Levi já tinha conhecido Oslo, adorava; afinal era um bichinho do frio, onde houvesse neve, esse era seu lugar.O senhor Larsen o recebeu com atenções que Levi jamais tinha sonhado, o levou para passear pela cidade para que conhecesse os lugares mais bonitos de Oslo, e depois seguiram para as instalações da equipe de esqui, onde Levi pôde ver com seus próprios olhos o impressionante material com que contariam para a próxima temporada.Larsen tinha comprado uma mansão completa para a equipe de seu filho, estava situada em uma colina, rodeada de árvores, perto da pista profissional onde treinariam. A casa era impressionante e tinha todas as comodidades que os adolescentes pudessem desejar: começando por uma academia totalmente equipada e uma enorme piscina coberta. Os quartos eram amplos e aconchegantes, cada um com seu próprio banheiro, tetos altos, lareiras de pedra, móveis de madeira entalhada e tapetes de lã.Para Levi havia uma casa com acesso independente na ala direita da mansão, p
O salão da mansão da montanha começou a se encher de troféus e muito rápido. Precisamente, Oskar Larsen tinha vindo celebrar uma das últimas conquistas, e convidou Levi para sentar na varanda para beber uns drinks enquanto os rapazes preparavam um churrasco.—Tome. Este é um presente especial —disse colocando um envelope diante dele.Levi o abriu com curiosidade e encontrou um cheque com um bônus substancial e um par de passagens aéreas abertas para ele e o bebê.—É para agradecer tudo o que você fez por nós. Eu tinha confiança nos garotos, são bons, mas jamais imaginei que em apenas cinco meses você poderia levá-los a um Ouro em uma competição nacional. Realmente você é um grande esportista —garantiu Larsen—. Use as passagens para viajar para onde quiser. Os garotos já têm as deles e acho que andam decidindo para onde irão. Isak! —gritou para seu filho e este se aproximou correndo—. Já decidiram para onde vão?O garoto sorriu com nervosismo.—Para Cancún. Queremos ir todos para Cancún
Levi nem sequer era capaz de pensar enquanto embarcava naquele avião para Zurique, só sabia que onde voltasse a pisar terra, ali estaria Noémi. Estava decidido a encontrá-la e, apesar das muitas coisas que tinha contra naquele momento, estava decidido a falar com ela.Fechou os olhos e tentou não imaginar o que ela tinha sofrido naqueles meses. Nem sequer queria que passasse pela sua cabeça seu dia a dia. Sabia que Noémi era obsessiva com o trabalho, então provavelmente só tinha estado pior do que o normal, sem comer, sem dormir e com o italiano ocupando o lugar de consolo que ele tinha deixado... completamente livre.O avião decolou e Levi acariciou as costas de seu filho para acalmá-lo. Peter tinha crescido muitíssimo em quase meio ano e muito logo começaria a andar. No mesmo momento em que começaram a sobrevoar Zurique para aterrissar, Levi sentiu que a expectativa o dominava. Estava tão perto de encontrá-la que sentia nos ossos.Atravessou o barulhento aeroporto e pegou um táxi dir
Estava na metade do segundo copo de uísque, provando o vestido infernal, quando bateram à porta, e Noémi abriu jogando os saltos para um lado.—O que você que...? —Ficou muda quando viu aquele homem na sua frente, mas respirou fundo e levantou o queixo com expressão neutra—. Levi. O que você está fazendo aqui?Levi tinha visto as luzes do apartamento se acenderem e tinha demorado para chegar apenas o tempo justo de colocar Peter no seu carrinho e atravessar a rua. Passou horas enlouquecendo para vê-la, mas vê-la usando aquele vestido de noiva foi mais do que podia suportar naquele momento.—Noe... —balbuciou algumas vezes, olhando-a de cima a baixo e depois apertou os lábios sem saber o que dizer.Noémi olhou para o bebê que dormia no seu carrinho, e não pôde evitar um sorriso cheio de ternura.—Ele cresceu muito. Está lindo —disse com um nó na garganta antes de olhar para ele—. Em que posso ajudar você? —perguntou com voz educadamente gélida.—Eu... soube o que aconteceu com sua irmã
Levi sentiu como se ela estivesse batendo nele ou algo pior.—Noe... o que você está fazendo? —murmurou com desespero tentando se aproximar dela—. Entendo que isso foi um negócio, agora entendo que você tinha que salvar sua família... mas se esse homem exigiu que você se casasse com ele por te ajudar, se você é a moeda de troca...—Fui, sou e não me importo —replicou ela.—Como você pode dizer isso? Como pode se casar com alguém que não ama? —a interpelou ele.—E quem disse que não o amo? Você tem alguma maldita ideia do que é o amor? Tem ideia de onde Nino esteve nos últimos cinco meses enquanto você desaparecia e voltava à sua vida de esportista profissional? Não! Não é? —Noémi sorriu com sarcasmo—. Não se confunda, não estou te cobrando nada, afinal você mesmo disse: Sempre tivemos as coisas claras, entre nós nunca aconteceu nada, então não havia nada para reclamar.Levi mexeu nos cabelos com impotência. Queria se bater por dizer tamanha estupidez.—Me enganei ao dizer isso...!—Mas
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —