CAPÍTULO 1

                                         Julia

Corro pela mata escura não conseguia ver nem um ponto de luz apenas os latidos dos cães que ficava cada vez mais alto. Corri mais rápido, minhas canelas sendo arranhadas pelos arbustos alto demais.

— ...Vamos encontra—la pare de fugir e não a machucaremos. —Alguém gritou e eu sabia que eles estavam próximos. Procurei algum lugar para me esconder e então vi um raio de luz alguns metros a frente reuni todas a minhas forças e corri em direção.

Com dificuldade consegui chegar, e para minha surpresa era o terminal Central, o trem estava parado, muitas pessoas tentando entrar. Eu não podia ficar ali parada sabendo que a qualquer momento eles me pegariam, então corri para o trem como estava nos fundos ninguém viu quando entrei me sentei no fundo o lugar que quase ninguém deseja e logo depois ouvi uma agitação lá fora, eu estava quase deitada no banco evitando ser vista, olhei pela janela e vi um grupo de polícias armados e com enormes cachorros, eles estavam a minha procura. Alguém apontou em direção a floresta e eles correm novamente para onde tinha saído alguns minutos atrás, logo depois as pessoas começaram a entrar cada uma ocupando seu devido lugar e eu rezei baixinho para que eu não tivesse pegado o lugar de ninguém e que isso fosse o bastante para eles não perceber a presença de uma forasteira.

Só que isso não foi o suficiente, um dia depois eles perceberam minha presença e como era de se esperar eles me fizeram descer, antes que pudessem chamar a polícia eu fugi. Se antes estava perdida, agora estava totalmente perdida e morrendo de fome.

Eu morava em Medina. Agora estava perdida no centro de Seattle, estava muito cansada, andei um pouco até que vi um hotel bem simples só o que chamou mais minha atenção foi "temos vaga e refeições inclusas". Nunca em toda minha vida tinha sentindo tanta fome como naquele momento.

Quase corri para chegar ao hotel, para minha sorte eles não tinha feito muitas perguntas.  Porém eu sabia que isso seria temporário.

                                            ♡♡♡

Fazia dois meses que estava morando em Seattle, o hotel agora era minha casa e eu me sentia bem a vontade ali.  Ajudava em muitas coisas que era preciso e isso me rendia um pouco de dinheiro, mas não muito.

Peguei o jornal e comecei a marca possíveis trabalhos. Ainda não tinha conseguido um trabalho fixo e meu dinheiro estava acabando.

Então vi uma foto minha em outra matéria era uma foto pequena só que recente. Não podia ser.  Se alguém me visse eu estaria morta, se voltasse para Medina não sei o que aconteceria.

Sai do hotel indo até o outro lado da rua quase correndo tinha a impressão que todos já sabia, que todos me olhava pronta para me segurar e me levar até ele.

— No que posso ajudar?. — É inevitável não me assustar ao ser abordada pela vendedora.

— Quero comprar tinta para cabelo. — Ela parece surpresa então olha para meus cabelos, era tão difícil para mim adorava meus cabelos são castanho escuro quase pretos  e eu os adorava nunca tinha pintado antes, tinha muito medo do que poderia fazer.

— Me diz a tinta que você quer e eu te ajudo a procurar.

Pensei em loiro e não hora descartei essa opção, minha pele era bronzeada demais para esse tom. Então a vendedora sugeri vermelho também não. Então uma menina passou na frente da farmácia ela era diferente de todas a outras seus cabelos era azuis escuro e ela era linda e isso iria me ajudar a mudar a minha aparecia, ninguém esperaria que eu mudasse tanto.

— Vou querer azul, moça.

— Que?! — Ela estava mais do que surpresa tinha certeza que ela pensava que eu fosse louca coisa que nos últimos tempos eu já tinha certeza. — Desculpe vou pegar para a senhorita.

Fiquei olhando algumas amostra até que a vendedora voltou.

Ela sugere que eu fosse até o salão da esquina e pintasse lá para não correr o risco de danificar meu cabelo.

Fiquei algumas horas no salão, todas as senhoras que estavam lá, me aconselharam a não mudar a cor do meu cabelo, elas me entregaram o jornal e eu procurei outros empregos. Então um me chamou atenção era para ser babá para uma menina de três anos. Fiquei com a matéria para mim.

— Esta pronto, querida. — Ela girou a cadeira me fazendo olhar meu reflexo no espelho estava lindo.

— Ai meu Deus! — Passo a mão pelos meus cabelos estava lindos, me sentia linda um sorriso bobo não saía dos meus lábios.

— Gostou?.

— Eu amei. — Seguro uma mecha do meu cabelo o azul que ela havia aplicado não era escuro, era uma cor clara. Mal me lembra da sensação de me sentir bonita e não uma boneca com camadas e mais camadas de maquiagem.

Só depois que cheguei no prédio percebi as complicações que uma simples cor no meu cabelo poderia ter, ainda que em muitos os cargos pedia moças sérias e com boa aparência alguma coisa teria que servir. E mesmo por mais precário que fosse eu não seria reconhecida.

Guardo meus documentos "Júlia Martins " nem eu mesma reconhecia a jovem da foto do meu registro geral uma nova garota uma nova cidade uma nova vida, que Deus me ajudasse a ir bem, não tinha sido tão mau merecia uma segunda chance merecia a chance que eu nunca tive.

Então fiquei horas, pedindo a Deus como eu havia aprendido. Meu dinheiro estava acabando e não conseguia nada, não poderia voltar nunca mais para Medina, nunca mais voltaria a ver meus amigos, ninguém que eu conhecia, agora era uma nova pessoa Julia Martins e teria que fazer o impossível para conseguir, estava entregando tudo nas mãos de Deus, uma coisa que aprendi na minha vida foi nunca desistir e não faria isso, não depois de conseguir me liberta da vida que eu levava.

Gabriel

Ainda não havia superado à morte de Belle todos esse tempo sofrendo com a morte da minha esposa amada, faz quase quatro anos que não vejo nossa filha, eu não consigo sou incapaz de olhar para ela, sentia que tinha sido ela a tirar Belle de mim, paro em frente ao portão da casa dos Montenegro e hesito em tocar a campainha, meu coração acelerado é Impossível não lembrar de Belle, sinto meus olhos arderem com lágrimas não derramadas, aperto a campainha e espero alguns segundos consigo ouvir os gritinhos da bebê e Leane abre a porta parece surpresa em me ver ela sorrir um sorriso tão meigo que me conforta como não era feito em anos. Por ordem da justiça tinha que pegar Gabrielle e passar o tempo determinado pela lei com ela e só depois decidir se queria ou não passar a guarda determinada para Felipe e Leane, eu adiei o máximo só que não poderia ficar nem mais um dia sem tomar as devidas providências. Não queria perder a guarda da menina era a única parte de Belle que eu tinha. Mas também não era capaz de cuidar dela, eu tinha certeza disso. Apertei a campainha e parecia que Leane já estava me esperando porque abriu a porta um segundo depois.

— Oi não estava te esperando que bom que você resolveu voltar. — Ela sorri e abre a porta por completo me puxando para dentro, ela me leva para sala a casa tinha sofrido muitas mudanças e ainda estava decidindo se gostava ou não, uma garotinha brinca no chão ela está de costa mexendo em alguma coisa. Seus cabelos são castanhos, ela é gordinha, usa um vestido rosa de princesa, um tiara com pedras brilhantes sobre sua cabeça, isso não me faz bem, lembro com clareza todas as vezes que Belle foi para escola e usava uma fantasia de princesa tão parecida com a que ela usava agora.

—Sente-se por favor. Querida, olha quem veio nos fazer uma visita.

Sorrindo Gabrielle se vira e eu perco o ar ao ver a garotinha mais linda que já pude ver, ela me lembrava os melhores dias que tive com Belle, seus olhos era a única coisa que a fazia diferente de Belle, em vez do verde que tanto amava, seus olhos era azuis como o céu sem nuvens, ela tinha os cabelos na altura dos ombros, as bochechas vermelhas e os lábios rosados.

— Esse é o seu papai. — Leane diz segurando em sua mão e a trazendo para perto de mim. Então ela estende os braços para que eu a pegue no colo, só que eu fico imóvel, não consigo. Ela abraça minhas pernas e hesitante eu acaricio seus cabelos.

Ela volta para o lado de Leane e coloca o dedo na boca, se senta no chão novamente brincado com suas brinquedos.

Fico olhando para a menina que em breve completaria quatro anos, eram quase quatro anos sem Belle apenas vivendo com o vazio que agora havia no meu peito.

— Gabi, não saía daqui querida a vovó já volta. — a gorata assentiu com a cabeça e continua a brincar.

— Acompanhe—me por favor, Gabriel. — Ela se virou indo para um canto mais afastado da sala.

— Como você sabe terá que levar Gabrielle. Sabemos muito bem das consequências que isso poderá ter. Você passará legalmente a guarda para nós e tudo ficará bem.

— Eu não sou capacitado para cuidar dela. Não teria tempo para ela, você pode fazer isso ,Leane. Você e Felipe serão melhores pais para ela.

— Você é sim, essa era a vontade de Belle e ela sempre soube que você conseguiria, eu amo minha neta, só que você é o pai dela e é sua responsabilidade, ela é tudo o que você tem. Como pode você ter amado tanto minha filha e não amar o que ela mais amou, ame sua filha sei que isso é o que Belle sempre quis, temos que aceitar a decisão que ela tomou.

— Eu não aceito. Nunca vou aceitar o qus aconteceu— Sem que ela pudesse dizer qualquer outra coisa eu saía da sua casa. Não vou muito longe paro na soleira e sinto minhas forças indo embora. Então a menina aparece em minha frente segurando uma bolsinha de cachorrinho cor de rosa e um lenço.

Ela estava pronta para ir, era tão inteligente ela segurou em minha mão e senti um formigamento por todo o meu corpo.

Ela tirou a chupeta da boca e sorriu.

— Vamos papai? — Era impossível dizer o que eu senti naquela momento ,ela sabia falar, ela sabia chamar por mim, o som da sua voz era o mais belo de todo o mundo, por um momento pensei ter visto Belle nos observa de longe e tudo o que me fazia acreditar que não passava de uma ilusão era aquela mãozinha quente segurando a minha.

—  Xau vovó. —Ela olha para trás e vejo Leane ,ela estava pálida e olhava para o mesmo ponto onde pensei ter visto Belle.

— Temos que pegar suas coisas primeiro ,Gabi. E você não pode dá tchau para vovó tão longe assim. — Ela solta minha mão e corre para os braços de Leane. Ainda estava em choque essa menina tinha conseguido me desestabilizar em tão pouco tempo.

Depois da morte de Belle, viajei para Moscou, e fiquei por dois anos lá onde ninguém me via onde eu pude ter o meu luto sem ninguém para se preocupar. Agora estava indo para casa, três dias depois da visita que tinha feito aos Montenegro’s estava indo para casa a casa que a muito tempo eu não habitava, agora estava voltando e não era sozinho. Olho para o banco de trás e sentada na cadeirinha olhando para a janela estava Gabrielle, ela estava distraída mas continuava a cantar, ela se atrapalhava com algumas palavras poucas e eu me lembrei da última vez que a vi ela tinha ainda tinha uma semana de vida.

—...Brilha, brilha estrelinha

Quero ver você brilhar

Faz de conta que é só minha

Só pra ti irei cantar

Brilha, brilha estrelinha

Brilha, brilha lá no céu

Vou ficar aqui dormindo

Pra esperar Papai Noel...

Ela cantava sem parar, quando a música acabava começa outra pior ainda e foi assim até chegarmos em casa, nunca pensei que pudesse piorar, mas só estava começando.

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