CAPÍTULO 6

Júlia

A diferença entre os Montenegro's e os Mesquitas era gritante, enquanto a família Montenegro se divertia sorrindo e contando histórias ou correndo atrás dos pequenos a família Mesquita se sentava todos em uma mesa muito elegante, todos muito controlados e falava o mínimo possível.

Eu não quis me sentar a mesa com eles então fiquei na cozinha junto ao outros empregados.

— A senhora Ana tem uma neta muito bonita.  — A cozinheira se sentou a minha frente. Tinha outro rapaz acho que era o jardineiro e uma jovem que era a empregada. — Qual o nome dela, Júlia?

— Gabrielle. Aconteceu algum problema?  Eles estão muito quietos.

— Eles são assim mesmo. Uma família tranquila.

— Posso?.— Todos os outros três empregados que estava na cozinha se levantou assim que o senhor Caim entrou na cozinha. Ele puxou a cadeira se sentado a minha frente.

— Pode me servir aqui, Merlin. — Ele ficou me olhando direto nos olhos e eu já estava me sentido tonta. Eu me sentia envergonhada pelo modo como tinha comportado no nosso primeiro encontro.

— Não seja tão profissional, Júlia.

— Eu não quero incomodar.

— Não vai sente-se e coma comigo.

— Senhor...

— Caim.

Ele segurou em minha mão, afastei não querendo ser rude.

— Não estou com fome.

— Nem eu. O que acha de te mostra a casa.

As três pessoas na sala me olhava como se eu fosse louca, uma empregada não recusava tantos convites e muito menos de um cara jovem e atraente, na verdade nenhuma mulher recusava.

— Não posso demorar a Gabi...

— Você não vai. — Ele segurou em meu braço e quase me arrastou para fora .

Todos os outros ainda estava sentados à mesa jantando e conversando baixinho Gabi estava ao lado do avô.

— Jú...

— Vou mostrar a casa para ela volto em um minuto .

Ele não esperou por uma resposta porém escutei muito bem a senhora Ana falando que fazíamos um belo casal.

Caim não me mostrou nada a não ser o jardim da casa ficamos conversando, ele ficou falado já que eu não tinha nada que gostaria de compartilhar.

Não sei o que aconteceu porém o senhor Gabriel estava muito silencioso, fomos o caminho inteiro para casa em silêncio a não ser quando Gabi fazia alguma pergunta. E ele respondia com curtas palavras.

Gabriel

— Você não me pega... — Os gritos continuava, conseguia escutar o som dos passos delas, o som dos sorrisos. As duas tinha passado a manhã fora de casa.

— Gabi...— Escutei a voz eufórica de Martins para logo em seguida escutar o som dos passos ligeiros de Gabi as duas parecia está ali dentro da biblioteca e não a três portas de distância.

— Eu vou pegar você... — Foi difícil saber qual das duas havia falado porque logo uma música começou a tocar. E então um barulho de algo caindo foi mais alto.

Fechei o notebook e sai da minha sala era quase cinco horas e eu tinha passado por momentos estressantes na empresa hoje, minha cabeça estava a ponto de explodir, abri a porta do quarto e encontrei Martins sentada no chão com Gabrielle ao seu lado as duas com vários cartões de adesivos de princesa ao lado de uma cama que eu nem sabia de onde havia saído.

— Que merda está acontecendo aqui?— Desliguei o som e as suas se levantaram e olhava assustada para mim. — Eu tenho trabalho para fazer então fiquem caladas.

Gabrielle fungou, uma lágrima caiu molhando o macacão que ela estava usando. Ninguém gritava com aquela menina, ninguém nunca tinha nem cogitado fazer aquilo e eu fiz eu gritei com ela eu a fiz chorar.

— Continuei separando os adesivos  que vai colocar na sua nova cama, querida.

Martins apontou para a porta fazendo um gesto com a cabeça e então eu sai.

— Eu tenho trabalho para fazer...

— E ela tem uma cama para decorar.—Ela disse que como se realmente fosse a coisa mais simples e que o que elas estavam fazendo se iguala—se ao que eu estava fazendo.

— Não seja idiota.

— Eu? Você gritou com uma menina e até eu me assustei com o modo como agiu, pensei que iria bater em nos duas lá dentro, imagina o que ela pensou você tem que se controlar, Gabi é uma garota sensível.

— Eu...

— Tudo para o senhor é "Eu" nunca "Ela" Gabi é uma criança. Peço com todo o respeito que entre e pense desculpa para ela. — No seu tom não tinha nada de respeitoso ela olhava para mim e tudo o que ela não dizia eu podia ver em seus olhos.

— Você...

— Eu fui clara sobre como iria trabalhar e o que o senhor fez pode deixar consequências. Então pense um pouco na sua filha.

— Eu não vou fazer nada. — Estava gritando de novo, e ela continuava calma como se nada que eu pudesse fazer a afetaria.

— Júlia... — Gabi colocou apenas a cabeça para fora do quarto.

— Sim querida. — ela quase correu para atender Gabrielle me deixando sozinho no lado de fora, não estava acostumado a ter uma conversa encerrada de uma maneira tão rude só eu fazia isso.

— Eu posso falar com minha vovó.— Sua voz não passava de um sussurro.

— Por que, Gabi? — Ela começou a ficar vermelha e sabia que iria chorar, Leane havia me falado que isso poderia acontecer, mas já fazia semanas que ela estava aqui e ela não quis ir embora no primeiro dia. Eu não queria ficar com ela, porém acabaria com o mundo por ela se fosse preciso, ela não iria para um lar de crianças o que acontecia naqueles lugares...

— Por favor.— Ela começou a chorar e então Júlia a pegou no colo a levando para dentro do quarto, eu senti um nó se formado em minha garganta ela estava chorando, eu realmente era um idiota.

Entrei no quarto e não encontrei nem uma das duas a porta do quatro de Martins estava entreaberta entrei e vi as duas Gabi ainda estava chorando. Eu me lembro como ficava zangado quando meus pais gritava comigo e me lembro como fiquei quando Belle me contou que tinha brigado com sua mãe ela ficou arrasada eu fiquei lá e presenciei tudo o que ela disse para Leane não sei qual das duas ficou mais triste e então eu vi como Leane reagiu um tempo depois e percebi naquele dia que ela era uma excelente mãe e sabia agir em algumas circunstâncias melhor até que minha mãe. Todo o tempo que passei com a família Montenegro já deveria ter aprendido como cada uma das mulheres daquela família e até os homens eram tratados.

— Ele não quis gritar com você ele só tem trabalho para fazer.

— Eu tenho medo, Jú. Meu vovô tem muito tra-trabalho e ele não grita eu quero ir para minha casa.— Ela soluçava e então Júlia a abraçou.

— Durma um pouco. — Martins a cobriu e ficou olhando para a menina enquanto acariciava os cabelos castanhos da garota que se agarrava seu corpo como se fosse seu note salva vidas.

— Posso falar com ela?

Júlia se sentou com Gabi ainda no seu colo a menina era pequena e encolhida no colo de Martins parecia ainda mais. Pude ver ela apertando o pescoço de Martins . Caminhei ate elas e me ajolhei a sua frente.

— Me desculpe.— Nunca pensei que fosse tão difícil fazer um pedido de desculpas ela olhou para mim, tirei o lenço do meu bolso e limpei as lágrimas dos seus. — Eu não vou mais gritar com você. Eu prometo.

Ela se desprendeu de Júlia e ficou de pé em minha frente e me abraçou eu fiquei ali parado apenas absorvendo o calor do corpo pequeno dela. Ela beijou minha bochecha. Podia ouvir as batidas do meu coração e então eu a apertei contra o meu corpo.

— Eu amo você.—Eu não conseguia acreditar que tinha dito aquilo, ela olhou para mim colocou as mãos ao lado do meu rosto e então ela beijou meu rosto.

— Também amo você papai. — Ela deu um sorriso e pude ver as covinhas o sorriso da minha amada Belle.

Júlia

Um mês na casa dos Mesquitas e eu estava muito feliz,não era tão apegada ao senhor Gabriel e ele evitava bastante ficar perto de mim e isso afetava ele se aproximar de  Gabi eu acho. Depois do primeiro dia em que o vi agi como um pai realmente amoroso ele se afastou por completo.

Ainda não era nem seis horas da manhã, estava morrendo de sede, passei pelo quatro de Gabi, sua cama perfeitamente arrumada, fazia semanas que sua cama tinha chegado e ela continuava a dormir comigo. Para falar a verdade eu até gostava, as vezes ficávamos assistindo outras contávamos histórias e nas noite de muito cansaço apenas dormíamos 

Peguei o copo com água estava perto da escada quando ouvi a porta ser aberta. O senhor Gabriel entrou, estava com a roupa imunda. Ele tinha saído para correr pelo o que podia ver.

— Martins ! — Ele mediu todo o meu corpo e então eu segui seu olhar estava apenas com uma blusa azul do Superman, puxei um pouco tentando esconder minhas pernas. Ele se virou, jogando a blusa de frio no chão logo depois uma garrafa de água.

— O senhor não está nada bem também.— Eu só pensei depois no que foi dito e pelo seu olhar ele não tinha gostado nada que eu tivesse apontado seu estado.

— Cada um de nós tem hábitos diferentes que não podem ser comparados.

— Mas pode ser questionados...

— Se assim desejar, questione outra pessoa.

Merda de boca grande, eu simplesmente não conseguia ficar calada. Ele entrou na cozinha me deixando sozinha e mesmo minha língua ardendo com a vontade de ir atrás dele e continuar com a conversa eu não era tão boba para ir atrás dele e então subi quase correndo para o quarto de novo.

Gabriel

Eu estava excitado. Mais que porra, que eu estava pensando? Eu não podia sentir desejo por ela, eu não podia sentir desejo por ninguém. Martins é jovem e muito atraente, e não podia negar que usando apenas aquela camiseta, deixando muito daquela pele bronzeada era uma verdadeira tentação. Mas não para mim.

O sol ainda não havia aparecido quando sai para correr, os acontecimentos do dia anterior ainda não tinha sido digerido, eu não sabia mais o que fazer.

Três horas mais tarde por orgulho me sentei a mesa com Martins e Gabrielle, duas pessoas que eu não queria ver.

— Posso brincar na piscina, papai ?

— Ainda é muito cedo. — Ela continuou a comer. Martins colocou mais leite para Gabi que muito educada ela pediu obrigada. Eu não olhava para Martins porque quando fazia isso não era seus olhos que eu encarava.

— Tenho trabalho para fazer peço que não me incomode. —Olhei para Martins e logo me arrependi o vestido que ela estava usando tinha um decote em V e um pingente de bailarina descansava na curva dos seus seios que estava me dando água na boca.

— Ok... senhor Gabriel. — Ela me olhava me questionado e então eu tentei disfarçar. 

— Colar muito bonito. — Ela deu um sorriso bem falso por sinal.

Júlia

— Eu te conheço de algum lugar. —Não sabia o que falar, eu também tinha a sensação que conhecia ela de algum lugar.

— Me desculpe deve ser algum tipo de engano.

— Tem razão. — Mas percebi que eu havia despertado sua curiosidade e isso não era bom ela continuava a me encarar .

— Michely, venha até o meu escritório.

— Com licença. —Ela subiu as escadas onde o senhor Gabriel a esperava.

Michely era alta, magra e loira. Vestida muito bem e em saltos muito alto. Ela cumprimentou o senhor Gabriel com um beijo no rosto talvez ela fosse mais que uma secretaria.

— Traga um café, Martins . — Fui para a cozinha eu não sabia fazer café sempre saia muito amargo ou muito doce. Foi uma das coisas que eu nunca me interessei e nunca precisei fazer.

Já não sabia mais o que fazer, o café não tinha ficado muito amargo. Eu já nem sentia o gosto para ser franca, já tinha tentando e provado três vezes. Coloquei tudo em uma bandeja e coloquei também alguns pãozinhos. Com cuidado redobrado eu subi até a biblioteca.

Bati na porta e então, o senhor Gabriel estava sentado, Michely estava em pé ao seu lado, seus corpos muito perto. Ele prestava atenção no que ela falava e ela empurrava mais seus seios para frente tentando ter a atenção do senhor.

— Senhor. — Servi o café para os dois, Michely tossiu assim que provou do café, a cara do senhor Gabriel não era das melhores.

— Está horrível.

— Pode levar, Martins . — Peguei a bandeja e saiu o mais rápido possível.

— Jú... — Gabi saiu do quarto os cabelos castanhos da garota estava em completa desordem mais parecia uma juba. Parei de rir ao ver que ela já estava ficando brava.

— Você não quer dormir mais um pouco?

— Não. Posso ver meu papai?

— Agora não. — Entrei no quarto com ela e me dediquei a deixá—la apresentável.

— Estou com fome. — Passamos pelo corredor, Gabi gostava de m****r um beijo toda a vez que passávamos pelo quadro da senhora Isabelle, realmente ela era uma mulher muito bonita. Os olhos dela me lembrava os do senhor Felipe a única coisa que Gabi não herdou da mãe, na verdade Gabi era única.

— Não vamos atrapalhar seu papai hoje

— Podemos ir a piscina?

— Você não pode ficar sozinha perto da piscina. Como você está se comportando vamos poder comer lá fora.

Gabi me ajudou levando as coisas para fora, eu amava aquele toldo, era tão lindo.

— Não tem doce?

— Tem frutas...

— Eu não gosto de fru...

— Não fala isso, Gabi. Muitas crianças não tem nada para comer e gostaria muito de ter todas essas frutas.

— Desculpa.— Ela começou a comer e eu já não conseguia nem olhar para a comida todas aquelas lembranças voltando com força.

— Papai. — Gabi correu até a porta da casa, limpei meus olhos antes mesmo que as lágrimas caíssem.

Ela trouxe o senhor Gabriel para o toldo e então eu pedi licença deixando os dois sozinhos.

Algumas horas depois Gabi entrou na cozinha, na hora de dormir ainda encontrava dificuldades as lembranças estava me consumindo estava com medo, eu não sabia o que  esperava amanhã, não sabia o que ia acontecer nas próximas horas. Me levantei precisva andar um pouco. Quando sai do quarto ouvi a voz do senhor Gabriel segui sua voz e parei em frente ao seu quarto a porta estava entreaberta e mesmo sem vê—lo podia sentir sua presença, o senhor Gabriel estava ali de pé, completamente imóvel, em frente ao retrato da senhora Isabelle. O único movimento que fazia era arfar de vez em quando. Sua expressão era tao triste que cheguei a ficar sem ar.

Naquele momento eu não o odiava. Eu queria ter a coragem de ir até ele e poder abraça—lo... Poder dizer que ele ficaria bem.


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