Estava na metade do segundo copo de uísque, provando o vestido infernal, quando bateram à porta, e Noémi abriu jogando os saltos para um lado.—O que você que...? —Ficou muda quando viu aquele homem na sua frente, mas respirou fundo e levantou o queixo com expressão neutra—. Levi. O que você está fazendo aqui?Levi tinha visto as luzes do apartamento se acenderem e tinha demorado para chegar apenas o tempo justo de colocar Peter no seu carrinho e atravessar a rua. Passou horas enlouquecendo para vê-la, mas vê-la usando aquele vestido de noiva foi mais do que podia suportar naquele momento.—Noe... —balbuciou algumas vezes, olhando-a de cima a baixo e depois apertou os lábios sem saber o que dizer.Noémi olhou para o bebê que dormia no seu carrinho, e não pôde evitar um sorriso cheio de ternura.—Ele cresceu muito. Está lindo —disse com um nó na garganta antes de olhar para ele—. Em que posso ajudar você? —perguntou com voz educadamente gélida.—Eu... soube o que aconteceu com sua irmã
Levi sentiu como se ela estivesse batendo nele ou algo pior.—Noe... o que você está fazendo? —murmurou com desespero tentando se aproximar dela—. Entendo que isso foi um negócio, agora entendo que você tinha que salvar sua família... mas se esse homem exigiu que você se casasse com ele por te ajudar, se você é a moeda de troca...—Fui, sou e não me importo —replicou ela.—Como você pode dizer isso? Como pode se casar com alguém que não ama? —a interpelou ele.—E quem disse que não o amo? Você tem alguma maldita ideia do que é o amor? Tem ideia de onde Nino esteve nos últimos cinco meses enquanto você desaparecia e voltava à sua vida de esportista profissional? Não! Não é? —Noémi sorriu com sarcasmo—. Não se confunda, não estou te cobrando nada, afinal você mesmo disse: Sempre tivemos as coisas claras, entre nós nunca aconteceu nada, então não havia nada para reclamar.Levi mexeu nos cabelos com impotência. Queria se bater por dizer tamanha estupidez.—Me enganei ao dizer isso...!—Mas
Levi sentiu que as lágrimas lhe faziam um nó na garganta, mas finalmente deu meia volta e empurrou o carrinho de seu filho em direção à porta. Parou no umbral, com a mão sobre a maçaneta, e voltou-se para Noémi para olhá-la mais uma vez.Não podia permitir isso, não podia perdê-la, não importava o que tivesse que fazer, ou o que tivesse que aceitar. Era verdade que tinha ido embora, mas também era verdade que tinha decidido voltar.Quando a porta se fechou completamente, Noémi se aproximou para passar a chave e apoiou a testa na madeira. Tinha tanta vontade de chorar que doía, mas não podia se permitir fazê-lo. Afinal ela era a CEO do Asterion Bank, e não ia desmoronar só porque um homem tinha partido seu coração. Simplesmente já não estava disposta a entregá-lo de novo.Mas enquanto ela preparava o necessário para seu casamento, Levi também tinha tomado a decisão de lutar.No dia seguinte bem cedo sentou-se na beira da cama, com as costas curvadas, a cabeça baixa e os braços cruzados
Levi andou por aquele quarto de hotel desesperadamente durante horas, tentando encontrar uma forma de chegar a Noémi. Tinha deixado várias mensagens de voz, mas ela não tinha respondido. Percorreu o caminho até seu apartamento inúmeras vezes, mas à noite as luzes já não se acendiam, então entendeu que ela tinha preferido ir para outro lugar.Seu coração se apertava só de pensar em tudo aquilo, em quanto Noe devia ter sofrido com o encarceramento de sua gêmea. E queria odiar Nino, mas a verdade era que Nino não o tinha feito ir embora. No final Noémi tinha razão, se o italiano tivesse querido forçá-la a um casamento teria feito desde o primeiro momento, não teria esperado cinco meses de tortura.Estava desesperado para encontrá-la e falar com ela. Tinha que fazer com que ficasse, tinha que impedir que se casasse porque agora entendia: a amava, a amava mais que tudo no mundo.Por estranho que pudesse parecer, a notícia sobre o casamento de Noémi com Nino Ambrosio não tinha saído nas rede
—Você não pode fazer isso, não pode. Durante meses acreditei que depois do que aconteceu com Odessa não poderia confiar em mais ninguém, não poderia amar mais ninguém. E então você chegou... e sei que o ciúme e a desconfiança me cegaram mas juro que aprendi minha lição, Noe, juro pela vida do meu filho que aprendi e que se você me deixar vou passar o resto da minha vida demonstrando que você é o mais importante para mim.O lábio inferior de Noémi tremeu e ela o mordeu. Levi percebeu que ela estava contendo as lágrimas mas não sabia se eram de impotência ou de saudade.—Sinto muito, Levi —murmurou ela finalmente—. Juro que não digo isso para te machucar, mas não posso ficar, porque agora sou eu que não posso confiar em você.Levi sentiu que as lágrimas ardiam nos olhos, mas piscou.—Sim, você pode, claro que pode. Eu te amo... —Até ele mesmo se surpreendeu com aquela declaração, mas apenas riu e seguiu adiante—. Te amo, querida, de verdade te amo. Por favor, te imploro, te suplico...No
Levi estava no fundo da sala, e os murmúrios se interromperam ao vê-lo avançar.Noémi apertou inconscientemente a mão que tinha entre a de Nino, mas ele não fez um único gesto de incômodo. Claro que ela não tinha dito a Levi onde era o casamento, mas ele não era idiota, rastreá-la até o cartório da cidade não era uma missão impossível enquanto soubesse que dia ela se casava.Levi a observou de cima a baixo enquanto estava de pé e lhe dirigiu um olhar de desculpa.—Sinto muito —murmurou—. Por tudo o que fiz, mas isso não pode terminar assim.Olhou para Nino com expressão decidida e sorriu.—Sei que não tenho direito de me opor a este casamento, mas acho que te respeito o suficiente para advertir: não descansarei até que Noe volte comigo. Não me importa se está casada, não me importa se te deu sua palavra, não me importa nada. Vou ser sua sombra até que a recupere.Nino não moveu um único músculo, mas o coração de Noémi estava desenfreado. Deu um passo em direção a Levi e suplicou:—Por
—Você está bem, amore mio? O que foi? —perguntou ele.—Este maldito celular que não está funcionando direito! —disse jogando-o de lado—. Mal ligo e já está esquentando muito. O que é que eu faço?—Diga que está com dor de cabeça —respondeu Nino e ela bateu no ombro dele.—Idiota!—Mas você me ama!Noémi não pôde evitar sorrir, assentindo.—Claro que te amo...—...Mas como amigos.—Come amigos? —murmurou ela.—Idiota! —riu Nino.—Mas você me ama!—E te como!—Isso também —suspirou Noémi enquanto ele colocava em suas mãos uma taça de champanhe—. Obrigada —murmurou levando o líquido frio aos lábios.Nino a observou por alguns segundos antes de se aproximar e sentar ao seu lado. O ar era fresco e o mar, tranquilo. Os dois beberam em silêncio, com seus olhares fixos na linha do horizonte.—Por que não me diz a verdade, amore mio? Se somos amigos e você me aprecia, por que não me diz a verdade?Noémi se tensionou em um segundo.—Do que você está falando, Nino?—Você está apaixonada pelo esqu
Um mês. Havia passado um mês desde que Noémi tinha ido embora, e Levi olhava pela janela de sua nova casa, rezando para que no dia seguinte, quando fosse de novo à empresa, a assistente de Noémi lhe dissesse que ela já estava de volta.Dizer a Oskar Larsen que não podia continuar treinando os rapazes na Noruega lhe custou menos do que imaginava, mas como o banqueiro estava encaprichado com ele sua decisão foi simples: mandou os cinco garotos em um avião e alugou outra mansão em outra pista de esqui na Suíça. Assim os treinos continuavam, o trabalho continuava, e ele continuava esperando por Noémi.Estava precisamente no meio de uma das pistas no treino com os garotos, quando o avisaram que estavam esperando por ele em um dos mirantes da montanha.—Aconteceu alguma coisa? —perguntou ao rapaz que tinha chegado para avisá-lo.—É o senhor Larsen, ao que parece é algo importante porque chegou sem avisar.—Claro, diga que já vamos...—Não, os garotos podem ficar, só quer falar com você.Levi