—Você não pode fazer isso, não pode. Durante meses acreditei que depois do que aconteceu com Odessa não poderia confiar em mais ninguém, não poderia amar mais ninguém. E então você chegou... e sei que o ciúme e a desconfiança me cegaram mas juro que aprendi minha lição, Noe, juro pela vida do meu filho que aprendi e que se você me deixar vou passar o resto da minha vida demonstrando que você é o mais importante para mim.O lábio inferior de Noémi tremeu e ela o mordeu. Levi percebeu que ela estava contendo as lágrimas mas não sabia se eram de impotência ou de saudade.—Sinto muito, Levi —murmurou ela finalmente—. Juro que não digo isso para te machucar, mas não posso ficar, porque agora sou eu que não posso confiar em você.Levi sentiu que as lágrimas ardiam nos olhos, mas piscou.—Sim, você pode, claro que pode. Eu te amo... —Até ele mesmo se surpreendeu com aquela declaração, mas apenas riu e seguiu adiante—. Te amo, querida, de verdade te amo. Por favor, te imploro, te suplico...No
Levi estava no fundo da sala, e os murmúrios se interromperam ao vê-lo avançar.Noémi apertou inconscientemente a mão que tinha entre a de Nino, mas ele não fez um único gesto de incômodo. Claro que ela não tinha dito a Levi onde era o casamento, mas ele não era idiota, rastreá-la até o cartório da cidade não era uma missão impossível enquanto soubesse que dia ela se casava.Levi a observou de cima a baixo enquanto estava de pé e lhe dirigiu um olhar de desculpa.—Sinto muito —murmurou—. Por tudo o que fiz, mas isso não pode terminar assim.Olhou para Nino com expressão decidida e sorriu.—Sei que não tenho direito de me opor a este casamento, mas acho que te respeito o suficiente para advertir: não descansarei até que Noe volte comigo. Não me importa se está casada, não me importa se te deu sua palavra, não me importa nada. Vou ser sua sombra até que a recupere.Nino não moveu um único músculo, mas o coração de Noémi estava desenfreado. Deu um passo em direção a Levi e suplicou:—Por
—Você está bem, amore mio? O que foi? —perguntou ele.—Este maldito celular que não está funcionando direito! —disse jogando-o de lado—. Mal ligo e já está esquentando muito. O que é que eu faço?—Diga que está com dor de cabeça —respondeu Nino e ela bateu no ombro dele.—Idiota!—Mas você me ama!Noémi não pôde evitar sorrir, assentindo.—Claro que te amo...—...Mas como amigos.—Come amigos? —murmurou ela.—Idiota! —riu Nino.—Mas você me ama!—E te como!—Isso também —suspirou Noémi enquanto ele colocava em suas mãos uma taça de champanhe—. Obrigada —murmurou levando o líquido frio aos lábios.Nino a observou por alguns segundos antes de se aproximar e sentar ao seu lado. O ar era fresco e o mar, tranquilo. Os dois beberam em silêncio, com seus olhares fixos na linha do horizonte.—Por que não me diz a verdade, amore mio? Se somos amigos e você me aprecia, por que não me diz a verdade?Noémi se tensionou em um segundo.—Do que você está falando, Nino?—Você está apaixonada pelo esqu
Um mês. Havia passado um mês desde que Noémi tinha ido embora, e Levi olhava pela janela de sua nova casa, rezando para que no dia seguinte, quando fosse de novo à empresa, a assistente de Noémi lhe dissesse que ela já estava de volta.Dizer a Oskar Larsen que não podia continuar treinando os rapazes na Noruega lhe custou menos do que imaginava, mas como o banqueiro estava encaprichado com ele sua decisão foi simples: mandou os cinco garotos em um avião e alugou outra mansão em outra pista de esqui na Suíça. Assim os treinos continuavam, o trabalho continuava, e ele continuava esperando por Noémi.Estava precisamente no meio de uma das pistas no treino com os garotos, quando o avisaram que estavam esperando por ele em um dos mirantes da montanha.—Aconteceu alguma coisa? —perguntou ao rapaz que tinha chegado para avisá-lo.—É o senhor Larsen, ao que parece é algo importante porque chegou sem avisar.—Claro, diga que já vamos...—Não, os garotos podem ficar, só quer falar com você.Levi
—Não... não sabia que você tinha voltado —murmurou Levi, impressionado.—Há alguns dias —respondeu ela sem dar importância—. Senhor Larsen, pelo que entendi o senhor quer comprar a montanha?Os negócios eram com ela, Levi sabia, então em vez da frieza só viu que continuava sendo tão profissional como sempre.—Quero investir aqui, mas preciso de assessoria porque não conheço as leis de investimento imobiliário na Suíça —aceitou Oskar.—Nesse caso, o Asterion Bank ficará encantado em patrocinar um fundo fiduciário que cubra todas as despesas —acrescentou Noémi—. Se me derem acesso às instalações meus assistentes podem começar a trabalhar imediatamente.Larsen não se fez de rogado e em questão de minutos tinham ficado os três sozinhos.—Bem, vou ver o Isak. Senhora Keller, qualquer dúvida que tiver pode consultar o Levi, ele sabe muito sobre as pistas —sorriu Oskar antes de sair e fechar a porta atrás dele.Levi engoliu em seco e olhou para ela.—Você... está muito bem —murmurou coçando a
Noémi respirou profundamente o ar da montanha e sentiu que o coração se acalmava. Por fim tudo estava bem.Finalmente chegou à base e esperou pacientemente que Levi se juntasse a ela no mirante.—Você me decepcionou completamente —suspirou Larsen com dramatismo—. Como você pôde deixar que ela te vencesse no seu próprio esporte?Levi sorriu divertido e deu de ombros.—Me pegou desprevenido! —defendeu-se enquanto a via sorrir discretamente.—E então, senhora Keller? Acha que poderei transformar esta estação no meu novo humilde refúgio de esqui —disse o homem com voz grave.Noémi gargalhou enquanto negava.—Pois de humilde não terá nada, senhor Larsen, mas se pensa em expandir a estação, é necessário que eu revise também o que pensa fazer no futuro.Larsen fez um sinal para que ela se aproximasse da mesa, abriu um grande mapa da área e apontou alguns lugares.—Estas são as pistas de esqui que pretendo abrir —disse—. Acho que são as melhores da região... bem, Levi acha que são as melhores
Desta vez ela já vinha preparada e a equipe de assistentes não a acompanhava.—Quase tudo está pronto, temos uma proposta excelente com uma construtora conhecida, e podem fazer aqui um resort familiar, de luxo, ou esportivo, como você preferir —disse Noémi ao magnata. Logo se virou para Levi e estendeu a mão com um gesto que parecia tranquilo mas não era—. Senhor Ferguson... Como vai?Levi apertou sua mão e ela conteve a respiração. Continuava tendo os mesmos olhos de predador e o mesmo sorriso contagioso.—Vamos? —perguntou ele e poucos minutos depois chegavam às potenciais pistas.Pararam no topo da montanha e Noemi olhou ao redor, o lugar era lindo, não tanto quanto sua montanha em Lucerna mas...—Aqui também há segredos —disse Levi e ela o olhou sem compreender—. Lá você tinha seu lago, mas esta montanha também tem segredos. Quer conhecê-los?Noémi engoliu em seco porque ele parecia muito confiante.—Não vim aqui para me divertir, senhor Ferguson.—Ah não? Que chata! Pelo menos voc
Noémi sentiu que a neve deslizava debaixo de seus pés e seu corpo caía irremediavelmente para o interior do poço de neve. Gritou enquanto suas mãos tentavam se agarrar a alguma superfície, mas não teve sorte. A única coisa boa foi que a neve estava macia sob suas costas quando ela bateu contra o fundo.Tentou abrir os olhos, atordoada, e um círculo de luz se fez sobre ela, um que só era quebrado pela cabeça de Levi aparecendo na abertura.Levi tinha ficado paralisado ao vê-la cair, mas a surpresa só durou um segundo. Desamarrou os esquis e correu até aquele lugar, com muito cuidado para não cair também.—Noe! Noémi me responde! Por Deus me responde! Você está bem?—Bem ferrada...! Idiota... —ela fez um biquinho tentando se levantar mas estava com medo de ter quebrado algo. Levantou as mãos e as olhou, estavam bem—. Você acha que meus pés parecem normais? —gritou para Levi.—Você quer dizer um mais comprido que o outro?—Quero dizer se parecem quebrados! Imbecil... eu mato ele... dessa