PROMESSA VERMELHA.Capítulo 27. Uma suspeitaMauro queria que a terra se abrisse aos seus pés, que o inferno o engolisse, porque cada uma daquelas palavras de Ainara tinha o poder de arrancar seu coração. Ela não confiava em ninguém mais, e isso incluía que também não confiasse nele.—Escuta... espera... Espera, Ainara, por favor —suplicou pegando suas mãos—. Sei que você não tem motivos para confiar em mim, sei que não cumpri minha promessa e que te abandonei... sei que me comportei da pior forma possível, mas por favor, me escuta. Eu posso mudar tudo isso. Eu posso mudar qualquer insegurança que você tenha, posso te proteger se você quiser escapar... Por favor me deixa fazer isso.Mas toda a resposta da moça foi recuar.—Não. Já tenho um destino calculado e tenho... tenho que ir —sentenciou—, porque você não está nele. No final tudo o que aconteceu nesses meses... serviu para que eu vá com a consciência tranquila, mas isso não muda o fato de que quero ir embora.Mauro levou as
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 28. Uma lembrança aterrorizanteAinara sentiu que o coração batia em seu peito de uma forma que já não podia controlar. Nem sequer fez escândalo por Mauro tê-la seguido desde que tinha saído de seu apartamento: era um idiota traidor, mas isso só se referia ao aspecto romântico. Por mais que o detestasse às vezes, estava certa de que era um homem com uma qualidade bastante alta.Olhou pelo retrovisor e apesar das luzes altas dos carros foi capaz de distinguir aquela caminhonete preta que estava apenas alguns carros atrás.—Mauro... o que...? O que está acontecendo? —murmurou enquanto seus olhos se concentravam na pequena June, que vinha dormindo na parte de trás.Por um instante só se ouviu um palavrão entre dentes e depois a voz do homem chegou absolutamente segura."Ainara, me escuta muito bem", disse ele enquanto tentava manter a calma. Sabia que naquele veículo ia uma mulher, mas não estava certo se podia ir mais alguém. "Quero que você vire à direi
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 29. Uma famíliaNão podia tremer. Tinha sua filha nos braços então Ainara sabia que não podia tremer, e mesmo assim aquele sexto sentido a fez se agachar enquanto todos seus instintos disparavam, anunciando-lhe que aqueles que passavam correndo pela lateral da loja... essa gente estava procurando por ela.Se escondeu atrás de uns casacos enormes, esperando que a camuflassem porque sabia que não podia entrar em nenhum provador, alguém com um mínimo de inteligência procuraria ali em primeiro lugar.Não disse nem uma palavra, nem uma só apesar de ainda ter o viva-voz preso em uma orelha. A única coisa que saía de seus lábios era um chiado suave com o qual pretendia acalmar June, que ia e vinha do sono.Estava tão tensa que quando sentiu que puxavam ela seu peito se encheu para exalar um grito desesperado até que alguém cobriu sua boca.—Sou eu! Shshshshsh! Sou eu! —escutou a voz de Mauro em seu ouvido e ele a virou imediatamente, pegando a pequena de seus
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 30. Inimigos ocultosViu-a levar as duas mãos à cabeça e negar com desespero. Era linda, mesmo tão angustiada como estava era a mulher mais linda que Mauro tinha conhecido em sua vida e nada podia mudar isso, como nada podia mudar o fato de que estava apaixonado por ela até os ossos, sempre tinha estado e sempre estaria.Puxou sua mão e a envolveu em um abraço poderoso, sentindo como começava a respirar mais devagar, como se seu calor pudesse tranquilizá-la ao menos por um momento.—Me diz você o que aconteceu, porque pra ser honesta, não entendo absolutamente nada —murmurou a moça e Mauro a levantou pelos quadris com um gesto firme para sentá-la sobre a ilha da cozinha.Depois abriu a geladeira e tirou uma garrafa de vinho fria, porque definitivamente os dois precisavam respirar depois de tudo o que tinha acontecido.—Para começar, a senhora Dorina é completamente inútil no que diz respeito à proteção da June. Não digo que não seja uma boa babá ou que
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 31. TomaraJá era de madrugada, a temperatura estava baixando lá fora e Mauro sabia que Ainara estava angustiada. Nem sequer tinham conseguido trazer suas malas, porque tinham saído correndo no carro de Mauro, então foi buscar algumas coisas em um dos quartos e voltou com uma pequena muda de roupa como para June.—E isso? —perguntou ela franzindo a testa com curiosidade.—Isso é mais velho que Matusalém —riu ele em um sussurro—. Passei quase toda minha infância nesta casa, e minha mãe tem uma resistência especial em jogar fora qualquer coisa minha, então no armário do meu quarto você pode encontrar algumas roupas que podem servir para June, pelo menos por enquanto. Amanhã vou sair para comprar mais roupas para vocês.Ainara não queria incomodar, mas naquele momento estava nervosa demais para se fazer de difícil.—Está bem... agradeço —murmurou e viu que Mauro colocava outra muda maior.—Pijamas para você. Meus. Para que você não esqueça meu cheirinho
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 32. Quando isso acabarEstava com medo e era natural, mas quando Ainara acordou no meio daquele silêncio foi como se tivessem dado um soco em seu estômago, devia ter amanhecido faz tempo, porque o sol estava forte, e era estranho que June não acordasse assim que amanhecesse.Desceu da cama com o coração na boca e foi até o quarto de Mauro para ver a caminha desarrumada. Por sorte o alívio a invadiu quando leu aquele bilhete sobre a ilha da cozinha:"Fomos buscar café da manhã porque o Senhor Pompita está com fome. Só siga a trilha até o final".Correu para colocar roupa de rua e jogou um casaco grande por cima antes de sair da casa e ver que de fato se desenhava uma trilha perfeita de cascalho entre a terra do bosque. Seguiu-a apressada e viu que mais abaixo na colina se delineava uma propriedade enorme e clássica, de pedras antigas e aspecto senhorial.O caminho levava a uma entrada traseira da casa e muito logo as risadas de June assaltaram seus ouvi
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 33. O que forAinara esfregou os olhos com frustração, tentando manter a calma, mas sabia que seria impossível.—Você não está me colocando em nenhuma posição vulnerável, Mauro, pelo menos não em relação a você — sussurrou, exausta, enquanto se sentava em um dos sofás. Ele acendeu a lareira no meio da sala para aquecê-los. — Os dois sabemos o que aconteceu dez anos atrás, e eu... não te culpo por isso, você simplesmente escolheu em quem acreditar...—E eu deveria ter acreditado em você! Deveria ter confiado em você!—Eu sei, mas você não fez — respondeu ela, dando de ombros. — Você não fez, as coisas acabaram entre nós, e eu segui minha vida, minha filha... meus planos. Adianta agora você ficar nostálgico e fazer um show de arrependimento? Isso não vai mudar o que aconteceu.Mauro levou as mãos à cabeça, frustrado, porque infelizmente era verdade. Se quisesse reatar com Ainara, não poderia partir do passado e do arrependimento, mas da ação, do agora.
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da