PROMESSA VERMELHA.Capítulo 22. Um infernoTalvez a única coisa que pudesse interromper o silêncio tormentoso que havia naquele jardim eram aqueles saltos inoportunos de uma das organizadoras que estava procurando Mauro como louca.—Senhor Keller! Já é hora do seu discurso, os convidados estão ficando impacientes.—Preciso de mais cinco minutos —respondeu ele sem olhá-la.—Mas é que...—Que esperem! Que bebam mais champanhe! Isto é uma festa, não é? Pois que continuem festejando e eu vou chegar para dar o discurso quando chegar! —rosnou Mauro com impaciência e o silêncio voltou quando a mulher se apressou a sair para cumprir sua ordem.No entanto no fundo sabia que nem cinco, nem dez nem vinte minutos nem todo o tempo do mundo seria suficiente para convencer Ainara a não ir embora. E por alguma estranha razão sentia que no mesmo momento que a perdesse de vista, ela desapareceria para sempre.—Ainara... preciso que você fique, por favor, esta conversa não pode terminar aqui... —
PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 23. A verdadeO sorriso no rosto de Mauro era sarcástico enquanto fechava a porta daquele escritório às suas costas e olhava com expressão assassina para Lugh.O Senador o observou com um gesto de incredulidade e Mauro abriu o botão do terno, metendo as mãos nos bolsos antes de sorrir.—Então, bom rapaz. Por que você não conta ao Senador Rosso a relação que Ainara e eu tínhamos há dez anos e por que terminou? —sibilou olhando para Lugh e este apertou os punhos.—Não se meta nisso! Dê o fora daqui! Eu não tenho...!—Não acho que você seja tão idiota a ponto de esperar que ele não descubra —rosnou Mauro—. Você acha que Ainara não vai falar com o pai dela nunca mais? Que ele não vai perguntar por que ela rompeu o noivado com você?Rosso conteve a respiração porque era evidente que já havia outra pessoa que conhecia seu segredo, e diferente de seus advogados, Mauro não lhe devia nenhum silêncio.—Chega, Keller! Você está se metendo em águas perigosas aqui!
PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 24. O conhecido e o... inesperadoHavia um ponto próximo entre o desespero e a culpa que não deixava Mauro pregar os olhos. Nem sequer sabia quando tinha sido a última vez que tinha dormido, mas sim estava certo de que a última vez que tinha descansado, tinha sido só nos braços de Ainara.Um milhão de lembranças lhe vieram à mente de dez anos atrás, tudo o que tinha acontecido, a forma como tinha partido seu coração, porque agora entendia que isso era exatamente o que tinha feito.Tinha quebrado sua promessa, tinha machucado Ainara exatamente como seu pai a tinha machucado e nos últimos meses tinha pretendido mantê-la como uma amante nas sombras, exatamente o mesmo que sua mãe tinha sido toda sua vida.—Tem que ser muito idiota mesmo! —exclamou furioso batendo no volante, mas o sair um pouco da estrada foi o que o fez voltar a prestar atenção antes de provocar um acidente.Chegou a Zurique antes do meio-dia e só ligou para seu pai para avisar que estava
PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 25. Revelações dolorosasNada, nem mesmo o próprio Superman em pessoa descendo epicamente do céu na frente dele teria causado tanto efeito em Mauro."June". Só nesse momento a lembrança lhe voltou como um golpe o nome da mãe de Ainara.—June Jáuregui —murmurou e a menina assentiu batendo palmas emocionada.—Sim, sim! É assim que eu me chamo!E Mauro não soube o que lhe doía mais, se saber que Ainara tinha tido uma filha ou que aquela pequena fosse a segunda menina na família que carregava o sobrenome de sua mãe.Recuou um pouco trêmulo, apoiando-se no corrimão da escada, enquanto as duas pessoas na sua frente tentavam entender por que ele tinha ficado tão pálido.—Quer entrar, senhor Keller? —disse-lhe a senhora mais velha apressada—. Faço um chá para o senhor! Venha, venha!A mãozinha da menina puxando-o foi o que pareceu fazê-lo reagir, e Mauro sentiu que seu coração parava quando finalmente esteve dentro daquele apartamento, e absolutamente cada co
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja