RebeccaQuando a campainha tocou de manhã cedo, senti uma pontada de nervosismo percorrer meu corpo. Aaron. Por alguma razão, eu sabia que era ele. Era uma sensação quase instintiva, que me fez repreender a mim mesma por ser tão tola. Quem poderia prever uma visita assim, logo de manhã? Mas ao abrir a porta e me deparar com Aaron, surpresa me envolveu. Mesmo que meus pensamentos estivessem constantemente com ele, vê-lo ali, em carne e osso, me abalou.Aaron estava ali, parado na minha frente, com uma expressão que misturava ansiedade e determinação. Ele vestia uma camisa azul clara que realçava seus olhos, e seus cabelos estavam um pouco desalinhados, como se ele tivesse passado as mãos muitas vezes por ele.— Aaron? O que você está fazendo aqui tão cedo? — perguntei, incerta sobre como reagir diante da sua presença. Meu coração batia descompassado, e senti um nó se formar na garganta.— Precisava te ver, Rebecca — ele respondeu, me surpreendendo com a intensidade de suas palavras.
AaronUma semana havia se passado desde o último encontro entre mim e Rebecca, mas era como se o tempo não tivesse avançado. Não conseguia parar de pensar nela, como um eco incessante que me acompanhava em cada momento do dia. Estar ao lado de Paolla tornava-se uma tortura silenciosa, uma fachada que eu mantinha apenas por pura obrigação. Rebecca invadia meus pensamentos, dominando minha mente de uma maneira que me deixava agitado, inquieto, como um leão enjaulado.Guardar tudo isso para mim estava se tornando insuportável. Queria desabafar com Eric, meu melhor amigo, mas algo me impedia. Não era vergonha, talvez fosse medo. Medo de admitir, em voz alta, que meu mundo estava de cabeça para baixo. Eu, Aaron, sempre tão controlado, agora estava à mercê de emo&c
PaollaAcordei naquela manhã de domingo sentindo uma onda de felicidade que parecia me envolver por completo. O jantar na mansão Baumann na noite anterior tinha sido um sucesso, pelo menos para mim. Aaron, por outro lado, estava apático e desanimado, mas isso não me incomodava nem um pouco. Eu sabia que ele estava apenas seguindo os planos, e isso era tudo o que importava para mim. Nossa relação estava morna, sem vida, e a falta de uma vida sexual ativa entre nós já não era uma questão preocupante. Na verdade, desde que eu soubesse que Aaron não estava encontrando a garota que carregava o filho dele, eu podia dormir tranquila. E, graças a Eric, eu tinha certeza disso.Foi uma batalha para convencer Eric, mas finalmente ele cedeu e contratou alguém para seguir todos os passos de Aaron. Eu precisava saber cada movimento dele, e os relatórios que recebi nos últimos dias foram extremamente satisfatórios. A última vez que Aaron esteve no apartamento de Rebecca foi logo após a descoberta da
RebeccaA solidão em São Paulo era esmagadora. Não tinha ninguém. Nem família, nem amigos. Apenas o vazio do apartamento e o silêncio. Depois de colocar um ponto final no que havia entre Aaron e eu, ele respeitou minha decisão e desapareceu, como eu havia pedido. Sabia que era o certo a se fazer, que não podia continuar naquele ciclo tóxico, mas viver com essa escolha estava sendo muito mais difícil do que eu imaginava.Eu tinha vindo para São Paulo com a cabeça cheia de sonhos. Queria ser artista, seguir o caminho que sempre me inspirou desde pequena. Mas agora, nem mesmo conseguia pintar. Minhas tintas estavam intactas, os pincéis jogados no canto do ateliê improvisado. Claro, eu podia culpar os enjoos que começaram a me consumir na última semana, mas a verdade era que minha cabeça estava longe de estar no lugar.Aaron não era parte da minha vida, e tenho um bebê estava crescendo dentro de mim, e eu não sabia como lidar com isso.Nos momentos em que a angústia apertava, tentava entr
RebeccaEu a encarei por alguns segundos, tentando processar o que estava acontecendo. Era um pouco surreal. Primeiro, porque eu me sentia como uma estranha em meu próprio corpo, e agora, estava sendo abordada por duas desconhecidas que pareciam estar vivendo uma vida bem mais tranquila e leve do que a minha. A mulher, Anneliese, parecia genuinamente simpática, o que me fez relaxar um pouco.— Ah, claro — respondi, ainda um pouco surpresa. — Posso tentar ajudar, sim.Anneliese deu um passo à frente, segurando um pequeno macacão nas mãos, azul-claro com detalhes bordados em branco. Ela o ergueu na minha direção.— O que você acha desse? — perguntou, com os olhos brilhando de expectativa. — Estamos escolhendo algo para o meu sobrinho, mas não temos muita certeza. Parece confortável?Observei o macacão por um momento, sentindo o tecido entre meus dedos. Era macio, certamente uma boa escolha para um bebê. Mas o simples fato de estar ali, sendo convidada a opinar em algo tão íntimo, me fez
RebeccaQuando recobrei a consciência, o teto branco e as luzes frias do shopping foram as primeiras coisas que vi. Minha cabeça latejava levemente, mas já estava começando a processar o que tinha acontecido. As duas mulheres que eu havia encontrado minutos antes, Pietra e Anneliese, estavam ao meu lado, seus rostos estampando preocupação genuína. Meus pensamentos ainda estavam um pouco embaralhados, mas eu conseguia ouvi-las claramente.— Ela está acordando — disse Anneliese com alívio na voz, se inclinando um pouco para me olhar melhor.— Já estou chamando a ambulância — Pietra informou, já com o telefone na mão, em uma postura firme. Havia algo em sua presença que transmitia controle, como se estivesse acostumada a gerenciar situações de crise.Tentei me sentar, mas minhas pernas estavam trêmulas, então me deixei relaxar novamente no chão frio. A sensação de fraqueza era assustadora, e meu coração batia acelerado. Não estava acostumada a me sentir tão vulnerável. Anneliese, com sua
Leonel BaumannConvidei meus netos e Ettore para um jantar na mansão. Já era hora de decidir o futuro das Indústrias Baumann, e eu precisava de todos presentes para essa ocasião. Berenice, minha querida esposa, estava ao meu lado, lançando-me olhares de apoio. A sala de jantar, com seu lustre imponente e móveis antigos, estava preparada para uma noite memorável.Enquanto nos acomodamos à mesa, observei os rostos tensos dos meus netos. Aaron, com sua postura rígida e terno impecável, claramente estava à espera de algo importante. Paola, ao seu lado, tentava disfarçar sua ansiedade, mas o brilho em seus olhos a traía. Axel, sempre desconfiado, mantinha uma expressão cerrada, enquanto Anton, despreocupado, mexia no telefone e Annelise ria de algo que ele disse.Ettore, filho de um antigo funcionário falecido e meu homem de confiança, estava presente também. Para mim, ele é como um filho. Suas ações sempre foram pautadas pela lealdade e integridade, algo raro nos dias de hoje.O jantar tr
AaronVi meu avô sair da sala com passos firmes, deixando para trás um misto de incredulidade e choque em nossos rostos. Não era possível que ele realmente estivesse impondo tal condição para passar o controle das Indústrias Baumann. Um bisneto? Era isso que ele queria em troca do poder?Olhei para Paola, minha esposa, sentada ao meu lado. Ela estava linda como sempre, sua postura perfeita e seu rosto inexpressivo. Paola sempre foi a esposa troféu ideal, vinda de uma família tradicional paulistana. Elegante, educada, exatamente o que eu precisava para manter as aparências. Mas filhos? Esse era um assunto que nunca tínhamos discutido seriamente.Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Axel se dirigiu ao luxuoso bar no canto da sala. Pegou uma garrafa de uísque e serviu-se de uma dose generosa.— Alguém mais quer? — ele perguntou, sua voz carregada de sarcasmo e desdém. Ele nos olhou, sabendo que as chances de aceitar sua oferta eram poucas.Annelise foi a primeira a se levantar, ain