Tudo começou quando eu estava na barriga da minha mãe, ansiosa para vir ao mundo. Ok, vou focar dos erros perceptíveis de quando estava adolescente. Mas se eu for contar de fato quando tudo começou, foi na infância. Aquele medo do mundo que minha mãe colocava na minha cabeça; os gritos do meu pai quando ele bebia; aquela ilusão de aparecer um príncipe encantando para me resgatar, que aprendi nos filmes de princesas... aquela sensação de incapacidade e de que alguém precisava me salvar.
Eu queria ser salva.
Eu precisava ser salva.
Eu só não sabia que quem deveria me resgatar seria eu mesma.
Cresci acreditando que deveria agradar as pessoas, colocava-me em segundo plano para fazer o que queriam de mim e adivinhe? No final, eu não prestava. Nada era bom o suficiente. As críticas estavam em tudo, eu era culpada por tudo que dava errado. E isso me fez perder totalmente a confiança em mim.
Na adolescência, eu era aquela garota que fazia dietas loucas e até emagreceu, mas era cheia de espinhas, então muitos me “zuavam” por isso. Por alguma razão, as pessoas próximas a mim sempre queriam que eu me sentisse inferior. Faziam um tormento na minha mente e depois “não sabiam porque eu era fraca”. E isso inclui familiares e amizades.
Eu nunca fui fraca. Mas queriam me fazer acreditar que eu era. E, claro, eu acreditava. Por vezes, quis morrer. Que falta faria a esse mundo cheio de pessoas loucas e egoístas? Eu queria fazer a dor passar, queria sumir. Acreditava que morrendo, resolveria todos os meus problemas.
Por alguma razão, o máximo que eu fazia era me cortar, tentar me sufocar com o travesseiro e tomar remédios de pressão da minha mãe. De fato, eu nunca quis ir “até o fim”. Começava a pensar o quanto era egoísta causar a minha própria morte. Pensava que não tinha o direito de fazer outras pessoas sofrerem por isso, porque era amada, de um jeito particular de cada um, mas havia pessoas que me amavam.
E pensava nos meus animais também. Quantas vezes os animais me salvaram? Não tenho ideia. Mas os ter como meus “filhos”, por dependerem de mim e me fazerem “seu mundo”, me fazia voltar atrás cada vez que o egoísmo batia na minha porta. Se pudesse descrever uma cena, eu escreveria:
Mais uma vez ela estava sozinha, trancada em seu quarto, no escuro, mas ainda assim olhando para o teto. Sentia-se a pessoa mais errada e solitária do mundo. Sentia medo de tudo o que estava à sua volta, mas não tinha medo da morte. Por vezes, podia vê-la se aproximando e dizendo:
— De novo você? Tenho outras vidas para tirar. Não levarei você ainda, não me faça perder tempo.
E, então, de novo...
— Você ainda não aprendeu? Se matar não é uma saída. É vantagem para o Ser do Mal, não para você, não para mim. Ainda há lições para aprender, criança.
E num certo dia, eu passei a achar suicídio algo bobo e que não valeria à pena. Fui uma adolescente trabalhosa, mas ninguém sabia exatamente como lidar comigo. Foi então que eu comecei a escrever. Escrevia poemas de amor, já que sempre vivi “apaixonada”. Escrevia sobre dor, solidão, sobre as tristezas da vida.
Acordava de madrugada com alguma ideia e começava a digitar pacientemente no meu A52. Certa vez, estava escutando uma música de Avril Lavigne e escrevi uma poesia mais longa do que o que costumava. Por algum motivo, levei para a escola e mostrei à minha professora. Ela me parabenizou e disse que eu seria uma ótima escritora se quisesse. Foi a única pessoa que me apoiou naquele tempo. Para os outros, era algo banal e inútil. Para mim, era o início do meu resgate.
Comecei a escrever em um blog, que acredito que só eu lia. Depois fui me afastando da escrita. Não queria mais que as pessoas estivessem cientes do que eu estava passando, e o foco era estudar. Minha mãe sempre quis que eu passasse em um concurso público, o sonho da vida dela. Claro, pouco importa o meu, não é? De tanto receber informações dos sonhos dos outros, eu sequer conseguia entender qual de fato era o MEU sonho.
Acabei não passando em nenhum concurso e entrei na faculdade. Minha mãe não gostava, meu pai tinha certo orgulho. Entrei no curso técnico e foi uma loucura! Muitas coisas para lidar ao mesmo tempo. Depois ainda arrumei um namorado mais novo. Esse foi um erro grave. Ou, talvez, não deveria ver como um erro, mas uma lição. Sim, uma importante lição.
Que eu demorei anos para aprender.
Alberto me parecia mais velho do que sua idade. Era totalmente maduro para mim. Falava sobre Deus, sobre religião, sobre política. Parecia-me querer sempre estudar algo. Só que eu e ele, por mais que tivéssemos coisas em comum, éramos muito diferentes.
Eu estava estudando, ele trabalhava e não tinha interesse em estudar (apesar de me dizer que queria). Ele não entendia a correria da faculdade, do quanto eu precisava estudar fora dela. Passava em frente à minha casa e não vinha me ver. Vivia saindo para beber com amigos e amigas. Gostava de curtição, enquanto eu gostava de ficar em casa.
Ele gostava de assistir séries, beber e fumar escondido. Eu gostava de ler, assistir séries, animes e doramas. Ele queria que eu fosse morar com ele, eu queria ser independente. Não vou ser hipócrita e dizer que nunca tivemos momentos bons, tivemos sim. Mas deveríamos ter nos tornado apenas amigos, desde o início.
Namorar um cara que só fala da decepção com a ex, não é nada legal. Por que continuei mesmo sabendo disso? Estava apaixonada e acreditava que valeria à pena. E até valeu, por um tempo. Sempre ouvi que deveríamos namorar com pessoas com quem temos afinidade, eu acreditava que tínhamos. Só depois, as diferenças foram ficando mais claras e inconvenientes.
O pior? Além de errar, eu insisti no erro. E o ciclo de sofrimento continuaria, até que, enfim, eu aprendesse a lição.
Ser cobrada para viver da maneira que os outros querem é extremamente ruim e desgastante. Imagine, seu pai quer que você se forme em História como ele; sua mãe quer que você passe em um concurso público (que agrade a ela); seu namorado quer que você trabalhe e sustente a casa em que vocês moram, e ele apenas fique em casa cuidando dela. Todos querem que você siga uma carreira que não é a que você quer, a que escolheu, a que sente que nasceu para seguir.Querem apenas que você satisfaça às necessidades deles e realize sonhos que eles mesmos não conseguiram concretizar. Não importa que seu sonho não tenha nada a ver com aquilo, se não se sente feliz, para eles, a felicidade que importa é a deles. E vá você dizer isso para ver o quão absurdo vão dizer que é o que você falou. Até hoje eu não sei
Foram anos tentando agradar os outros, obviamente sem sucesso. O que eu não compreendi durante todo o tempo, foi que a única pessoa que eu deveria me preocupar em agradar era eu mesma. Assim como a única pessoa que poderia me salvar sempre fui eu. Apenas eu.Poderia passar horas e horas, enchendo páginas e mais páginas com as coisas que fiz e que no fundo não queria ter feito. Poderia fazer como fiz durante muito tempo, reclamar e não fazer nada para mudar aquilo. Por que fazer com que as coisas mudem, é difícil.Fácil é dizer que a vida é difícil, que fomos injustiçados, perseguidos, maltratados. E talvez tenhamos sido mesmo. Mas se lamentar não vai fazer com que as coisas melhorem. Pelo contrário, se você acredita na lei da atração, saiba que quanto mais você reclamar, mais coisas negativas vai atrair para você.Por ou
Mesmo com essa revolta dentro de mim, eu segui tentando agradar aos outros. Segui buscando maneiras de fazer as pessoas terem orgulho de mim. Queria que não me deixassem, mas a verdade é que eu havia esquecido de mim. Colocar outras pessoas em primeiro lugar parece um gesto bonito, mas não é bem assim. Até porque, nem todos irão reconhecer o seu esforço, e é óbvio que você quer ser reconhecido pelos sacrifícios que faz por alguém. É claro que você quer um “obrigado”, e quando isso não vem, você se pergunta se o que fez não foi realmente o suficiente.Colocar-me em primeiro lugar é algo que ainda estou aprendendo a fazer. Sempre convivi com pessoas muito críticas e que acham que sabem o que é melhor para mim. Parece bobagem, mas é preciso ter um filtro muito bom e estar firme no que se quer para não se deixar envolve
Sempre fui uma garota com sentimentos intensos, aquela que acredita no amor e que encontrará alguém para somar alegria, compreensão, carinho e qualquer sentimento bom que possamos carregar, além de dividir dores, tristezas, decepções, raiva, enfim, tudo aquilo que fica no nosso lado mais sombrio. Então, quase toda vez que um garoto se interessava por mim, eu pensava: É ele!Costumava ouvir que o amor só bate uma vez à nossa porta, e é claro que eu não podia deixá-lo ir. Esse pensamento me fez cometer vários erros. Mas eu acreditava que o que desse errado só estaria me fazendo amadurecer e que me levaria ao certo, o “meu certo”.Na adolescência eu tive excesso de paixões erradas. Chega a ser vergonhoso lembrar todas as vezes que me deixei acreditar que aquele sentimento era amor, ou talvez fosse, naquele momento. Meu primeiro namorado, aquele
A carência é um dos sentimentos mais perigosos que existem. Ela pode te fazer entrar em um relacionamento fadado ao fracasso ou voltar para o ex abusivo. Andar descalça em cima de cacos de vidro, acreditando que esta é a melhor coisa a se fazer.Quebrar-se, para manter o outro inteiro, parece ser algo lindo (mas não é).Vou te contar como meu drama começou. Na verdade, vou pular a parte da adolescência, mas já deixo aqui o resumo: cheia de “paixonites agudas”. Iniciarei, então, nos meus 21 anos, quando acreditei ter encontrado o “cara perfeito” para mim. Eu estava na faculdade de Engenharia Agronômica, um curso riquíssimo que tem um leque de opções para que o aluno decida a que mais se identificar. Mas que não era o curso dos meus sonhos. Foi o que, na minha cabeça, cheguei mais perto. Arquitetura, para mim
A pessoa te magoa, e você insiste. É ilógico. Como se para ser feliz você precisasse estar ao lado dela, mas estando com ela você sofre porque ela só te faz mal.Não foi uma nem duas vezes que tentaram, foram várias. Acredita mesmo que depois de tentar cem vezes, na cento e um vai dar certo?Eu falei que sempre fazia bolo para ele no mês de namoro? Pois é. Certa vez estávamos no quarto sentados e ele me soltou essa: Bolo todo mês? Está chato isso. Vejam, ele não tentou fazer algo diferente, ele quis cobrar isso de mim e ainda não valorizava o que eu fazia naquele momento. Isso doeu. E acordou uma “Serena” que estava decidida a nunca mais fazer isso.Depois de DR’s, tudo lindo de novo. Até o momento em que eu estava completamente sufocada de coisas da faculdade para fazer. Ele não poderia ente
Quando a gente não se ama, acaba aceitando qualquer um. Chama qualquer sentimento de amor. Insiste no erro e ainda acha, que todo mundo que diz que é melhor terminar, quer o seu mal ou que “não sabe como realmente é”, porque “existem momentos bons”.Você desabafa com suas amigas mais próximas sobre as brigas e o relacionamento, elas te ouvem e dizem que é melhor terminar. Quando elas dizem isso, um filme de momentos bons vem à sua mente e você começa a justificar o motivo pelo qual não vai fazer isso.Acontece que é terrível a sensação de que todos aqueles anos ao lado daquela pessoa seriam “perdidos”. “Não pode ser em vão, vai melhorar”. O que não chega à mente é que, na verdade, você está perdendo tempo insistindo anos mais em algo que n&at
A gente costuma passar a vida toda sonhando com o momento de liberdade, no qual saímos da casa de nossos pais e vamos morar sozinhos. Não por falta de amor a eles, mas porque devemos seguir nosso caminho, fazer as coisas do nosso jeito. Mas para morar sozinho você que ter cuidado para não levar todos, de outra forma, na bagagem.Quando me mudei para Garanhuns – PE, eu estava mais do que ansiosa e desesperada. Não conhecia ninguém, além de um pouco dos meus dois colegas de Mestrado. Eu queria ir antes, ver local para morar, mas minha mãe achou melhor deixar para cima da hora e eu, a filha obediente que sou, fiz como ela quis. Alugamos um apartamento que era grande para quem iria morar só, mas ela dizia que iria para lá (algo que só aconteceu duas vezes), então eram dois quartos, sala, banheiro e cozinha.Eu era a primeira moradora do prédio. Nos primeir