AaronEstava sentado em meu escritório na Baumann, tentando me concentrar em um relatório importante, mas minha mente estava em outro lugar. Tudo o que eu conseguia pensar era em Rebecca, no vazio que sua ausência tinha deixado e na minha incapacidade de encontrá-la. Eric estava fora de questão, Paolla estava mais intrusiva do que nunca, e eu me via cada vez mais sem opções. A ideia de contratar alguém para encontrá-la parecia a única saída, mas onde eu encontraria uma pessoa de confiança, que fizesse um trabalho sério e discreto? A última coisa que eu precisava era de alguém que apenas quisesse se aproveitar da minha situação.Enquanto pensava, minha secretária bateu à porta, interrompendo meu fluxo caótico de pensamentos.— Senhor Baumann, Ettore está aqui. Posso mandá-lo entrar? A menção de Ettore trouxe uma ideia repentina, quase como se uma lâmpada se acendesse em minha mente. Ele era o chefe da segurança da família, um homem discreto, eficiente e leal. Se havia alguém capaz de
RebeccaDesde o dia do chá com Anneliese, minha vida parecia ter ganhado uma nova cor. Passamos a conversar quase todos os dias, e sua energia contagiante fazia com que eu me sentisse menos sozinha. Ela era atenciosa de um jeito que eu não esperava, sempre perguntando sobre minhas aulas na escola de artes ou sobre como eu estava me adaptando à nova rotina. Era um alívio ter alguém com quem falar, alguém que parecia genuinamente interessada na minha felicidade.As aulas na escola também estavam me transformando. A cada pincelada ou exercício, sentia como se estivesse, finalmente, conectando-me com algo essencial. Pela primeira vez em muito tempo, a sensação de que a vida estava passando por mim deu lugar a um entusiasmo crescente. Era como se, pouco a pouco, eu estivesse construindo algo meu, um futuro que fizesse sentido.No fim de semana seguinte, Anneliese insistiu que eu conhecesse sua família. No começo, fiquei hesitante, mas ela era tão persistente e animada que acabou me conven
AaronAssim que Paolla entrou na sala, o ar pareceu congelar. Seus olhos passaram primeiro por Rebecca, fixando-se nela por um instante longo e carregado de tensão, antes de se voltarem para mim. Eu sabia que ela estava tentando entender o que estava acontecendo, mas sua expressão rapidamente mudou de confusão para algo muito mais ameaçador.— O que está acontecendo aqui? — Paolla perguntou, seu tom demonstrando toda a sua ira.Eu cerrei os punhos, tentando manter a calma, mas estava claro que uma guerra estava prestes a começar. E eu não estava disposto a recuar. Não agora, com Rebecca diante de mim e a verdade tão próxima de vir à tona. Por mais que soubesse que aquilo abalaria tudo — minha relação com minha família, minha posição na Baumann, e o equilíbrio que eu havia mantido por tanto tempo — não havia mais espaço para dúvidas. Eu precisava lutar por Rebecca.Paolla deu alguns passos firmes em minha direção, os olhos agora brilhando com um misto de raiva e desespero.— O que está
RebeccaApós a saída de Paolla da sala, o silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Leonel me observava com uma expressão de desaprovação silenciosa, mas eu não me importava. Sua voz, grave e controlada, ecoou pela sala.— Aaron, venha comigo. Precisamos conversar. Agora. — Ele não estava pedindo; era uma ordem.Minha primeira reação foi recusar. Precisava falar com Rebecca, explicar tudo, tentar consertar o que ainda podia ser salvo.— Preciso resolver algo com Rebecca primeiro.Leonel estreitou os olhos, sua postura endurecendo ainda mais.— Resolver? — Ele deu um passo à frente, cada palavra carregada de desaprovação. — Você acabou de causar um escândalo na frente de toda a família. E agora acha que pode simplesmente sair e ignorar as consequências? Não tolero o comportamento de Paolla, mas o que você fez aqui é imperdoável.Senti minha raiva crescer, mas antes que eu pudesse dizer algo que piorasse a situação, Ettore interveio.— Aaron, talvez seja a hora de contar toda a verdade.
AaronLeonel me encarava com uma intensidade que fazia parecer que podia ver além das minhas palavras. Seus olhos não piscavam, e a tensão na sala era palpável. Quando ele finalmente quebrou o silêncio, sua voz saiu firme, como sempre, mas carregada de um peso que eu reconhecia: decepção.— Aaron, você tem certeza disso? Certeza dos seus sentimentos? E, mais importante, está absolutamente certo de sua separação de Paolla?Respirei fundo, sentindo o peso da pergunta, mas minha resposta veio sem hesitação.— Sim, vovô. Nunca estive tão certo em toda a minha vida. Mesmo que Rebecca não me queira, mesmo que isso termine sem nós dois juntos, não há a menor chance de eu voltar para Paolla.Busquei o olhar da minha avó, procurando por compreensão e ela me olhava com algo que parecia um misto de curiosidade e preocupação. Leonel, porém, continuava me observando com uma expressão severa. Ele então virou-se para Rebecca, sua postura endurecendo.— E você, Rebecca... — Ele fez uma pausa, e sua v
RebeccaAs palavras que Aaron dizia, a intensidade em seu olhar, suas promessas... Era difícil acreditar. Bom demais para ser verdade. Essa frase ecoava em minha mente, trazendo uma sensação de medo e incerteza.Eu nunca quis estar no meio de uma confusão como essa. A cena com Paolla na sala de estar foi o suficiente para me lembrar do peso que essa família deve carregar, do quão poderosas e implacáveis essas pessoas podem ser. Aaron parecia sincero, mas eu me perguntava se ele realmente entendia o que estava prometendo.— Aaron... — comecei, minha voz hesitante, mas ele me olhou com tanta intensidade que precisei desviar o olhar. — Eu não sei se sou capaz de fazer parte disso. Essa família... a confusão... tudo isso me assusta.Ele se inclinou ligeiramente para frente, os olhos fixos nos meus.— Rebecca, eu sei que tudo parece caótico agora. Sei que é pedir muito de você. Mas eu prometo que não vou deixar que nada disso a atinja. Eu estarei ao seu lado, sempre.— Eu só quero paz, Aar
AaronAssim que Rebecca sugeriu que fôssemos para o novo apartamento dela, senti uma onda de alívio percorrer meu corpo. Eu precisava de um lugar onde pudéssemos conversar sem interrupções, sem o peso constante da família e seus julgamentos.— Uma ótima ideia! — respondi, sem hesitar.A viagem até o novo endereço foi tranquila, mas minha mente estava cheia. Assim que entramos na sala do apartamento espaçoso e bem decorado, uma sensação de desconforto começou a crescer dentro de mim. O lugar era bonito, elegante até, algo que claramente contrastava com o apartamento pequeno e simples onde ela vivia antes.Enquanto Rebecca se movimentava pelo espaço com naturalidade, eu comecei a observar os detalhes. O sofá de tecido macio, a mobília discreta, mas de bom gosto, os toques de aconchego que faziam o lugar parecer um lar. Isso era exatamente o tipo de ambiente que eu imaginei que Rebecca deveria ter desde o começo, quando concordei com o plano de Eric. Mas não foi isso que aconteceu.Antes
AaronO som de algo suave, como passos abafados ou o ranger de uma porta, me tirou de um sono profundo. Meus olhos se abriram lentamente, olhando ao redor, e a estranheza do ambiente me atingiu. O quarto era confortável, espaçoso, mas não era meu. Por um breve instante, senti uma pontada de confusão, até que as memórias da noite anterior vieram à tona.Um sorriso suave se formou em meus lábios enquanto me recostava no travesseiro. Rebecca. Eu a encontrei. E, mais importante, ela aceitou dar uma chance para nós.Virei-me para o lado, esperando vê-la ainda deitada ao meu lado, mas a cama estava vazia. A preocupação começou a se formar no meu peito, e o medo de que tudo tivesse sido apenas uma invenção da minha mente cansada me atingiu como um soco.— Rebecca? — chamei, minha voz um pouco rouca.Antes que pudesse me levantar, a porta ao lado se abriu lentamente, revelando Rebecca. Ela estava usando um roupão atoalhado branco, os cabelos úmidos caindo sobre os ombros. Ela sorriu ao me ver