AaronEu estava exausto quando voltei para casa.Finalmente havia alcançado o objetivo que tanto persegui e em breve, daria a Leonel Baumann o tão esperado bisneto. Porém, eu não me sentia tão feliz quanto deveria estar.As circunstâncias eram amargas. Durante todo o dia, evitei pensar no retorno para casa e no encontro inevitável com Paolla. Eu sabia que ela estaria me esperando, como todas as noites, com um sorriso no rosto que se tornou quase um ritual.Ao abrir a porta, lá estava ela, sentada na sala mexendo em seu smartphone de última geração e com aquele sorriso ensaiado. — Como foi seu dia de trabalho, querido? — perguntou, tentando soar casual. Respondi mecanicamente que tinha sido um dia cheio e que por isso não pude chegar mais cedo. A verdade era que não tinha pressa nenhuma em voltar para aquela casa. Decidi contar a ela sobre a gravidez de Rebecca de uma vez, sem rodeios. Seu rosto iluminou-se de alegria genuína ao ouvir a notícia.— Precisamos ir à mansão Baumann contar
RebeccaQuando a campainha tocou de manhã cedo, senti uma pontada de nervosismo percorrer meu corpo. Aaron. Por alguma razão, eu sabia que era ele. Era uma sensação quase instintiva, que me fez repreender a mim mesma por ser tão tola. Quem poderia prever uma visita assim, logo de manhã? Mas ao abrir a porta e me deparar com Aaron, surpresa me envolveu. Mesmo que meus pensamentos estivessem constantemente com ele, vê-lo ali, em carne e osso, me abalou.Aaron estava ali, parado na minha frente, com uma expressão que misturava ansiedade e determinação. Ele vestia uma camisa azul clara que realçava seus olhos, e seus cabelos estavam um pouco desalinhados, como se ele tivesse passado as mãos muitas vezes por ele.— Aaron? O que você está fazendo aqui tão cedo? — perguntei, incerta sobre como reagir diante da sua presença. Meu coração batia descompassado, e senti um nó se formar na garganta.— Precisava te ver, Rebecca — ele respondeu, me surpreendendo com a intensidade de suas palavras.
AaronUma semana havia se passado desde o último encontro entre mim e Rebecca, mas era como se o tempo não tivesse avançado. Não conseguia parar de pensar nela, como um eco incessante que me acompanhava em cada momento do dia. Estar ao lado de Paolla tornava-se uma tortura silenciosa, uma fachada que eu mantinha apenas por pura obrigação. Rebecca invadia meus pensamentos, dominando minha mente de uma maneira que me deixava agitado, inquieto, como um leão enjaulado.Guardar tudo isso para mim estava se tornando insuportável. Queria desabafar com Eric, meu melhor amigo, mas algo me impedia. Não era vergonha, talvez fosse medo. Medo de admitir, em voz alta, que meu mundo estava de cabeça para baixo. Eu, Aaron, sempre tão controlado, agora estava à mercê de emo&c
PaollaAcordei naquela manhã de domingo sentindo uma onda de felicidade que parecia me envolver por completo. O jantar na mansão Baumann na noite anterior tinha sido um sucesso, pelo menos para mim. Aaron, por outro lado, estava apático e desanimado, mas isso não me incomodava nem um pouco. Eu sabia que ele estava apenas seguindo os planos, e isso era tudo o que importava para mim. Nossa relação estava morna, sem vida, e a falta de uma vida sexual ativa entre nós já não era uma questão preocupante. Na verdade, desde que eu soubesse que Aaron não estava encontrando a garota que carregava o filho dele, eu podia dormir tranquila. E, graças a Eric, eu tinha certeza disso.Foi uma batalha para convencer Eric, mas finalmente ele cedeu e contratou alguém para seguir todos os passos de Aaron. Eu precisava saber cada movimento dele, e os relatórios que recebi nos últimos dias foram extremamente satisfatórios. A última vez que Aaron esteve no apartamento de Rebecca foi logo após a descoberta da
RebeccaA solidão em São Paulo era esmagadora. Não tinha ninguém. Nem família, nem amigos. Apenas o vazio do apartamento e o silêncio. Depois de colocar um ponto final no que havia entre Aaron e eu, ele respeitou minha decisão e desapareceu, como eu havia pedido. Sabia que era o certo a se fazer, que não podia continuar naquele ciclo tóxico, mas viver com essa escolha estava sendo muito mais difícil do que eu imaginava.Eu tinha vindo para São Paulo com a cabeça cheia de sonhos. Queria ser artista, seguir o caminho que sempre me inspirou desde pequena. Mas agora, nem mesmo conseguia pintar. Minhas tintas estavam intactas, os pincéis jogados no canto do ateliê improvisado. Claro, eu podia culpar os enjoos que começaram a me consumir na última semana, mas a verdade era que minha cabeça estava longe de estar no lugar.Aaron não era parte da minha vida, e tenho um bebê estava crescendo dentro de mim, e eu não sabia como lidar com isso.Nos momentos em que a angústia apertava, tentava entr
RebeccaEu a encarei por alguns segundos, tentando processar o que estava acontecendo. Era um pouco surreal. Primeiro, porque eu me sentia como uma estranha em meu próprio corpo, e agora, estava sendo abordada por duas desconhecidas que pareciam estar vivendo uma vida bem mais tranquila e leve do que a minha. A mulher, Anneliese, parecia genuinamente simpática, o que me fez relaxar um pouco.— Ah, claro — respondi, ainda um pouco surpresa. — Posso tentar ajudar, sim.Anneliese deu um passo à frente, segurando um pequeno macacão nas mãos, azul-claro com detalhes bordados em branco. Ela o ergueu na minha direção.— O que você acha desse? — perguntou, com os olhos brilhando de expectativa. — Estamos escolhendo algo para o meu sobrinho, mas não temos muita certeza. Parece confortável?Observei o macacão por um momento, sentindo o tecido entre meus dedos. Era macio, certamente uma boa escolha para um bebê. Mas o simples fato de estar ali, sendo convidada a opinar em algo tão íntimo, me fez
RebeccaQuando recobrei a consciência, o teto branco e as luzes frias do shopping foram as primeiras coisas que vi. Minha cabeça latejava levemente, mas já estava começando a processar o que tinha acontecido. As duas mulheres que eu havia encontrado minutos antes, Pietra e Anneliese, estavam ao meu lado, seus rostos estampando preocupação genuína. Meus pensamentos ainda estavam um pouco embaralhados, mas eu conseguia ouvi-las claramente.— Ela está acordando — disse Anneliese com alívio na voz, se inclinando um pouco para me olhar melhor.— Já estou chamando a ambulância — Pietra informou, já com o telefone na mão, em uma postura firme. Havia algo em sua presença que transmitia controle, como se estivesse acostumada a gerenciar situações de crise.Tentei me sentar, mas minhas pernas estavam trêmulas, então me deixei relaxar novamente no chão frio. A sensação de fraqueza era assustadora, e meu coração batia acelerado. Não estava acostumada a me sentir tão vulnerável. Anneliese, com sua
AaronDesci do carro sentindo um desânimo que parecia cada vez mais difícil de esconder. Passei pelo hall sem realmente prestar atenção nos detalhes que me rodeavam — as obras de arte nas paredes, os móveis luxuosos, o som abafado dos passos ecoando no mármore. Não importava. Hoje, como em tantos outros dias, minha mente estava em outro lugar.Eu precisava de uma distração. Meus irmãos estavam reunidos na área de lazer, próximo à piscina, jogando sinuca. Axel e Anton eram competitivos demais, e isso sempre acabava em risos ou discussões acaloradas. Achei que assistir à disputa deles poderia me ajudar a tirar os pensamentos tumultuados de Rebecca da cabeça — pelo menos por um tempo.Mas ao me aproximar da mesa de sinuca, senti algo diferente no ar. As vozes não eram as habituais provocações entre meus irmãos. Além de Axel e Anton, Anneliese e Pietra também estavam lá, e todos falavam ao mesmo tempo, as palavras se sobrepondo em um tom carregado de agitação. Havia uma tensão curiosa que