RebeccaApós a saída de Paolla da sala, o silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Leonel me observava com uma expressão de desaprovação silenciosa, mas eu não me importava. Sua voz, grave e controlada, ecoou pela sala.— Aaron, venha comigo. Precisamos conversar. Agora. — Ele não estava pedindo; era uma ordem.Minha primeira reação foi recusar. Precisava falar com Rebecca, explicar tudo, tentar consertar o que ainda podia ser salvo.— Preciso resolver algo com Rebecca primeiro.Leonel estreitou os olhos, sua postura endurecendo ainda mais.— Resolver? — Ele deu um passo à frente, cada palavra carregada de desaprovação. — Você acabou de causar um escândalo na frente de toda a família. E agora acha que pode simplesmente sair e ignorar as consequências? Não tolero o comportamento de Paolla, mas o que você fez aqui é imperdoável.Senti minha raiva crescer, mas antes que eu pudesse dizer algo que piorasse a situação, Ettore interveio.— Aaron, talvez seja a hora de contar toda a verdade.
AaronLeonel me encarava com uma intensidade que fazia parecer que podia ver além das minhas palavras. Seus olhos não piscavam, e a tensão na sala era palpável. Quando ele finalmente quebrou o silêncio, sua voz saiu firme, como sempre, mas carregada de um peso que eu reconhecia: decepção.— Aaron, você tem certeza disso? Certeza dos seus sentimentos? E, mais importante, está absolutamente certo de sua separação de Paolla?Respirei fundo, sentindo o peso da pergunta, mas minha resposta veio sem hesitação.— Sim, vovô. Nunca estive tão certo em toda a minha vida. Mesmo que Rebecca não me queira, mesmo que isso termine sem nós dois juntos, não há a menor chance de eu voltar para Paolla.Busquei o olhar da minha avó, procurando por compreensão e ela me olhava com algo que parecia um misto de curiosidade e preocupação. Leonel, porém, continuava me observando com uma expressão severa. Ele então virou-se para Rebecca, sua postura endurecendo.— E você, Rebecca... — Ele fez uma pausa, e sua v
RebeccaAs palavras que Aaron dizia, a intensidade em seu olhar, suas promessas... Era difícil acreditar. Bom demais para ser verdade. Essa frase ecoava em minha mente, trazendo uma sensação de medo e incerteza.Eu nunca quis estar no meio de uma confusão como essa. A cena com Paolla na sala de estar foi o suficiente para me lembrar do peso que essa família deve carregar, do quão poderosas e implacáveis essas pessoas podem ser. Aaron parecia sincero, mas eu me perguntava se ele realmente entendia o que estava prometendo.— Aaron... — comecei, minha voz hesitante, mas ele me olhou com tanta intensidade que precisei desviar o olhar. — Eu não sei se sou capaz de fazer parte disso. Essa família... a confusão... tudo isso me assusta.Ele se inclinou ligeiramente para frente, os olhos fixos nos meus.— Rebecca, eu sei que tudo parece caótico agora. Sei que é pedir muito de você. Mas eu prometo que não vou deixar que nada disso a atinja. Eu estarei ao seu lado, sempre.— Eu só quero paz, Aar
AaronAssim que Rebecca sugeriu que fôssemos para o novo apartamento dela, senti uma onda de alívio percorrer meu corpo. Eu precisava de um lugar onde pudéssemos conversar sem interrupções, sem o peso constante da família e seus julgamentos.— Uma ótima ideia! — respondi, sem hesitar.A viagem até o novo endereço foi tranquila, mas minha mente estava cheia. Assim que entramos na sala do apartamento espaçoso e bem decorado, uma sensação de desconforto começou a crescer dentro de mim. O lugar era bonito, elegante até, algo que claramente contrastava com o apartamento pequeno e simples onde ela vivia antes.Enquanto Rebecca se movimentava pelo espaço com naturalidade, eu comecei a observar os detalhes. O sofá de tecido macio, a mobília discreta, mas de bom gosto, os toques de aconchego que faziam o lugar parecer um lar. Isso era exatamente o tipo de ambiente que eu imaginei que Rebecca deveria ter desde o começo, quando concordei com o plano de Eric. Mas não foi isso que aconteceu.Antes
AaronO som de algo suave, como passos abafados ou o ranger de uma porta, me tirou de um sono profundo. Meus olhos se abriram lentamente, olhando ao redor, e a estranheza do ambiente me atingiu. O quarto era confortável, espaçoso, mas não era meu. Por um breve instante, senti uma pontada de confusão, até que as memórias da noite anterior vieram à tona.Um sorriso suave se formou em meus lábios enquanto me recostava no travesseiro. Rebecca. Eu a encontrei. E, mais importante, ela aceitou dar uma chance para nós.Virei-me para o lado, esperando vê-la ainda deitada ao meu lado, mas a cama estava vazia. A preocupação começou a se formar no meu peito, e o medo de que tudo tivesse sido apenas uma invenção da minha mente cansada me atingiu como um soco.— Rebecca? — chamei, minha voz um pouco rouca.Antes que pudesse me levantar, a porta ao lado se abriu lentamente, revelando Rebecca. Ela estava usando um roupão atoalhado branco, os cabelos úmidos caindo sobre os ombros. Ela sorriu ao me ver
AaronLevei Rebecca até a escola de artes, mesmo sabendo que o apartamento dela ficava a poucos minutos de distância. Insisti, e ela acabou aceitando, sorrindo diante da minha determinação. A verdade é que eu queria aproveitar cada momento ao lado dela.Quando estacionamos, Rebecca virou-se para mim, segurando sua bolsa no colo.— Não precisava ter me trazido, Aaron. — Sua voz era suave, mas havia um brilho de gratidão em seus olhos.— Eu quis. — Respondi com um sorriso. — E quero fazer isso sempre que puder.Ela hesitou por um momento, depois sorriu e se inclinou para me beijar levemente.
RebeccaAssim que abri a porta do meu apartamento, esperava encontrar o espaço silencioso e acolhedor que havia deixado naquela manhã. Em vez disso, quase deixei minha bolsa cair no chão quando vi Eric sentado no sofá, com uma postura casual, mas um olhar que me fez estremecer.— Eric? — exclamei, minha mão instintivamente indo até meu ventre. O susto fez meu coração disparar.Ele levantou os olhos para mim, como se minha surpresa fosse um exagero.— Boa tarde, Rebecca — disse ele, com um tom quase indiferente.Fechei a porta com cuidado, ainda tentando entender o que estava acontecendo.— O que você está fazendo aqui? Como entrou? — perguntei, minha voz carregada de incredulidade.Eric não se moveu. Permaneceu sentado, o pé cruzado sobre o tornozelo, sua expressão desconcertantemente tranquila.— Não sabia que precisava da sua autorização para entrar — respondeu ele, em um tom que era ao mesmo tempo casual e frio. — Na verdade, pensei que fosse o contrário.O queixo dele estava levem
AaronEstar ao lado de Rebecca me trazia uma felicidade que eu jamais imaginei possível. Cada momento com ela parecia simples e ao mesmo tempo extraordinário. Não era apenas sobre as palavras que compartilhamos ou os gestos de carinho. Era sobre a paz que ela trazia.Minha rotina havia mudado completamente, e eu adorava isso. Nossos dias começaram juntos, compartilhando um café da manhã simples, mas que parecia um banquete apenas por causa de sua companhia. Depois, eu a levava para a escola de artes e o restante do dia era dedicado à Baumann, e mesmo ali, onde os problemas geralmente me esmagavam, nada parecia capaz de me afetar. Quando voltava ao apartamento, o sorriso dela ao abrir a porta me fazia esquecer qualquer aborrecimento. Eu me sentia leve, como se nada mais importasse além daquele momento. Era tão diferente de tudo que vivi antes, especialmente com Paolla. Mas, apesar da felicidade que preenchia meus dias, algo persistia em minha mente como uma sombra. Minhas suspeitas s