Na sala de recepção do Eton Bar, o ambiente era sufocante.
O chefe do bar, gerentes, seguranças e todos os funcionários relacionados estavam alinhados, com os rostos tomados pelo pavor. A tensão era palpável, pois o pequeno príncipe da Família Rideel, o precioso filho de Pitter Rideel, havia desaparecido dentro do estabelecimento.
Sentado no sofá, Pitter permanecia impassível, com o rosto tão frio quanto mármore. Não demonstrava emoção alguma, mas a autoridade que exalava parecia sufocar todos na sala. As pernas de alguns tremiam visivelmente, e o suor escorria de seus rostos, como se estivessem à beira de um julgamento final.
Diante dele, ajoelhado, estava Pietro, o irmão mais novo de Pitter, que chorava desesperadamente:
— Irmão! Me perdoe! Foi culpa minha! Eu não deveria ter levado Pequeno Théo para um bar! Se algo acontecer com ele, eu não me perdoarei!Mal terminou de falar e Pitter desferiu um chute certeiro contra seu peito.
O som do impacto ecoou, seguido de um leve estalo. Os outros presentes encolheram-se com medo, mal conseguindo disfarçar o choque. Pietro, mesmo sentindo a dor aguda, tossiu algumas vezes e logo se recompôs, ajoelhando-se novamente, de cabeça baixa e em silêncio.
Ele sabia que a situação era gravíssima. Se seus pais, que estavam viajando ao exterior, descobrissem o desaparecimento do pequeno, Pitter não seria o único a puni-lo. Pietro sentia como se o peso do mundo caísse sobre ele.
De repente, uma batida fraca soou na porta da sala.
O chefe do bar, mais próximo, apressou-se a abrir. No início, não viu ninguém. Mas ao olhar para baixo, ficou paralisado. Seus olhos se arregalaram, e ele gaguejou:
— Pequeno… Pequeno jovem mestre!Théo Riddel estava ali, bem diante deles.
— Théo! Nossa Senhora das Crianças! — gritou Pietro, correndo para abraçar o sobrinho. — Graças aos céus! Você está bem? Para onde você foi?
Todos na sala respiraram aliviados, como se tivessem sobrevivido a um desastre iminente.
Pitter aproximou-se com passos firmes e, ao chegar à porta, afastou Pietro com um movimento seco. Ele se agachou na frente do filho e perguntou com firmeza:
— O que aconteceu?Théo, que havia se libertado dos braços do tio, agarrou a mão do pai e tentou puxá-lo para fora da sala. Pitter hesitou por um momento, percebendo um leve aroma no ar. Era uma fragrância peculiar, como a de flores silvestres em uma noite gelada. Algo naquela fragrância o fez parar, seu coração disparou de forma inexplicável.
Mas Théo estava impaciente. Ele apontava para uma direção específica, emitindo sons roucos e ansiosos:
— Huh, huh!Sem questionar, Pitter pegou o filho no colo e seguiu na direção indicada. Pietro e os outros, confusos, trocaram olhares e decidiram acompanhar.
Após alguns minutos, o grupo chegou ao último andar, diante de um depósito trancado. Théo desceu rapidamente do colo do pai e começou a bater na porta com insistência, sua expressão de urgência evidente.
— O que há aí dentro? — perguntou Pietro, ainda perplexo.
Pitter não perdeu tempo. Ordenou:
— Abram a porta.O chefe do bar, em pânico, virou-se para a gerente Pillar:
— Pillar, abra a porta agora! Onde está a chave?Pillar hesitou. Sua mente fervilhava. Ela sabia que Amara estava trancada lá dentro por sua ordem, cumprindo um pedido de Melissa. Mas sob a pressão de Pitter, recusá-lo seria impossível. Tremendo, ela finalmente pegou a chave e destrancou a porta.
Assim que a porta se abriu, uma figura feminina desmaiada no chão revelou-se.
— Mas o que é isso? Por que tem uma mulher aqui? — o chefe vociferou, voltando-se para Pillar.
— Eu… eu não sei! Quando verifiquei pela última vez, não havia ninguém! — mentiu Pillar, tentando esconder seu pânico.
Pitter lançou um olhar gélido ao grupo. Quando um dos seguranças tentou se aproximar da mulher, Théo rapidamente se colocou entre eles, espalhando os braços como se fosse protegê-la.
Seu rostinho expressava uma ferocidade incomum, algo que ninguém esperava de uma criança tão pequena. Pitter observou a cena com interesse. Algo naquela mulher havia conquistado a confiança de seu filho.
Enquanto isso, Pietro sussurrou, confuso:
— Quem é ela?Pitter deu um passo à frente, seus olhos fixos na mulher inconsciente. Seus pensamentos se perderam por um momento na fragrância familiar que agora se espalhava pelo ar.
Ele finalmente quebrou o silêncio:
— Leve-a para um médico. Agora.“Sr. Riddel, isso…”, disse o dono do bar, o rosto repleto de perplexidade enquanto tentava compreender a situação.
O olhar gélido de Pitter Riddel percorreu a sala. Ele observou a gerente, cujo semblante entregava sua culpa, depois analisou a escada no chão e a pequena claraboia, suficiente apenas para uma criança pequena. Com isso, ele já havia entendido quase tudo.
Sem dizer uma palavra, levantou a mão, indicando para todos se afastarem. Em seguida, aproximou-se e ergueu a mulher inconsciente do chão.
A fragrância suave e refrescante que emanava dela tornou-se ainda mais evidente em seu abraço, mexendo com algo profundo em seu interior.
Ao ver o pai carregando a mulher, Théo hesitou, mas não interferiu. Ainda assim, sua expressão mostrava claramente o pensamento: "Se eu fosse maior, teria carregado ela sozinho."
*Primeiro Hospital Popular de San Francisco*
Quando Amara abriu os olhos, já era manhã do dia seguinte.
A primeira coisa que viu foi um homem sentado junto à janela. Suas pernas finas estavam cruzadas com descuido, mas sua postura transbordava autoridade. Ele vestia um terno sob medida que realçava seus ombros largos e a cintura fina, com os botões da camisa branca fechados impecavelmente até o colarinho.
Embora a luz suave da manhã o envolvesse, o homem parecia cercado por um gelo eterno, com uma expressão indiferente digna de um rei medieval.
Sentindo o olhar de Amara, ele levantou os olhos, revelando um par de íris profundas como o oceano. Seu olhar frio parecia atravessá-la como um bisturi, dando-lhe arrepios.
Tentando ignorar a sensação desconfortável, ela perguntou com ansiedade:
“Com licença, senhor... como cheguei aqui? Você viu um garotinho? Cerca de quatro ou cinco anos, muito branco e macio, não fala muito e... é incrivelmente fofo?”O homem arqueou levemente a sobrancelha diante da descrição, desviou o olhar para o lado direito dela e respondeu com uma voz tão fria quanto sua expressão:
“Você quer dizer Théo?”Amara seguiu a direção do olhar e viu um menino pequeno, com a pele clara e macia, dormindo profundamente em um berço ao lado dela, com um ID preso na mão.
“Sim, é ele! Ele se chama Théo?” Amara suspirou de alívio, inclinando-se para tocar a testa do garoto. Sua febre havia passado.
A culpa tomou conta dela. Permitir que a criança saísse sozinha de um lugar tão caótico como um bar havia sido um erro grave. Felizmente, ele estava bem.
Ela olhou para o homem imponente e perguntou:
“Você é… o pai dele?”Antes mesmo de terminar a frase, percebeu a resposta. O rosto do homem e o do garoto eram tão parecidos que só poderiam ser pai e filho.
Com firmeza, ele respondeu:
“Pai.”De repente, outro rosto surgiu animado ao lado dela.
“Oi, moça bonita! Você está acordada! Sou Pietro Riddel, o segundo tio do Théo!”Amara recuou ligeiramente, surpresa. Olhou para o homem e exclamou:
“Pietro Riddel?!”Pietro era conhecido como o dono da Astros & Strellas Entertainment, com uma fama que rivalizava a de muitos artistas devido à sua aparência marcante e personalidade cativante.
Juntando as peças, Amara entendeu: o homem frio e imponente, Pitter Riddel, era o pai de Théo; Pietro, o irmão carismático, era o tio. Então…
Ela mal podia acreditar. Théo, o garotinho que ela havia salvado, era ninguém menos que o filho do poderoso e lendário Pitter Riddel, o imperador sem coroa da capital!
Pitter observava Amara atentamente, seu olhar fixo parecia querer penetrar na mente dela, como se buscasse a verdade por trás de sua surpresa. Ele analisava cada traço do rosto dela, tentando entender se o espanto era genuíno ou uma farsa bem elaborada.Depois de um longo momento de silêncio, parecia que ele finalmente acreditava que Amara não tinha ideia da identidade de Théo. Sua voz soou fria, como se fosse esculpida em gelo:— Faça seu pedido.— Pedido? Que pedido? — Amara franziu o cenho, confusa.— Meu irmão quer agradecer por salvar Théo. Ele está pedindo que você declare seu pedido! — Pietro Riddel respondeu com uma expressão animada, como se tivesse acabado de encontrar um tesouro perdido.Amara processou rapidamente as palavras. Cautelosa, ela respondeu:— Vocês realmente não precisam me agradecer. É verdade que salvei o Théo, mas ele também me salvou. Se não fosse por ele saindo para buscar ajuda, eu ainda estaria presa lá. Podemos considerar que estamos quites.Ela sabia q
Como era hora do rush, o trânsito estava especialmente ruim. Quando Amara chegou, ela já estava atrasada.Pillar e Melissa estavam sorrindo de orelha a orelha enquanto saíam do prédio de audição. Eles estavam cercados por uma multidão que ofereceu parabéns.Vendo Amara de longe, suando enquanto corria para o prédio, Melissa olhou para ela com o mesmo olhar de cinco anos atrás.Era o olhar de uma divindade observando uma formiga.Um rastro de poeira foi deixado para trás quando Melissa arrogante saiu em sua minivan. Amara correu rapidamente para dentro do prédio depois de ver Melissa partir.Não era tarde demais!De repente, Amara correu para um grupo de pessoas que estavam conversando alegremente enquanto caminhavam. Eles eram os jurados do painel para as audições de Se Amar nas Estrelas.“Desculpe, estou atrasada!” Amara fez uma profunda reverência.Observando que Amara havia bloqueado o caminho deles e os interrompido, alguns juízes trocaram olhares, claramente infelizes.Ninguém go
A primeira coisa que Amara fez depois de voltar para casa foi tirar uma soneca para recuperar o sono perdido. Depois que acordou, ela foi ao supermercado, comprando ingredientes e acompanhamentos, incluindo cerveja, para preparar um ensopado picante. Com sua primeira missão vencida, ela estava pronta para comemorar com um ensopado em casa!Comer ensopado sozinha era, sem dúvida, uma das experiências mais solitárias que alguém poderia enfrentar… Mas pelo menos ela já estava acostumada a essa solidão, depois de tantos momentos de isolamento.Foi quando uma batida na porta a fez interromper seus pensamentos. Quem seria a essa hora?Amara ficou atordoada, e ao abrir a porta, seus olhos se arregalaram ao ver quem estava ali.Pitter estava parado à porta, vestindo um elegante terno ocidental e um casaco escuro. Em seus braços, ele carregava o pequeno Théo, enquanto o garoto segurava uma cesta de frutas coloridas.Isso… Que tipo de combinação estranha era aquela?“Sr. Pitter?” Amara engoliu
Amara encontrou no fundo do armário um pijama infantil em forma de Pikachu, algo que ela havia comprado durante um antigo trabalho de meio período. Pensou que serviria bem para Théo. Quanto a Pitter, a solução foi mais simples: o irmão mais novo dela, Pietro, tinha deixado algumas peças de roupa durante uma visita.Enquanto procurava por roupas, Amara se lembrou brevemente de seus pais adotivos e do irmão mais novo, Lorenzo Anbrósio. Desde que havia se reconciliado com seus pais biológicos, o contato com a família adotiva havia diminuído. Era uma memória dolorosa, mas rapidamente ela a deixou de lado.Com as roupas encontradas, Amara voltou ao quarto e pegou um conjunto novo de lençóis e fronhas. O sofá da sala não era grande o suficiente para Pitter se deitar confortavelmente, então ela improvisou, usando um banquinho para estender o espaço.Théo, por sua vez, era independente para a idade. Depois de se lavar e vestir o pijama de Pikachu, foi direto para a cama. Ele parecia um coelhi
Amara sentou-se obedientemente na cadeira, como uma aluna envergonhada do ensino fundamental. Seu rosto transparecia um misto de desespero e resignação.Pitter a observava, apoiando a cabeça com uma das mãos. Na penumbra da noite, ele parecia ainda mais enigmático e perigoso do que seu habitual comportamento austero durante o dia.— Você está com medo de mim? — perguntou ele, sem rodeios.Amara balançou a cabeça vigorosamente, depois assentiu de forma cuidadosa.— Provavelmente ninguém na cidade deixaria de ter medo de você, certo?Pitter sorriu de leve, mas seus dedos continuaram brincando com a xícara entre suas mãos. Com a mesma serenidade de antes, ele disparou outra pergunta:— Então você tem medo de mim porque os outros têm? Nesse caso, por que não se casa comigo, já que tantas outras mulheres querem?A pergunta fez Amara quase escorregar da cadeira. Ela achava que já havia escapado daquele tipo de conversa anteriormente, mas claramente tinha subestimado a determinação dele.— C
Pillar estava furiosa no escritório:— Amara conseguiu o papel de protagonista feminina coadjuvante!— Protagonista feminina coadjuvante? — Melissa franziu a testa. — Ela não estava apenas interpretando um papel irrelevante em algum filme desconhecido? Como é que teve tempo para fazer o teste para a protagonista feminina coadjuvante?— Também achei estranho. Descobri algumas coisas sobre a audição de ontem — respondeu Pillar, pensativa. — Os jurados estavam prestes a sair quando viram Amara por acaso. Decidiram ali mesmo que ela era perfeita para o papel. Parece que sua intuição estava certa: essa garota é perigosa. As audições já tinham terminado, e ainda assim ela conseguiu influenciar os jurados. Quem sabe o que ela fez para convencê-los?Pillar hesitou antes de continuar. Sabia que a aparência de Amara era uma arma poderosa. Não seria surpresa se algum dos jurados tivesse se encantado com ela.Inicialmente, Pillar planejava moldar Amara cuidadosamente quando a contratou. Mas, entã
Amara hesitou enquanto encarava o número salvo em seu telefone. Por mais que tivesse tentado evitar o momento, finalmente decidiu discar.Desde o incidente de cinco anos atrás, a ideia de interagir com crianças fazia com que memórias dolorosas emergissem. Era impossível esquecer o que havia perdido... a criança que carregava suas maiores esperanças e que agora representava seu passado mais sombrio.Porém, havia algo diferente em Théo. Ele não trazia consigo o desconforto ou as lembranças ruins. Ao contrário, a presença dele parecia aquecer sua alma. Era como se houvesse algo inexplicavelmente reconfortante nele.— Alô? — A voz do outro lado era um silêncio tímido.Amara sorriu, compreendendo imediatamente. — Théo? É você, não é? Desculpe a demora para ligar. A tia acabou de terminar o trabalho e lembrou de você!Sem resposta, ela continuou, conversando com suavidade:— Você já comeu? Espero que esteja se alimentando bem. Está muito magrinho, sabia? Crianças precisam comer para crescer
Théo amava o silêncio. Normalmente, depois de jantar, ele se retirava para seu quarto, isolando-se do restante da casa. Todos os funcionários precisavam finalizar suas tarefas e ir para seus próprios aposentos em silêncio absoluto. Qualquer som que perturbasse o ambiente o deixava irritado, ou pior, fora de controle.Certa vez, Madame Kléo enviou alguns lanches ao quarto dele, preocupada com a possibilidade de que não estivesse comendo o suficiente. Mas Théo, em resposta, simplesmente se trancou no sótão. Era um espaço onde ninguém ousava incomodá-lo.Apesar de todo o amor e preocupação de Pitter e Pietro, ninguém na casa se atrevia a forçar interações desnecessárias com Théo. Contudo, naquela noite, o inesperado aconteceu. O garoto, que sempre evitava companhia, tomou a iniciativa de sair do quarto. Mais surpreendente ainda: correu diretamente até Pitter, agarrando-se à perna do pai com determinação.Pietro não pôde conter o riso."Théo, o que está fazendo? Tentando me comprar com su