—Você está bem, amore mio? O que foi? —perguntou ele.—Este maldito celular que não está funcionando direito! —disse jogando-o de lado—. Mal ligo e já está esquentando muito. O que é que eu faço?—Diga que está com dor de cabeça —respondeu Nino e ela bateu no ombro dele.—Idiota!—Mas você me ama!Noémi não pôde evitar sorrir, assentindo.—Claro que te amo...—...Mas como amigos.—Come amigos? —murmurou ela.—Idiota! —riu Nino.—Mas você me ama!—E te como!—Isso também —suspirou Noémi enquanto ele colocava em suas mãos uma taça de champanhe—. Obrigada —murmurou levando o líquido frio aos lábios.Nino a observou por alguns segundos antes de se aproximar e sentar ao seu lado. O ar era fresco e o mar, tranquilo. Os dois beberam em silêncio, com seus olhares fixos na linha do horizonte.—Por que não me diz a verdade, amore mio? Se somos amigos e você me aprecia, por que não me diz a verdade?Noémi se tensionou em um segundo.—Do que você está falando, Nino?—Você está apaixonada pelo esqu
Um mês. Havia passado um mês desde que Noémi tinha ido embora, e Levi olhava pela janela de sua nova casa, rezando para que no dia seguinte, quando fosse de novo à empresa, a assistente de Noémi lhe dissesse que ela já estava de volta.Dizer a Oskar Larsen que não podia continuar treinando os rapazes na Noruega lhe custou menos do que imaginava, mas como o banqueiro estava encaprichado com ele sua decisão foi simples: mandou os cinco garotos em um avião e alugou outra mansão em outra pista de esqui na Suíça. Assim os treinos continuavam, o trabalho continuava, e ele continuava esperando por Noémi.Estava precisamente no meio de uma das pistas no treino com os garotos, quando o avisaram que estavam esperando por ele em um dos mirantes da montanha.—Aconteceu alguma coisa? —perguntou ao rapaz que tinha chegado para avisá-lo.—É o senhor Larsen, ao que parece é algo importante porque chegou sem avisar.—Claro, diga que já vamos...—Não, os garotos podem ficar, só quer falar com você.Levi
—Não... não sabia que você tinha voltado —murmurou Levi, impressionado.—Há alguns dias —respondeu ela sem dar importância—. Senhor Larsen, pelo que entendi o senhor quer comprar a montanha?Os negócios eram com ela, Levi sabia, então em vez da frieza só viu que continuava sendo tão profissional como sempre.—Quero investir aqui, mas preciso de assessoria porque não conheço as leis de investimento imobiliário na Suíça —aceitou Oskar.—Nesse caso, o Asterion Bank ficará encantado em patrocinar um fundo fiduciário que cubra todas as despesas —acrescentou Noémi—. Se me derem acesso às instalações meus assistentes podem começar a trabalhar imediatamente.Larsen não se fez de rogado e em questão de minutos tinham ficado os três sozinhos.—Bem, vou ver o Isak. Senhora Keller, qualquer dúvida que tiver pode consultar o Levi, ele sabe muito sobre as pistas —sorriu Oskar antes de sair e fechar a porta atrás dele.Levi engoliu em seco e olhou para ela.—Você... está muito bem —murmurou coçando a
Noémi respirou profundamente o ar da montanha e sentiu que o coração se acalmava. Por fim tudo estava bem.Finalmente chegou à base e esperou pacientemente que Levi se juntasse a ela no mirante.—Você me decepcionou completamente —suspirou Larsen com dramatismo—. Como você pôde deixar que ela te vencesse no seu próprio esporte?Levi sorriu divertido e deu de ombros.—Me pegou desprevenido! —defendeu-se enquanto a via sorrir discretamente.—E então, senhora Keller? Acha que poderei transformar esta estação no meu novo humilde refúgio de esqui —disse o homem com voz grave.Noémi gargalhou enquanto negava.—Pois de humilde não terá nada, senhor Larsen, mas se pensa em expandir a estação, é necessário que eu revise também o que pensa fazer no futuro.Larsen fez um sinal para que ela se aproximasse da mesa, abriu um grande mapa da área e apontou alguns lugares.—Estas são as pistas de esqui que pretendo abrir —disse—. Acho que são as melhores da região... bem, Levi acha que são as melhores
Desta vez ela já vinha preparada e a equipe de assistentes não a acompanhava.—Quase tudo está pronto, temos uma proposta excelente com uma construtora conhecida, e podem fazer aqui um resort familiar, de luxo, ou esportivo, como você preferir —disse Noémi ao magnata. Logo se virou para Levi e estendeu a mão com um gesto que parecia tranquilo mas não era—. Senhor Ferguson... Como vai?Levi apertou sua mão e ela conteve a respiração. Continuava tendo os mesmos olhos de predador e o mesmo sorriso contagioso.—Vamos? —perguntou ele e poucos minutos depois chegavam às potenciais pistas.Pararam no topo da montanha e Noemi olhou ao redor, o lugar era lindo, não tanto quanto sua montanha em Lucerna mas...—Aqui também há segredos —disse Levi e ela o olhou sem compreender—. Lá você tinha seu lago, mas esta montanha também tem segredos. Quer conhecê-los?Noémi engoliu em seco porque ele parecia muito confiante.—Não vim aqui para me divertir, senhor Ferguson.—Ah não? Que chata! Pelo menos voc
Noémi sentiu que a neve deslizava debaixo de seus pés e seu corpo caía irremediavelmente para o interior do poço de neve. Gritou enquanto suas mãos tentavam se agarrar a alguma superfície, mas não teve sorte. A única coisa boa foi que a neve estava macia sob suas costas quando ela bateu contra o fundo.Tentou abrir os olhos, atordoada, e um círculo de luz se fez sobre ela, um que só era quebrado pela cabeça de Levi aparecendo na abertura.Levi tinha ficado paralisado ao vê-la cair, mas a surpresa só durou um segundo. Desamarrou os esquis e correu até aquele lugar, com muito cuidado para não cair também.—Noe! Noémi me responde! Por Deus me responde! Você está bem?—Bem ferrada...! Idiota... —ela fez um biquinho tentando se levantar mas estava com medo de ter quebrado algo. Levantou as mãos e as olhou, estavam bem—. Você acha que meus pés parecem normais? —gritou para Levi.—Você quer dizer um mais comprido que o outro?—Quero dizer se parecem quebrados! Imbecil... eu mato ele... dessa
Ele pegou seu rosto entre suas mãos e negou.—Amor escuta, você não está acostumada com esse frio. Você esquia de vez em quando, mas a temperatura na montanha não é nem remotamente parecida com a da cidade por mais fria que ela seja. Eu sim sei lidar com esse frio, não vai me acontecer nada, então preciso que você saia daqui e vá buscar ajuda, entendeu?Noemi não era de natureza chorona, mas não podia negar que tinha o coração apertado pelo medo.Levi a ajudou a subir em suas costas e depois ela fez equilíbrio para colocar seus pés sobre seus ombros. Se esticou para cima, tentando alcançar a borda do poço, mas não havia muito onde se agarrar e cada vez que tentava fazer força escorregava.Caiu algumas vezes e na terceira, enquanto Levi a segurava com força para evitar que se machucasse, ela deixou escapar um longo suspiro e se apoiou em seu peito.—Você é um maldito psicopata —o acusou com desespero—. Como pôde cometer essa loucura? Você tem um filho, imbecil! Não pensou nele se algo a
Noémi e os rapazes ouviram o rugido da tempestade como se fosse um aviso. —Tem que ser brincadeira! —resmungou ela—. Quer dizer, se eu conseguir encapsular meu azar deste ano poderia vendê-lo como uma arma de destruição em massa! Os garotos riram e um deles negou. —Ainda falta muito para começar. Além disso, havia ameaça de mau tempo há uma semana. Vamos continuar. Noémi não soube exatamente quanto tempo se passou, só que para ela era demais, simplesmente demais. Finalmente chegaram àquele jardim improvisado na montanha e os rapazes rodearam a bandeira que marcava o poço. Noémi prendeu a respiração antes de se debruçar sobre o buraco e respirou aliviada quando viu uma sombra pulando de um pé para o outro, tentando se manter em movimento e o sangue circulando. —Levi! —gritou chamando sua atenção—. Levi, você está aí?! —Claro que não estou aqui! Esta é minha maldita projeção astral! —respondeu ele bufando de frio. —Não seja idiota, estou nervosa! —replicou ela percebendo que tinh