— Você só pode estar brincando! Observei Well se levantar novamente e me olhar com incredulidade. Eu não posso culpá-lo, teria a mesma reação. Rafael se manteve em silêncio, me dando espaço para lidar com a situação. Não havia necessidade de ele estar comigo naquele momento, mas eu sabia que ele se sentia receoso com Well, já que o mesmo me confessou seus sentimentos. Meu amigo andou de um lado para o outro. Eu o conhecia e sabia que sua mente estava um turbilhão. Uma carranca surgiu em seu rosto quando parou e voltou seu rosto para mim. — Estou sendo vigiado? — Não. — Rafael respondeu, desinteressado. Well bufou, passando a mão no queixo, sinal que estava muito irritado. — Tenho certeza de que há pessoas mais capazes do que eu para fazer isso. — só então voltou sua atenção a Rafael. — Você tem dinheiro. Pode contratar alguém para manter aquela mulher segura. — Poderia. — Rafael concordou. — Mas não é recomendado. — Por que não? — Ele está sendo monitorado. — respondi e ele a
— Olá para você também, David. — ironizei, ignorando sua pergunta de propósito. — Está feliz em me ver? Ser ignorado o aborreceu. — O que faz aqui? — tornou a perguntar, com o cenho franzido. — Tenho algo para discutir com você. E é bastante urgente. — Não sei o que temos a tratar. Estou muito ocupado para te dar atenção. — respondeu de forma ríspida. —Fale o que quer aqui mesmo e então vá embora. — Tem certeza de que quer discutir esse assunto aqui, no meio de todos? Pensei que fosse esperto, mas acho que me enganei. — debochei com desdém enquanto observava suas reações. Aquele maldito com ar de superioridade ficou abalado e pude sentir a raiva que emanava de seu corpo. Não resisti e arqueei a sobrancelha enquanto aguardava sua resposta. David pigarreou por um tempo e olhou para a recepcionista, desconfortável com minha abordagem. — Sem telefonemas para mim, Lana. Se alguém me ligar, avise que estou em uma reunião... importante. Entrarei em contato assim que terminar. — Cert
Chegamos na casa de Rafael em silêncio. Cada uma perdida em seus próprios pensamentos. O próximo passo seria ainda mais arriscado, mas para isso acontecer preciso receber uma ligação desesperada de David. Dado o seu comportamento ridículo, duvidava muito que ele faria isso. Márcia discordou, já que o conhecia e segundo ela, o homem era arrogante demais para pedir ajuda e por conta disso poderia cometer um deslize. Paguei a corrida e saímos do carro. O tempo estava nublado e frio, assim como meus pensamentos. Entramos na casa e vários pares de olhos nos encararam com expectativa. Márcia se afastou, indo para o quarto de hospedes e eu permaneci quieta por um tempo. Ninguém teve coragem de perguntar nada a respeito, mas seus olhares preocupados me deixavam pior do que eu já estava. Não conseguir olhar nos olhos de Rafael, pois sentia que estava prestes a desmoronar. Pedi licença e fui para o quarto. Tirei aquelas roupas assim que entrei no quarto e corri para o banheiro. Precisava tira
Márcia atendeu o celular e colocou no viva-voz, para que nós pudéssemos ouvir a conversa. — Espero que seja importante. — disse ela, friamente. O homem do outro lado da linha ficou em silêncio por um tempo e fiquei receosa que David houvesse desconfiado de algo. Sônia olhava de mim para Márcia em choque, tentando processar as coisas. O silêncio permaneceu por mais um tempo e ela fez um som irritante com a lingua. — Olha, estou ocupada. A não ser que tenha algo para dizer, eu irei desligar. — Eu sei o que você fez! Ela olhou para mim e piscou o olho. — Não sei do que você está falando. — disse inocentemente. — Pode ser mais claro? — Não dê uma de esperta comigo, vagabunda. Você procurou Rafael e contou tudo a ele. A pergunta é... por que? Márcia soltou uma risadinha, como se tivesse sido pega aprontando algo. — Por diversão? Você já estava tramando contra mim há muito tempo. Acha que eu não percebi? Prefiro te entregar e sair disso com minha integridade intacta. David começ
Nada como viver um dia de cada vez.Eu não tinha muito que reclamar da minha vida, já que a mesma realmente era uma droga. Sempre mantive a cabeça no lugar e procurava resolver meus problemas da melhor forma possível, apesar de muitas vezes ser feita de trouxa. Nessa hora, deveria estar trabalhando em meu projeto, mas ao contrário do que eu queria, vim ajudar uma amiga na lanchonete onde trabalha. Ficar devendo favores aos outros é uma droga. O favor em questão era em uma pequena lanchonete gerenciada pela carismática Emília Souza, uma senhora de idade que sofre de artrite reumatoide, uma doença inflamatória crônica que afetou as articulações de suas mãos e pés, causando um inchaço doloroso. Comovi-me com essa senhora, principalmente por ter que lidar com pessoas sem responsabilidades. Deixei-a anotando os pedidos enquanto eu preparava e entregava os mesmos para os clientes.Depois de lavar mais uma remessa de louça suja, apoiei o rosto em uma das mãos com um suspiro. As chances de s
– Com licença.Uma voz firme chamou minha atenção antes mesmo de sentir a sua presença. Fechei os olhos, resmungando a minha má sorte e olhei para trás. O “deus grego” me olhava com curiosidade.– O que deseja, senhor?– Gostaria de saber a razão pela qual não fui atendido pela senhorita.Arqueei a sobrancelha, considerando-o louco.– Eu não trabalho aqui, estava ajudando uma amiga. – Respondo com educação olhando-o nos olhos por um instante. Vejo meu blazer no chão com uma marca de sapato no mesmo. Peguei-o do chão e tento esconder minha frustração ao olhar para ele. – Que já o estava atendendo há poucos minutos.– Ela não era a mais qualificada para me atender.– E por acaso eu sou?Seu olhar percorreu o meu corpo, que responde com um tremor involuntário.– Talvez.O terno preto impecável cobria perfeitamente seus ombros largos e sua pele cor de caramelo arrancava suspiros das mulheres. Levantei a cabeça para olhar-lhe nos olhos âmbar, que me sondaram com curiosidade. Sua boca era
As pessoas à minha volta ofegaram e alguém tentou me puxar pela blusa. Empurrei-o firmemente, mas sem machucar. E daí que se machucasse? Ninguém me queria aqui.Cruzei os braços em frente ao corpo e não falei mais nada. Um silêncio mortal caiu sobre nós me deixando ainda mais nervosa. Um brilho bem humorado surgiu nos olhos dele, mas sua voz soava fria e profissional:– Não sei do que está falando Srtª, mas sugiro que pare com esses argumentos estúpidos. – Levantou e deu um passo em minha direção.- Acho que tenho um ponto, já que você está aqui. Qualquer pessoa em seu juízo perfeito reagiria da mesma forma.Era uma desculpa fraca e o estranho sabia disso. Ele inclinou em minha direção e eu pude sentir sua respiração em meu pescoço. Ficando próximo a mim, sentenciou: – Você não vai gostar dos resultados se agir assim. Senti-me pequena e indefesa como nunca me senti antes. Não chegava nem aos ombros dele e precisei fazer um esforço para esconder meu espanto. Nossos olhares se cruzara
No dia seguinte, cheguei ao trabalho um pouco mais cedo, não sei se fora por impulso ou porque não queria ver ninguém. O fato foi que, às sete da manhã, eu já estava em frente ao casarão. O pessoal só começaria a chegar às oito, o que me daria tempo de me recompor e enfrentar olhares indesejados. Como de costume, joguei a bolsa sobre a escrivaninha e andei de um lado para o outro, tentando imaginar o que o destino me aguardava naquele dia.Quem era aquele cara, afinal? Relembrando o dia anterior, vi alguns rostos em pânico pelo modo que agi com o estranho. Será que era alguém importante ou imaginei tudo em minha cabeça? Tentando não pensar a respeito, optei por me sentar um pouco e comecei a trabalhar.***O resto da semana passou normalmente, mas eu estava apreensiva. Sempre era a primeira a chegar e a última a sair, o que para eles não era um problema. Mas como punição pelo que acontecera na segunda-feira, todos os projetos que eu havia recusado foram parar em minha mesa. Não tinh