– Está pronta para ouvir? – Balancei a cabeça e ele recostou-se na cadeira sem tirar os olhos de mim. – Eu não quero uma prostituta. Relacionamento sugar é como qualquer relacionamento. – Sei... – ironizei. – um relacionamento que envolve dinheiro. – Isso incomoda você? – Sim. Dava para ver nos olhos dele que a conversa não estava indo da maneira que ele esperava. Ele estava irritado e tentei esconder minha satisfação. – Vejo que você é uma daquelas garotas puritanas que acreditam em amor verdadeiro. O modo como ele proferia as palavras me ofendia. O fato de ser uma romântica incorrigível não falava nada sobre mim. – O mundo sugar é mais fácil e sem complicações. Vi seus projetos outro dia e vejo que tem muito potencial. Se tiver força de vontade, seu talento pode chegar muito longe. – ignorando meu embaraço, ele voltou sua atenção para o cardápio. – Eu serei seu tutor. Investirei em sua carreira profissional e em troca, quero sua companhia. – Sem sexo? – Eu não reconhecia min
No domingo, optei por não sair de casa. Estava tentando entender o que acontecera comigo na noite anterior. Não sabia o que deu em mim naquele momento. Melhor dizendo, eu sabia. O problema foi lembrar-me do olhar de Rafael sobre mim. Ele me entorpeceu, fez com que eu me sentisse desejada por ele e embriagou-me os sentidos. Naquele momento, eu sabia que se ele pedisse para transar comigo, eu o faria. Mesmo sendo um olhar frio, ainda tinha o poder de me fazer tremer. O cara era quente demais para meu bem.As palavras de Rafael, embora roucas naquele momento, ainda me incomodavam. Eu não era fria, não era puritana. Era apenas uma garota que só queria um encontro ideal. Buscava o amor, mesmo não acreditando nele.O que mais me surpreendeu foi ter aceitado algo que eu achava errado. Não me entenda mal, a coisa parece simples, mas para mim não era. Seria uma boa receber uma ajuda para me tornar uma profissional melhor. Queria chegar longe e provar a todos minha capacidade. Queria melhorar a
- Já que passarei a trabalhar aqui, gostaria de saber onde vou ficar. Tenho algumas coisas importantes para atualizar.Ele arqueou a sobrancelha. Dava para ver em seu rosto que não esperava essa atitude da minha parte.- Por que não está usando as roupas que te dei?Senti meu rosto corar de vergonha.- Não achei necessário. Minhas roupas são perfeitamente adequadas. - De fato eram, mas com o tempo estavam gastas. - E se eu chegar a ter uma reunião de emergência? Não posso te levar comigo se não parecer apresentável.Eu odiava rótulos e reconhecia que queria estrangular o homem a minha frente.- Então eu serei cautelosa. Trarei algumas peças comigo e quando precisar troco de roupa.Divertimento cruzou seu olhar e o esboço de um sorriso surgiu.- Muito bem. Confiarei em sua palavra. - E afastando -se de mim, caminhou ate uma porta e a abriu. - Sônia irá lhe mostrar sua sala provisória. Tem a manhã para se acomodar e conhecer a casa. À tarde, irei a sua sala para começarmos a trabalhar.
Congelei no lugar, mesmo embaixo do calor infernal. A garota rebolava no colo de Rafael, jogava o cabelo para trás. Estava nua, assim como ele e meu rosto queimou de embaraço.Sentados na cadeira, nenhum dos dois me viu chegar. Essa poderia ser a hora ideal para ir embora dali, mas não consegui. Meu olhar seguiu as mãos dele; que percorria o corpo da loira com loucura. Minha própria respiração ficou acelerada e senti meus seios sensíveis. Merda, me sentia uma voyeur e não desviava o olhar do casal. Poderia ser falta de sexo, não sei, mas naquele momento senti inveja. Eu desejei estar nos braços de Rafael, e senti-lo me possuir repentinas vezes até perder a cabeça.Não sei o que houve, mas como se sentisse meu desejo, Rafael afastou os olhos da mulher e me encarou. O sorriso presunçoso que surgiu em seus lábios e prendeu seus olhos ao mês. Meu coração disparou. O acordo iria para o espaço, eu sentia isso. Apertei as mãos com força e desviei o olhar por um instante. O desejo se apodero
Nada como viver um dia de cada vez.Eu não tinha muito que reclamar da minha vida, já que a mesma realmente era uma droga. Sempre mantive a cabeça no lugar e procurava resolver meus problemas da melhor forma possível, apesar de muitas vezes ser feita de trouxa. Nessa hora, deveria estar trabalhando em meu projeto, mas ao contrário do que eu queria, vim ajudar uma amiga na lanchonete onde trabalha. Ficar devendo favores aos outros é uma droga. O favor em questão era em uma pequena lanchonete gerenciada pela carismática Emília Souza, uma senhora de idade que sofre de artrite reumatoide, uma doença inflamatória crônica que afetou as articulações de suas mãos e pés, causando um inchaço doloroso. Comovi-me com essa senhora, principalmente por ter que lidar com pessoas sem responsabilidades. Deixei-a anotando os pedidos enquanto eu preparava e entregava os mesmos para os clientes.Depois de lavar mais uma remessa de louça suja, apoiei o rosto em uma das mãos com um suspiro. As chances de s
– Com licença.Uma voz firme chamou minha atenção antes mesmo de sentir a sua presença. Fechei os olhos, resmungando a minha má sorte e olhei para trás. O “deus grego” me olhava com curiosidade.– O que deseja, senhor?– Gostaria de saber a razão pela qual não fui atendido pela senhorita.Arqueei a sobrancelha, considerando-o louco.– Eu não trabalho aqui, estava ajudando uma amiga. – Respondo com educação olhando-o nos olhos por um instante. Vejo meu blazer no chão com uma marca de sapato no mesmo. Peguei-o do chão e tento esconder minha frustração ao olhar para ele. – Que já o estava atendendo há poucos minutos.– Ela não era a mais qualificada para me atender.– E por acaso eu sou?Seu olhar percorreu o meu corpo, que responde com um tremor involuntário.– Talvez.O terno preto impecável cobria perfeitamente seus ombros largos e sua pele cor de caramelo arrancava suspiros das mulheres. Levantei a cabeça para olhar-lhe nos olhos âmbar, que me sondaram com curiosidade. Sua boca era
As pessoas à minha volta ofegaram e alguém tentou me puxar pela blusa. Empurrei-o firmemente, mas sem machucar. E daí que se machucasse? Ninguém me queria aqui.Cruzei os braços em frente ao corpo e não falei mais nada. Um silêncio mortal caiu sobre nós me deixando ainda mais nervosa. Um brilho bem humorado surgiu nos olhos dele, mas sua voz soava fria e profissional:– Não sei do que está falando Srtª, mas sugiro que pare com esses argumentos estúpidos. – Levantou e deu um passo em minha direção.- Acho que tenho um ponto, já que você está aqui. Qualquer pessoa em seu juízo perfeito reagiria da mesma forma.Era uma desculpa fraca e o estranho sabia disso. Ele inclinou em minha direção e eu pude sentir sua respiração em meu pescoço. Ficando próximo a mim, sentenciou: – Você não vai gostar dos resultados se agir assim. Senti-me pequena e indefesa como nunca me senti antes. Não chegava nem aos ombros dele e precisei fazer um esforço para esconder meu espanto. Nossos olhares se cruzara
No dia seguinte, cheguei ao trabalho um pouco mais cedo, não sei se fora por impulso ou porque não queria ver ninguém. O fato foi que, às sete da manhã, eu já estava em frente ao casarão. O pessoal só começaria a chegar às oito, o que me daria tempo de me recompor e enfrentar olhares indesejados. Como de costume, joguei a bolsa sobre a escrivaninha e andei de um lado para o outro, tentando imaginar o que o destino me aguardava naquele dia.Quem era aquele cara, afinal? Relembrando o dia anterior, vi alguns rostos em pânico pelo modo que agi com o estranho. Será que era alguém importante ou imaginei tudo em minha cabeça? Tentando não pensar a respeito, optei por me sentar um pouco e comecei a trabalhar.***O resto da semana passou normalmente, mas eu estava apreensiva. Sempre era a primeira a chegar e a última a sair, o que para eles não era um problema. Mas como punição pelo que acontecera na segunda-feira, todos os projetos que eu havia recusado foram parar em minha mesa. Não tinh