O Início - Parte 1

Primeiramente, deixe-me fazer uma breve apresentação. Meu nome é Serena, mas preciso deixar claro, para evitar surpresas, que meu nome significa “laços” ou “ligação” (e agora eu me pergunto, se é por isso que tenho o péssimo hábito de me apegar fácil). De serenidade, não tenho quase nada. Minha mente sempre está agitada, acredite, é uma loucura aqui dentro! Sou uma mulher de quase 30 anos, com 1,69 m de altura, pele clara, cabelos de comprimento médio e castanhos, e uma gordinha, em processo de emagrecimento (vamos com fé!). Importante destacar que no meu caso, emagrecer é por saúde mesmo. Se você é gordinho (a), sente-se feliz e pode ser assim, ótimo!

É um prazer ter você, leitor, aqui comigo. Espero, sinceramente, que minha vida doida te ajude em algo. Dito isso, vamos começar do início. Sempre fui um bebê agitado, desde a barriga da minha mãe as coisas foram um desastre... Ok, não tão no início assim, então? Está bem, você que manda. Vamos lá...

Tudo começa dentro de casa, não é mesmo? Meu pai sempre bebeu muito. Provavelmente por estar insatisfeito com sua vida ou viver no passado. Se tem uma lição que meu pai me ensinou, é deixar o passado para trás. Sempre o vejo reclamando e remoendo coisas que aconteceram com ele anos atrás, inclusive na infância. “Fulano me tratou mal quando eu tinha sete anos, e hoje ele está bem, não aceito isso”.

Pelo amor de Deus! Da infância para a vida adulta, Fulano pode ter mudado. E mesmo que não tenha mudado, o que meu pai tem a ver com a vida dele? Em vez de querer saber como está a vida de todos aqueles que já lhe fizeram mal um dia (quão cansativo deve ser isso), por que não cuidar da própria vida e buscar ser feliz?

Para mim, a melhor vingança sempre será o esquecimento. E é um favor que você faz a si mesmo. Esse negócio de pensar “se eu tivesse feito tal coisa, minha vida seria diferente”, “se eu tivesse casado com fulano ao invés de ciclano, poderia estar feliz agora”... Alôoo! Você fez suas escolhas! Aguente as consequências delas e busque mudar o que não tem te feito feliz. Sempre há algo que nos deixa alegre. Se você não sabe, precisa parar um pouco e começar a se conhecer, urgentemente!

Meu pai nunca bebeu “socialmente”. Sempre é “beber até cair”. Quando eu era criança, duas coisas me marcaram muito: o fato de ele gritar muito quando estava completamente bêbado e eu não saber se estava passando mal, se estava sendo possuído ou se estava colocando para fora sentimentos reprimidos; e o fato de ver minha mãe chorando, inúmeras vezes.

Eu tinha medo. Escondia-me embaixo da cama, atrás da porta. Mas quando a via chorando, queria saber o que fazer, queria protegê-la. Hoje eu tenho pavor a quem fala alto e aos gritos. Fico com vontade de literalmente, sair correndo. Evito discussões porque não suporto bate bocas. E eu sei que não é porque eu seja paz e amor, é porque memórias ruins subconscientemente vêm à tona.

Entenda, não é que meu pai seja uma pessoa ruim. Ele é inteligente, divertido (nem sempre), até ingênuo demais muitas vezes (e isso me irrita). Só que ele não sabe lidar com suas emoções, não sabe e não quer desapegar do que lhe fez tanto mal, e isso, acaba fazendo com que ele seja uma pessoa um tanto difícil de conviver. Poderia fazer uma análise completa do que observo nas atitudes dele, mas não estou aqui para falar da vida e escolhas alheias, apenas de como elas afetaram minha vida.

Minha mãe é a pessoa mais forte que conheço. Poderia dizer que não sei o motivo de ela continuar ao lado do meu pai, especialmente naqueles momentos em que eu a vi chorando tanto. Por que não ir embora? A resposta: filhos. Durante minha vida, eu vi que filhos acabam “prendendo” os pais em relacionamentos. Graças a Deus, isso tem mudado.

Com mulheres totalmente dependentes financeiramente do marido, as coisas complicam. Se ela não tem conhecimento suficiente, então, pior ainda. Talvez, aliado a isso, esteja o “ele vai mudar”. Pode até ser que mude. O problema é que geralmente é para pior.

No meu caso, meu pai nunca bateu em minha mãe, nem em mim. Mas se ela não tivesse se posicionado desde a primeira vez que ele levantou a mão para ela, eu realmente não duvidaria que ele o fizesse, depois que bebesse. Por viverem um relacionamento conturbado, cresci ouvindo o quanto relacionamentos são ruins e que eu não deveria me casar nunca, já que homens não prestam (não tão inverdade, não é mesmo?).

Essas palavras ficaram tão fixas na minha mente, que ecoaram na minha vida. Comecei a não querer me casar. Atraí homens que, de fato, não prestavam. Quando algum parecia querer algo sério, eu dava um jeito de fazê-lo desistir (fazia tudo que ele não gostava até ele cansar e terminar ou eu mesma terminava). E eu sei que uma parte da minha mãe, se sentia feliz por isso, por me mostrar que relacionamentos amorosos são algo ruim. Afinal, ela ama estar certa. O que hoje é claro para mim, é que o fato de eu começar a acreditar fielmente nisso, a bonita e chamada “lei da atração” começou a atrair esse tipo de garotos (depois, homens) para mim.

Veja, querido leitor, não é porque seus pais tem um relacionamento estranho (entre momentos de brigas e de felicidade), se estão juntos por causa do julgamento da sociedade ou sabe-se lá Deus por que; que você também terá relacionamentos assim, ou que deva fugir de relacionamentos amorosos. Procure mudar suas atitudes e pensamentos.

Fixe na sua mente que ser infeliz em relacionamentos amorosos (e outras coisas mais), não é algo genético. Não é porque seus pais se divorciaram, não é por seus pais discutirem, talvez até baterem em você; que, obrigatoriamente, você também vai. Use o mal exemplo como algo útil em sua vida. “O que posso aprender com isso?” A resposta é aquela frase bem clichê: aprenda a não ser como eles.

Se você sabe tudo o que leva um relacionamento a fracassar, você já sabe o que não deve fazer. Pelas atitudes de seus pais (ou outros familiares, não necessariamente você foi criado pelos pais) você coloca na sua nota mental o que foi feito para causar uma emoção ruim na outra pessoa e dizer para si “ok, se quero um relacionamento feliz, isso eu não posso fazer”.

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