AaronQuando cheguei ao hospital, eu estava tentando manter a calma, mas meu coração batia rápido. Mas sabia que Rebecca estava ali, e precisava vê-la. Após me informar sobre onde ela estava internada, caminhei apressado na direção indicada. Mas ao me aproximar do quarto onde ela estava, uma enfermeira me interceptou, bloqueando a entrada com um sorriso profissional.— Desculpe, senhor, mas a paciente já tem um acompanhante. Você vai precisar de autorização para entrar.Respirei fundo, tentando processar a informação. Eu sabia que Eric estava com ela, mas ouvir aquilo — que ele já estava ao lado dela, enquanto eu estava aqui, preso do lado de fora — só fez a raiva crescer. Sentia meu sangue ferver ao pensar nele ali, ao lado de Rebecca, como se estivesse no controle de tudo.Mas eu precisava manter a compostura. A última coisa que eu queria era causar uma cena. Olhei para a enfermeira e, com toda a calma que consegui reunir, disse:— Então, por favor, avise a ela que estou aqui e peça
AaronDiante das minhas palavras, vi uma mudança sutil no rosto de Rebecca. Seus olhos se iluminaram, e ela abriu um sorriso suave, um gesto tímido, mas verdadeiro. Era como se uma nova vida surgisse em sua expressão, trazendo uma leveza que parecia impossível minutos antes.— Não esperava que você fosse aparecer aqui, Aaron — disse ela, sua voz suave e carregada de emoção. — Mas estou feliz que você esteja aqui... Eu senti tanto medo de perder o nosso bebê.As palavras dela me atingiram como uma onda, enchendo-me de um sentimento que eu mal sabia descrever. Segurei sua mão, levando-a aos meus lábios e depositando ali um beijo leve, como se aquela fosse a única forma de pedir desculpas por ter falhado.— Rebecca... desculpe pelo grande idiota que eu sou — sussurrei, o peso de tudo o que eu estou fazendo recaindo sobre mim. — Mas eu prometo que não vou sair do seu lado. Ficarei aqui até que você tenha alta e possamos sair juntos deste hospital.Ela arregalou os olhos, surpresa com a de
AaronSaí do hospital sentindo como se estivesse em um estado de torpor, incapaz de digerir o que havia acabado de acontecer. As palavras de Rebecca ainda ecoavam na minha mente, sua determinação fria em me afastar... e Eric, com aquele sorriso quase satisfeito, reforçando tudo o que eu queria ignorar. Entrei no carro, tentando acalmar meus pensamentos, mas minhas mãos estavam trêmulas no volante. O trânsito de São Paulo estava lento, como sempre, mas minha mente era uma avalanche de emoções. Passei por uma série de sinais vermelhos, mal registrando onde estava. De repente, senti um impacto e me dei conta de que havia batido na traseira do carro à minha frente. O motorista saiu do carro rapidamente, a expressão dele pura fúria. Já estava se aproximando, gritando algo que mal conseguia ouvir. Minha raiva e frustração estavam tão intensas que, ao invés de me acalmar, tudo em mim explodiu.— Presta atenção, você! — gritei de volta, saindo do carro, a voz elevada e descontrolada. — Não
PaollaA raiva fervia dentro de mim. Eric tinha acabado de me contar sobre os últimos acontecimentos, e eu mal podia acreditar no que estava ouvindo. Aaron só podia ter perdido o juízo. Ele estava prestes a jogar fora tudo o que construímos, todo o plano meticuloso que havíamos elaborado, tudo isso por causa daquela garota insípida, insossa, Rebecca.Senti um calor subindo pelo meu corpo e explodindo em uma mistura de frustração e indignação. A imagem de Rebecca, frágil e sem graça, dançando na mente de Aaron era quase insuportável. E agora, havia a possibilidade de ela perder o bebê, o único objetivo prático por trás dessa confusão. Sem o bebê, tudo iria por água abaixo, e eu não permitira que tudo o que planejamos fosse destruído por algo assim. Como Aaron podia não perceber o risco de estragar o futuro de ambos por um capricho?— Isso é inadmissível! — gritei, a fúria transbordando.— Paolla, eu preciso que você se acalme — disse ele, a voz baixa e controlada pelo telefone. — Eu ac
RebeccaNão conseguia parar de pensar em Aaron e na maneira intensa como ele apareceu no hospital. Ainda assim, com tudo isso borbulhando dentro de mim, mantive uma fachada tranquila. Sabia que o médico só me liberaria para ir para casa se eu parecesse bem o suficiente, e ficar presa naquele lugar já estava me deixando inquieta.Mas a minha mente voltava a Aaron e, inevitavelmente, a Eric. Eu estava furiosa com ele pela forma como tratou Aaron, quase como se estivesse determinado a mantê-lo longe de mim, a qualquer custo. Mas, ao mesmo tempo, sabia que os dois eram melhores amigos e que, de alguma forma, eles acabaram se entendendo, e que era melhor não interceder. No fundo, sabia que o desentendimento deles ia muito além do que eu podia controlar. Contudo, era desconcertante ver Eric agir daquela maneira.Quando finalmente ele me deixou sozinha, prometendo voltar na manhã seguinte, senti um alívio que era difícil disfarçar. Só de pensar em Eric e em como, por um breve momento, eu me
AaronAxel estava sentado na minha frente, o envelope com o resultado do teste repousando entre nós como uma barreira invisível. Embora ele tenha repetido inúmeras vezes que aquele bebê não era seu, ver o resultado negativo impresso ali, em preto e branco, trouxe um estranho sentimento em meu peito. Axel, sempre confiante, observava minha expressão com um olhar avaliativo, notando minha reação contida.Eu tentei esconder o que sentia, mas era difícil. Antonelle, a garota que dizia estar grávida de Axel, era claramente alguém em busca de fama e fortuna. Ela mesma afirmou isso durante a discussão no apartamento de Axel no sábado, como ele me contou. Mas a verdade era que, por um instante, enquanto estiver recluso no antigo quarto da mansão de nossos avós, a possibilidade de que Axel pudesse realmente ser o pai do bebê que Antonella dizia esperar parecia uma espécie de saída. Se o bebê fosse dele, então a pressão em torno de um herdeiro para mim e Paolla seria menos intensa. Eu poderia,
AaronPedi o divórcio, e por um breve momento, vi a expressão de Paolla se alterar. Foi como se todas as emoções conflitantes passassem por seu rosto — surpresa, raiva, incredulidade. Eu me preparei para uma explosão, mas as palavras dela me surpreenderam ainda mais.— Divórcio? Você só pode estar louco, Aaron. — Sua voz saiu baixa e fria, quase como um desafio. Ela respirou fundo, recolocou a bolsa no ombro e, com um movimento calculado, ergueu o queixo e acrescentou: — Na verdade, eu é que estou precisando de um tempo sozinha agora, para esquecer tamanha barbaridade que saiu da boca do meu próprio marido.Observei, atônito, enquanto ela se preparava para sair como se aquela fosse uma discussão trivial. — Paolla, espera... precisamos conversar sobre isso — tentei insistir, dando um passo na direção dela. — Aonde você vai?Eu sabia que era difícil, mas havia imaginado que, ao menos, ela teria alguma reação concreta. Ela parou apenas o suficiente para responder sem sequer se virar par
AaronA semana passou como um teste de resistência. Rebecca parecia ter sumido da minha vida. Eu não sabia onde ela estava, se estava bem. Tentei manter a calma, mas a sensação de impotência era insuportável. A cada dia que passava, meu foco e energia se dividiam entre a falta de notícias dela e a presença invasiva de Paolla. Mesmo que eu tivesse deixado claro que a situação entre nós estava insustentável, Paolla insistia em vir à mansão para os jantares em família, fingindo que tudo estava bem. E, em consideração aos meus avós, eu engolia cada palavra que poderia tornar o clima um inferno. Não queria ser a causa de uma discussão na presença deles.Mas o teatro de Paolla estava me tirando a paciência. A cada tentativa de conversa, sua voz se tornava mais insistente, como se me manipula para ceder e voltar para casa. Eu mantinha a mesma resposta, repetindo que nossa situação era insustentável, que não via um futuro para nós. Ela nunca aceitava. Cada discussão terminava em olhares frios