Aaron
Uma semana havia se passado desde o último encontro entre mim e Rebecca, mas era como se o tempo não tivesse avançado. Não conseguia parar de pensar nela, como um eco incessante que me acompanhava em cada momento do dia. Estar ao lado de Paolla tornava-se uma tortura silenciosa, uma fachada que eu mantinha apenas por pura obrigação. Rebecca invadia meus pensamentos, dominando minha mente de uma maneira que me deixava agitado, inquieto, como um leão enjaulado.
Guardar tudo isso para mim estava se tornando insuportável. Queria desabafar com Eric, meu melhor amigo, mas algo me impedia. Não era vergonha, talvez fosse medo. Medo de admitir, em voz alta, que meu mundo estava de cabeça para baixo. Eu, Aaron, sempre tão controlado, agora estava à mercê de emo&c
PaollaAcordei naquela manhã de domingo sentindo uma onda de felicidade que parecia me envolver por completo. O jantar na mansão Baumann na noite anterior tinha sido um sucesso, pelo menos para mim. Aaron, por outro lado, estava apático e desanimado, mas isso não me incomodava nem um pouco. Eu sabia que ele estava apenas seguindo os planos, e isso era tudo o que importava para mim. Nossa relação estava morna, sem vida, e a falta de uma vida sexual ativa entre nós já não era uma questão preocupante. Na verdade, desde que eu soubesse que Aaron não estava encontrando a garota que carregava o filho dele, eu podia dormir tranquila. E, graças a Eric, eu tinha certeza disso.Foi uma batalha para convencer Eric, mas finalmente ele cedeu e contratou alguém para seguir todos os passos de Aaron. Eu precisava saber cada movimento dele, e os relatórios que recebi nos últimos dias foram extremamente satisfatórios. A última vez que Aaron esteve no apartamento de Rebecca foi logo após a descoberta da
RebeccaA solidão em São Paulo era esmagadora. Não tinha ninguém. Nem família, nem amigos. Apenas o vazio do apartamento e o silêncio. Depois de colocar um ponto final no que havia entre Aaron e eu, ele respeitou minha decisão e desapareceu, como eu havia pedido. Sabia que era o certo a se fazer, que não podia continuar naquele ciclo tóxico, mas viver com essa escolha estava sendo muito mais difícil do que eu imaginava.Eu tinha vindo para São Paulo com a cabeça cheia de sonhos. Queria ser artista, seguir o caminho que sempre me inspirou desde pequena. Mas agora, nem mesmo conseguia pintar. Minhas tintas estavam intactas, os pincéis jogados no canto do ateliê improvisado. Claro, eu podia culpar os enjoos que começaram a me consumir na última semana, mas a verdade era que minha cabeça estava longe de estar no lugar.Aaron não era parte da minha vida, e tenho um bebê estava crescendo dentro de mim, e eu não sabia como lidar com isso.Nos momentos em que a angústia apertava, tentava entr
RebeccaEu a encarei por alguns segundos, tentando processar o que estava acontecendo. Era um pouco surreal. Primeiro, porque eu me sentia como uma estranha em meu próprio corpo, e agora, estava sendo abordada por duas desconhecidas que pareciam estar vivendo uma vida bem mais tranquila e leve do que a minha. A mulher, Anneliese, parecia genuinamente simpática, o que me fez relaxar um pouco.— Ah, claro — respondi, ainda um pouco surpresa. — Posso tentar ajudar, sim.Anneliese deu um passo à frente, segurando um pequeno macacão nas mãos, azul-claro com detalhes bordados em branco. Ela o ergueu na minha direção.— O que você acha desse? — perguntou, com os olhos brilhando de expectativa. — Estamos escolhendo algo para o meu sobrinho, mas não temos muita certeza. Parece confortável?Observei o macacão por um momento, sentindo o tecido entre meus dedos. Era macio, certamente uma boa escolha para um bebê. Mas o simples fato de estar ali, sendo convidada a opinar em algo tão íntimo, me fez
RebeccaQuando recobrei a consciência, o teto branco e as luzes frias do shopping foram as primeiras coisas que vi. Minha cabeça latejava levemente, mas já estava começando a processar o que tinha acontecido. As duas mulheres que eu havia encontrado minutos antes, Pietra e Anneliese, estavam ao meu lado, seus rostos estampando preocupação genuína. Meus pensamentos ainda estavam um pouco embaralhados, mas eu conseguia ouvi-las claramente.— Ela está acordando — disse Anneliese com alívio na voz, se inclinando um pouco para me olhar melhor.— Já estou chamando a ambulância — Pietra informou, já com o telefone na mão, em uma postura firme. Havia algo em sua presença que transmitia controle, como se estivesse acostumada a gerenciar situações de crise.Tentei me sentar, mas minhas pernas estavam trêmulas, então me deixei relaxar novamente no chão frio. A sensação de fraqueza era assustadora, e meu coração batia acelerado. Não estava acostumada a me sentir tão vulnerável. Anneliese, com sua
AaronDesci do carro sentindo um desânimo que parecia cada vez mais difícil de esconder. Passei pelo hall sem realmente prestar atenção nos detalhes que me rodeavam — as obras de arte nas paredes, os móveis luxuosos, o som abafado dos passos ecoando no mármore. Não importava. Hoje, como em tantos outros dias, minha mente estava em outro lugar.Eu precisava de uma distração. Meus irmãos estavam reunidos na área de lazer, próximo à piscina, jogando sinuca. Axel e Anton eram competitivos demais, e isso sempre acabava em risos ou discussões acaloradas. Achei que assistir à disputa deles poderia me ajudar a tirar os pensamentos tumultuados de Rebecca da cabeça — pelo menos por um tempo.Mas ao me aproximar da mesa de sinuca, senti algo diferente no ar. As vozes não eram as habituais provocações entre meus irmãos. Além de Axel e Anton, Anneliese e Pietra também estavam lá, e todos falavam ao mesmo tempo, as palavras se sobrepondo em um tom carregado de agitação. Havia uma tensão curiosa que
RebeccaA enfermeira veio até o quarto para avisar que meu acompanhante já tinha chegado e após me despedir de Anneliese e Pietra, aguardei a chegada de Eric com certo receio. Deitada na cama do hospital, tentando me manter tranquila, quando a porta do quarto se abriu de maneira abrupta. Eric entrou, e imediatamente senti uma onda de tensão. Seu rosto estava carregado de contrariedade, os olhos fixos em mim como se estivesse esperando uma explicação que eu não sabia que devia dar. Meu coração acelerou, e meu corpo se enrijeceu automaticamente ao ver sua expressão dura.Ele não perdeu tempo.— Como você conheceu Anneliese? — Ele perguntou, sua voz carregada de uma rudeza que eu não esperava.Franzi o cenho, surpresa com a pergunta. A tensão no ar era palpável, mas eu não entendia por quê. Anneliese? O que ela tinha a ver com o comportamento agressivo de Eric? Tentei processar a situação, mas fiquei confusa. Ele me olhava como se estivesse esperando que eu confessasse algum grande segre
AaronQuando cheguei ao hospital, eu estava tentando manter a calma, mas meu coração batia rápido. Mas sabia que Rebecca estava ali, e precisava vê-la. Após me informar sobre onde ela estava internada, caminhei apressado na direção indicada. Mas ao me aproximar do quarto onde ela estava, uma enfermeira me interceptou, bloqueando a entrada com um sorriso profissional.— Desculpe, senhor, mas a paciente já tem um acompanhante. Você vai precisar de autorização para entrar.Respirei fundo, tentando processar a informação. Eu sabia que Eric estava com ela, mas ouvir aquilo — que ele já estava ao lado dela, enquanto eu estava aqui, preso do lado de fora — só fez a raiva crescer. Sentia meu sangue ferver ao pensar nele ali, ao lado de Rebecca, como se estivesse no controle de tudo.Mas eu precisava manter a compostura. A última coisa que eu queria era causar uma cena. Olhei para a enfermeira e, com toda a calma que consegui reunir, disse:— Então, por favor, avise a ela que estou aqui e peça
AaronDiante das minhas palavras, vi uma mudança sutil no rosto de Rebecca. Seus olhos se iluminaram, e ela abriu um sorriso suave, um gesto tímido, mas verdadeiro. Era como se uma nova vida surgisse em sua expressão, trazendo uma leveza que parecia impossível minutos antes.— Não esperava que você fosse aparecer aqui, Aaron — disse ela, sua voz suave e carregada de emoção. — Mas estou feliz que você esteja aqui... Eu senti tanto medo de perder o nosso bebê.As palavras dela me atingiram como uma onda, enchendo-me de um sentimento que eu mal sabia descrever. Segurei sua mão, levando-a aos meus lábios e depositando ali um beijo leve, como se aquela fosse a única forma de pedir desculpas por ter falhado.— Rebecca... desculpe pelo grande idiota que eu sou — sussurrei, o peso de tudo o que eu estou fazendo recaindo sobre mim. — Mas eu prometo que não vou sair do seu lado. Ficarei aqui até que você tenha alta e possamos sair juntos deste hospital.Ela arregalou os olhos, surpresa com a de