Cresci escutando o quanto o mundo é um lugar ruim e difícil. Realmente, o mundo é praticamente um campo de batalha. O ruim não foi minha mãe me repetir isso a vida toda, mas sim o fato de ela acreditar que me “protegendo” do mundo, me colocando em uma “redoma de vidro” estaria fazendo o melhor para mim.
Eu sei que ela se “jogou” no mundo cedo, que sofreu e quebrou a cara várias vezes. Mas acredito também que tudo isso a deixou mais forte. Criar seu filho protegendo-o de tudo e de todos, isolando-o, não o faz feliz e muito menos preparado para viver. Pais assim provavelmente não pensam que um dia, infelizmente, morrerão. E aí? Agora é seu filho e o mundo? Como faz?
Ouvi muito e li também uma frase que diz que “a gente cria o filho para o mundo”, minha mãe com certeza iria odiar ouvir isso. Na mente dela, fui criada para ela. Não sei se para o meu pai também. Nessa proteção, muitas vezes exagerada e cheia de proibições, cresci uma pessoa revoltada e só aprendi um pouco sobre o mundo, de fato, quando entrei na faculdade. E mais um pouco, quando passei um ano morando fora.
O ruim e o bom de morar sozinho é que você está sozinho. Mas na minha vez, eu me senti totalmente sufocada. Voltar para casa depois de passar um ano morando sozinha, fazendo boa parte do que eu queria no meu próprio tempo, é pior do que não ter saído antes. Não é que minha casa seja ruim, só que a forma como as pessoas que moram nela agem e pensam, é muito esquisita. Como se vivêssemos em uma ilha.
Acho terrível o conceito de que “prendendo” você está “protegendo”. Quem disse isso? Estando em casa podem acontecer vários acidentes, pode entrar um assaltante com você em casa (já que não pode “deixar a casa sozinha”, o que é mais uma desculpa esfarrapada). De brinde, os filhos podem ficar de dois jeitos: altamente dependentes dos pais e quando estiverem sem eles vão sofrer horrores (mas os pais não estarão vendo, né? Talvez o raciocínio seja esse...); ou se revoltarão.
Eu sempre quis sair da casa dos meus pais. Sempre ouço um “enquanto morar aqui tem que fazer o que queremos”, mas se falo em sair ouço um “o mundo é ruim, aqui é o melhor lugar”. Meu corpo colocou essa minha revolta em forma de problema de pele. E adivinhem? A culpa é da internet! Não do fato de eu me sentir presa, sufocada... Até porque, na cabeça deles, não há motivos.
Uma das coisas que aprendi observando a minha mãe? Se eu tiver filhos um dia, eu irei treiná-los para a guerra. Nem soltar demais, nem os prender (olha, falando no plural, estou sendo bem positiva). Tudo deve ser dosado. E tenho treinado isso com meus gatos. Eles saem quando querem, voltam quando querem. O que alguns pais não entendem é que em vez de prender seus filhos, deveriam deixar o ambiente de um jeito que eles saiam e queiram voltar (não sumir e não voltar nunca mais).
Crianças e jovens não devem perder a magia da vida. Mas também não dá para dizer como é lá fora (se nem você sabe de tudo), é preciso experimentar. Temos que arriscar, quebrar a cara (ou não), descobrir do que gostamos. Não ficar trancado no quarto imaginando como deve ser lá fora. Os pais devem, sim, educar os filhos, explicar como as coisas são, as complicações (de acordo com a idade), mas tocar o terror só porque vocês não querem que ele saia de casa? Por favor.
Sabe uma das situações mais engraçadas (e que me irritaram muito!)? Foi minha mãe reclamando de eu não ter passado no concurso que ELA queria (pais, entendam que seus filhos têm vida própria, não existem para realizar os sonhos que vocês não correram atrás ou que não tiveram oportunidade de fazer). Disse que eu sou fraca, que não corro atrás e luto. Mas gente, se ela me criou para temer? Como diabos eu iria “correr atrás e cair no mundo” na adolescência, se durante toda a minha vida ouvi o quanto o mundo é ruim?
E, veja, se eu tivesse feito isso, com certeza não seria para trabalhar onde ela queria. Se naquela época eu tivesse a mentalidade de hoje, as coisas teriam sido muito diferentes. Só que, a gente sabe, temos que viver para aprender.
Minha mãe é muito manipuladora e controladora. Aprendeu um negócio de jogar indiretas até eu “me oferecer” (forçadamente) a fazer algo que ela poderia muito bem ter pedido desde o início (mas gosta de joguinhos, e se eu for falar algo depois ela vai dizer “não lhe pedi, você fez porque quis”).
O problema de descobrir que você está sendo manipulado, é que você sabe cada movimento da manipulação. E como eu “estou na casa deles e tenho que fazer o que querem”, tenho que fingir que não entendi. Nossa, essa é uma das piores sensações que existe (exceto quando você joga junto, claro).
Existem dois tipos de filhos que ainda moram com os pais: aqueles que fazem isso e não ajudam em praticamente nada, aqueles que estão lá e ajudam de todas as formas que podem. É “engraçado” o fato de que morar com os pais te torna quase que instantaneamente um “vagabundo”.
Quem disse que morar na casa dos pais é vantajoso apenas para os filhos? Considerando o segundo caso citado no parágrafo anterior, se você mora na casa dos seus pais, ajuda nas despesas, vai resolver coisas como pagamentos e comprar, ajuda nos afazeres da casa, paga suas contas... é quase como morar com colegas, só que o peso é um pouco maior e você provavelmente ainda tem que ouvir um “a casa é minha, tem que fazer como quero”.
Eu sei que errei muito na vida, queria liberdade, mas permiti que cortassem minhas asas. Criar animais, ter que resolver as coisas da casa, ajudar a cuidar da casa... tudo isso foi me prendendo sem eu perceber. Descobri isso apenas depois da minha “crise existencial nível hard”. Ficar em um ambiente que não me identifico muito, só me fazia adoecer. Precisar continuar nele por um tempo, ainda me incomoda, mas os pensamentos são diferentes agora.Escutar pessoas me mandando fazer um concurso, porque acabei virando “freelancer” e trabalhando em casa, era um saco e me incomodava muito. Hoje eu não me importo. Claro, não quero passar a vida toda aqui. Mas para sair eu preciso me organizar mais, preciso de formas de ganhar dinheiro mais fixas. Preciso de metas a serem traçadas e concluídas.Não quero sair para voltar. Não quero ter que pedir ajuda. Não quero deixá-los
Tudo começou quando eu estava na barriga da minha mãe, ansiosa para vir ao mundo. Ok, vou focar dos erros perceptíveis de quando estava adolescente. Mas se eu for contar de fato quando tudo começou, foi na infância. Aquele medo do mundo que minha mãe colocava na minha cabeça; os gritos do meu pai quando ele bebia; aquela ilusão de aparecer um príncipe encantando para me resgatar, que aprendi nos filmes de princesas... aquela sensação de incapacidade e de que alguém precisava me salvar.Eu queria ser salva.Eu precisava ser salva.Eu só não sabia que quem deveria me resgatar seria eu mesma.Cresci acreditando que deveria agradar as pessoas, colocava-me em segundo plano para fazer o que queriam de mim e adivinhe? No final, eu não prestava. Nada era bom o suficiente. As críticas estavam em tudo, eu era culpada por tudo que dava errado. E isso me fez
Ser cobrada para viver da maneira que os outros querem é extremamente ruim e desgastante. Imagine, seu pai quer que você se forme em História como ele; sua mãe quer que você passe em um concurso público (que agrade a ela); seu namorado quer que você trabalhe e sustente a casa em que vocês moram, e ele apenas fique em casa cuidando dela. Todos querem que você siga uma carreira que não é a que você quer, a que escolheu, a que sente que nasceu para seguir.Querem apenas que você satisfaça às necessidades deles e realize sonhos que eles mesmos não conseguiram concretizar. Não importa que seu sonho não tenha nada a ver com aquilo, se não se sente feliz, para eles, a felicidade que importa é a deles. E vá você dizer isso para ver o quão absurdo vão dizer que é o que você falou. Até hoje eu não sei
Foram anos tentando agradar os outros, obviamente sem sucesso. O que eu não compreendi durante todo o tempo, foi que a única pessoa que eu deveria me preocupar em agradar era eu mesma. Assim como a única pessoa que poderia me salvar sempre fui eu. Apenas eu.Poderia passar horas e horas, enchendo páginas e mais páginas com as coisas que fiz e que no fundo não queria ter feito. Poderia fazer como fiz durante muito tempo, reclamar e não fazer nada para mudar aquilo. Por que fazer com que as coisas mudem, é difícil.Fácil é dizer que a vida é difícil, que fomos injustiçados, perseguidos, maltratados. E talvez tenhamos sido mesmo. Mas se lamentar não vai fazer com que as coisas melhorem. Pelo contrário, se você acredita na lei da atração, saiba que quanto mais você reclamar, mais coisas negativas vai atrair para você.Por ou
Mesmo com essa revolta dentro de mim, eu segui tentando agradar aos outros. Segui buscando maneiras de fazer as pessoas terem orgulho de mim. Queria que não me deixassem, mas a verdade é que eu havia esquecido de mim. Colocar outras pessoas em primeiro lugar parece um gesto bonito, mas não é bem assim. Até porque, nem todos irão reconhecer o seu esforço, e é óbvio que você quer ser reconhecido pelos sacrifícios que faz por alguém. É claro que você quer um “obrigado”, e quando isso não vem, você se pergunta se o que fez não foi realmente o suficiente.Colocar-me em primeiro lugar é algo que ainda estou aprendendo a fazer. Sempre convivi com pessoas muito críticas e que acham que sabem o que é melhor para mim. Parece bobagem, mas é preciso ter um filtro muito bom e estar firme no que se quer para não se deixar envolve
Sempre fui uma garota com sentimentos intensos, aquela que acredita no amor e que encontrará alguém para somar alegria, compreensão, carinho e qualquer sentimento bom que possamos carregar, além de dividir dores, tristezas, decepções, raiva, enfim, tudo aquilo que fica no nosso lado mais sombrio. Então, quase toda vez que um garoto se interessava por mim, eu pensava: É ele!Costumava ouvir que o amor só bate uma vez à nossa porta, e é claro que eu não podia deixá-lo ir. Esse pensamento me fez cometer vários erros. Mas eu acreditava que o que desse errado só estaria me fazendo amadurecer e que me levaria ao certo, o “meu certo”.Na adolescência eu tive excesso de paixões erradas. Chega a ser vergonhoso lembrar todas as vezes que me deixei acreditar que aquele sentimento era amor, ou talvez fosse, naquele momento. Meu primeiro namorado, aquele
A carência é um dos sentimentos mais perigosos que existem. Ela pode te fazer entrar em um relacionamento fadado ao fracasso ou voltar para o ex abusivo. Andar descalça em cima de cacos de vidro, acreditando que esta é a melhor coisa a se fazer.Quebrar-se, para manter o outro inteiro, parece ser algo lindo (mas não é).Vou te contar como meu drama começou. Na verdade, vou pular a parte da adolescência, mas já deixo aqui o resumo: cheia de “paixonites agudas”. Iniciarei, então, nos meus 21 anos, quando acreditei ter encontrado o “cara perfeito” para mim. Eu estava na faculdade de Engenharia Agronômica, um curso riquíssimo que tem um leque de opções para que o aluno decida a que mais se identificar. Mas que não era o curso dos meus sonhos. Foi o que, na minha cabeça, cheguei mais perto. Arquitetura, para mim
A pessoa te magoa, e você insiste. É ilógico. Como se para ser feliz você precisasse estar ao lado dela, mas estando com ela você sofre porque ela só te faz mal.Não foi uma nem duas vezes que tentaram, foram várias. Acredita mesmo que depois de tentar cem vezes, na cento e um vai dar certo?Eu falei que sempre fazia bolo para ele no mês de namoro? Pois é. Certa vez estávamos no quarto sentados e ele me soltou essa: Bolo todo mês? Está chato isso. Vejam, ele não tentou fazer algo diferente, ele quis cobrar isso de mim e ainda não valorizava o que eu fazia naquele momento. Isso doeu. E acordou uma “Serena” que estava decidida a nunca mais fazer isso.Depois de DR’s, tudo lindo de novo. Até o momento em que eu estava completamente sufocada de coisas da faculdade para fazer. Ele não poderia ente