uma casinha para você. — resmungo saindo da cama e ele só virá para o outro lado e ronca mais alto. — Folgado. — viro meu rosto para a janela e vejo que hoje ela não abriu. — Lógico né tapado, eles foram para Atenas. — falo alto e sigo para o banheiro. Após me arrumar,
SofiaQuando chegamos a Atenas, seguimos direto para o hotel, Petrus olhava tudo em nossa volta com curiosidade, algumas vezes fixava o olhar em algum lugar e parecia memorizar. Fizemos nosso check-in e cada uma seguiu para o seu quarto. — Mamãe. — Petrus me chama. — Olha o que sei fazer. — ele corre e pula na grande cama e faz uma cambalhota e arregalei os olhos. — Petrus... — me assusto — Relaxa, mamãe, não vou me machucar. — sorri sentado no meio da cama. — Não faça isso quando estiver sozinho no quarto. — digo pegando a mala. — Quando Dark estiver posso?— Não. — tento não rir da sua forma de me persuadir. — Tá bom. — faz bico e se deita. Pego uma muda de roupa e digo à Petrus.— Vá tomar banho, menino lindão. — ele acena e pula para fora da cama. — Cuidado Petrus. — ele sorri e pega suas roupas e segue para o banheiro. — Precisa de ajuda? — Não. — ele grita de dentro do banheiro e encosta a porta. — Nossa, olha o tamanho desta toalha, mamãe coloca na mala. — s
BrianAmanhã está fazendo uma semana que não vejo Sofia e Petrus, tenho saudade dela e do pequeno Petrus, nesses dias aproveitei e tive uma reunião com a diretora da escola e ela adorou as palestras. Ela queria de todo jeito fazer uma reunião após o expediente, mas disse que só quando a Sofia chegar que iremos, marcar a reunião para após o expediente, ela pensa que sou bobo e que não vi seus olhares sugestivos para mim.Agora estou saindo para mais um dia de trabalho, essa última semana preciso aturar meu patrão zoando com a minha cara e os colegas mais antigos cantarolando músicas românticas. Antes de sair olho as coisas de Dark e após colocar água, saio de casa e tranco a porta, olhei em direção a casa dela e vejo um homem em frente, franzo a testa e ele me lembra alguém só que não lembro quem é.Passo por ele, é dou uma olhada, não adianta não ser, mas um policial ativo, mas o costume fica.Durante o caminho mando mensagem para ela perguntando quando voltava e a resposta não p
SofiaEsses dias foram ótimos, consegui comprar algumas coisas que faltava para Petrus e me dei alguns presente, estou de pé no meio do quarto olho para as roupas dobradas na poltrona e solto um barulho baixo, estou com preguiça de arrumar elas na mala, meus olhos passam pelo quarto e acaba em Petrus que dorme serenamente agarrado com seu ursinho de pelúcia. — Bora arrumar, Sofia. — diga a mim mesma e vou em direção às roupas.Meia hora depois estou com a mala feita e vou até Petrus para acordá-lo.— Acorda filho. —digo passando a mão pelos cabelos do meu pequeno. — Deixa eu dormir mamãe. — resmunga e se vira para o outro lado.— Então não quer voltar para casa?Ele levanta num pulo e corre pro banheiro e fico dando risada, me levanto da cama e dou, mas, uma olhada pelo quarto e encontro um brinquedo pequeno debaixo da cômoda e guardo na mochila de Petrus e percebo que está cheia de balas que Madalena comprou ontem e balanço a cabeça negando, chegando em casa tiro tudo e guardo no