PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 24. O conhecido e o... inesperadoHavia um ponto próximo entre o desespero e a culpa que não deixava Mauro pregar os olhos. Nem sequer sabia quando tinha sido a última vez que tinha dormido, mas sim estava certo de que a última vez que tinha descansado, tinha sido só nos braços de Ainara.Um milhão de lembranças lhe vieram à mente de dez anos atrás, tudo o que tinha acontecido, a forma como tinha partido seu coração, porque agora entendia que isso era exatamente o que tinha feito.Tinha quebrado sua promessa, tinha machucado Ainara exatamente como seu pai a tinha machucado e nos últimos meses tinha pretendido mantê-la como uma amante nas sombras, exatamente o mesmo que sua mãe tinha sido toda sua vida.—Tem que ser muito idiota mesmo! —exclamou furioso batendo no volante, mas o sair um pouco da estrada foi o que o fez voltar a prestar atenção antes de provocar um acidente.Chegou a Zurique antes do meio-dia e só ligou para seu pai para avisar que estava
PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 25. Revelações dolorosasNada, nem mesmo o próprio Superman em pessoa descendo epicamente do céu na frente dele teria causado tanto efeito em Mauro."June". Só nesse momento a lembrança lhe voltou como um golpe o nome da mãe de Ainara.—June Jáuregui —murmurou e a menina assentiu batendo palmas emocionada.—Sim, sim! É assim que eu me chamo!E Mauro não soube o que lhe doía mais, se saber que Ainara tinha tido uma filha ou que aquela pequena fosse a segunda menina na família que carregava o sobrenome de sua mãe.Recuou um pouco trêmulo, apoiando-se no corrimão da escada, enquanto as duas pessoas na sua frente tentavam entender por que ele tinha ficado tão pálido.—Quer entrar, senhor Keller? —disse-lhe a senhora mais velha apressada—. Faço um chá para o senhor! Venha, venha!A mãozinha da menina puxando-o foi o que pareceu fazê-lo reagir, e Mauro sentiu que seu coração parava quando finalmente esteve dentro daquele apartamento, e absolutamente cada co
PAIXÃO VERMELHA.Capítulo 26. Meu coração é seu—O homem para quem você disse sim.As palavras de Mauro colocaram um sorriso sarcástico no rosto de Ainara, e ele entendeu em um só segundo.—Você nunca teve intenções de se casar com ele —murmurou sabendo que o caráter da mulher tinha mudado completamente desde a última vez que a tinha visto. O suficiente para mentir e sobreviver a qualquer custo.Viu-a passar ao seu lado e dirigir-se à janela, onde olhou lá fora, para o pequeno parque onde sua filha brincava.—Lugh sempre quis alguma coisa. E sempre soube que não podia me livrar dele pela relação entre nossos pais —respondeu ela com tom frio—. O problema é que eu também queria alguma coisa, só precisava de tempo para conseguir. A proposta de casamento foi... precipitada, inoportuna. Mas sou inteligente o suficiente para saber que recusá-la poderia trazer consequências desastrosas para meus planos, então aceitei até que pudesse... fazer o que estou fazendo agora.Olhou-o nos olhos
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 27. Uma suspeitaMauro queria que a terra se abrisse aos seus pés, que o inferno o engolisse, porque cada uma daquelas palavras de Ainara tinha o poder de arrancar seu coração. Ela não confiava em ninguém mais, e isso incluía que também não confiasse nele.—Escuta... espera... Espera, Ainara, por favor —suplicou pegando suas mãos—. Sei que você não tem motivos para confiar em mim, sei que não cumpri minha promessa e que te abandonei... sei que me comportei da pior forma possível, mas por favor, me escuta. Eu posso mudar tudo isso. Eu posso mudar qualquer insegurança que você tenha, posso te proteger se você quiser escapar... Por favor me deixa fazer isso.Mas toda a resposta da moça foi recuar.—Não. Já tenho um destino calculado e tenho... tenho que ir —sentenciou—, porque você não está nele. No final tudo o que aconteceu nesses meses... serviu para que eu vá com a consciência tranquila, mas isso não muda o fato de que quero ir embora.Mauro levou as
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 28. Uma lembrança aterrorizanteAinara sentiu que o coração batia em seu peito de uma forma que já não podia controlar. Nem sequer fez escândalo por Mauro tê-la seguido desde que tinha saído de seu apartamento: era um idiota traidor, mas isso só se referia ao aspecto romântico. Por mais que o detestasse às vezes, estava certa de que era um homem com uma qualidade bastante alta.Olhou pelo retrovisor e apesar das luzes altas dos carros foi capaz de distinguir aquela caminhonete preta que estava apenas alguns carros atrás.—Mauro... o que...? O que está acontecendo? —murmurou enquanto seus olhos se concentravam na pequena June, que vinha dormindo na parte de trás.Por um instante só se ouviu um palavrão entre dentes e depois a voz do homem chegou absolutamente segura."Ainara, me escuta muito bem", disse ele enquanto tentava manter a calma. Sabia que naquele veículo ia uma mulher, mas não estava certo se podia ir mais alguém. "Quero que você vire à direi
PROMESSA VERMELHA.Capítulo 29. Uma famíliaNão podia tremer. Tinha sua filha nos braços então Ainara sabia que não podia tremer, e mesmo assim aquele sexto sentido a fez se agachar enquanto todos seus instintos disparavam, anunciando-lhe que aqueles que passavam correndo pela lateral da loja... essa gente estava procurando por ela.Se escondeu atrás de uns casacos enormes, esperando que a camuflassem porque sabia que não podia entrar em nenhum provador, alguém com um mínimo de inteligência procuraria ali em primeiro lugar.Não disse nem uma palavra, nem uma só apesar de ainda ter o viva-voz preso em uma orelha. A única coisa que saía de seus lábios era um chiado suave com o qual pretendia acalmar June, que ia e vinha do sono.Estava tão tensa que quando sentiu que puxavam ela seu peito se encheu para exalar um grito desesperado até que alguém cobriu sua boca.—Sou eu! Shshshshsh! Sou eu! —escutou a voz de Mauro em seu ouvido e ele a virou imediatamente, pegando a pequena de seus
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab