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Capítulo 4: Um Pedido Inusitado

Pitter observava Amara atentamente, seu olhar fixo parecia querer penetrar na mente dela, como se buscasse a verdade por trás de sua surpresa. Ele analisava cada traço do rosto dela, tentando entender se o espanto era genuíno ou uma farsa bem elaborada.

Depois de um longo momento de silêncio, parecia que ele finalmente acreditava que Amara não tinha ideia da identidade de Théo. Sua voz soou fria, como se fosse esculpida em gelo:

— Faça seu pedido.

— Pedido? Que pedido? — Amara franziu o cenho, confusa.

— Meu irmão quer agradecer por salvar Théo. Ele está pedindo que você declare seu pedido! — Pietro Riddel respondeu com uma expressão animada, como se tivesse acabado de encontrar um tesouro perdido.

Amara processou rapidamente as palavras. Cautelosa, ela respondeu:

— Vocês realmente não precisam me agradecer. É verdade que salvei o Théo, mas ele também me salvou. Se não fosse por ele saindo para buscar ajuda, eu ainda estaria presa lá. Podemos considerar que estamos quites.

Ela sabia que o simples ato de salvar Théo já era suficiente para criar uma conexão desconfortável com a poderosa família Riddel. Evitar qualquer suspeita era sua prioridade.

Pitter não parecia satisfeito. Seu rosto mantinha uma expressão séria, quase fria, que fez Amara sentir um calafrio.

— Será que eu disse algo errado? — pensou, aflita com o olhar intimidante dele.

— Irmão, não faça essa cara assustadora! — Pietro interrompeu, tentando aliviar o clima. — Parece que você quer se vingar! Meu irmão não gosta de dever favores, então é melhor você fazer um pedido. Não precisa ser modesta!

Amara suspirou internamente. Não era comum ser forçada a fazer um pedido, mas ela sabia que recusar poderia complicar ainda mais as coisas.

— Não é questão de modéstia, é que vocês realmente não precisam me retribuir. O que eu disse é verdade, podem verificar…

— Não precisa — Pitter cortou, direto.

Pietro explicou:

— Há uma gravação das câmeras de segurança do bar. Já vimos tudo. Théo entrou sozinho. E a gerente já confessou que foi ela quem trancou você lá dentro. Não precisa se preocupar, ninguém está desconfiando de você. Agora, por favor, peça algo!

Amara percebeu que insistir seria inútil. Sob o olhar penetrante de Pitter, ela finalmente cedeu:

— Então... que tal dinheiro?

Ela pensou que esse seria o pedido mais neutro e seguro. Afinal, ricos geralmente preferiam resolver tudo com dinheiro.

No entanto, para sua surpresa, a expressão de Pitter se tornou ainda mais sombria.

— Insultar com dinheiro? — Pietro traduziu em tom de brincadeira. — Acho que meu irmão considera isso indigno.

Amara queria gritar: Está tudo bem! Só me dê o dinheiro!

Por um momento, parecia que a situação estava prestes a virar um impasse. Até que Pitter quebrou o silêncio:

— Case comigo.

O mundo de Amara parou por um instante. Ela tossiu violentamente, quase engasgando com a própria saliva.

— O quê? O que você acabou de dizer?

Ela olhou para Pietro, implorando por uma tradução, mas, desta vez, nem ele sabia como reagir.

— Irmão, o que você quer dizer? Nem eu consigo traduzir isso!

Amara tentou manter a compostura. Com hesitação, arriscou:

— Não me diga que você decidiu se retribuir… com seu corpo?

Pitter inclinou a cabeça, ponderando por um momento antes de assentir.

— Pode interpretar dessa forma.

A resposta dele a deixou sem palavras. O ambiente ficou tão carregado que Amara não sabia se deveria rir, chorar ou simplesmente fugir.

Amara sentia como se estivesse presa em um sonho surreal. Ela encarava o homem à sua frente — o Pitter Riddel de expressão impenetrável, que acabara de proferir palavras tão impactantes quanto absurdas. Segurando a testa, balbuciou, incrédula:

— Doutor... Onde está o médico? Acho que bati a cabeça e danifiquei meu cérebro. Estou alucinando…

Ao lado dela, Pietro mantinha uma expressão igualmente confusa, embora com uma ponta de diversão:

— Eu nem caí, mas estou começando a achar que também sofri algum dano cerebral.

Por mais resiliente que Amara fosse, tendo enfrentado todo tipo de adversidade emocional, nem mesmo ela estava preparada para digerir aquilo. Salvar o pequeno Théo já parecia um evento extraordinário por si só, mas agora o pai dele queria retribuir… com o próprio corpo?

Se fosse outra pessoa, talvez ela pudesse considerar aquilo como uma proposta romântica inusitada. Mas era Pitter de quem estavam falando! Aquele homem, cuja postura parecia intocável e que provavelmente já havia cruzado caminhos com as mais impressionantes beldades do mundo.

— Você... não é gay? — escapou, antes que ela pudesse conter os pensamentos que fervilhavam.

A pergunta pairou no ar como uma bomba. Pietro caiu na gargalhada, rindo tão alto que parecia que a enfermaria inteira tremeu com o som. Já a expressão de Pitter escureceu, adquirindo o tom opaco de uma tempestade iminente.

— Se o meu irmão fosse gay — Pietro disse, ainda rindo, entre pausas dramáticas para recuperar o fôlego — de onde você acha que veio o Théo?

— Bem, barriga de aluguel? Inseminação artificial? — sugeriu Amara, com um tom defensivo, mas provocador.

Pietro estava se divertindo mais do que deveria.

— Se ele fosse gay, por que diabos ele iria querer retribuir com o próprio corpo?

— Talvez… para esconder sua orientação verdadeira? — ela rebateu, encarando-o de forma desafiadora.

O riso de Pietro se transformou em uma tosse descontrolada, enquanto ele tentava recuperar o fôlego.

— Céus! Esse tipo de gosto é pesado demais até para mim. Eu sei que sou atraente para homens e mulheres, mas…

Nesse instante, o próprio centro da tempestade, Pitter, levantou-se lentamente de sua cadeira. Suas pernas longas e firmes avançaram, cada passo mais intimidante do que o anterior.

— Pietro, leve o Théo para fora — ordenou, com frieza.

Pietro piscou, confuso:

— Irmão, o que você está planejando?

Pitter não respondeu de imediato. Ele ajeitou calmamente o punho da manga, um movimento calculado que fez Amara recuar de imediato.

— Provar minha orientação sexual para a Srta. Amara.

A expressão gélida no rosto dele fez o coração dela disparar.

— Espere! Sr. Pitter, isso foi só uma brincadeira! Eu juro que só ouvi essas bobagens por aí! Nem fui eu que comecei! De verdade, você deveria ir atrás das fontes dessas fofocas!

As palavras saíram de sua boca em uma velocidade quase sobrenatural, e ela mal percebeu que havia se escondido atrás da cama, quase engatinhando.

— Além disso, eu realmente não preciso de nenhum agradecimento! Se quer que eu faça um pedido, peço apenas que… que não me peça outro pedido! Ah, desculpe, preciso ir! Tenho uma audição importante em breve! Adeus! — Amara disparou as frases sem fôlego e se preparou para sair correndo.

No entanto, antes de dar o terceiro passo, a voz fria de Pitter a deteve:

— Eu permiti que você saísse?

Ela parou no mesmo instante, sentindo as pernas fraquejarem. Seria esse o seu fim?

Mas, surpreendendo-a, ele apenas lhe entregou um papel e uma caneta.

— Poderia escrever um bilhete para o Théo? Não quero que ele se preocupe quando acordar e não te encontrar.

Era só isso? Apenas um bilhete? Ela sobreviveu!

— Claro! Sem problemas! Escrevo até dez mil palavras, se quiser! — Amara respondeu aliviada, rabiscando o bilhete com rapidez. Assim que terminou, ela praticamente fugiu da sala, sem olhar para trás.

Do outro lado, Pitter observou sua partida com uma expressão indecifrável, como se ela fosse uma presa já marcada por um caçador.

— Irmão, estou sonhando? — Pietro aproximou-se, chocado. — Você gostou mesmo da Amara? Depois de 32 anos sem dar sinais de interesse em ninguém, eu estava começando a achar que você…

Antes que ele completasse, Pitter lançou-lhe um olhar cortante.

— Cale-se.

— Sim, senhor! — Pietro respondeu de imediato, embora estivesse claramente frustrado por ter que guardar para si a enxurrada de perguntas que queria fazer.

E, pela primeira vez em anos, ele sentiu que algo realmente interessante estava para acontecer.

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