PROMESSA VERMELHA.Capítulo 21. Promessa vermelhaAquele definitivamente era um dia ruim para se chamar Mauro Keller. Tinha em cima uma gala de inauguração de dois hospitais, toda a imprensa do país em cima, uma traição de dez anos nas costas e a dolorosa certeza de que tinha perdido o amor de sua vida.E mesmo assim, por mais obrigações que tivesse ou por mais que quisesse terminar de quebrar a cara do desgraçado do Lugh, suas prioridades estavam muito claras e o fizeram sair correndo pelo mesmo corredor por onde Ainara tinha desaparecido.—Você e eu vamos acertar as contas mais tarde, traidor filho da mãe! —cuspiu em direção a Lugh antes de ir, e para Charmaine não disse nada porque parecia que o tapa da moça já a tinha deixado engolindo o sangue da própria língua.Ainara estava aliviada. Não tinha outra palavra para descrever a forma como se sentia, porque "feliz" sem dúvida não era a correta, mas estava tranquila de poder dar resposta finalmente àquela incerteza que tinha tido
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 22. Um infernoTalvez a única coisa que pudesse interromper o silêncio tormentoso que havia naquele jardim eram aqueles saltos inoportunos de uma das organizadoras que estava procurando Mauro como louca.—Senhor Keller! Já é hora do seu discurso, os convidados estão ficando impacientes.—Preciso de mais cinco minutos —respondeu ele sem olhá-la.—Mas é que...—Que esperem! Que bebam mais champanhe! Isto é uma festa, não é? Pois que continuem festejando e eu vou chegar para dar o discurso quando chegar! —rosnou Mauro com impaciência e o silêncio voltou quando a mulher se apressou a sair para cumprir sua ordem.No entanto no fundo sabia que nem cinco, nem dez nem vinte minutos nem todo o tempo do mundo seria suficiente para convencer Ainara a não ir embora. E por alguma estranha razão sentia que no mesmo momento que a perdesse de vista, ela desapareceria para sempre.—Ainara... preciso que você fique, por favor, esta conversa não pode terminar aqui... —
PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 23. A verdadeO sorriso no rosto de Mauro era sarcástico enquanto fechava a porta daquele escritório às suas costas e olhava com expressão assassina para Lugh.O Senador o observou com um gesto de incredulidade e Mauro abriu o botão do terno, metendo as mãos nos bolsos antes de sorrir.—Então, bom rapaz. Por que você não conta ao Senador Rosso a relação que Ainara e eu tínhamos há dez anos e por que terminou? —sibilou olhando para Lugh e este apertou os punhos.—Não se meta nisso! Dê o fora daqui! Eu não tenho...!—Não acho que você seja tão idiota a ponto de esperar que ele não descubra —rosnou Mauro—. Você acha que Ainara não vai falar com o pai dela nunca mais? Que ele não vai perguntar por que ela rompeu o noivado com você?Rosso conteve a respiração porque era evidente que já havia outra pessoa que conhecia seu segredo, e diferente de seus advogados, Mauro não lhe devia nenhum silêncio.—Chega, Keller! Você está se metendo em águas perigosas aqui!
PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 24. O conhecido e o... inesperadoHavia um ponto próximo entre o desespero e a culpa que não deixava Mauro pregar os olhos. Nem sequer sabia quando tinha sido a última vez que tinha dormido, mas sim estava certo de que a última vez que tinha descansado, tinha sido só nos braços de Ainara.Um milhão de lembranças lhe vieram à mente de dez anos atrás, tudo o que tinha acontecido, a forma como tinha partido seu coração, porque agora entendia que isso era exatamente o que tinha feito.Tinha quebrado sua promessa, tinha machucado Ainara exatamente como seu pai a tinha machucado e nos últimos meses tinha pretendido mantê-la como uma amante nas sombras, exatamente o mesmo que sua mãe tinha sido toda sua vida.—Tem que ser muito idiota mesmo! —exclamou furioso batendo no volante, mas o sair um pouco da estrada foi o que o fez voltar a prestar atenção antes de provocar um acidente.Chegou a Zurique antes do meio-dia e só ligou para seu pai para avisar que estava
PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 25. Revelações dolorosasNada, nem mesmo o próprio Superman em pessoa descendo epicamente do céu na frente dele teria causado tanto efeito em Mauro."June". Só nesse momento a lembrança lhe voltou como um golpe o nome da mãe de Ainara.—June Jáuregui —murmurou e a menina assentiu batendo palmas emocionada.—Sim, sim! É assim que eu me chamo!E Mauro não soube o que lhe doía mais, se saber que Ainara tinha tido uma filha ou que aquela pequena fosse a segunda menina na família que carregava o sobrenome de sua mãe.Recuou um pouco trêmulo, apoiando-se no corrimão da escada, enquanto as duas pessoas na sua frente tentavam entender por que ele tinha ficado tão pálido.—Quer entrar, senhor Keller? —disse-lhe a senhora mais velha apressada—. Faço um chá para o senhor! Venha, venha!A mãozinha da menina puxando-o foi o que pareceu fazê-lo reagir, e Mauro sentiu que seu coração parava quando finalmente esteve dentro daquele apartamento, e absolutamente cada co
PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 26. Meu coração é seu—O homem para quem você disse sim.As palavras de Mauro colocaram um sorriso sarcástico no rosto de Ainara, e ele entendeu em um só segundo.—Você nunca teve intenções de se casar com ele —murmurou sabendo que o caráter da mulher tinha mudado completamente desde a última vez que a tinha visto. O suficiente para mentir e sobreviver a qualquer custo.Viu-a passar ao seu lado e dirigir-se à janela, onde olhou lá fora, para o pequeno parque onde sua filha brincava.—Lugh sempre quis alguma coisa. E sempre soube que não podia me livrar dele pela relação entre nossos pais —respondeu ela com tom frio—. O problema é que eu também queria alguma coisa, só precisava de tempo para conseguir. A proposta de casamento foi... precipitada, inoportuna. Mas sou inteligente o suficiente para saber que recusá-la poderia trazer consequências desastrosas para meus planos, então aceitei até que pudesse... fazer o que estou fazendo agora.Olhou-o nos olhos
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 27. Uma suspeitaMauro queria que a terra se abrisse aos seus pés, que o inferno o engolisse, porque cada uma daquelas palavras de Ainara tinha o poder de arrancar seu coração. Ela não confiava em ninguém mais, e isso incluía que também não confiasse nele.—Escuta... espera... Espera, Ainara, por favor —suplicou pegando suas mãos—. Sei que você não tem motivos para confiar em mim, sei que não cumpri minha promessa e que te abandonei... sei que me comportei da pior forma possível, mas por favor, me escuta. Eu posso mudar tudo isso. Eu posso mudar qualquer insegurança que você tenha, posso te proteger se você quiser escapar... Por favor me deixa fazer isso.Mas toda a resposta da moça foi recuar.—Não. Já tenho um destino calculado e tenho... tenho que ir —sentenciou—, porque você não está nele. No final tudo o que aconteceu nesses meses... serviu para que eu vá com a consciência tranquila, mas isso não muda o fato de que quero ir embora.Mauro levou as
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 28. Uma lembrança aterrorizanteAinara sentiu que o coração batia em seu peito de uma forma que já não podia controlar. Nem sequer fez escândalo por Mauro tê-la seguido desde que tinha saído de seu apartamento: era um idiota traidor, mas isso só se referia ao aspecto romântico. Por mais que o detestasse às vezes, estava certa de que era um homem com uma qualidade bastante alta.Olhou pelo retrovisor e apesar das luzes altas dos carros foi capaz de distinguir aquela caminhonete preta que estava apenas alguns carros atrás.—Mauro... o que...? O que está acontecendo? —murmurou enquanto seus olhos se concentravam na pequena June, que vinha dormindo na parte de trás.Por um instante só se ouviu um palavrão entre dentes e depois a voz do homem chegou absolutamente segura."Ainara, me escuta muito bem", disse ele enquanto tentava manter a calma. Sabia que naquele veículo ia uma mulher, mas não estava certo se podia ir mais alguém. "Quero que você vire à direi