Noémi levantou o cabelo da gêmea e acariciou suas costas suavemente enquanto a via vomitar.—Me desculpa... me desculpa...!—Você não tem nada a sentir — murmurou Noémi. — Eu sempre vou estar aqui. Você é o mais importante para mim, Chiara, antes de qualquer um no mundo. Você sabe disso, não é? — Chiara assentiu enquanto a abraçava e escondia o rosto na curva do pescoço dela. — E você também sabe que eu não concordo com o que você vai fazer?Chiara respirou fundo e limpou as lágrimas.—Eu sei, Noe, mas eu tenho que fazer isso porque é a única forma de fechar este... Capítulo por completo — murmurou. — Só lamento o peso que estou deixando sobre seus ombros. Eu realmente não queria, Noe... me desculpa!Chiara soluçou e Noémi sentiu aquele nó pesado no estômago. Ninguém conseguia entender o forte vínculo entre as gêmeas. E talvez houvesse outras que passassem metade da vida brigando, mas não elas. Elas sempre tinham sido uma só, sempre tinham pensado e sentido como uma só, tanto para as
Os olhos de Noémi faiscaram de raiva e o eco daquele tapa se ouviu em toda a casa enquanto ela apertava o punho porque a palma da mão tinha ficado doendo.—Não permita que minha gentileza te confunda —sibilou—. A mim me falta com respeito quem eu quiser, e você é a última pessoa na Terra que pode fazer isso porque te dei mais do que já dei a qualquer homem na minha vida.Deu-lhe as costas e saiu dali. Não podia falar mais com ele naquele momento, porque se permitisse que outra palavra saísse de sua boca acabaria chorando ou se arrependendo, e nenhuma dessas duas coisas faziam parte de seu caráter.Noémi sabia duas coisas que ninguém mais sabia: a primeira era que essa seria a última vez que sua irmã estaria junto à sua família por muito tempo. E a segunda era que não podia forçar palavras em ouvidos que não queriam escutar.Foi para casa, se preparou para o casamento de Loan e naquela tarde não fez nada além de atender sua família e cuidar de Chiara, tentando que nada a afetasse mais d
Vinte e quatro horas. Noémi se deu vinte e quatro horas para chorar porque no fundo também era humana. Foi ao aeroporto, viu Levi e Peter pegarem aquele voo e aceitou, porque não lhe restava outra opção, que seu caminho e o de Levi iriam se separar. Aceitou que não podia fazer nada para mudar isso, e confirmou o que sempre tinha pensado: que não era saudável colocar o coração na cama, e vice-versa.Limpou as lágrimas e ajeitou as calças para os meses que viriam, porque sabia que não seriam fáceis. Chiara e ela tentaram manter a família o mais afastada possível da verdade. O advogado de sua irmã conseguiu um acordo para um julgamento totalmente privado, e o desespero de Jhon conseguiu que nem a mídia ficasse sabendo.Depois vieram as declarações. As tentativas de Jhon de desmentí-la. Chiara assumindo uma culpa que não era sua, e a renúncia a tudo o que tinha. Ver sua irmã assinar aquela cessão dos bens que lhe restavam para não voltar a arriscar a família golpeou muito forte Noémi. Talv
Ela assentiu e fechou os olhos antes de ficar rendida por um tempinho.Para Noémi era difícil ver sua irmã, mais ainda quando sabia que não merecia estar naquela situação, mas não podia fazer nada, só esperar que cumprisse a sentença que lhe tinham dado. Nino tinha movido céu e contatos poderosos para que a transferissem para a Suíça na maior discrição, assim pelo menos a tinha por perto.—Te tratam bem aqui? —perguntou Noémi no dia seguinte enquanto se sentava naquela pequena varanda e tomava um café.—Sim, Viktor me cuida como se o bebê fosse eu —murmurou sua irmã com um suspiro—. Pensei que sentiria falta de ver as pessoas, falar com outras pessoas, trabalhar... mas não é assim, Noe.—Não sente minha falta? —sua gêmea fez um biquinho.—Claro, e dos meus irmãos e dos meus sobrinhos... e da mamãe e do papai. —Por um segundo seus olhos se cristalizaram mas sacudiu a cabeça para espantar as lágrimas—. Mas não me refiro a isso. A vida que eu tinha, dessa não sinto falta. Outro dia Viktor
Levi já tinha conhecido Oslo, adorava; afinal era um bichinho do frio, onde houvesse neve, esse era seu lugar.O senhor Larsen o recebeu com atenções que Levi jamais tinha sonhado, o levou para passear pela cidade para que conhecesse os lugares mais bonitos de Oslo, e depois seguiram para as instalações da equipe de esqui, onde Levi pôde ver com seus próprios olhos o impressionante material com que contariam para a próxima temporada.Larsen tinha comprado uma mansão completa para a equipe de seu filho, estava situada em uma colina, rodeada de árvores, perto da pista profissional onde treinariam. A casa era impressionante e tinha todas as comodidades que os adolescentes pudessem desejar: começando por uma academia totalmente equipada e uma enorme piscina coberta. Os quartos eram amplos e aconchegantes, cada um com seu próprio banheiro, tetos altos, lareiras de pedra, móveis de madeira entalhada e tapetes de lã.Para Levi havia uma casa com acesso independente na ala direita da mansão, p
O salão da mansão da montanha começou a se encher de troféus e muito rápido. Precisamente, Oskar Larsen tinha vindo celebrar uma das últimas conquistas, e convidou Levi para sentar na varanda para beber uns drinks enquanto os rapazes preparavam um churrasco.—Tome. Este é um presente especial —disse colocando um envelope diante dele.Levi o abriu com curiosidade e encontrou um cheque com um bônus substancial e um par de passagens aéreas abertas para ele e o bebê.—É para agradecer tudo o que você fez por nós. Eu tinha confiança nos garotos, são bons, mas jamais imaginei que em apenas cinco meses você poderia levá-los a um Ouro em uma competição nacional. Realmente você é um grande esportista —garantiu Larsen—. Use as passagens para viajar para onde quiser. Os garotos já têm as deles e acho que andam decidindo para onde irão. Isak! —gritou para seu filho e este se aproximou correndo—. Já decidiram para onde vão?O garoto sorriu com nervosismo.—Para Cancún. Queremos ir todos para Cancún
Levi nem sequer era capaz de pensar enquanto embarcava naquele avião para Zurique, só sabia que onde voltasse a pisar terra, ali estaria Noémi. Estava decidido a encontrá-la e, apesar das muitas coisas que tinha contra naquele momento, estava decidido a falar com ela.Fechou os olhos e tentou não imaginar o que ela tinha sofrido naqueles meses. Nem sequer queria que passasse pela sua cabeça seu dia a dia. Sabia que Noémi era obsessiva com o trabalho, então provavelmente só tinha estado pior do que o normal, sem comer, sem dormir e com o italiano ocupando o lugar de consolo que ele tinha deixado... completamente livre.O avião decolou e Levi acariciou as costas de seu filho para acalmá-lo. Peter tinha crescido muitíssimo em quase meio ano e muito logo começaria a andar. No mesmo momento em que começaram a sobrevoar Zurique para aterrissar, Levi sentiu que a expectativa o dominava. Estava tão perto de encontrá-la que sentia nos ossos.Atravessou o barulhento aeroporto e pegou um táxi dir
Estava na metade do segundo copo de uísque, provando o vestido infernal, quando bateram à porta, e Noémi abriu jogando os saltos para um lado.—O que você que...? —Ficou muda quando viu aquele homem na sua frente, mas respirou fundo e levantou o queixo com expressão neutra—. Levi. O que você está fazendo aqui?Levi tinha visto as luzes do apartamento se acenderem e tinha demorado para chegar apenas o tempo justo de colocar Peter no seu carrinho e atravessar a rua. Passou horas enlouquecendo para vê-la, mas vê-la usando aquele vestido de noiva foi mais do que podia suportar naquele momento.—Noe... —balbuciou algumas vezes, olhando-a de cima a baixo e depois apertou os lábios sem saber o que dizer.Noémi olhou para o bebê que dormia no seu carrinho, e não pôde evitar um sorriso cheio de ternura.—Ele cresceu muito. Está lindo —disse com um nó na garganta antes de olhar para ele—. Em que posso ajudar você? —perguntou com voz educadamente gélida.—Eu... soube o que aconteceu com sua irmã