RebeccaNão conseguia parar de pensar em Aaron e na maneira intensa como ele apareceu no hospital. Ainda assim, com tudo isso borbulhando dentro de mim, mantive uma fachada tranquila. Sabia que o médico só me liberaria para ir para casa se eu parecesse bem o suficiente, e ficar presa naquele lugar já estava me deixando inquieta.Mas a minha mente voltava a Aaron e, inevitavelmente, a Eric. Eu estava furiosa com ele pela forma como tratou Aaron, quase como se estivesse determinado a mantê-lo longe de mim, a qualquer custo. Mas, ao mesmo tempo, sabia que os dois eram melhores amigos e que, de alguma forma, eles acabaram se entendendo, e que era melhor não interceder. No fundo, sabia que o desentendimento deles ia muito além do que eu podia controlar. Contudo, era desconcertante ver Eric agir daquela maneira.Quando finalmente ele me deixou sozinha, prometendo voltar na manhã seguinte, senti um alívio que era difícil disfarçar. Só de pensar em Eric e em como, por um breve momento, eu me
AaronAxel estava sentado na minha frente, o envelope com o resultado do teste repousando entre nós como uma barreira invisível. Embora ele tenha repetido inúmeras vezes que aquele bebê não era seu, ver o resultado negativo impresso ali, em preto e branco, trouxe um estranho sentimento em meu peito. Axel, sempre confiante, observava minha expressão com um olhar avaliativo, notando minha reação contida.Eu tentei esconder o que sentia, mas era difícil. Antonelle, a garota que dizia estar grávida de Axel, era claramente alguém em busca de fama e fortuna. Ela mesma afirmou isso durante a discussão no apartamento de Axel no sábado, como ele me contou. Mas a verdade era que, por um instante, enquanto estiver recluso no antigo quarto da mansão de nossos avós, a possibilidade de que Axel pudesse realmente ser o pai do bebê que Antonella dizia esperar parecia uma espécie de saída. Se o bebê fosse dele, então a pressão em torno de um herdeiro para mim e Paolla seria menos intensa. Eu poderia,
AaronPedi o divórcio, e por um breve momento, vi a expressão de Paolla se alterar. Foi como se todas as emoções conflitantes passassem por seu rosto — surpresa, raiva, incredulidade. Eu me preparei para uma explosão, mas as palavras dela me surpreenderam ainda mais.— Divórcio? Você só pode estar louco, Aaron. — Sua voz saiu baixa e fria, quase como um desafio. Ela respirou fundo, recolocou a bolsa no ombro e, com um movimento calculado, ergueu o queixo e acrescentou: — Na verdade, eu é que estou precisando de um tempo sozinha agora, para esquecer tamanha barbaridade que saiu da boca do meu próprio marido.Observei, atônito, enquanto ela se preparava para sair como se aquela fosse uma discussão trivial. — Paolla, espera... precisamos conversar sobre isso — tentei insistir, dando um passo na direção dela. — Aonde você vai?Eu sabia que era difícil, mas havia imaginado que, ao menos, ela teria alguma reação concreta. Ela parou apenas o suficiente para responder sem sequer se virar par
AaronA semana passou como um teste de resistência. Rebecca parecia ter sumido da minha vida. Eu não sabia onde ela estava, se estava bem. Tentei manter a calma, mas a sensação de impotência era insuportável. A cada dia que passava, meu foco e energia se dividiam entre a falta de notícias dela e a presença invasiva de Paolla. Mesmo que eu tivesse deixado claro que a situação entre nós estava insustentável, Paolla insistia em vir à mansão para os jantares em família, fingindo que tudo estava bem. E, em consideração aos meus avós, eu engolia cada palavra que poderia tornar o clima um inferno. Não queria ser a causa de uma discussão na presença deles.Mas o teatro de Paolla estava me tirando a paciência. A cada tentativa de conversa, sua voz se tornava mais insistente, como se me manipula para ceder e voltar para casa. Eu mantinha a mesma resposta, repetindo que nossa situação era insustentável, que não via um futuro para nós. Ela nunca aceitava. Cada discussão terminava em olhares frios
RebeccaAinda era difícil acreditar na rapidez com que tudo havia mudado mais uma vez. Quando aceitei a oferta de Eric para me matricular na escola de artes, parecia um sonho distante se tornando realidade. Porém, em menos de vinte e quatro horas, tudo foi organizado: matrícula confirmada, novo apartamento em Pinheiros e uma mudança que aconteceu tão depressa que eu mal tive tempo de processar. Era quase como se Eric tivesse planejado tudo antes mesmo de me consultar. Apesar da estranheza, o apartamento era confortável e a localização era perfeita para frequentar a escola. As aulas, de certa forma, vieram como um alívio. Cada vez que me sentava diante de uma tela ou segurava um pincel, me sentia imersa em algo que me fazia esquecer, nem que fosse por alguns instantes, o homem que não saia dos pensamentos: Aaron.Estava decidida a me concentrar no meu futuro e, principalmente, em manter a paz. Só que, por mais que eu tentasse, meus pensamentos sempre encontravam um jeito de retornar a
AaronLogo após o café da manhã, decidi que era hora de colocar minha vida profissional em ordem. A semana tinha sido um verdadeiro caos, meus pensamentos sempre focados em encontrar Rebecca e resolvendo conflitos que nunca pareciam chegar a um fim. Após a discussão com Eric no clube, percebi que precisava manter o controle sobre mim mesmo. O trabalho era o único refúgio que me restava, algo que, por mais difícil que fosse, ainda estava sob meu domínio. Por isso, fui direto à biblioteca do meu avô. A paz daquele lugar sempre me ajudava a organizar as ideias, e eu estava determinado a mergulhar nos projetos e relatórios que havia deixado de lado.Mas logo após o almoço, a tranquilidade foi quebrada. Sem bater na porta, Paolla entrou, vestida impecavelmente como sempre, e com aquele olhar decidido que me indicava que ela estava ali para insistir no mesmo assunto de sempre. Respirei fundo, já prevendo o que estava por vir.— Aaron, nós precisamos conversar. Já faz tempo que você está aq
AaronEstava sentado em meu escritório na Baumann, tentando me concentrar em um relatório importante, mas minha mente estava em outro lugar. Tudo o que eu conseguia pensar era em Rebecca, no vazio que sua ausência tinha deixado e na minha incapacidade de encontrá-la. Eric estava fora de questão, Paolla estava mais intrusiva do que nunca, e eu me via cada vez mais sem opções. A ideia de contratar alguém para encontrá-la parecia a única saída, mas onde eu encontraria uma pessoa de confiança, que fizesse um trabalho sério e discreto? A última coisa que eu precisava era de alguém que apenas quisesse se aproveitar da minha situação.Enquanto pensava, minha secretária bateu à porta, interrompendo meu fluxo caótico de pensamentos.— Senhor Baumann, Ettore está aqui. Posso mandá-lo entrar? A menção de Ettore trouxe uma ideia repentina, quase como se uma lâmpada se acendesse em minha mente. Ele era o chefe da segurança da família, um homem discreto, eficiente e leal. Se havia alguém capaz de
RebeccaDesde o dia do chá com Anneliese, minha vida parecia ter ganhado uma nova cor. Passamos a conversar quase todos os dias, e sua energia contagiante fazia com que eu me sentisse menos sozinha. Ela era atenciosa de um jeito que eu não esperava, sempre perguntando sobre minhas aulas na escola de artes ou sobre como eu estava me adaptando à nova rotina. Era um alívio ter alguém com quem falar, alguém que parecia genuinamente interessada na minha felicidade.As aulas na escola também estavam me transformando. A cada pincelada ou exercício, sentia como se estivesse, finalmente, conectando-me com algo essencial. Pela primeira vez em muito tempo, a sensação de que a vida estava passando por mim deu lugar a um entusiasmo crescente. Era como se, pouco a pouco, eu estivesse construindo algo meu, um futuro que fizesse sentido.No fim de semana seguinte, Anneliese insistiu que eu conhecesse sua família. No começo, fiquei hesitante, mas ela era tão persistente e animada que acabou me conven