CAPÍTULO 3

—Oi.— Ela se aproxima da minha mesa, seus olhos revistando tudo ao meu redor inclusive eu.

— Tudo bem muito obrigada, onde Gabrielle estar?

— Ela está dormindo deixei tudo pronto, se ela acorda a mamadeira está ...— Ela continuou a falar e eu sentia o pânico me dominar como eu iria cuidar da menina se ei nem ao menos suportava segurar em meus braços.

— Você não pode levar ela só por hoje?

— Eu bem que queria, mas não a levarei não se esqueça o que o juiz determinou.

— Que ele vá para o inferno com suas decisões.

— Sei que queria que funcionasse assim. Porém não é, voltarei amanhã a tarde para conhecer a nova babá.

Fui até o quarto de Gabrielle e ela continuava dormir, então jantei e continue a trabalhar, já era quase uma hora da manhã, tomei um banho e me deitei, essa era minha rotina, trabalhar até a exaustão para que o pior dia da minha vida não voltasse a se repetir em meus sonhos.

        Acordo com o choro estridente de Gabrielle, saio correndo para ver o que estava acontecendo, assim que entro no quarto da garota a vejo de pé no berço, seu rosto estava uma bagunça, as lágrimas misturadas com catarro e baba, ela estava muito vermelha, mordinha a pontinha do dedo indicador. Estendeu os braços para que eu a pegasse no colo, mas eu não fiz, fiquei olhando para menina que chorava tão alto que fiquei com medo dos seus pulmões explodirem.

—Papai. —Ela continuava a pedir colo sei que os Montenegro's a mimava eu vi isso no primeiro dia que a vi e sabia que seria assim no dia em que Felipe a levou do hospital.

Tirei a do berço a colocando no chão, segurei em sua mão e descemos. Leane havia deixando um aviso na geladeira, deixei Gabrielle sobre a cadeirinha ela não parava de chorar. O leite estava gelado, cogitei esquentar no micro-ondas, a dúvida me matava ,peguei o celular e busquei no G****e.

— Pare de chorar. — Ela olhou com aqueles imensos olhos azuis para mim, pensei ter funcionando antes que eu pudesse sorri a menina gritou de novo.

—Eu quero meu vovô. —Ela chamava por Felipe.

Tirei a mamadeira da água quente e fiz como indicado no vídeo, não estava quente.

Gabrielle parecia hipnotizada pela mamadeira, Leane havia mencionado que ainda não tinha conseguido fazer com que ela deixasse a mamadeira. Tirei a novamente da cadeira a colocando no chão e subimos, ela resmungava por todo o caminho até o quarto chamou por todos os Montenegro's até pelos novos integrantes, coloquei ela no berço e para meu alívio ela segurou a mamadeira sozinha, percebi que ela passava a maior parte do tempo calada tão diferente da garota de ontem de manhã. Ontem Leane ficou aqui e eu não precisei fazer nada. Só observá-la.

Fiquei observando ela tomar o leite, ela é uma menina linda, e eu odiava não conseguir segurar em meus braços, odiava ser essa pessoa miserável que culpava uma criança por minha desgraça.

— Você me deixou no pior momento Isabelle, você prometeu que ficaria tudo bem.— Limpei as lágrimas que molhava meu rosto, e tudo o que eu desejei era que alguém me golpeasse tão forte que me roubasse a consciência, que a dor física fosse maior que a emocional, estava pronto para eu mesma me machucar ,quando vi que Gabrielle me entregava a mamadeira, a menina colocou o polegar na boca e não desviou os olhos dos meus e eu não fui capaz de fraquejar na sua frente.

          Acordei com o barulho ensurdecedor da campanhia, pelo que eu me lembrava pagava muito bem as pessoas que trabalhava para mim para fazer tais serviços. Olho no relógio seis e quarenta da manhã, mas que merda.

Só poderia ser a Martins , esperei por mais alguns minutos para ver se alguém abria a porta só que ninguém fez, já que tocou mais duas vezes ,percebi que estava com o corpo doendo e logo depois vi onde eu havia dormido, a cadeira era muito desconfortável e eu sentia cada ponto do meu corpo doer.

Olhei no berço, Gabrielle ainda dormia.

Saio do quarto e desço o mais rápido possível, já que a garota continuava a aperta insistentemente a campainha e se não fosse ela. O que eu iria fazer com Gabrielle.

— Já vai !— Grito, abro a porta e encontro ela, o cabelo parecia mais azul do que eu me lembrava.

— Desculpa...

— Entra .— Mantenho a porta aberta e ela entra, carregando apenas uma bolsa.

— Ainda é muito cedo...

— Levo à sério meus horários. — Ela falava com superioridade e nunca abaixava a cabeça era petulante e isso era um defeito, tudo o que eu queria era que ela ficasse calada e fizesse seu trabalho.

— Bom já que me acordou tão cedo, vou te explicar seus horários .

Ela concordou com a cabeça e colocou a bolsa no chão ao seu lado.

— Você já conhece Gabrielle, ela tem um horário que deve ser seguido para não atrapalhar sua rotina, não quero que a exponha a risco, e também evite que ela venha a ficar doente.

Entrego uma folha com os medicamentos e comidas que ela é alérgica, uma lista das pessoas que são da família e que pode ter acesso a visitas.

— O contrato dura apenas seis meses, você ficará uma semana na experiência e se sair bem o trabalho será seu. Sobre passeios quero que me avise com antecedência sobre qualquer um que venha a fazer. A minha ex-sogra costuma fazer vistas a Gabrielle, quando ela estiver ela da as ordens.

— Tudo bem, senhor Gabriel.—Indico o andar de cima por um momento vejo a confusão em seus olhos , porém ela soube, a garota era a única estranha ali e sua desconfiança me irritava.

A levei até o quarto de Gabrielle o quarto que ela ficaria seria o anexado ao de Gabrielle, o quarto que seria nosso quando Gabi nascesse o quarto que nunca mais seria visto como um dia foi. Deixei ela sozinha e desci a casa estava vazia então eu mesma comecei a preparar meu café, estava pensando seriamente em contratar novos empregados.

— Me desculpe ,senhor.— a empregada entra ela deveria ter no máximo quarenta anos. Dona Maria já está pronta e com agilidade começa a preparar o café.

— Isso não vai voltar a se repetir, tive um incidente...

— Não importa, como você sabe quero que siga os horários e avise se voltar a se atrasar.

— Sim senhor. Deixe que termino isso para o senhor.

Tomei meu café, e cogitei ir até o quarto ver como Júlia estava indo. Porém resolvi apenas observar. Deixei o notebook sobre a cama enquanto terminava de me vestir, ela cantava junto com Gabrielle e deixou a menina escolher sua própria roupa. Logo depois desceu com ela, ela estava indo bem porém ainda não se tinha passado nem duas horas .

Júlia

      Deixei que Gabrielle se sentisse a vontade fui impondo regras lentamente quase não houve necessidade já que a menina se comportava muito bem. Brinquei com ela, a levei para o jardim e depois ela quis assistir um pouco.

— Querida hora de comer.

— Só mais um pouco, Jú .— Fazia quase uma hora que ela estava assistindo.

— Não querida , seu almoço irá esfriar .

Ela se levantou indo na frente para a cozinha, Dona Maria tinha preparado salada de brócolis e frango grelhado, servi o almoço para Gabrielle o prato ficou muito colorido e o cheiro estava delicioso.

Gabrielle que inicialmente não fez uma cara muito boa, a garota pegou um garfo e espeto um pedaço de fango junto com uma arvorezinha de brócolis. E comeu sem fazer cara feia nem nada.

— Você tem um ótimo apetite. Parabéns, Gabrielle. — A garota sorriu e continuou a comer.

Me sentei a seu lado começamos a comer.

—Coloque um prato para mim.—Olhei espantada em direção a porta o senhor Gabriel estava parado, me levantei e ele se sentou ao lado de Gabrielle e esperou que a senhora Maria o servisse.

— Sente-se Martins . —Ele apontou a cadeira que eu havia me levantado.

— Não quero incomodar já havia terminado se me der licença.

— Sente-se Martins ! — Ele nem olhou para mim quando ordenou.

— Não, Senhor. Tenho algumas coisas para fazer—Antes que ele pudesse ordenar mais uma vez que eu ficasse, saí da cozinha.

Subi para o quarto, arrumei as poucas coisas que havia trazido, o quarto era muito lindo e grande, suspeitei que fosse o maior da casa. As paredes era de um tom de dourado, com pequenas flores de lótus estampadas no papel de parede. Estava me sentido entusiasmada, sentia que isso poderia da certo.

Pelo que pude perceber, o senhor Gabriel só trabalhava até o horário do almoço ou seria apenas hoje?

Gabriel

Abri a carta do juizado de menor.

E comecei a ler um monte de coisas que eu não entendia que teria que perguntar para Felipe, porém ficou bem claro a parte que eu teria que passar pelo menos quatro horas por dia com a garota, durante o tempo que o processo de transferência de guarda corresse. Só estava me surpreendendo que merda eles estavam achando, eu tinha um trabalho e muitas outras coisas para fazer.

Quando cheguei em casa já passava das vinte e duas horas, a casa estava em completo silêncio. Era isso que eu esperava ao chegar em casa nada de barulho apenas o silêncio. Retirei meu blasé, desfaço o nó da gravata e devagar começo a subir as escadas devagar, ainda não estava tão cansado para não lembrar do passado.

Entro no quarto de Gabrielle ela está dormindo. As quatro horas que o juiz tinha determinado iria começar, eu teria que sair do trabalho e vir para casa, pelo que Leane falou Gabi dormia as vinte horas e eu saia do escritório as cinco, o horário de almoço teria que ser em casa. Olho novamente para ela que estava grande demais para continuar no berço, não achava que seria apropriado deixar que ela dormisse em uma cama e se ela caísse? Quando ia sair do quarto escuto uns sussurros.

Martins não podia ter trazido alguém para minha casa. Me aproximei da porta e só pude escutar a voz dela.

Abro a porta lentamente e para minha surpresa eu encontro Julia de joelhos ao pé da cama, ela estava orando eu não sabia que ela era cristã mas não devotada.

—Ai meu Deus!.— Ela grita foi impossível não me assustar também.

—Fica calma.— Continuei na porta não me movo um centímetro.

—O que o senhor deseja.— Ela pegou o roube, e o colocou meio sem jeito percebi, ela estava usando uma camisola branca com alças finas e o decote em V, ia ate o meio das suas coxas não era justo e nem atraente porém a deixou diferente, parecia brilhar, mesmo usando uma roupa tão simples ainda podia estampar capas de revistas.

—Nunca imaginei que uma garota como você pudesse ser tão devotada.

— Uma garota como eu?

— Você não parece uma garota cristã...

— Deus não olha para...

— Deus não olha para aparência e sim para o que somos por dentro. Venho de uma família religiosa acho que até mais do que a sua. No domingo irei te apresentar a algumas pessoas.

— No domingo eu tenho outras coisas...

— Ir a igreja, talvez seja lá que todas as pessoas que irei apresentá—la estará. Gabriele será apresentada a essas pessoas e muitas delas não a conhece também.

— Sim senhor.

— Boa noite, Martins .

— Só Júlia por favor. — Ele sorri, nunca um sorriso por inteiro era sempre meio vago, e quando ele sorria de lado eu podia ver uma das covinhas em sua bochecha.

—Tenha uma boa noite , Martins .

— Boa noite senhor Gabriel.

                                            ♡♡♡

Mais rápido do que eu esperava tinha chegado o domingo. Gabi estava eufórica para sair de casa nos últimos três dias ela ficou em casa, saiu apenas para o jardim.

—Fique quieta, você não quer que se sujar.

—Vamos para a casa da minha avó?

—Não sei querida, acho que não.

— Para onde vamos então, Jú? — Gabrielle se levanta do sofá, andando de um lado para o outro não pude conter a risada.

— Você está me enganando?— Ela colocou uma mão na cintura e com a outra tirou os cabelos que caia sobre os olhos.

—Claro que não.

—Vamos? — Gabriel entra na sala, estava tão ele ate quanto nos outros dias que ia para o trabalho, estava vestido um terno azul escuro com uma blusa branca e uma gravata vermelha. Ele tinha penteado os cabelos, não tinha feito a barba mas parecia um homem diferente. Estava animado.

— Sim senhor.

—Vamos ver minha vovó, papai?—Ele olhou para mim achei muito estranho parecia está me perguntando alguma coisa que eu não pude responder porque ele abaixou os olhos olhando para Gabi.

— Vamos conhecer minha família.

— Onde está meu presente?— Fazia dois dias que estava aqui e nos dois dias ela tinha me feito a mesma pergunta.

—Eu... vou comprar quando voltamos.— Ele se virou e saiu andando, peguei na mão de Gabi e o segui


Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo