O Assassinato

Estava sentado no sofá da casa de Pietra. Estava sozinho, pois havia perdido os meus amigos de vista. Observei Phelippe com aquela garota, os dois estavam felizes e se beijavam. Tentei olhar para os dois lados, mas voltei a olhar para Phelippe e a garota. O rapaz me olhou, os dois se levantaram e foram em minha direção.

''Fudeu.'' - Pensei.

- Oi. - Fala Phelippe.

- Oi. 

- Juan, essa é Lizy, minha namorada. Lizy, esse é Juan, um amigo. - Disse Phelippe.

- Prazer. - Diz a loura com um falso sorriso.

- Prazer. - Falei.

- Amor, tô com sede. - Diz Lizy para Phelippe.

- Vou buscar algo pra gente beber. - Falou o garoto. - Juan, você quer algo?

- Não, obrigado. - Respondi.

Phelippe se retirou e a tal Lizy se sentou ao meu lado.

- A quanto tempo vocês se conhecem? - Ela me perguntou.

- Pouco tempo. - Respondi.

- Imaginei. Phelippe nunca me falou de você anteriormente.

- E a quanto tempo vocês estão juntos? - Perguntei.

- Uns 3 anos. - Ela respondeu ao dar um leve sorriso.

''Bastante tempo.'' - Pensei.

Phelippe voltou com as bebidas. Silêncio. O garoto deu um copo para a namorada, e os dois beberam. Fiquei em silêncio enquanto observava os dois, ainda estava chateado porque Phelippe não me dito nada sobre o fato dele ter uma namorada.

- Vou ao toalete. - Falou Lizy ao terminar sua bebida.

Ela se retirou, e dessa vez foi o garoto quem sentou ao meu lado. Silêncio.

- Por que não me contou que você tinha uma namorada? - Perguntei.

- Não achei que fosse importante. - Respondeu o rapaz.

Silêncio.

Sábado, 10h00. 

Meu celular tocou. Era Thomas. Atendi a ligação, ainda sonolento, pois havia me acordado com o toque do aparelho.

- Fala, cara. - Falei ao atender o telefonema.

- E, aí? Olha só, vamos almoçar na casa do Bernardo hoje. Pilha?

- Ah, cara. Estava dormindo, custei para dormir essa noite. Acho que fica pra próxima. - Digo.

- Ok.

Desliguei a ligação e tentei voltar a dormir, mas não conseguia. Resolvi me levantar e fui até o banheiro, fiz minhas higienes matinais e já aproveitei para fazer xixi.

Mamãe não estava em casa, não sabia onde ela havia ido, não deixou nem um bilhete sequer. Cada vez que eu acordava e ela não estava, eu ficava preocupado, pensava em várias besteiras, tinha medo que o pior acontecesse,pois eu não duvidava de nada que viesse do monstro que era meu pai.

Tomei café da manhã sozinho nesse dia. Não lembrava muito o que havia acontecido na noite anterior, minha cabeça doia muito.

Meu celular tocou novamente. Dessa vez era Giulia.

Giulia e eu éramos muito amigos antes dela conhecer Tuby, Pietra, Gaby e Aisha.

- Está melhor? - Ela me perguntou assim que eu atendi a ligação.

- Por quê? - Perguntei sem entender do que ela falara.

- Jura que você não lembra de nada de ontem? - Me questionou.

- Lembro de conversar com o Phelippe e a namorada dele. - Respondi.

- Cara, você pagou o mico do ano, ou melhor, o king kong do ano.

- Por quê? - Perguntei começando a ficar um pouco preocupado.

- Nossa, você não lembra de nada mesmo. Juan, você bebeu tanto, que começou a fazer um strip teese, ficando apenas de cueca, se não fosse eu e a Aisha te parar, você teria ficado completamente nu.

- Meu Deus! Tá de onda, né? - Perguntei bastante apavorado.

- Gostaria de estar.

Eu fazendo strip teese? Juro que não conseguia imaginar a cena. Logo pensei nos meus amigos e no Phelippe vendo eu fazer isso. O que será que eles deviam ter pensado? E por que Thomas não me falou nada quando me ligou? Ah, caralho, não conseguia crer que eu havia feito isso.

Sábado, 16h00. 

Phelippe e eu estávamos caminhando.

- E aí, fiz muita besteira ontem? - Perguntei.

- Não te contaram?

- Mais ou menos. - Respondi umpouco envergonhado. - É sério que eu fiquei só de cueca na festa?

Phelippe riu e eu observei sua risada, que era linda.

- É sim. - Ele disse entre risos.

- Que porra.

Ficamos um pouco em silêncio, caminhamos por algum tempo sem falar nada. Fiquei olhando para o garoto. Phelippe me olhou e eu olhei para baixo, meio envergonhado.

Domingo, 18h00. 

Havia saído com meus amigos. Ao me aproximar de casa, escutei os gritos de minha mãe, que estava pedindo por socorro. Estava farto disso, não aguentava mais essa porra de rotina. Resolvi dar um fim nessa situação toda. Liguei para a polícia e denunciei tudo. A polícia disse que tentaria ir o mais rápido possível. Desliguei a ligação e corri para dentro de casa. Mamãe estava caída no chão, e o FDP estava batendo nela. Ela estva muito machucada, quase não conseguia nem falar. O empurrei, estava com muito ódio. Ele me olhou, e depois olhou pra ela. O desgraçado se sentou no sofá e começou a chorar, lágrimas de crocodilo, pois eu não acreditava que ele pudesse ter um pingo de sentimento.

- Mãe! - Gritei me ajoelhando no chão.

Coloquei sua cabeça em meu colo com muito cuidado, pois ela estava muito machucada.

- Filho. - Ela murmurou com uma certa dificuldade.

- Você vai ficar bem. - Falei começando a chorar por ver o estado em que ela estava.

- Eu te amo. - Ela fala.

Foi a última vez que eu ouvi a voz de minha mãe.

- Não! - Gritei aos prantos.

Olhei para o desgraçado e pensei em fazer justiça com as próprias mãos, mas no fundo eu sabia que não devia. Estava com muito ódio dele, queria muito que fosse ele no lugar de minha mãe, queria que ele que estivesse morto.

A polícia chegou sem sirene, como eu havia pedido. O demente se assustou ao ver os policiais entrando em nossa casa e começou a me xingar.

- Eu te odeio. Tomara que você morra na cadeia. - Falei possuído pelo ódio.

Ele é algemado e levado para a prisão, lugar que ele deveria estar há muito tempo. Estava desesperado, não sabia o que fazer, não sabia pra quem pedir socorro, agora estava sozinho no mundo, perdi a única pessoa que eu tinha no mundo, eu não tinha mais família, quer dizer, até tinha, mas moravam muito longe, em outras cidades e em outro estado.

Resolvi ligar para Thomas, pois os pais dele gostavam muito de mim e se davam bem com minha mãe. Liguei e contei todo o ocorrido, Thomas não sabia sobre as agressões, nunca havia lhe contado por vergonha e medo do que ele pudesse fazer se soubesse da verdade. Meu amigo ficou bastante chocado e me deu total apoio. Em seguida, falo com a mãe dele, lhe contei o que houve. Thomas e os pais, não demoram muito para chegar em minha casa. Estava muito abalado, e o garoto me deu um copo d'água para eu me acalmar. Os pais de Thomas eram bem legais, e acabaram me ajudando com o velório, enterro e todas essas coisas.

Segunda – feira, 10h00. 

Eu estava no enterro de minha mãe. Obviamente, não fui à aula. Thomas, Omar e Bernardo estavam comigo me dando força. Aisha chegou logo em seguida.

- Sinto muito. - Ela disse.

- Obrigado. - Falo.

A garota me abraçou e ficou conosco.

- E as suas amigas? - Perguntou Omar para Aisha.

- Não puderam faltar aula, tinham prova de Inglês. - Respondeu.

Estava tão triste e furioso, não queria conversar, só sabia chorar e chorar. Avistei Phelippe de longe. Ele foi em minha direção. O garoto parou diante de mim, ele não disse nada, apenas me abraçou, era como se soubesse que eu precisava desse abraço. Ele ficou alí comigo em silêncio, parecia que ele sabia exatamente o que eu estava sentindo, ou o que eu queria no momento. O enterro começou, o padre falou várias passagens da bíblia. Não estava prestando atenção em nada do que ele falava, apenas pensava em minha mãe, queria ela de volta comigo.

Abaixaram o caixão e a enterraram. Tinha vontade de ir com ela, não queria viver sem a minha mãe, chorava e chorava sem parar. Não entendia por que Deus fazia essas coisas com a gente, na verdade, nunca acreditei muito em Deus, sempre fui de crer naquilo que meus olhos podem ver, ou que eu posso sentir, como o vento, que eu não vejo, mas sei que ele existe porque sinto.

Phelippe pegou lentamente em minha mão, não sei por que ele fez isso, fiquei com um pouco de vergonha que alguém nos visse e pensassem que a gente era gay, mas eu não fiz nada, fiquei imóvel, sentindo a mão de Phelippe junto da minha, mas pensar no garoto era a última coisa que eu queria naquele momento.

Segunda – feira, 14h00. 

Cheguei em casa. Meus amigos haviam ido comigo.

- Tem certeza que não quer que a gente te faça companhia? - Perguntou Bernardo.

- Tenho. Qualquer coisa eu ligo pra vocês. - Falei.

Eles foram embora em seguida. E eu fui para o quarto de minha mãe, me deitei em sua cama e voltei a chorar enquanto sentia o cheiro dela que havia ficado no lençol. Pouco depois acabei caindo no sono. Sonhei com minha mãe naquele dia. No sonho ela pedia para eu ficar bem, dizia que não queria me ver sofrer e que estava bem, pois agora papai não podia mais machucá-la.

Segunda – feira, 16h00. 

Acordei um pouco mais calmo, acho que me fez bem o sonho que tive com mamãe. Fui ver um pouco de TV, e depois resolvi mexer na internet, busquei fazer algo para tentar esquecer tudo isso, mas não conseguia, sempre acabava pensando nela. Omar me ligou, mas não atendi, não estava com vontade de falar com ninguém.

Terça – feira, 7h00. 

Cheguei à escola, não estava com cabeça para ir ao colégio, mas ficar em casa seria pior, pois tudo me lembrava ela, por isso resolvi ir estudar um pouco, precisava me distrair com algo, e assim não pensaria tanto no ocorrido.

Ao me ver, os meus amigos e até quem não era tanto meu amigo, foram falar comigo, queriam saber como estava, mas obviamente, eu não estava nada bem.

- Sinto muito por tudo isso. - Diz Giulia.

- Obrigado. - Falei.

Observei Phelippe ao longe, ele me olhou, mas não se aproximou de mim. Fiquei olhando para o garoto.

''Por que será que ele não vem falar comigo?'' - Pensei.

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