"Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente.
Sou isso hoje...
Amanhã, já me reinventei.
Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim.
Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar...
Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil...e choro também!"
(Tati Bernardi)
Socorro, minha unha quebrou!
Ao ver aquela parte pequena ter sido arrancada quase na metade dela fiquei pasma. Era véspera do primeiro dia de aula do último ano do ensino médio e eu iria começar com o pé esquerdo?
Não, não, não.
E simplesmente com o pensamento de que nada poderia dar errado disquei um número rapidamente. Eu era praticamente a mais popular da escola, presidente do conselho estudantil por três anos seguidos e iria aparecer assim? Seria o caos.
- Alô. – minha mãe atendeu do outro lado da linha.
Parecia um pouco bêbada e até alegre. E isso significava que ela estava em uma daquelas noites com o meu pai. E só de imaginar isso me dava calafrios e uma vontade imensa de enfiar a minha cabeça na privada e vomitar.
Além de que ainda são 20h.
- Compra o esmalte tentação, por favor. Alerta feminino número 11. – gritei.
Sim, eu olhei na nossa lista. Não tinha como decorar todos.
- Quebrou a garra meu anjo? Trarei o mais rápido que puder. – finalizou.
Nem se despediu de forma carinhosa como sempre fazia. E isso significava que realmente a hipótese de que estariam em uma milésima lua de mel estava certa. Rapidamente despertei com o toque do celular.
“Eu quero morrer. O Taylor terminou comigo e eu não sei o que fazer, pois não posso parecer sem namorado no primeiro dia. Seria dizer que eu não sou bonita o bastante para arranjar alguém.” – Alisson.
Apresento-lhes a pessoa mais dramática que conheço.
Mas o quê? Ela me chamou de feia? Não, eu nem poderia ter lido alguma coisa dessas. Só porque não tenho um relacionamento sério com alguém há dias os outros poderiam achar que eu não tenho boa aparência? A Ali enlouqueceu, só pode.
“Esqueceu que eu também não tenho?” – Eliana
E enquanto esperava a resposta fiquei colocando a unha postiça com esforço. Meu coração praticamente pulava e eu tremia como gelatina, só parando quando consegui encaixar com perfeição.
“Mas você é adorada por todos por outro motivo, já minha reputação é sempre estar com os caras mais gatos. Eu não posso dar bandeira de que estou solteira!” – Alisson.
Ela tem razão. Apenas preciso aparecer para ser ovacionada, entretanto com minha amiga é diferente. Só que nunca presenciamos outra experiência que não sermos constantemente admiradas.
“E eu que lasquei minha unha?” – Eliana
Rebateu com tudo.
“Que horror! Mas estamos falando de outra coisa agora. Eu quero alguém para ficar comigo :(.” – Alisson.
Somos seres egoístas de natureza. Até porque teríamos que ter algum defeito.
“É simples: se alguém perguntar diga que seu paquera estava doente, e depois arranjaremos outro para substitui-lo.” – Eliana.
E então o caso foi resolvido, enquanto procurávamos alguma vitima no f******k. Não achamos nenhum por enquanto.
“Eu quero o meu Taylor. Não tem sentindo ficar sem ele.” – Alisson.
Repetindo: Drama.
“Tem outros bem melhores.” – Eliana.
E foi neste momento que um barulho foi ouvido da cozinha, provavelmente meu pais haviam chegado. Foi quando desci para pegar o meu esmalte que vi os dois se beijando no sofá e quase fazendo algo a mais, o que me deixou completamente enojada.
Okay, eu sou virgem. E sim, foi desnecessária essa informação.
O som do meu aparelho soou de maneira alta, fazendo-me não ter o trabalho de interrompê-los.
Levantaram-se de súbito de maneira sem graça. Não me entendam mal, eu adoro a forma como eles se amam como se tivessem dezessete anos ainda, mas é que eles tem de entender que tem outras pessoas na casa.
Minhas mãos tampavam meus olhos para que não pudesse presenciar algo asqueroso e traumatizante.
Lembro-me quando os flagrei nos finalmente e não consegui dormir por dias.
- Estão vestidos? – questionei.
- Está mais do que na hora de se acostumar com isso querida. Mas já estamos sim. – repreendeu meu pai.
Rapidamente fui em direção a eles e peguei o que queria, correndo até meu quarto e comecei a pintar a unha postiça de um vermelho chamativo. Não que eu precise, porque mesmo usando branco as pessoas me veem, já que tenho os olhos azuis e sou ruiva.
“Vou morrer, o Taylor colocou uma foto com outra garota.” – Alisson
Fui no computador e constatei o que dizia. Eu conhecia a garota, uma morena de olho castanho, mas que não era tão bonita quanto minha amiga.
“Não faça besteira, por favor, por mim” – Eliana.
O fato é que sempre comete alguma loucura, como cortar os pulsos, tanto que um dia tive que leva-la ao hospital, e até ficar implorando para que voltem para ela.
Seu histórico de namoros era imensa, o que me fez muitas vezes ter de defende-la de levar um tapa de um ex. E deve ser por isso que eu não confio muito em homens.
“Vejo-te amanhã, beijos e boa noite” – Alisson.
Respondi rapidamente e deitei-me na cama quentinha, já sabendo o que me esperava no outro dia.
Escola, conselho estudantil e várias pessoas ansiosas para falar comigo.
Toda escola tem uma rainha, e eu sou a da minha.
☼
O corredor é o meu lugar favorito do colégio, simplesmente por sempre haver olhares em minha direção enquanto a Ally me acompanhava. Logo James e Patrick, sendo que este último é gay, foram ao nosso lado.
- Você é a tão famosa Eliana Dalton? – questionou uma novata.
Minha popularidade ultrapassa as barreiras da instituição.
- Estais falando com a própria. – respondi com um sorriso.
- Você é demais! Não acredito que conseguiu trazer suco de soja, hambúrguer e alimentos mais comestíveis para essa e outras escola. E ainda ampliou o número de livros da biblioteca e diminuiu o preço do xerox daqui. – falou sem nem respirar direito.
- Sim, e espero que goste daqui... – confusa.
- Chamo-me Abigail. – respondeu-me.
- Então Abby, eu desejo que se de bem aqui. – continuei.
- Você também Lie. – finalizou ao ir para a sala.
Esse era meu apelido. E é o que realmente me rodeia, a mentira. O que é irônico. Porque eu gosto de livros e finjo nem saber o que significava, adoro animes e nunca sequer contei para alguém ou toquei nesse assunto.
Na verdade o que mais prefiro é a animação chamada Pokémon.
Essa paixão começou quando o meu irmão foi para a universidade em outro Estado e deixou a sua coleção comigo, como camisetas, pokebolas, figurinhas e muito mais. No começo nem liguei e apenas deixava no meu armário para que meus pais não descobrissem que ele ainda gostava disso, mas depois acabei me viciando também.
Quando fico trancada dizendo que estou me arrumando, a verdade é que estou jogando videogame no mudo ou lendo algo.
- Quem quer concorrer à presidência do conselho estudantil? – perguntou a professora.
E eu levantei o dedo rapidamente e me dirigi para a frente da sala, olhando cada um atentamente com a felicidade estampada no rosto. Só que esse momento durava pouco, pois logo Vicent Mitchell se dirigia ao meu lado.
Ele sempre competia comigo, mesmo perdendo, desde o último ano do ensino fundamental.
Realmente me irritava um pouco, mas nada que me fizesse odiá-lo. Todavia meu rival era, e conviver com ele por alguns meses não era nada agradável. Apesar de ser bonito com aqueles olhos verdes azulados, cabelo loiro e um corpo sarado.
Fitou-me com aquele sorriso presunçoso e uma expressão de desafio e vitória. Sempre me provocando, mesmo quieto. Sabia que era porquê me detestava ou provavelmente devo ter o dispensando em algum momento. Só que parece que a cada ano esse desprezo por mim aumenta.
- Mais alguém? – quis saber.
Nenhum resposta, assobio, brincadeiras ou murmúrios foram soados na sala, fazendo-a nos dispensar e começar a explicar a matéria. Logo um bilhete foi jogado na minha mesa.
“Linda como uma flor e astuta como uma gata, a cada vez que te vejo mais sexy e tentadora está. Será exagero meu ou estou apaixonado?
- Ben S.”
Praticamente todo o dia era a mesma coisa. Esse garoto me mandava bilhetes, porém nunca falava comigo ou me abordava pessoalmente. Eu o conhecia, era um nerd bonitinho, mas muito envergonhado.
“Exagero meu caro - Eliana D.”
Foi só o que escrevi, vendo-o praticamente abraçar o papel e coloca-la na mochila com cuidado. E do outro lado alguns me fitavam com desejo, já um me transmitia outro sentimento – provavelmente de raiva.
É... esse é o meu último ano antes da faculdade, e ia aproveitá-lo completamente.
“A vida limita os sonhos. O medo de arriscar a popularidade dos seres detém nas sombras do social a angustia de viver, Assim a alma torna-se semelhante a tua sombra. Nem mesmo a escuridão das noites e a clareza dos dias serão flexíveis para a realização do teu ser.”(Latumia – W.J.F)Hora do intervaloNo primeiro do dia é realmente um tumulto, porque muitas pessoas nos rodeiam para nos mimar ou fazer perguntas.- Eliana, o que vai querer de lanche? – questionou um menino.Seus olhos pareciam brilhar ao ver o que o mirava.- Que tal um sanduiche natural com suco de maracujá? – devolvi com calma.Então ele e mais outro garoto começaram a se brigar e correr para ver quem ia na cantina primeiro e me traria a comida desejada.- Como você é má Lie, mesmo sendo diva. – Patrick com uma voz afeminada.
“Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo.”(Pitágoras)O dia que se passou foi realmente surpreende para mim. Primeiro porque recebi uma declaração do admirador mais tímido que tinha, e segundo porque meu segredo foi descoberto.E justo no último ano, em que é tão decisivo e tem de ser o melhor de todos. Mas eu, que nunca quis uma mudança, acabei por destruir tudo em um único momento. Só que, felizmente, conseguimos fazer um acordo entre nós.O que realmente foi novidade.– Bom dia Eliana. – cumprimentou.E para novamente me deixar de cabelo em pé e mais preocupada, foi o Taylor, ex namorado da minha melhor amiga, e não algu&eacu
“Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”(Sarah Westphal)Estava praticamente dentro do meu armário ao vasculhar algo para usar para amanhã. Eram aproximadamente sete horas da noite e eu ainda não havia encontrada nada, até porque tinha uma de minha preferência.– Mãe! – berrei do meu quarto.Ouvi passos de salto alto até parar na frente do meu cômodo. E quando apareceu eu simplesmente me arrependi de tê-la chamado. Estava com a sua roupa amassada e seu cabelo parecia um ninho de gato, o que realmente dava a certeza de que estava novamente se divertindo com meu pai.E isso realmente me deixou
“Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.Se achar que precisa voltar, volte!Se perceber que precisa seguir, siga!Se estiver tudo errado, comece novamente.Se estiver tudo certo, continue.Se sentir saudades, mate-a.Se perder um amor, não se perca!Se o achar, segure-o!”(Fernando Pessoa)– Abre para mim! – gritou.Estava em meu quarto com a blusa larga e grande do Pokémon, um short qualquer, o cabelo em um coque desarrumado, sem maquiagem e o videogame ligado. Era um sábado qualquer, e eu queria muito poder passar dessa fase
Patrick ficou emburrado por duas aulas, mas no intervalo ele ia contar o que aconteceu para ficar tão chateado.Seria um ex o azucrinando?– Lie, você é tão sortuda! – começou quando nos sentamos no nosso local habitual.Pior que isso é verdade na maioria das vezes.– Só agora percebeu? – questionei em um muxoxo.– É que o Ben foi falar comigo ontem, mas para afirmar que te ama e que não é mais para eu ficar o beijando.Disse com todas as letras ainda. Meu coração doeu por sua causa vadia. – disse em tom de brincadeira, mas ainda assim parecia triste.Ah, é isso!– Não tenho culpa se todos os homens me querem. – devolvi ao mexer no cabelo.– E eu ainda sem namorado. – sussurrou ao outro enquanto comia uma barra de cereal.Já o quarto integrante continua
“Ah, se eu pudesse abrir a minha cabeça, colocar tudo para fora. Arrumar tudo direitinho como quem arruma uma gaveta. Ou tomar um banho de chuveiro por dentro.”(Caio Fernando Abreu)Abri o armário, em uma terça-feira chuvosa, e me deparei com algo que me deixou completamente chateada e irada. Sabia que provavelmente meu rosto estava em chamas neste instante, legado que tenho por ser ruiva.“Vinicius e Eliana estão juntos? Ontem o dito cujo disse que estava namorando a melhor amiga dela, Alisson. Só que pela foto que vimos abaixo a popular de cabelos de fogo está furando o olho ao estar tão próxima do Mitchell na semana passada. Ela se agarrando nele enquanto segredavam algo parece cena de novela, mas não seria nada emocionante sem um possível triangulo amoroso. Seria digna de novela mexicana não? Pamela&rdquo
– Amor. – berrou a Alisson.Minha animação diminuiu e eu dei espaço, fazendo-a abraça-lo enquanto ficava espremida no canto. E fiquei pior por ter desejado que ela não viesse neste instante, apenas para que continuássemos com o que estávamos fazendo.– Vejo que estão se entendendo. – fez uma observação.– Falávamos sobre o jornal. – escondi a verdade.Senti-me mal por isso e engoli em seco.– Logo se ocuparão com outro assunto. – devolveu com calma.Ela sabia do que eu era capaz de fazer.Pisquei para ela e o silêncio reinou. Depois só o que houve foram beijos e carinhos, sem contar os apelidos melosos. E em alguns momentos o Vinicius me encarava de maneira decepcionada. Com
“Por que que todo amor não dura eternamente e quando tudo acaba a gente sente?”(Belo)- Quer o que hoje Lie? – disse um garoto, com um sorriso aberto.Meu apelido de novo, que não me faria esquecer do que sou.Será que um sanduiche natural? Não, não agora!- Um doritos de chilli pepper. – sussurrei.Sua alegria cresceu enquanto me olhava de forma abobalhada.- Está bem? – questionei em preocupação.Pareceu se recompor ao me ouvir.- Não, é que seu sotaque inglês é tão fofo. – declarou.- Obrigada. – a vergonha me abateu com fúria.Olhei ao redor e só estavam Ally, James e Patrick ao meu lado. Mesmo que o quarteto esteja presente o namorado da minha amiga não se encontrava aqui, e nem nas cadeiras da cantina.- A