Ela assentiu e fechou os olhos antes de ficar rendida por um tempinho.Para Noémi era difícil ver sua irmã, mais ainda quando sabia que não merecia estar naquela situação, mas não podia fazer nada, só esperar que cumprisse a sentença que lhe tinham dado. Nino tinha movido céu e contatos poderosos para que a transferissem para a Suíça na maior discrição, assim pelo menos a tinha por perto.—Te tratam bem aqui? —perguntou Noémi no dia seguinte enquanto se sentava naquela pequena varanda e tomava um café.—Sim, Viktor me cuida como se o bebê fosse eu —murmurou sua irmã com um suspiro—. Pensei que sentiria falta de ver as pessoas, falar com outras pessoas, trabalhar... mas não é assim, Noe.—Não sente minha falta? —sua gêmea fez um biquinho.—Claro, e dos meus irmãos e dos meus sobrinhos... e da mamãe e do papai. —Por um segundo seus olhos se cristalizaram mas sacudiu a cabeça para espantar as lágrimas—. Mas não me refiro a isso. A vida que eu tinha, dessa não sinto falta. Outro dia Viktor
Levi já tinha conhecido Oslo, adorava; afinal era um bichinho do frio, onde houvesse neve, esse era seu lugar.O senhor Larsen o recebeu com atenções que Levi jamais tinha sonhado, o levou para passear pela cidade para que conhecesse os lugares mais bonitos de Oslo, e depois seguiram para as instalações da equipe de esqui, onde Levi pôde ver com seus próprios olhos o impressionante material com que contariam para a próxima temporada.Larsen tinha comprado uma mansão completa para a equipe de seu filho, estava situada em uma colina, rodeada de árvores, perto da pista profissional onde treinariam. A casa era impressionante e tinha todas as comodidades que os adolescentes pudessem desejar: começando por uma academia totalmente equipada e uma enorme piscina coberta. Os quartos eram amplos e aconchegantes, cada um com seu próprio banheiro, tetos altos, lareiras de pedra, móveis de madeira entalhada e tapetes de lã.Para Levi havia uma casa com acesso independente na ala direita da mansão, p
O salão da mansão da montanha começou a se encher de troféus e muito rápido. Precisamente, Oskar Larsen tinha vindo celebrar uma das últimas conquistas, e convidou Levi para sentar na varanda para beber uns drinks enquanto os rapazes preparavam um churrasco.—Tome. Este é um presente especial —disse colocando um envelope diante dele.Levi o abriu com curiosidade e encontrou um cheque com um bônus substancial e um par de passagens aéreas abertas para ele e o bebê.—É para agradecer tudo o que você fez por nós. Eu tinha confiança nos garotos, são bons, mas jamais imaginei que em apenas cinco meses você poderia levá-los a um Ouro em uma competição nacional. Realmente você é um grande esportista —garantiu Larsen—. Use as passagens para viajar para onde quiser. Os garotos já têm as deles e acho que andam decidindo para onde irão. Isak! —gritou para seu filho e este se aproximou correndo—. Já decidiram para onde vão?O garoto sorriu com nervosismo.—Para Cancún. Queremos ir todos para Cancún
Levi nem sequer era capaz de pensar enquanto embarcava naquele avião para Zurique, só sabia que onde voltasse a pisar terra, ali estaria Noémi. Estava decidido a encontrá-la e, apesar das muitas coisas que tinha contra naquele momento, estava decidido a falar com ela.Fechou os olhos e tentou não imaginar o que ela tinha sofrido naqueles meses. Nem sequer queria que passasse pela sua cabeça seu dia a dia. Sabia que Noémi era obsessiva com o trabalho, então provavelmente só tinha estado pior do que o normal, sem comer, sem dormir e com o italiano ocupando o lugar de consolo que ele tinha deixado... completamente livre.O avião decolou e Levi acariciou as costas de seu filho para acalmá-lo. Peter tinha crescido muitíssimo em quase meio ano e muito logo começaria a andar. No mesmo momento em que começaram a sobrevoar Zurique para aterrissar, Levi sentiu que a expectativa o dominava. Estava tão perto de encontrá-la que sentia nos ossos.Atravessou o barulhento aeroporto e pegou um táxi dir
Estava na metade do segundo copo de uísque, provando o vestido infernal, quando bateram à porta, e Noémi abriu jogando os saltos para um lado.—O que você que...? —Ficou muda quando viu aquele homem na sua frente, mas respirou fundo e levantou o queixo com expressão neutra—. Levi. O que você está fazendo aqui?Levi tinha visto as luzes do apartamento se acenderem e tinha demorado para chegar apenas o tempo justo de colocar Peter no seu carrinho e atravessar a rua. Passou horas enlouquecendo para vê-la, mas vê-la usando aquele vestido de noiva foi mais do que podia suportar naquele momento.—Noe... —balbuciou algumas vezes, olhando-a de cima a baixo e depois apertou os lábios sem saber o que dizer.Noémi olhou para o bebê que dormia no seu carrinho, e não pôde evitar um sorriso cheio de ternura.—Ele cresceu muito. Está lindo —disse com um nó na garganta antes de olhar para ele—. Em que posso ajudar você? —perguntou com voz educadamente gélida.—Eu... soube o que aconteceu com sua irmã
Levi sentiu como se ela estivesse batendo nele ou algo pior.—Noe... o que você está fazendo? —murmurou com desespero tentando se aproximar dela—. Entendo que isso foi um negócio, agora entendo que você tinha que salvar sua família... mas se esse homem exigiu que você se casasse com ele por te ajudar, se você é a moeda de troca...—Fui, sou e não me importo —replicou ela.—Como você pode dizer isso? Como pode se casar com alguém que não ama? —a interpelou ele.—E quem disse que não o amo? Você tem alguma maldita ideia do que é o amor? Tem ideia de onde Nino esteve nos últimos cinco meses enquanto você desaparecia e voltava à sua vida de esportista profissional? Não! Não é? —Noémi sorriu com sarcasmo—. Não se confunda, não estou te cobrando nada, afinal você mesmo disse: Sempre tivemos as coisas claras, entre nós nunca aconteceu nada, então não havia nada para reclamar.Levi mexeu nos cabelos com impotência. Queria se bater por dizer tamanha estupidez.—Me enganei ao dizer isso...!—Mas
Levi sentiu que as lágrimas lhe faziam um nó na garganta, mas finalmente deu meia volta e empurrou o carrinho de seu filho em direção à porta. Parou no umbral, com a mão sobre a maçaneta, e voltou-se para Noémi para olhá-la mais uma vez.Não podia permitir isso, não podia perdê-la, não importava o que tivesse que fazer, ou o que tivesse que aceitar. Era verdade que tinha ido embora, mas também era verdade que tinha decidido voltar.Quando a porta se fechou completamente, Noémi se aproximou para passar a chave e apoiou a testa na madeira. Tinha tanta vontade de chorar que doía, mas não podia se permitir fazê-lo. Afinal ela era a CEO do Asterion Bank, e não ia desmoronar só porque um homem tinha partido seu coração. Simplesmente já não estava disposta a entregá-lo de novo.Mas enquanto ela preparava o necessário para seu casamento, Levi também tinha tomado a decisão de lutar.No dia seguinte bem cedo sentou-se na beira da cama, com as costas curvadas, a cabeça baixa e os braços cruzados
Levi andou por aquele quarto de hotel desesperadamente durante horas, tentando encontrar uma forma de chegar a Noémi. Tinha deixado várias mensagens de voz, mas ela não tinha respondido. Percorreu o caminho até seu apartamento inúmeras vezes, mas à noite as luzes já não se acendiam, então entendeu que ela tinha preferido ir para outro lugar.Seu coração se apertava só de pensar em tudo aquilo, em quanto Noe devia ter sofrido com o encarceramento de sua gêmea. E queria odiar Nino, mas a verdade era que Nino não o tinha feito ir embora. No final Noémi tinha razão, se o italiano tivesse querido forçá-la a um casamento teria feito desde o primeiro momento, não teria esperado cinco meses de tortura.Estava desesperado para encontrá-la e falar com ela. Tinha que fazer com que ficasse, tinha que impedir que se casasse porque agora entendia: a amava, a amava mais que tudo no mundo.Por estranho que pudesse parecer, a notícia sobre o casamento de Noémi com Nino Ambrosio não tinha saído nas rede