Os olhos de Noémi faiscaram de raiva e o eco daquele tapa se ouviu em toda a casa enquanto ela apertava o punho porque a palma da mão tinha ficado doendo.—Não permita que minha gentileza te confunda —sibilou—. A mim me falta com respeito quem eu quiser, e você é a última pessoa na Terra que pode fazer isso porque te dei mais do que já dei a qualquer homem na minha vida.Deu-lhe as costas e saiu dali. Não podia falar mais com ele naquele momento, porque se permitisse que outra palavra saísse de sua boca acabaria chorando ou se arrependendo, e nenhuma dessas duas coisas faziam parte de seu caráter.Noémi sabia duas coisas que ninguém mais sabia: a primeira era que essa seria a última vez que sua irmã estaria junto à sua família por muito tempo. E a segunda era que não podia forçar palavras em ouvidos que não queriam escutar.Foi para casa, se preparou para o casamento de Loan e naquela tarde não fez nada além de atender sua família e cuidar de Chiara, tentando que nada a afetasse mais d
Vinte e quatro horas. Noémi se deu vinte e quatro horas para chorar porque no fundo também era humana. Foi ao aeroporto, viu Levi e Peter pegarem aquele voo e aceitou, porque não lhe restava outra opção, que seu caminho e o de Levi iriam se separar. Aceitou que não podia fazer nada para mudar isso, e confirmou o que sempre tinha pensado: que não era saudável colocar o coração na cama, e vice-versa.Limpou as lágrimas e ajeitou as calças para os meses que viriam, porque sabia que não seriam fáceis. Chiara e ela tentaram manter a família o mais afastada possível da verdade. O advogado de sua irmã conseguiu um acordo para um julgamento totalmente privado, e o desespero de Jhon conseguiu que nem a mídia ficasse sabendo.Depois vieram as declarações. As tentativas de Jhon de desmentí-la. Chiara assumindo uma culpa que não era sua, e a renúncia a tudo o que tinha. Ver sua irmã assinar aquela cessão dos bens que lhe restavam para não voltar a arriscar a família golpeou muito forte Noémi. Talv
Ela assentiu e fechou os olhos antes de ficar rendida por um tempinho.Para Noémi era difícil ver sua irmã, mais ainda quando sabia que não merecia estar naquela situação, mas não podia fazer nada, só esperar que cumprisse a sentença que lhe tinham dado. Nino tinha movido céu e contatos poderosos para que a transferissem para a Suíça na maior discrição, assim pelo menos a tinha por perto.—Te tratam bem aqui? —perguntou Noémi no dia seguinte enquanto se sentava naquela pequena varanda e tomava um café.—Sim, Viktor me cuida como se o bebê fosse eu —murmurou sua irmã com um suspiro—. Pensei que sentiria falta de ver as pessoas, falar com outras pessoas, trabalhar... mas não é assim, Noe.—Não sente minha falta? —sua gêmea fez um biquinho.—Claro, e dos meus irmãos e dos meus sobrinhos... e da mamãe e do papai. —Por um segundo seus olhos se cristalizaram mas sacudiu a cabeça para espantar as lágrimas—. Mas não me refiro a isso. A vida que eu tinha, dessa não sinto falta. Outro dia Viktor
Levi já tinha conhecido Oslo, adorava; afinal era um bichinho do frio, onde houvesse neve, esse era seu lugar.O senhor Larsen o recebeu com atenções que Levi jamais tinha sonhado, o levou para passear pela cidade para que conhecesse os lugares mais bonitos de Oslo, e depois seguiram para as instalações da equipe de esqui, onde Levi pôde ver com seus próprios olhos o impressionante material com que contariam para a próxima temporada.Larsen tinha comprado uma mansão completa para a equipe de seu filho, estava situada em uma colina, rodeada de árvores, perto da pista profissional onde treinariam. A casa era impressionante e tinha todas as comodidades que os adolescentes pudessem desejar: começando por uma academia totalmente equipada e uma enorme piscina coberta. Os quartos eram amplos e aconchegantes, cada um com seu próprio banheiro, tetos altos, lareiras de pedra, móveis de madeira entalhada e tapetes de lã.Para Levi havia uma casa com acesso independente na ala direita da mansão, p
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja